EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

PARCERIA tecnológica e de mercado, mas cada uma permanece independente
61
36%
ASSOCIAÇÃO, onde há interpolações mas continuam independentes
53
31%
FUSÃO, onde ambas se tornam uma só
8
5%
COMPRA, onde a Boeing absorve a EMBRAER e todos os seus produtos
10
6%
NÃO para tudo, as coisas devem permanecer como estão
38
22%
 
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#226 Mensagem por FCarvalho » Qua Jan 24, 2018 12:30 am

Já estamos na 15a página e nada da Embraer mostrar a cobra e matar o pau. :roll:

Essa conversa fiada toda já devia ter acabado faz tempo. Mas como os primos ricos entraram de sola e sem bater na porta, ficou complicado. E cada vez que alguém fala sobre o assunto, fica mais enrolado o desfecho do negócio. Melhor deixar quieto.

A parceria com o KC-390 já vinha bem, além de outras atividades de pesquisa e desenvolvimento em conjunto. Mas como sempre, americanos não sabem ficar no banco de reserva nem em partida de bola de gude.

abs.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#227 Mensagem por FCarvalho » Qui Jan 25, 2018 1:18 am

Embraer diz que Boeing e Airbus sabem que seus jatos comerciais são grandes e ineficientes

http://www.cavok.com.br/blog/embraer-di ... ficientes/

abs.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#228 Mensagem por Túlio » Qui Jan 25, 2018 11:22 am

FCarvalho escreveu:Embraer diz que Boeing e Airbus sabem que seus jatos comerciais são grandes e ineficientes

http://www.cavok.com.br/blog/embraer-di ... ficientes/

abs.
A EMBRAER está dizendo o óbvio, claro. Faz sentido ressaltar o citado na matéria ao mercado, pela buena chance de elevar o preço de suas ações; também faz sentido ressaltar à Boeing (e mencionando "por acaso" a Airbus), em busca de melhores condições na negociação, que envolve - negócio concretizado, até agora - apenas a segunda maior do mundo com a quarta. Por fim, dá uma "munição" extra ao governo, que vai ficar ainda mais à vontade para fazer valer a sua Golden Share.

O que está agora em estudo/desenvolvimento é a possibilidade de a primeira e a terceira também acharem um jeito de juntar os trapos. Não precisa ser gênio para ver quem estará (bem) melhor posicionado. Lembrar ainda que a Airbus tem mais encomendas mas também tem perdido bastante tempo e dinheiro com programas mal concebidos, mal direcionados e mal gerenciados, como o A-380 (que já ia sair de linha - fazia anos que não entregava uma só unidade, e isso cu$ta - se não fosse a recente encomenda da Emirates, que inclusive abriu novas possibilidades, como a British Airways) e o A-400, que não deslancha de jeito nenhum, pois é caro demais se comparado a um Hércules - mesmo com quase o dobro da capacidade - e irrelevante em relação ao C-17, que tem quase o dobro da capacidade e ainda é a jato. Sobre isso ainda é interessante ressaltar que poucas Forças Aéreas têm necessidade e orçamento para aviões tão grandes, a ponto de o referido Globemaster III ter saído de produção em 2015, após terem sido entregues mais unidades só para a USAF do que todas as encomendas de A-400M, ou seja, o que já foi entregue e o que está encomendado, incluindo exportações.

Assim, de qualquer modo, boa jogada da EMBRAER. E duvido que se resuma a ficar sendo a "parceira regional" da Boeing, o 737 cada vez perde mais terreno, terá que ser substituído por algo bem mais moderno e competitivo.

E não consigo imaginar a envelhecida e conservadora equipe de desenvolvimentos da Boeing fazendo isso tão bem como deve ser feito.
"Na guerra, o psicológico está para o físico como o número três está para o um."

