EGITO

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marcelo l.
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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#226 Mensagem por marcelo l. » Dom Ago 12, 2012 9:00 pm

Para variar Egito em transe.

CAIRO - O presidente do Egito, Mohamed Morsi, ordenou a aposentadoria de dois importantes generais, entre eles Hussein Tantawi, que comandou o país depois da queda de Hosni Mubarak.

Morsi indicou dois generais para os lugares vagos. O anúncio foi feito neste domingo pelo porta-voz presidencial.

O presidente Mohamed Morsi também cancelou uma declaração constitucional que limitava os poderes presidenciais, editada em junho pelo antigo governo militar.

O ministro da Defesa Tantawi, que serviu como ministro de Mubarak por 20 anos e o chefe de equipe Sami Enam eram indicados como conselheiros de Morsi. O porta-voz disse que as mudanças têm efeito imediatamente.

http://www.estadao.com.br/noticias/gera ... 5479,0.htm

Quem quer ler mais, tem no NYT do correspondente do Cairo KAREEM FAHIM


http://www.nytimes.com/2012/08/13/world ... lobal-home




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rodrigo
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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#227 Mensagem por rodrigo » Seg Ago 13, 2012 1:43 pm

Essa transição, sem ter gerado um golpe militar, já foi um avanço. Ou será que estou sendo ingênuo/precoce?




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a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#228 Mensagem por marcelo l. » Seg Ago 13, 2012 6:15 pm

rodrigo escreveu:Essa transição, sem ter gerado um golpe militar, já foi um avanço. Ou será que estou sendo ingênuo/precoce?
Acho que a transição deles ainda vai ser muito complicada, cheio de pequenos golpes entre IM e militares, e uma economia muito fraca.

Mas se houver uma trégua com a briga institucional, quem sabe apareça algo de prático estão fazendo sobre os Coptas e o Sinai que são dois pontos sensíveis e ficam relegados na briga pelo poder.




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#229 Mensagem por Viktor Reznov » Seg Ago 13, 2012 7:12 pm

rodrigo escreveu:Essa transição, sem ter gerado um golpe militar, já foi um avanço. Ou será que estou sendo ingênuo/precoce?
Está mais pra um retrocesso. Os militares são o último poder no Egito que combatem terroristas islâmicos; quando perderem seus poderes, o Egito se tornará mais uma nação apoiadora de terroristas, como Paquistão, Irã, Coréia do Norte, Síria, Arábia Maldita. Ainda mais se levarmos em conta que a maioria do população é fortemente anti-semita e anti-ocidental (em relação às nossas culturas) e islamofascista (me referindo ao islamismo radical terrorista e não ao islamismo moderado).




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#230 Mensagem por marcelo l. » Seg Ago 13, 2012 9:37 pm

Analise do Economist sobre o sinai.

http://www.economist.com/node/21560284

Não houve falta de aviso. Nos 18 meses desde a revolução do Egito, beduínos chefes na península do Sinai têm manifestado crescente preocupação em relação a ousadia crescente de grupos armados jihadistas em seu meio. Em junho, um monte deles com sede em Gaza lançaram um ataque através do Sinai, que deixou um morto israelense. Em julho de jihadistas divulgou um vídeo e folhetos prometendo transformar Sinai em um emirado islâmico e exigindo que as forças do governo egípcio deve impor a sharia lei ou sair. Em agosto de governo segundo Israel pediu aos seus próprios cidadãos para ficar longe de resorts de praia do Sinai, citando avisos da inteligência de um risco acrescido. Três dias depois, os israelenses dispararam um foguete, matando um motociclista palestina em Gaza, que, segundo eles, era um jihadista. Retaliação acenou.

Ainda assim, algumas horas mais tarde, pouco antes do pôr do sol, soldados egípcios tripulação um posto de controle do deserto perto da junção de três vias de fronteira do Egito com Israel ea Faixa de Gaza não tomou precauções antes de sentar para quebrar o jejum do Ramadã. Alguns ainda tinham comida na boca quando seus corpos foram recuperados. Os homens encapuzados que chegaram em vários carros não mostrou misericórdia, explodir o posto com lança-granadas e armas automáticas. Eles deixaram 16 soldados egípcios mortos.

Alguns dos agressores, usando suicidas correias, em seguida, sequestraram dois transportadores blindados de pessoal e acelerou em direção à fronteira israelense. Um veículo, carregado com explosivos, não conseguiu romper as barreiras e pegou fogo. O outro penetrou mais de um quilômetro em território israelense antes de ser atingido por um foguete disparado de um helicóptero israelense. Os israelitas eram evidentemente mais preparado do que os seus homólogos egípcios.

