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À luz da sucessão
Lula demorou três dias para dizer o óbvio, ou seja, apurar as causas do apagão sem pressa de encerrar o episódio.
Janio de Freitas
A COMPETÊNCIA fez a diferença no tratamento dado, para efeito público, ao apagão ou blecaute ou incidente energético ou lá o que seja. Mas a essência e o propósito foram os mesmos, de um lado e de outro. O estardalhaço desproporcional ao fato e suas consequências, como prática generalizada dos meios de comunicação, e o escapismo infantilóide do ministro Edison Lobão, seguido de outros integrantes do governo, foram uma corrida política.
O governo saiu com muitos ferimentos. Entre eles, como exemplos, a difusão da ideia de que uma queda de energia por duas a quatro horas é igual ao extenso racionamento necessário no governo Fernando Henrique. E a crença de que no atual governo o investimento foi menor e a incúria maior do que no governo passado, quando o inverso é gritante: 10 mil km de extensão da rede por Fernando Henrique, 27 mil km pelo governo Lula no mês que vem, ou 170% acima; 21 megawatts acrescentados pelo governo passado à capacidade instalada de geração, 35 mil MW ou 70% acima no governo atual.
Com um componente esquisito nesses feitos: o gasto relativo no governo Fernando Henrique é maior que no de Lula. Quanto ao desempenho em relação à disponibilidade de recursos financeiros no Orçamento da União, os três últimos anos de Lula são os piores, o que a presença de Edison Lobão no Ministério de Minas e Energia impede que seja surpreendente.
Mesmo Lula demorou três dias para dizer o óbvio, ou seja, investigar as causas sem pressa de encerrar o episódio, para então tirar as conclusões apropriadas. Como de hábito, portanto, Lula deixou os companheiros serem torrados, enquanto aguardava atrás das pilastras até a hora menos arriscada para aparecer. Mas dessa vez a malícia (se não for outra coisa) levou a resultado diferente para Lula.
O alvo principal não foi o seu ministro da área, tratado com desprezo, nem o seu governo como todo. Foi sua candidata à Presidência, ainda uma incógnita em muitos sentidos, e, para o que interessa no momento, sobretudo incógnita eleitoral. O ônus recai sobre o cabo eleitoral, agravando-lhe a tarefa.
Tenha ou não alguma responsabilidade no acontecido, questão que não interessou aos meios de comunicação, Dilma Rousseff ficou com uma perda comprometedora, para ser explorada pelos adversários eleitorais, no cacife que é a sua imagem de alta competência em administração pública. Ainda que a causa comprovada do apagão a inocente, isso não impedirá o uso do apagão na campanha, como não impediu acusações imediatas a Dilma Rousseff, até mais precipitadas e fortes do que entre oposicionistas. Os atrasos e problemas do PAC com o Tribunal de Contas da União, com o meio ambiente e com o seu pretexto para uso eleitoral ganharam, com o apagão, um acréscimo forte. Favorecido pela perplexidade de Edison Lobão, da própria Dilma Rousseff e do PT, e, ainda mais, pelo companheirismo tão original de Lula.
À caça
Na França para conversar com o presidente Sarkozy sobre as posições brasileira e francesa na reunião de Copenhague sobre o clima? Pois sim.
Ao longe, ouve-se o mote real: "Companheiro, precisamos estudar um jeito, porque os americanos do F-18 e os suecos do Gripen estão complicando tudo. Congresso, mídia, opinião pública, isso a gente já tirou de letra, mas os gringos estão jogando duro. Quer dizer, dura mesmo está a tua Dassault ruim das pernas, que eu topei te ajudar a salvar. Mas vê um jeito aí, porque o jobim até agora não conseguiu nem melhorar o clima na FAB, que não quer se comprometer".