Exército confia na garantia e aceita blindados com falhas A Pandur II será também a plataforma de 33 blindados com canhão de 105 mm, tendo os belgas da CMI iniciado contactos para poder construir a torre em Portugal Carlos Varela /
http://jn.sapo.pt/2008/02/12/nacional/O Exército vai continuar a receber os novos blindados de rodas Pandur II, não obstante os problemas que foram detectados nas viaturas, como a sua falta de estanquecidade - de controlar a entrada de água no blindado. O Exército considera que são problemas menores, dizendo confiar na garantia de três anos.
Mas, para alguns sectores militares ouvidos pelo JN, a justificação da insistência na compra pode ser outra o receio de que o processo possa vir a ser suspenso, depois de nove viaturas já terem sido entregues (e seguindo-se mais 11 até Março).
É que o programa dos blindados de rodas - 240 viaturas, envolvendo 364 milhões de euros - é transversal a todo o Exército e a todas as aplicações. Envolve até a aquisição de 33 novos blindados com canhão de 105 milímetros, para reconhecimento de cavalaria, que vai usar a mesma plataforma Pandur II.
Por outro lado, o Exército não tem alternativa à Pandur, face ao cenário das decrépitas Chaimite e aos M-113 ainda sem programa de modernização em curso.
O problema está, porém, nas falhas detectadas nos periscópios, nos faróis e na rampas destes blindados. As borrachas deveriam impedir a entrada de água, mas os testes feitos às viaturas mostraram que assim não acontecia - tal como o semanário "Sol" trouxe a público. Os problemas foram detectados durante a formação e instrução em Santa Margarida, a cargo da Escola Prática de Cavalaria, das primeiras tripulações das viaturas.
A fábrica Styer mantém o silêncio, mas o JN sabe que o Exército já tinha contactado a fábrica austríaca antes da publicação da notícia do "Sol" e que foi prometido que os problemas seriam reparados. Fica claro, porém, que muitos dos problemas estão associados ao facto de a Pandur II ser um protótipo. Portugal arrisca-se, agora, a ser o único utilizador mundial da viatura, ao contrário do que foi veiculado pelo Ministério da Defesa.
A importância do programa obriga, ainda assim, a algumas cautelas por parte do Exército, numa altura em que se iniciam os contactos para o programa das Pandur II com canhão de 105 mm, um processo que deverá estar decidido em Junho.
Os belgas da CMI vão propor a torre CT-CV, que já fez testes de tiro em Portugal em finais do ano passado, depois de na Finlândia ter havido vários problemas e o sistema de alimentação automático ter encravado ao sétimo tiro - de um total de 12 previstos. O presidente da CMI, Paul Thonon, garantiu, no entanto, ao JN que os problemas na Finlândia tiveram por base os operadores, que eram finlandeses e conheciam mal a peça, ou seja, as munições, que não estavam em condições.
Os belgas já começaram entretanto a estabelecer contactos junto de empresas portuguesas, uma vez que é intenção da CMI, - se ganhar o concurso para as 33 viaturas - construir as torres no nosso país, uma novidade no panorama industrial nacional. O Exército, porém, quis uma alternativa e a principal ameaça vem dos italianos da Otto Mellara, que produzem uma torre de 105 mm, se bem que mais pesada e de alimentação manual.