Enquanto as forças egípcias reforçaram a parte norte do Sinai, o risco de uma revolta em larga escala local cresceu. Testemunhas oculares de el-Arish, a maior cidade do Norte do Sinai, informou uma meia dúzia de ataques de jihadistas na meia-noite de 07 de agosto, com o aeroporto ea estrada para Rafah, na fronteira com Gaza, vindo sob o fogo. Forças egípcias perseguiram os atacantes para el-Touma, casa do Qurn, um clã com links para os islamistas radicais. Em meio a um blecaute parcial notícias no Egito, relatos iniciais afirmaram que as tropas terrestres, apoiadas por helicópteros armados, mataram pelo menos, a pontuação de um dos jihadistas, embora moradores foram céticos em relação à reivindicação. Uma campanha contra-insurgência feroz agora é esperar.

No Egito, a culpa foi logo com raiva atirou ao redor. Os defensores do "Estado profundo" que ainda domina o establishment de segurança foram rápidos em criticar recém-instalado do Egito, o governo islâmico-matizada civil. Presidente Muhammad Morsi, segundo eles, tinha tolamente relaxado controles na fronteira do Egito com a Faixa de Gaza, aproximando-se aos seus companheiros islamitas do movimento palestino Hamas que corre o enclave. Eles culparam o Sr. Morsi para deixar perigosos elementos estrangeiros se infiltrar tanto Sinai e Gaza. Novo primeiro-ministro do Egito, Hisham Kandil, foi vaiado e alvejado com sapatos em um funeral de estado para os 16 militares. A Irmandade Muçulmana, a partir do qual tanto o senhor Morsi e Hamas Primavera, sugeriu que o serviço de inteligência de Israel de alguma forma encenado o ataque.

Outros apontaram o dedo para os governantes militares do Egito. Em 08 de agosto, talvez deliberadamente explorando derrota do exército, o Sr. Morsi jogou uma luva para os generais por demitir uma série de oficiais superiores, incluindo o chefe da inteligência e do governador militar do norte do Sinai. Isso pode ajudar o Sr. Morsi recuperar algum do seu prestígio, que despencou desde que se tornou presidente.

Nas décadas desde o Egito recuperou o Sinai de Israel, na sequência dos acordos de paz de 1979, uma sucessão de generais nomeados como governadores não foi capaz de resolver mal-estar na região do deserto. A operação de segurança vicioso em 2004, após os ataques terroristas em estâncias turísticas do sul do Sinai, junto com a imigração por egípcios do Vale do Nilo, alienado beduínos já descontente Sinai.

Depois que o Hamas assumiu a execução de Gaza em 2007, levando-Israel incontestada pelo governo para o Egito do sitio, os palestinos começaram a centenas de escavação de túneis sob a fronteira com o Egito. Isso promoveu uma bonança de contrabando que lucrou tribos beduínas, corruptos autoridades egípcias e os islamitas do Hamas. Contrabando de armas, em especial subiram no ano passado, como rebeldes na Líbia agarrou enormes estoques de armas acumuladas durante o reinado paranóico do coronel Muammar Kadafi.

As queixas de Israel e seus aliados ocidentais sobre a ilegalidade crescente Sinai têm sido muitas vezes encontrou-se com protestos de que o tratado de paz de 1979 restringiu o exército do Egito para uma presença, token levemente armada. (An American-led força de controlo da multinacional no Sinai é muitas vezes atacado.) No ano passado, Israel concordou em deixar o Egito implantar um adicional de 1.500 homens e de pilotar helicópteros perto de uma faixa de fronteira. Mas só agora, na esteira do ataque, é o Egito tomar medidas sérias para selar os túneis de contrabando e caçar os jihadistas em colinas áridas da região.

O enigma do Hamas

É alarmante para os palestinos em Gaza, que esperava mais quentes laços com o Egito na era pós-Mubarak, o Egito novamente fechou sua fronteira oficial, o território é apenas uma tomada de confiança para o mundo. Temendo uma reação anti-palestiniano, o Hamas expressou condolências fulsome de soldados mortos do Egito. Hamas tem se esforçado para reprimir o extremismo jihadista em Gaza e, ao mesmo tempo exaltando o direito de seu próprio povo para lutar contra Israel.

Primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyeh, liderou as orações na estrada fora egípcio da Cidade de Gaza consulado, com metade do seu gabinete e centenas de outras prostrando-se em uníssono. Ele disse ter discutido a situação de duas horas com o Egito (posteriormente demitido) chefe de inteligência, Mowafi Murad, e prometeu melhorar a cooperação. Um jornal egípcio disse que o Hamas havia fornecido a ponta-off permitindo um helicóptero egípcio para disparar contra os jihadistas em 07 de agosto próximo à cidade fronteiriça de Sheikh Zwayed, onde homens mascarados no vestido afegão foram orientando o trânsito.