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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#229 Mensagem por Luís Henrique » Qui Jan 25, 2018 12:09 pm

Túlio escreveu:
Marechal-do-ar escreveu:Ah... O Túlio explicando (talvez sem saber disso) o porquê do valor de mercado da Embrae ser tão baixo...
Desculpes, cupincha, mas tu e o Lima véio explicaram bem antes de mim, estou apenas concordando com VOSMEÇÊS... :wink: 8-]
Discordo dos três.

Com KC-390, Ejets 2 e Super Tucano para a USAF a Embraer tem tudo para continuar bem.
E provavelmente até crescer.
Su-35BM - 4ª++ Geração.
Simplesmente um GRANDE caça.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#230 Mensagem por Túlio » Qui Jan 25, 2018 12:21 pm

Luís Henrique escreveu:
Discordo dos três.

Com KC-390, Ejets 2 e Super Tucano para a USAF a Embraer tem tudo para continuar bem.
E provavelmente até crescer.
Respeito isso.

Mas discordo, este lance de "orgulhosamente só" não segura nada, o preço a pagar por virar as costas à Realidade é bem alto. Com o dinheiro da Airbus a Bombardier vai poder massacrar a EMBRAER nos Executivos, enquanto com seu próprio dinheiro a Airbus faz o resto do serviço com desenvolvimentos para maior do CSeries, pegando Boeing e EMBRAER de calça na mão. Sobra a área de Defesa, se me convenceres de que a FAB sozinha vai comprar uns 500 KC-390 a mais e outros tantos Super Tucanos (e ao menos decuplicar as encomendas de Gripen), concordo contigo.

Aliás, para poder competir, a EMBRAER vai ter que estender de uma maneira absurda - e caríssima - sua rede global de apoio ao cliente, coisa que a Boeing já tem e a Bombardier vai poder aproveitar da Airbus. De onde vai sair o dinheiro para isso?

Por fim, Russos e Chineses (especialmente estes) estão vindo com tudo, na próxima década vai ser briga de foice no escuro! E aí vai ser meia dúzia de nego DOIDO com uma baita foice em cada mão e a EMBRAER com um canivetinho de escoteiro...
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#231 Mensagem por FCarvalho » Qui Jan 25, 2018 2:18 pm

Túlio escreveu:
FCarvalho escreveu:Embraer diz que Boeing e Airbus sabem que seus jatos comerciais são grandes e ineficientes

http://www.cavok.com.br/blog/embraer-di ... ficientes/
abs.
A EMBRAER está dizendo o óbvio, claro. Faz sentido ressaltar o citado na matéria ao mercado, pela buena chance de elevar o preço de suas ações; também faz sentido ressaltar à Boeing (e mencionando "por acaso" a Airbus), em busca de melhores condições na negociação, que envolve - negócio concretizado, até agora - apenas a segunda maior do mundo com a quarta. Por fim, dá uma "munição" extra ao governo, que vai ficar ainda mais à vontade para fazer valer a sua Golden Share.
O que está agora em estudo/desenvolvimento é a possibilidade de a primeira e a terceira também acharem um jeito de juntar os trapos. Não precisa ser gênio para ver quem estará (bem) melhor posicionado. Lembrar ainda que a Airbus tem mais encomendas mas também tem perdido bastante tempo e dinheiro com programas mal concebidos, mal direcionados e mal gerenciados, como o A-380 (que já ia sair de linha - fazia anos que não entregava uma só unidade, e isso cu$ta - se não fosse a recente encomenda da Emirates, que inclusive abriu novas possibilidades, como a British Airways) e o A-400, que não deslancha de jeito nenhum, pois é caro demais se comparado a um Hércules - mesmo com quase o dobro da capacidade - e irrelevante em relação ao C-17, que tem quase o dobro da capacidade e ainda é a jato. Sobre isso ainda é interessante ressaltar que poucas Forças Aéreas têm necessidade e orçamento para aviões tão grandes, a ponto de o referido Globemaster III ter saído de produção em 2015, após terem sido entregues mais unidades só para a USAF do que todas as encomendas de A-400M, ou seja, o que já foi entregue e o que está encomendado, incluindo exportações.
Assim, de qualquer modo, boa jogada da EMBRAER. E duvido que se resuma a ficar sendo a "parceira regional" da Boeing, o 737 cada vez perde mais terreno, terá que ser substituído por algo bem mais moderno e competitivo.
E não consigo imaginar a envelhecida e conservadora equipe de desenvolvimentos da Boeing fazendo isso tão bem como deve ser feito.
O desenho do 737, de fins dos anos 60's, é derivado do 707, do começo dos anos 50's. E nada mudou muito em matéria de desing desde então na família carro-chefe da Boeing. Mesmo com o advento dos A320, que por sua vez, é um projeto dos anos 80's. Nada neles mudou radicalmente desde então, mesmo nos NEO. Melhorias pequenas e muito sutis foram feitas em ambos os aviões, mas o principal mesmo que mudou foram os motores. Essa foi e ainda tem sido a grande revolução, e o diferencial, da industria aeronáutica na aviação comercial. O desenvolvimento dos E-2 segue a mesma linha de raciocínio.

