Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#226 Mensagem por Túlio » Qua Out 01, 2008 11:10 pm

JESUS, MARIA, JOSÉ E O BURRO!!! :shock: :shock: :shock: :shock:

Definitivamente endoideceram, estão escancarando as portas do inferno e berrando alegremente "o céu, o céu, olhem, amigos!!!"

Invertia- Últimas Notícias Quarta, 1 de outubro de 2008, 22h29
Fonte: Redação Terra

Economia Internacional
Senado dos EUA aprova novo pacote de US$ 700 bilhões

Atualizada às 22h41

O Senado americano aprovou nesta quarta-feira, por 74 votos a 25, a nova versão do pacote de US$ 700 bilhões em ajuda a empresas afetadas pela crise do crédito dos Estados Unidos. Agora, o projeto segue para a Câmara dos Representantes (deputados), que rejeitou a primeira versão do plano.

» Entenda a nova proposta de pacote nos EUA
» Entenda a crise do crédito
» Opine sobre a crise nos mercados financeiros

O pacote de ajuda ao mercado financeiro tem como ponto principal a liberação de US$ 700 bilhões em parcelas para a compra de papéis podres em poder de bancos e outras empresas em dificuldades financeiras, além do aumento do limite de depósitos bancários garantidos pelo governo - que passa de US$ 100 mil para US$ 250 mil.

Também foram incluídos descontos nos impostos para promover o uso de fontes de energia renováveis por empresas, no total de quase US$ 80 bilhões, e a prorrogação e ampliação de outras reduções nos impostos para pessoas físicas e empresas.

O projeto aprovado pelo Senado nesta quarta-feira tem cerca de 400 páginas, contra 100 páginas do texto rejeitado pela Câmara, já que várias emendas foram adotadas para agradar os deputados que votaram contra o plano original.

A decisão de que a Casa votaria o plano antes da Câmara dos Representantes foi divulgada na noite da última terça-feira, depois de o plano ter sido rejeitado pelos deputados por 228 votos contra 205, na última segunda-feira.

Com a aprovação do plano, a expectativa é que os deputados da Câmara dos Representantes se sintam agora pressionados para aprovarem o pacote do governo.

Com AFP e BBC Brasil.




Mas credo, estamos ferrados mesmo, 2009 será um ano inesquecível, podem apostar...




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#227 Mensagem por P44 » Qui Out 02, 2008 3:59 am

calma velho ´tulio, que ainda pode chumbar na Camara dos Representantes :lol:




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#228 Mensagem por Túlio » Qui Out 02, 2008 7:32 am

Conto com isso, Prepe véio, é ano eleitoral para os deputados também, não para o senado ianque, e os eleitores estão esmagadoramente contra essa sandice de dar mais dinheiro a quem já causou tantos danos...




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#229 Mensagem por P44 » Qui Out 02, 2008 7:51 am

eu já não percebo o que é melhor, passarem ou chumbarem essa lei :? sinceramente tou percebendo cada dia menos...




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#230 Mensagem por Túlio » Qui Out 02, 2008 7:51 pm

Em ambos os casos vai a daire josta para nós todos, a diferença é que se o mal for combatido em sua origem, ou seja, o sistema de negócios praticado pelo sistema financeiro dos EUA, com sua cleptocrática e corrupta desregulamentação a favor dos malfeitores de Wall Street (os famigerados 'banksters') - ei, não sou estatista mas defendo o capitalismo selvagem com tanto entusiasmo quanto defendo o nazismo - então haverá mais sobreviventes, apenas isso. Que ninguém se iluda, o mal já está feito e bastante gente vai desejar ao fim desta década - se sobreviver a ela - ter passado o ano em estado cataléptico só para não ter que ver a cara da besta. Sequer tenho certeza de que não serei um desses... :(




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#231 Mensagem por delmar » Qui Out 02, 2008 8:50 pm