Por anos o Hamas suprimiu grupos jihadistas em Gaza, especialmente aqueles defendendo ideais salafistas puritanas que remontam ao tempo do profeta Maomé. Hamas tentou impedi-los de cabeleireiros, cafés de internet que atacam, os cristãos e outras influências supostamente decadentes. Mas tem sido menos ansioso para conter seus ataques com mísseis a Israel ou para impedi-los infiltrar Egito.


Mais recentemente, no entanto, o Hamas encerrou o complexo de túneis para diminuir a infiltração e arma de rodagem. Se o Hamas realmente quer agradar o governo egípcio, seria prender os jihadistas 200-ímpares ainda em grande em Gaza. Hisham Saidini, um pregador jihadista que o Hamas havia libertado logo após o Ramadã começou no mês passado, defendeu o assassinato de soldados do Egito, alegando que eles estavam protegendo os judeus.

Israel, também, terá que deixar ambas as forças de segurança do Egito e as do Hamas em Gaza controlar suas fronteiras de forma mais eficaz. Israel pode ter para permitir que o Hamas para operar em uma zona tampão ao longo da fronteira leste de Gaza. Ataque do Egito ar sobre os jihadistas em 08 de agosto foi a primeira vez que o poder aéreo havia sido implantado em raiva pelo Egito no Sinai desde a guerra com Israel em 1973, e foi coordenada previamente com Israel. Os israelenses dizem ter feito várias discretas conversações de alto nível com os egípcios desde que o Sr. Morsi foi empossado há um mês.

Os três governos também precisam concordar em novos arranjos econômicos. Nos últimos cinco anos, o bloqueio israelense-egípcio conjunta de Gaza que promoveu o contrabando através dos túneis foi imensamente beneficiado pessoas no Sinai que estão além da lei de qualquer país. Abrir as fronteiras para o tráfego legal e comércio deve diminuir o poder de jihadistas e contrabandistas no Sinai e Gaza, e assim fortalecer o braço dos governos em Cairo e Jerusalém.

Sr. Morsi parece estar bem ciente do dilema. Academia militar principal do Egito e os altos postos civis foram abertos para os beduínos e os planos estão em andamento para melhorar a península várias centenas de aldeias, muitos dos quais não têm água encanada. Ele já tinha feito um ponto, no início de sua presidência, de visitar Sinai. Ele também recebeu líderes do Hamas. Antes do ataque Sinai, ele recebeu o Sr. Haniyeh e discutidos definitivamente levantar o cerco de Gaza.

Israel também tem que considerar cooperando com o Hamas, seu inimigo declarado. Após o ataque em 05 de agosto, os líderes de Israel tiveram o cuidado de culpar os jihadistas globais em vez de habitantes de Gaza ou do Hamas. Embora o Egito ainda não totalmente para abrir a passagem de Rafah, Israel já reabriu sua uma vizinha de Kerem Shalom, para o comércio se ainda não para pessoas. Com a influência dos islamistas na Síria tende a crescer em caso de queda Bashar Assad, Israel pode ter que decidir se a acomodar-se aos gostos do Hamas para que uma versão ainda mais feroz do Islamismo vem à tona.




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#231 Mensagem por FoxHound » Ter Ago 14, 2012 9:55 pm

Em 18 meses, exército vê popularidade despencar no Egito.
http://2.bp.blogspot.com/-rdPAtIQkNuo/U ... T-ARMY.JPG
Presidente do Egito, Mohamed Morsi (centro) ao lado do ex-ministro da Defesa, Hussein Tantawi (esquerda)

No dia seguinte à queda de Hosni Mubarak, que foi deposto suavemente pelos militares no dia 11 de fevereiro de 2011, o exército egípcio estava no auge de sua popularidade, como mostra um dos slogans da Praça Tahrir: “Al-Shaab, Al-Gueish, id wahda” (o povo e o exército unidos como uma única mão). Dezoito meses mais tarde, é uma instituição cansada, desorientada por uma transição caótica que ela conduziu com dificuldades e criticada por todos os lados, que o presidente islamita, Mohamed Morsi, decidiu mudar com uma série de nomeações.

Temendo um colapso do Estado e o questionamento de seu papel de dirigente dentro do regime, o exército havia decidido assumir o controle da transição um dia após a saída de Hosni Mubarak. O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), um organismo composto por cerca de vinte oficiais de alto escalão e suspenso há décadas, foi reativado a fim de assumir tanto as funções executivas quanto as legislativas.

Presidido pelo velho marechal Tantawi, o CSFA funcionou secretamente à base de comunicados numerados. Sua gestão econômica se revelou desastrosa, incapaz de retomar o crescimento. Para manter a paz social, o exército gastou generosamente, aprofundando os déficits por vários anos.