A grande questão é: MC-21 e C-919. São aeronaves completamente novas em termos de desing aéreo coletando tudo o que foi feito nos últimos 30 anos em termos de avanço tecnológico na área. Inclusive a motorização, que será, opcionalmente ocidental, no caso russo, e primaria, por enquanto, no segundo.

Estas duas aeronaves vão colocar uma pressão diferente nos dois gigantes por serem produtos totalmente novos, e portanto, com perspectivas de desempenho e melhorias no futuro a curto/médio prazo que os projetos 737/A320 podem não conseguir superar visto terem mudado pouca coisa efetivamente desde o seu lançamento. E isto se explica em partes, até mesmo pela simples inexistência de uma concorrência séria. Ou seja, é aquela velha expressão futebolística determinava: em time que esta ganhando não se mexe. Pois bem, agora eles terão de se mexer, e muito. No longo prazo apenas nome e renome não serão mais suficientes para garantir vendas.

A Embraer sempre soube disse e nunca quis se meter nessa briga de cachorro grande pois estava muito bem obrigado na seara em que labuta. A empresa vai manter ainda por muitos anos a sua supremacia na seara regional, e os números dos E-Jet E-2 provam isso antes mesmo da primeira entrega. A Boeing não tem nada a oferecer, e a Airbus ainda vai ter que gastar muito dinheiro para fazer os C-Series ameaçar a posição brasileira nesse mercado nos USA, principal objeto de desejo de 10 em cada 10 empresas aeronáuticas. Não se desbanca uma posição conquistada com muito trabalho, competência e qualidade de um dia para o outro. Ademais, a Embraer não está e nem ficará parada nos próximos anos apenas colhendo os louros dos E-2. Estar atenta ao mercado e suas demandas e oferecer o produto certo na hora e medida certas, sempre foi um grande diferencial da Embraer.

A aviação executiva não é o carro chefe da Embraer ela nem tem essa pretensão, mas mesmo assim o portfólio da empresa pode ser considerado vencedor e referencial em todos os níveis em que atua. Para os anos vindouros, é de supor que a posição seja mantida, e mesmo melhorada.

Já na aviação militar, as parcerias tem caracterizado o sucesso da empresa em relação aos seus produtos. Não apenas agora no campo da aviação, mas também de sistemas NCW. Esta diversificação é algo necessário e importante para a não dependência de um único modelo de negócios nesta área.

