Guarani entra em produção em Sete Lagoas
Novo equipamento de transporte de soldados do Exército Brasileiro entra em produção em Sete Lagoas no lugar dos Urutu e M113. Julio Cabral Estado de Minas
O Exército Brasileiro está prosa com o novo veículo para o transporte de tropas. Já não era hora. Os antigos Urutus feitos pela Engesa entraram em serviço em 1974, enquanto os M113 são veteranos da Guerra do Vietnã. Para substituí-los, a Iveco desenvolveu em parceria com o Exército um novo veículo blindado para o transporte de tropas (VBTP), conhecido como Guarani.
Trata-se de um parrudo blindado 6x6 com espaço para 11 militares e capacidade de carga de até três toneladas. Serão feitas 2.044 unidades até 2032, fruto de uma licitação que começou em 2007. O projeto é cria nacional, tendo envolvido uma equipe de 30 engenheiros da Iveco, Exército e Fiat.
A fabricação será feita na fábrica da Iveco, em Sete Lagoas, em uma nova instalação de 18 mil metros quadrados somente para a produção de modelos da Divisão de Veículos de Defesa, o que demandou investimentos de R$ 75 milhões. Dali sairão todos os modelos destinados ao Brasil e ao exterior. O primeiro lote inclui um protótipo (fotos) e outros 16 Guarani, todos montados com peças importadas, mas o objetivo é chegar aos 60% de nacionalização.
BLINDADO Como a sigla diz, trata-se de um modelo mais voltado ao transporte de tropas do que ao combate direto. Isso não significa que o Guarani seja indefeso. Pelo contrário: a blindagem resiste a disparos de calibre até 7,62mm, comum em fuzis de assalto, o que o torna bem mais resistente que seus antecessores, ainda que não seja um tanque de combate.
A despeito disso, o Exército já apresentou o modelo com torre de tiro automatizada equipada com canhão de 30mm, capaz de efetuar disparos únicos, rajadas de cinco tiros ou automático, além de metralhadora 7,62mm. A turreta UT30 se vale de sensores e câmeras (incluindo infravermelha) para rastrear alvos automaticamente, não exigindo que um soldado arrisque sua vida do lado de fora. A turreta pode acoplar ainda outras armas, incluindo mísseis antitanque.
A mecânica é um turbodiesel Iveco Cursor 9 9.0 de 390cv de potência e 153kgfm de torque já a 1.400rpm movido a combustível de aviação F34 ou F55, querosene mesmo. Nada de diesel na dieta do rancho militar: o negócio é usar o mesmo combustível na maioria dos veículos para simplificar a logística.
O câmbio é automático de seis marchas. Já dá para levar as 18,3 toneladas de peso bruto do Guarani aos 100km/h de velocidade máxima, enquanto os freios a disco duplo em cada roda contam com a ajuda de ABS para parar o bichão. Mesmo vazio, ele marca na balança 14,5 toneladas, algo explicado pela estrutura em aço balístico sobre chassi em longarinas, mais resistente do que os monoblocos usados nos automóveis. Os pneus sem câmara têm uma cinta interna para rodar mesmo furados. E autonomia máxima é de bons 600 quilômetros.
JIPE QUE NADA O desempenho não é limitado pelo terreno. As seis rodas são tracionadas e o desempenho no fora de estrada é ajudado pelas suspensões independentes com ajuste pneumático e pela capacidade anfíbia do projeto. As credenciais off-road fariam salivar qualquer jipeiro: 48° de ângulo de entrada e 45° de ângulo de saída, fora a capacidade de superar degraus de até meio metro de trincheiras de 1,3m de profundidade.
Além disso, se a missão for muito distante, basta embarcar em um avião militar de carga. O Guarani teve as dimensões pensadas para caber no compartimento de um Lockheed C-130 Hércules: são 6,91 metros de comprimento; 2,7m de largura e 2,3m de altura. Mas também pode ser embarcado em outras aeronaves ou içado por um helicóptero pelos vários ganchos de amarração.
O projeto é racional e pode servir como plataforma para outras variantes. Além de poder agregar outros armamentos, como um morteiro, o Guarani pode se tornar uma viatura de socorro ou oficina, e também centro de comunicações móvel, posto de comando ou diretoria de tiro, sem falar em ambulância. Tudo graças ao bom espaço interno, acessível pela porta traseira basculante diretamente ao compartimento traseiro desimpedido, graças à instalação do motor na parte dianteira, à direita do condutor.
Diferente do EE-11, ou Urutu, que tem porta lateral. Por dentro, os militares contam com ar-condicionado, mas se as coisas esquentarem o modelo conta com sistema de detecção e extinção de incêndios. O condutor tem portinhola própria, logo acima do posto de condução. Mas se quiser, pode ficar lá dentro, no frescor.
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