Logo veio o divórcio com os jovens revolucionários da Praça Tahrir, que foram os primeiros a sofrer os abusos repressivos do estado-maior, pouco habituado à manutenção da ordem em um meio civil. Aproveitando sua popularidade, o exército fez prisões em massa, torturou abundantemente – entre outras formas, impondo às mulheres degradantes testes de virgindade – e submeteu os jovens ativistas a julgamentos por cortes militares (mais de 12 mil condenações em um ano) para cortar pela raiz um movimento revolucionário e social, que ele temia que fosse além da troca do chefe do Estado e da mudança do regime.

Mas não contavam com a libertação da fala e a queda do “muro do medo”. A arbitrariedade repressiva da instituição militar foi revelada pela juventude revolucionária que lutou ativamente. Pela primeira vez, o lugar do exército nas instituições e seus privilégios econômicos foram debatidos em praça pública. Ele, que vivia protegido, sem jamais ser questionado sobre suas ações, seu orçamento ou sua influência comercial.

Insegurança generalizada
Para voltar a ter um simulacro de estabilidade, os militares se apoiaram na Irmandade Muçulmana, conhecida por seu conservadorismo, tanto moral quanto político. Essa estratégia, que compensou no primeiro ano, se voltou contra eles quando a confraria, legitimada pelas urnas (quase 50% das cadeiras nas legislativas de janeiro de 2012), quis se emancipar da tutela militar.

Uma vez eleito presidente em junho de 2012, o islamita Mohamed Morsi pôde pedir que os militares voltassem a seus quarteis. Ele recebeu o apoio de uma opinião pública cansada da insegurança generalizada e do caos instaurado desde a revolução. Quando estouraram problemas no Sinai, onde vários grupos jihadistas se revoltaram, Mohamed Morsi aproveitou para lembrar ao exército de que sua tarefa era defender as fronteiras e que era hora de deixar para os políticos a gestão do país.
http://codinomeinformante.blogspot.com. ... idade.html




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#232 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 1:53 am

Presidente do Egito busca isolar velha guarda do Exército através de aliança com jovens militares

Mohamed Morsy, presidente do Egito, não está jogando para o escanteio as Forças Armadas do Egito. Na verdade, foi hábil politicamente para afastar oficiais da velha guarda, ligados ao antigo regime, e se aproximar de uma ala mais jovem dos militares. Isto é, saiu o Mohamed Hussein Tantawi e entrou o mais jovem general Abdel Fatah al Sissi.

Esta ação pode até melhorar as relações entre o governo civil, da Irmandade Muçulmana, com as Forças Armadas, dependendo, claro, de como esta nova aliança será levada adiante. O certo é que Morsy, e a Irmandade, sabem da importância financeira e geopolítica do Exército.

Para completar, Morsy agiu enquanto ainda possui capital político. Daqui a pouco, o crédito dele se reduzirá se a economia egípcia não voltar a crescer. Não podemos esquecer que os levantes da Primavera Árabe foram em grande parte por melhores condições.
http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#233 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 1:03 pm

Analistas temem concentração de poder nas mãos do presidente egípcio Mohamed Morsi.
Em uma semana, o presidente egípcio, Mohamed Morsi, acabou com uma canetada com o amplo poder dos generais egípcios e lançou no Sinai a maior operação militar em décadas. O líder islâmico quis deixar claro quem manda no Egito e consolidou sua imagem presidencial de forma tão meteórica quanto inesperada. Era difícil imaginar que fosse tão fácil desembaraçar-se da eterna tutela militar egípcia, mas Morsi aparentemente o conseguiu. Com suave firmeza, marcou um feito crucial na tortuosa transição egípcia.

Mas a súbita assertividade do presidente não seduz a todos. A nova concentração de poder em mãos islâmicas corre o risco, segundo especialistas, de polarizar ainda mais a fragmentada sociedade egípcia. À espera de novas eleições parlamentares e com a Constituição pendente de redação, Morsi ostenta hoje um poder quase absoluto, que despertou receios em boa parte dos egípcios.

Seguidores da Fraternidade Muçulmana e, em geral, cidadãos desejosos de que os militares, o chamado "Estado profundo", transfiram o poder para as autoridades civis, correram na noite do último domingo (12) para celebrar as decisões de Morsi. Horas antes, o porta-voz presidencial, Yaser Ali, havia anunciado as novas medidas: o ministro da Defesa, marechal Husein Tantaui, símbolo do exército e do regime Mubarak ao mesmo tempo - foi seu ministro durante 20 anos -, estava fora do jogo. Em seguida, Ali anunciou a anulação do decreto constitucional pelo qual o exército usurpou poderes extraordinários do Parlamento e do futuro presidente.