Se o ST vencer nos USA o certame da USAF, ponto para ele, que já tem uma linha de produção lá. Isso garantirá o projeto por mais uns 10 anos, pelo menos, e consagrará a avião com o maior bechmarket do mercado de CAS leve. Ou sejam, novas exportações e quiçá reposição da frota aqui na FAB. O KC-390 tem estabelecida também uma parceria com a Boeing em termos de vendas e apoio comercial e logístico para a aeronave. Se chegarmos as 60 undes previstas em relação aos membros de risco do projeto, isso já qualifica o projeto como grande vencedor. E pelo que se vem falando dele nos últimos dois anos, é provável que ele passe da centena com boa margem de segurança. Se o objetivo primário de alcançar entre 20 e 30 por cento do mercado de 700 aeronaves identificado pela empresa for obtido, que mais se poderá dizer? O avião é um sucesso e já vem sendo considerado por não poucos como o novo referencial de mercado de carga militar para o séc XXI. Isso não é pouca coisa. E sem a ajuda da Boeing para nada disso. Com uma mãozinha deles então... :wink:

Ainda cito dois exemplos de algo que talvez possa ser interessante para nós. O mercado de Lift a jato. O projeto T-X com a SAAB pode ser algo a se ver, dependendo do resultado. A força aérea sueca já disse que se ele ganhar compra o bicho para por no lugar das centenas de Sk105 que ainda voam por lá. Aqui na FAB ele poderia constituir uma solução de consenso em complemento/preparo ao Gripen E/F, caso as coisas não saim como planejado pela FAB. Comprar um avião como esse seria interessante, dadas as possibilidades que ele ofereceria ao mercado externo, já garantido o maior deles, a USAF.

No mais, tal como está, a situação é bastante favorável à Embraer. A próxima década irá determinar o futuro do mercado narrow body com a entrada de novos concorrentes. E os 737 e A320 terão que mostrar muito mais que nome e tradição para manter-se competitivos. Se entrar nesse mercado não seria aconselhável com apenas duas gigantes se degladiando pelo mercado, bem, com 4 a coisa já é bem outra. Poderíamos entrar sozinhos se quiséssemos, mas para que arriscar, se com um pouco de boa vontade e interesses comuns podemos fazer um dos grandes trabalhar para nós? 8-]

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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#232 Mensagem por FIGHTERCOM » Sex Jan 26, 2018 8:49 am

Jungmann diz a Saab que venda da Embraer não está em negociação, diz Defesa

https://br.reuters.com/article/domestic ... E33V-OBRDN
"A medida que a complexidade aumenta, as declarações precisas perdem relevância e as declarações relevantes perdem precisão." Lofti Zadeh
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#233 Mensagem por Bolovo » Sex Jan 26, 2018 11:11 am

Preocupante.
Negociação Boeing-Embraer preocupa muito, diz fabricante de caça da FAB

Igor Gielow Publicado Em 25/01 - 15h25

A empresa sueca Saab, fabricante do novo caça da FAB, disse ao governo brasileiro estar "muito preocupada" com a negociação entre Boeing e Embraer –empresa que participará da produção do seu avião no Brasil.

O contrato pode ser revisto se a Saab entender que segredos industriais seus podem cair na mão da concorrente americana.

Conforme a Folha adiantou na terça (23), uma comitiva de executivos suecos encabeçada pelo presidente da Saab, Hakan Buskhe, transmitiu a preocupação ao ministro Raul Jungmann (Defesa) e a autoridades que monitoram as conversas.

Buskhe evitou falar explicitamente em risco ao contrato de 39,3 bilhões de coroas suecas (R$ 15,7 bilhões) na reunião, mas o recado ficou implícito aos presentes.

"Essa discussão criou uma preocupação muito grande na Suécia, pois a Saab é tão estratégica para o país quanto a Embraer é para o Brasil", disse Buskhe a jornalistas ao fim do encontro.

Segundo Jungmann, um comitê composto pela Defesa, pela FAB e pelo Ministério da Fazenda irá informar os suecos de quaisquer implicações ao programa do caça Gripen e usará seu poder de veto sobre negócios da Embraer para assegurar que "todas as salvaguardas sejam respeitadas, se houver acordo".

O presidente da Saab se disse satisfeito com as conversas. "Queremos continuar essa parceria de qualquer forma. Nunca fizemos uma transferência tecnológica tão completa quanto a oferecida no Brasil", afirmou Buskhe.

Dos 36 caças Gripen comprados pelo Brasil em acordo de 2013 e operacionalizado em 2015, 23 serão feitos parcialmente ou integralmente no Brasil. A FAB escolheu a Embraer como principal beneficiada da absorção de tecnologias do caça supersônico, que podem no futuro ser aplicadas a aviões civis.

A preocupação dos suecos é óbvia. A Boeing é sua rival no mercado de caças, tanto que o F-18 da americana foi preterido na disputa com o Gripen e ambos os aparelhos estão em diversas concorrências mundo afora.

Embora boa parte do Gripen seja composta por peças americanas, todo o seu "cérebro" eletrônico e sistemas de fusão de dados essenciais para garantir seu desempenho são produtos suecos – e a Saab quer proteger seus segredos industriais.

A primeira proposta da Boeing, extraoficial pois não foi formalizada junto ao Conselho de Administração da Embraer, previa a compra de 100% do controle acionário da empresa brasileira, que vale aproximadamente US$ 6 bilhões.

O governo brasileiro negou a possibilidade, acenando com o uso de sua "golden share" – uma ação especial herdada do processo de privatização da Embraer em 1994.

Uma segunda alternativa apresentada sugeria a cisão da divisão comercial da Embraer, seu principal interesse, e a área de defesa, que hoje responde por cerca de 20% do lucro líquido da brasileira.

O governo novamente disse não. O problema é que a fonte da inovação tecnológica da área civil da Embraer é o setor militar. Ele recebe investimento público em pesquisa e desenvolvimento sem as restrições que divisão civil tem sob regras da Organização Mundial do Comércio.

Além disso, a Boeing apresentou como exemplos de salvaguarda de soberania nacional de terceiros sua operação na Austrália e no Reino Unido. "São coisas incomparáveis. Lá há linhas de manutenção e suprimento, aqui a Embraer é peça central da indústria", disse Flavio Basilio, secretário de Produtos de Defesa brasileiro.

Além disso, ressaltou, a área militar não pode ficar sob gestão americana porque a legislação dos EUA determina amplo controle sobre esse tipo de produção. "Novos desenvolvimentos não poderiam ser feitos no Brasil sem autorização do Congresso americano", diz.

Tanto ele quanto Jungmann e o representante da Fazenda, Mansueto Almeida, disseram que o Brasil não é contra a parceria Boeing-Embraer, mas que ainda esperam novas propostas para avaliar que negócio poderá ser feito.

A Embraer precisa da Boeing para ampliar a sua penetração de vendas. Os americanos querem a brasileira porque ela tem pronta uma família nova de jatos regionais que eles não produzem, e a concorrente europeia Airbus acaba de adquirir uma linha desse tipo da canadense Bombardier.

Além disso, os brasileiros têm uma geração nova e eficaz de engenheiros, algo que falta hoje à Boeing –empresa gigantesca, que vale quase US$ 200 bilhões.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#234 Mensagem por FCarvalho » Sex Jan 26, 2018 11:17 am

Desse mato não sai cachorro. Ou os americanos aceitam uma participação tal como já vem sendo feito no KC-390 em outros projetos da Embraer, ou ficam com o pires na mão.
Mas do que isso é querer dar nó no rabo da porca.

abs.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#235 Mensagem por FCarvalho » Sex Jan 26, 2018 11:21 am

FIGHTERCOM escreveu:Jungmann diz a Saab que venda da Embraer não está em negociação, diz Defesa

https://br.reuters.com/article/domestic ... E33V-OBRDN
Ao menos parece que alguém entendeu finalmente quem precisa de quem nessa história toda. :?
Alias, os americanos independente da Boeing, tem mais de 5 tipos de caça diferentes e várias empresas capazes de projetar, desenvolver e produzi-los em casa mesmo.
Fora o Gripen E/F o que nós temos? :roll:

abs
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#236 Mensagem por arcanjo » Sex Jan 26, 2018 11:40 am

Publicado em 26/01
Por Embraer, Boeing sinaliza concessões
Executivos da fabricante americana circularam ontem por Brasília e Rio para tentar acelerar operação; entre sinalizações estão a garantia de autonomia da Embraer em projeto de caças com a Saab e a criação de um polo de produção de componentes no País

Eliane Cantanhêde E Fernando Nakagawa

Boeing sinalizou que Embraer teria autonomia em projeto de caças, transformação do País em polo de produção e manutenção do poder de veto do governo.