Com essas medidas, Morsi, o candidato da Fraternidade Muçulmana, se envolveu no manto revolucionário que os jovens e não tão jovens que destronaram Mubarak na Praça Tahrir lhe negavam. "A revolução do presidente contra os militares", foi a manchete na segunda-feira (13) do jornal independente "Tahrir".

Poucas horas depois do anúncio presidencial, Morsi dirigiu-se à nação na última hora do domingo, na emblemática mesquita de Al Azhar. "As decisões que tomei não pretendem atacar ninguém nem envergonhar nenhuma instituição. Tampouco pretendiam reduzir as liberdades." Morsi se defendia de acusações que ainda não haviam ocorrido, mas tinha consciência de que estavam chegando.

Mohamed el Baradei, renomado opositor, ex-diretor da Agência de Energia Atômica, com conhecidas credenciais revolucionárias e laicistas, deu as boas-vindas às decisões de Morsi. Mas também advertiu sobre o perigo de que o presidente assuma o poder Legislativo e o Executivo ao mesmo tempo. El Baradei opinou que é preciso formar uma Assembleia Constituinte na qual estejam representados todos os setores da sociedade e que assuma o poder de legislar até a realização de novas eleições parlamentares, segundo o jornal "Al Ahram". Importantes juristas também questionaram a legalidade das medidas, enquanto alguns analistas interpretaram que o problema agora é que o poder passou das mãos de alguns - o exército - para as de um, Morsi.

Com o Parlamento dissolvido, o presidente se reserva agora o poder de promulgar leis, além de controlar o orçamento e de formar a Assembleia Constituinte que deverá redigir a Constituição da era pós-Mubarak. "Trata-se de uma tomada de poder aos militares, mais que o fim do poder dos militares. Esta é uma nova fase de governo autoritário", afirmou Robert Springborg, professor da Escola Naval do Departamento de Estado americano e especialista em exército egípcio, em declarações ao jornal "Al Masry al Youm".
http://codinomeinformante.blogspot.com. ... poder.html




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#234 Mensagem por marcelo l. » Qui Ago 16, 2012 6:59 pm



Words of Women from the Egyptian Revolution - Sanaa Seif




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#235 Mensagem por FOXTROT » Sáb Ago 18, 2012 7:29 pm

terra.com.br

Presidente do Egito visitará Irã após mais de 30 anos
18 de agosto de 2012 • 16h26 • atualizado às 16h45



O presidente islamista do Egito, Mohamed Mursi, visitará o Irã durante Reunião de Cúpula de Países Não-Alinhados em 30 de agosto, informou a agência de notícias estatal Mena. A visita será a primeira do tipo de um chefe de Estado egípcio a Teerã desde a revolução islâmica, há mais de 30 anos.

A agência citou fontes na presidência egípcia dizendo no sábado que Mursi "irá participar da cúpula" quando estiver voltando da China. Ele deverá transferir a presidência temporária do movimento ao Irã.

Um porta-voz de Mursi não estava disponível para dar declarações. Relatos da mídia egípcia sugeriram que Mursi poderia enviar seu vice recém-nomeado, Mahmoud Mekki, em seu lugar.

Desde que Hosni Mubarak foi derrubado da presidência egípcia no levante popular no ano passado, o Egito e o Irã mostraram interesse em renovar os laços cortados há mais de 30 anos, depois da Revolução Islâmica do Irã e do reconhecimento de Israel por parte do Egito.

No entanto, com o Ocidente pressionando o Irã para suspender seu controverso programa nuclear e os Estados Unidos como um grande doador das forças armadas do Egito, qualquer melhoria nos laços pode ser um caminho difícil de trilhar.

Mursi disse em junho que iria processar uma agência de notícias iraniana depois que ela o citou dizendo estar interessado em restaurar as relações com Teerã. Os assessores de Mursi disseram que a entrevista foi fabricada.

O Irã viu a vitória de Mursi, que deixou a Irmandade Muçulmana quando foi eleito em junho, como um "Despertar Islâmico". Mursi, no entanto, está lutando para acalmar os aliados ocidentais do Egito, temerosos com a perspectiva de um governo islâmico, e os Estados do Golfo, que suspeitam da influência iraniana.

O Egito atualmente lidera o Movimento dos Não-Alinhados, fundado durante a Guerra Fria para defender as causas do mundo em desenvolvimento. O Irã rompeu relações diplomáticas com o Egito em 1980, após a Revolução Islâmica, devido à decisão do governo egípcio de assinar, em 1979, os acordos de paz de Camp David, com Israel. O antecessor de Mursi, Hosni Mubarak, considerava o Irã um elemento desestabilizador no Oriente Médio.




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#236 Mensagem por FOXTROT » Ter Ago 21, 2012 8:47 am

Ventos de guerra.... :twisted:
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terra.com.br

Netanyahu pede ao Egito retirada de tanques do Sinai
21 de agosto de 2012 • 07h43 • atualizado às 08h08



O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enviou recentemente uma mensagem ao Egito na qual exige ao Cairo a retirada imediata dos tanques da península do Sinai, mobilizados para reprimir grupos islamistas, informa o jornal Maariv.

Na mensagem, Israel exige que o Egito interrompa o envio de reforços sem uma coordenação prévia com o Estado hebreu, de acordo com o tratado de paz de 1979 entre os dois países, que previ a desmilitarização do Sinai.

Um intermediário do governo americano transmitiu a mensagem ao Cairo após a crise nas relações entre os serviços de segurança israelense e egípcio, segundo o jornal.

O Egito enfrenta uma grave crise no Sinai, onde 16 guardas de fronteira foram assassinados em 5 de agosto por um comando que, depois, fugiu para território israelense, onde foi neutralizado.




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#237 Mensagem por FoxHound » Ter Ago 21, 2012 11:08 am

Sou da opinião de que acho impossivel os EUA abandonarem Israel depois de ler isso aqui.
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Reforma na liderança militar do Egito afasta país dos EUA, dizem analistas.
Quando era estudante do Colégio Nacional de Guerra, em Washington, o chefe das forças armadas do Egito argumentou em um artigo que a presença militar americana no Oriente Médio e seu apoio “parcial” a Israel estavam alimentando o ódio contra os EUA e mergulhando o país em uma guerra mundial impossível de ser vencida, contra militantes islâmicos.

A tese, escrita há sete anos pelo general Sedky Sobhi, é uma janela para a forma de pensar de um importante membro da nova geração de oficiais que ascendeu ao poder na reforma realizada pelo recém-eleito presidente do Egito, Mohammed Morsi, da Irmandade Muçulmana.

Sua dura crítica à política norte-americana é especialmente impressionante porque hoje ele chefia a instituição militar que foi a maior aliada norte-americana no mundo árabe, com a qual os oficiais americanos contaram como força crucial no apoio à segurança israelense e contra a influência iraniana. Apesar de décadas de colaboração militar, ele defendeu a total retirada das forças norte-americanas da região.

Acadêmicos dizem que a tese é ainda mais significativa porque muitos dos temas incluídos refletem opiniões comuns entre os egípcios, seu novo presidente e as pessoas da região –um fator cada vez mais importante na política externa regional, na medida em que o Egito e outros países avançam na direção de uma democracia.

As autoridades norte-americanas disseram que sua confiança no Egito não foi abalada, enquanto os analistas argumentam que, apesar de mudanças na liderança civil e militar da nação, qualquer realinhamento nas relações com Washington seria lento, em parte por causa da necessidade urgente que o Egito tem de assistência dos EUA e do Ocidente.

“Com certeza haverá grandes mudanças no relacionamento do Egito com Washington”, disse Shibley Thelhami, cientista político da Universidade de Maryland e acadêmico da Instituição Brookings, que estuda a opinião pública árabe e egípcia.

Em pesquisas pelo mundo árabe por mais de uma década, disse ele, cerca de 70% do público nomeou os EUA como segunda maior ameaça à segurança regional, depois de Israel – até no Egito, onde Washington fornece US$ 1,3 bilhão (em torno de R$ 2,5 bilhões) em ajuda militar por ano, e na Arábia Saudita, outro próximo aliado dos EUA.

Segundo Tehlami, Sobhi argumenta que “sempre houve duas questões centrais alimentando a revolta árabe e egípcia contra os EUA, a questão palestina – o prisma da dor pela qual os árabes veem o Ocidente – e a presença militar dos EUA”.

A tese de Sobhi, divulgada pelo jornalista independente do Cairo Issandr El Amrani, oferece um raro vislumbre da visão de política externa de uma instituição militar muitas vezes considerada praticamente impenetrável para quem é de fora.

Durante décadas de governo de Hosni Mubarak, o exército egípcio e a política externa do país foram aliados dos EUA e de seus interesses regionais. Houve preocupação em Washington que, com a queda de Mubarak, o relacionamento talvez nãos sobrevivesse, e essa ansiedade foi reacendida quando Morsi foi eleito presidente.

Mas Washington sabia que o antigo ministro da defesa, o marechal Mohamed Hussein Tantawi, e seu chefe das forças armadas, Sami Hafez Anan, ainda detinham considerável poder e eram aliados confiáveis.

Então, depois do ataque terrorista vexaminoso no Norte do Sinai neste mês, Morsi aproveitou para consolidar seu poder anunciando a substituição dos líderes militares, enquanto os manteve como assessores presidenciais. A reforma levantou pela primeira vez a possibilidade que Morsi possa começar a exercer alguma influência de verdade sobre a política externa do Egito, e o artigo de Sobhi sugere que pelo menos parte do quadro mais jovem de generais talvez também compartilhe um interesse em um movimento por maior independência de Washington.