O governo brasileiro recebeu três sinalizações da Boeing no processo de negociação com a Embraer: garantia da autonomia à parceria entre Saab e Embraer na produção dos caças Gripen; transformação do Brasil em um novo polo de produção de componentes dos aviões Boeing fora dos Estados Unidos; e manutenção, como exigem as autoridades brasileiras, do poder de veto do governo na empresa de São José dos Campos (SP).

Os esclarecimentos tentam captar o apoio do governo e diminuir preventivamente a resistência que poderá surgir nos setores políticos, na opinião pública e eventualmente no Judiciário, num momento em que o Palácio do Planalto e área econômica já enfrentam batalhas pela reforma da Previdência e pela pulverização das ações da Eletrobrás – que o governo se recusa a chamar de privatização.

A intenção da Boeing é acelerar conversas, principalmente nos ministérios da Defesa e da Fazenda e no BNDES, para evitar que as negociações se estendam até o início oficial da campanha eleitoral. A empresa americana não quer virar alvo dos palanques, para não reavivar o imbróglio do FX-2, programa de renovação dos caças da FAB vencido pela sueca Saab em detrimento da Boeing e da francesa Dassault.

Ontem, a presidente da Boeing para a América Latina, Donna Hrinak, ex-embaixadora dos EUA no Brasil, circulou por Brasília, enquanto quatro representantes da empresa faziam reuniões no BNDES, no Rio, para esclarecer que serão protegidos interesses do Brasil em temas como a transferência de tecnologia na parceria SaabEmbraer para produção dos caça Gripen no Brasil, alvo de questionamento dos parceiros suecos (leia mais abaixo).

A mensagem é que a Boeing concorda com a blindagem do projeto Gripen, que permaneceria autônomo mesmo com eventual negócio entre as duas empresas. Um dos argumentos para a autonomia do projeto Gripen é que Boeing e Saab têm parceria desde 2013, nos EUA, no desenvolvimento e fabricação do T-X – avião para treinos militares – e que o projeto não gerou conflito entre as empresas.

A empresa também sinalizou que aceita manter o poder de veto do governo brasileiro – por meio da chamada golden share – sobre o futuro dos negócios da empresa brasileira. Não está totalmente claro em que termos, já que o desenho do negócio entre Embraer e Boeing ainda está no início e nem chegou à cúpula política do governo.

Peças.

Para angariar apoio às negociações, houve indicação de que, se a transação for fechada, o Brasil poderá ser o quarto polo de produção de componentes da Boeing, ao lado de Austrália, Canadá e Reino Unido. A inclusão do Brasil abriria horizontes para a indústria aeroespacial brasileira, que atualmente passa pela conclusão de três ciclos: desenvolvimento do KC390 na área de defesa, lançamento da segunda família de jatos de médio porte E-Jets e maturidade da linha de jatos executivos Legacy.

Os americanos defendem que engenheiros e técnicos que trabalham nesses projetos ganhariam poderiam atuar em projetos da Boeing – que, segundo fontes, tem enfrentado envelhecimento do corpo técnico.

Procurada, a Boeing não respondeu até o fechamento da edição. A Embraer não se pronunciou. A Saab não comentou as negociações, mas a assessoria frisou que a empresa não tem intenção de cancelar qualquer cooperação com o Brasil.

Fonte: JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO via NOTIMP http://www.fab.mil.br/notimp#n130429

abs.