“Se o relacionamento for entre iguais, com respeito mútuo e interesse mútuo, então nada muda”, disse Mahmoud Hussein, secretário-geral da Irmandade Muçulmana, nesta semana sobre o relacionamento com os EUA. “Mas se os EUA pensarem que o relacionamento com o Egito é de mestre e seguidor, isso nunca acontecerá”.

Samer Shehata, professor de política árabe na Universidade de Georgetown, disse que os políticos norte-americanos seriam ingênuos se achassem que a posição de Morsi e da Irmandade – inclusive as críticas dos EUA e o forte apoio aos palestinos- representavam um pensamento marginal.

“A Irmandade é o Kansas do Egito”, disse Shehata. A posição deles sobre política externa “reflete o que o centro egípcio pensa”, disse ele.

Em Washington, as autoridades disseram que não se preocupavam com a tese ou com as mudanças na liderança militar egípcia. Membros da defesa norte-americanas disseram que realmente têm um forte relacionamento positivo com Sobhi e seu chefe, o novo ministro da defesa, general Abdul Fattah el-Sisi, que também estudou no Colégio Nacional de Guerra em Washington.

“Muitas teses acadêmicas oferecem ideias interessantes que não vão muito longe e, muitas vezes, terminam nas prateleiras”, disse um membro do governo Obama sobre o artigo de Sobhi, falando sob condição de anonimato por causa da delicadeza na relação com o Egito. “Isso não causa exatamente preocupação. Acreditamos que vamos trabalhar bem com os novos líderes militares egípcios”.

Outros analistas, porém, argumentam que a reforma na defesa, que marcou uma aparente consolidação do poder de Morsi, inevitavelmente pressagia uma mudança adiante nas relações do Egito com Washington.

Diante da pressão da opinião pública sobre líderes democraticamente eleitos – sem falar no histórico de críticas da Irmandade e de Morsi à política de Oriente Médio dos EUA - “é razoável que a remoção das maiores autoridades de segurança e defesa por Morsi possa em parte representar uma mudança na política externa do Egito, para longe dos EUA”, disse Steven A. Cook, acadêmico argumentou nesta semana no site da “Foreign Affairs”. “Em direção de qual país, contudo, não está claro. Não há outro poder que possa ser patrocinador do Egito, mas Cairo talvez não precise de um. O Egito representa um quarto do mundo árabe e está estrategicamente localizado no Canal de Suez e na fronteira afro-asiática, ou seja, é uma potência por si só”.

Sobhi escreveu sua tese como argumento para os políticos norte-americanos sobre seu interesse de longa data. Mas ele defendeu sua opinião concentrando-se naquilo que chamou de enganos americanos sobre a região, argumentando que os ocidentais minaram seu suposto apoio à democracia árabe com sua hostilidade ao papel da lei islâmica em muitos Estados árabes. A promoção da democracia “deve ter e projetar legitimidade política, social, cultural e religiosa”, escreveu.

Sobhi também argumentou que era errado caracterizar a Al Qaeda e outros grupos militantes meramente como “organizações terroristas irracionais”. Em vez disso, ele sugeriu que eles haviam explorado críticas populares contra a política dos EUA, “tornando-se um movimento internacional de insurgência”.

“Eu recomendo a retirada permanente das forças militares norte-americanas do Oriente Médio e do Golfo como um objetivo da estratégia norte-americana nesta região”, escreveu, acrescentando que os EUA devem perseguir seus objetivos por “meios socioeconômicos e a aplicação imparcial da lei internacional”.
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rodrigo
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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#238 Mensagem por rodrigo » Ter Ago 21, 2012 11:59 am

Os políticos e militares egípcios tem que manter a chama do inimigo externo acesa. Quero ver manter a máquina bélica sem apoio americano, e ao mesmo tempo se essa primavera não se converter em melhorias sociais à sua população, mais revoltas acontecerão. Egito, Síria, Iraque, Jordânia não venceram Israel quando eram ditaduras plenamente financiadas, apoiados e conduzidas pelos soviéticos, com elemento surpresa e ampla superioridade numérica. Agora, não conseguem nem mesmo dar sério combate aos problemas internos.




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#239 Mensagem por FoxHound » Ter Ago 21, 2012 8:13 pm

Movimentação do Exército egípcio no Sinai preocupa Israel

GUILA FLINT
DE TEL AVIV PARA A BBC BRASIL
A decisão do presidente egípcio, Mohamed Mursi, de deslocar tropas e armamentos para o deserto do Sinai desperta preocupação em Israel.