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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#237 Mensagem por Viktor Reznov » Sex Jan 26, 2018 10:40 pm

Mesmo que a Boeing esteja sinalizando concessões, penso que não devemos duvidar da capacidade futura do congresso Americano de usar todos seus mecanismos possíveis pra interferir aqui no Brasil.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#238 Mensagem por FCarvalho » Sex Jan 26, 2018 10:53 pm

Uma coisa é certa. Eles não vão querer sair por baixo nessa situação. De um jeito ou de outro eles irão tentar conseguir um jeito de driblar as objeções brasileiras.
Se piscar o olho, já era.

abs
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#239 Mensagem por GIL » Sex Jan 26, 2018 11:00 pm

FCarvalho escreveu:
FIGHTERCOM escreveu:Jungmann diz a Saab que venda da Embraer não está em negociação, diz Defesa

https://br.reuters.com/article/domestic ... E33V-OBRDN
Ao menos parece que alguém entendeu finalmente quem precisa de quem nessa história toda. :?
Alias, os americanos independente da Boeing, tem mais de 5 tipos de caça diferentes e várias empresas capazes de projetar, desenvolver e produzi-los em casa mesmo.
Fora o Gripen E/F o que nós temos? :roll:

abs
Pode que no curto prazo a Boeing precise da Embraer, mais no longo prazo isso poderia ser invertido.
Dai que o governo, tem que ser mais proativo pra pensar como manter a Embraer com a pipa no alto (sendo ela brasileira)

Relembrando o que eu falei antes, se o governo brasileiro deseja bombar com as vendas da Embraer, bastaria com tentar casar vendas de material belico com compra de material belico.

Da Suecia temos pendente de comprar mais NG (amarra a coisa)
Tem a compra das Tamandarés (amarra a venda), se para isso temos que comprar 6 a principio ao inves de 4 melhor pra todos
De USA, podemos garantir a venda de mais ST (nao sei se o KC-390) comprando F-18 e C-17 ou o que for necessario
Temos que comprar sistemas anti aereo, fragatas de maior tonelagem, a lista é grande e vai pro longo prazo.
Da Italia temos de possibillidades as FREMM que sempre estiveram cotadas pra fragatas maiores e a Iveco agradeceria que seguiramos com projeto do Guarani de 8 rodas. (parece que eles tinham interesse em saber do carqueiro)

Sobre as Mekos, Alemanha anunciou que vai de Hercules (TNC), pois antes de pegar a fragata deles, eu escolheria uma asiatica que sabemos é boa, bonita e barata tendo a contrapartida do Kc, ou a de outro pais usando a mesma prerrogativa.

As vezes não se trata de comprar o melhor e sim, fazer o melhor.

Sem esqueçer que o governo pode entubar o KC nos correios e ja avisar (que não seria comprar agora mesmo) que vai pegar um segundo lote de KC pras FFAA, e de supor que realmente nos fariam falta mais desses carqueiros.
Quanta mais escala, mais firmeza os outros paises vao tendo na hora de comprar esse material.

E como isso mil outras jogadas, e questão de ser um pouco inteligente e agressivo, aproveita que a UE que assinar um acordo com o Brasil e mete manufatura neles porque pra exportar carne não necessitamos de toda essa M.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#240 Mensagem por FCarvalho » Sáb Jan 27, 2018 12:06 am

Concordo Gil. mas isso depende de uma configuração de fatores no negócio e também, de integração de ações e pensamento entre vários ministério que hoje na prática não existe.

Podemos tirar bons proveitos desse negócio. Mas temos que fazer antes o dever de casa. Sem isso nada feito. Melhor deixar como está.

Ademais, para os próximos 10/20 anos a Embraer vai estar bem em termos de negócios. Haverá mais pressão, claro, mas isso não quer dizer que vamos precisar mendigar na mão de quem quer que seja, como as vezes querem fazer crer.

A Embraer não está parada e muito menos alheia aos movimentos do mercado. Pleo contrário. Com certeza, ela proverá soluções adequadas ao momento e as demandas que lhe forem solicitadas.

abs
AVATAR INSERIDO PELA MODERAÇÃO

(pode ser substituído sem problemas)
Trancado