Desde o dia 5 de agosto, quando um grupo radical islâmico realizou um ataque contra soldados egípcios na fronteira do deserto do Sinai com Israel, o Exército do Egito começou a transferir grandes contingentes de tropas e armamentos pesados à região.

A grande presença militar na península egípcia provoca desconfiança em Israel, já que a área, segundo o acordo de Camp David, deve permanecer desmilitarizada.

O ataque, que matou 16 soldados egípcios, levou o presidente Mursi a coordenar com o governo israelense a entrada do Exército no deserto do Sinai. A área, que chegou a ser ocupada por Israel, foi devolvida ao Egito após a assinatura de um acordo de paz entre os dois países em Camp David, em 1979.

O governo israelense concordou com a entrada das tropas na região, porém, de acordo com analistas, espera que logo depois desta operação militar específica o Sinai retorne à situação anterior, como zona desmilitarizada.

De acordo com o veterano diplomata israelense Meir Rozen, que já foi embaixador de Israel nos Estados Unidos e também serviu como assessor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, "se o Egito não retirar as tropas e os armamentos ao final da operação, se configurará um casus belli (uma agressão de guerra)."

Em entrevista à radio Kol Israel, Rozen afirmou que se os egípcios "insistirem em manter as tropas no Sinai, Israel terá um motivo para usar força para retirá-las".

TESTE

De acordo com o analista do canal 1 da TV israelense, Oded Granot, este é o "teste mais significativo" das relações entre Israel e o Egito depois dos protestos que derrubaram o ex-presidente Hosni Mubarak e levaram à eleição do representante da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi.

Granot recomendou ao governo israelense que "tente resolver o problema com o governo egípcio nos bastidores, em vez de fazer declarações em público, para não elevar os tons da divergência".

O analista também disse que Israel tem interesse de que o Egito retome o controle do deserto do Sinai, que desde a Primavera Árabe tornou-se "terra de ninguém".

De acordo com Granot, a ausência de controle do Estado egípcio no Sinai abre espaço para a infiltração de grupos radicais do Jihad Global, que por sua vez ameaçam a segurança de Israel e contrabandeiam armas para a faixa de Gaza.

O novo governo egípcio interrompeu a exportação de gás para Israel, em medida interpretada como "hostil" por analistas locais, porém ainda no âmbito comercial.

A situação no deserto do Sinai acrescenta mais uma frente de tensão entre Israel e os países vizinhos.

Nas últimas semanas cresceram os rumores sobre a possibilidade de um ataque israelense ao Irã, que teria o objetivo de destruir as instalações nucleares do país persa.

Na frente libanesa também há uma tensão crescente, com trocas constantes de ameaças entre Israel e a milícia xiita Hizbollah.
http://www1.folha.uol.com.br/bbc/114086 ... rael.shtml




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Re: O Novo Egito e o velho problema.

#240 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 22, 2012 7:08 pm

Egito diz que 1.600 extremistas islâmicos se escondem no Sinai
Militares enviaram tanques e soldados de infantaria para perseguir os extremistas.
AE - Agência Estado

CAIRO - O governo do Egito está buscando 120 militantes na Península do Sinai e acredita aproximadamente 1.600 extremistas islâmicos estejam escondidos no árido território, reportou a agência estatal egípcia de notícias MENA, nesta quarta-feira, 22. Os militares enviaram tanques e soldados de infantaria para perseguir os extremistas na península, próxima à Faixa de Gaza e a Israel, após agressores terem atacado um posto militar e matado 16 soldados no dia 5 de agosto.
"Existem pelo menos 120 pessoas procuradas pela Justiça, incluindo grupos que atacaram delegacias de polícia e mataram um certo número de policiais e soldados", disse a MENA, ao citar um oficial egípcio. Segundo ele, que falou sob anonimato, a maioria dos elementos segue a ideologia takfiri, um ramo sanguinário do Islã sunita, que amaldiçoa os outros muçulmanos que não compartilham suas crenças e que além disso prega a morte dos não muçulmanos sunitas. "Acreditamos que os números desses extremistas se aproxime de 1.600, eles são de várias províncias (do Egito) e alguns são de outros países", disse o oficial.

No final de semana passada, atiradores extremistas voltaram a atacar a polícia e feriram três guardas com granadas, vários dias após os soldados matarem seis militantes em um reide contra um vilarejo no norte do Sinai. O governo egípcio enfrenta, além dos extremistas, beduínos insubmissos, contrabandistas e traficantes de drogas no Sinai. A situação de segurança na Península, que sempre foi precária, ficou pior após a queda do ditador Hosni Mubarak em fevereiro de 2011. O novo presidente do Egito, Mohamed Morsi, prometeu restaurar a segurança no Sinai.

Com Dow Jones
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 0187,0.htm




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