Túlio escreveu:Em ambos os casos vai a daire josta para nós todos, a diferença é que se o mal for combatido em sua origem, ou seja, o sistema de negócios praticado pelo sistema financeiro dos EUA, com sua cleptocrática e corrupta desregulamentação a favor dos malfeitores de Wall Street (os famigerados 'banksters') - ei, não sou estatista mas defendo o capitalismo selvagem com tanto entusiasmo quanto defendo o nazismo - então haverá mais sobreviventes, apenas isso. Que ninguém se iluda, o mal já está feito e bastante gente vai desejar ao fim desta década - se sobreviver a ela - ter passado o ano em estado cataléptico só para não ter que ver a cara da besta. Sequer tenho certeza de que não serei um desses... :(
Companheiro Túlio, estás a frequentar alguma igreja milenarista e apocalíptica, que prega o fim do mundo já? Eu penso que a coisa não será tão grave assim, entre mortos e feridos vão salvar-se todos. O mundo real vai continuar a existir, as pessoas terão que continuar alimentando-se, a energia elétrica necessita ser fornecida, a água também, o transporte coletivo e de carga idem. E logo vai ser o natal, depois o verão, as férias, a praia e o carnaval. Qualquer coisa por aqui só a partir de março do anos que vem.
Em resumo, enquanto no mercado não houver falta de cerveja e de carne para o churrasco de domingo, ainda não estamos em crise. E atenção, já houve época (plano cruzado) que até isto faltou. Portanto não é qualquer porcaria vinda dos states que vais nos assustar.

saudações




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#232 Mensagem por Túlio » Sáb Out 04, 2008 1:48 pm

delmar escreveu: Companheiro Túlio, estás a frequentar alguma igreja milenarista e apocalíptica, que prega o fim do mundo já? Eu penso que a coisa não será tão grave assim, entre mortos e feridos vão salvar-se todos. O mundo real vai continuar a existir, as pessoas terão que continuar alimentando-se, a energia elétrica necessita ser fornecida, a água também, o transporte coletivo e de carga idem. E logo vai ser o natal, depois o verão, as férias, a praia e o carnaval. Qualquer coisa por aqui só a partir de março do anos que vem.
Em resumo, enquanto no mercado não houver falta de cerveja e de carne para o churrasco de domingo, ainda não estamos em crise. E atenção, já houve época (plano cruzado) que até isto faltou. Portanto não é qualquer porcaria vinda dos states que vais nos assustar.

saudações

Então dá uma lida no texto abaixo, conterrâneo. Minhas opiniões a respeito são baseadas no que pesquiso, nas notícias que leio. E não sou nenhum fanático a se babar com a iminente queda dos EUA, embora veja também kôzaz positivas nisso. Para teres idéia do quão despreconceituoso sou, te digo que estou lendo "Memórias de Um Economista de Chicago", de George J. Siegler, um dos decanos dos chamados 'Chicago Boys' que estão por trás da desregulamentação toda que gerou a crise que está aí. Quero entender os motivos que o conduziram a pensar que estava fazendo a kôza certa ao defender a entronização do mercado em deus do mundo.
O "Novo século americano": interrupção por 92 anos
por Mike Whitney [*]
O tempo da América como superpotência está a chegar ao fim. A crise financeira foi a última gota. Seja qual for a boa fé que tenha restado após a invasão do Iraque, o desprezo par com tratados internacionais e o desavergonhado desprezo pelo direitos humanos, está agora acabado. Os Estados Unidos poluíram o sistema económico global com papéis sem valor: títulos apoiados por hipotecas. E, ao assim fazê-lo, empurraram seis mil milhões de pessoas para uma longa e penosa recessão. Isso é algo que não se pode esquecer facilmente.

A ira para com os EUA parece estar a emergir por toda a parte em simultâneo. Foi particularmente perceptível na recente abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Tipicamente, esta é um evento tedioso cheio de verborragia política vazia e de cerimónias pretensiosas. Mas não desta vez. Com o mundo a escorregar rumo a uma recessão criada pelos EUA, a paciência esgotou-se, e líderes estrangeiros começaram a atacar os EUA com mais veemência. Os discursos foram ásperos e acrimoniosos. Hugo Chavez, da Venezuela, resumiu o estado de espírito das reuniões assim:

"Penso que, mais cedo ou mais tarde, este império cairá – em benefício de todo o mundo, permitindo um equilíbrio no mundo a ser criado: policêntrico e multipolar. Isto garantirá paz no mundo. Para a criação deste mundo multipolar estamos a dar a nossa pequena contribuição".

Chavez gosta do povo americano mas opõe-se ao Império Americano; é simples. Ele foi o primeiro líder estrangeiro a oferecer assistência médica e alimentar às vítimas do Furacão Katrina. (Bush recusou sua oferta) Ele também fornece toneladas de óleo de aquecimento a famílias de baixo rendimento no Nordeste dos EUA.

A objecção de Chavez é o modelo "unipolar" de governação global de Bush pelo qual todas as decisões cruciais do mundo – sobre todas as coisas, desde aquecimento global a proliferação nuclear – são tomadas por Washington. Ninguém gosta que lhe digam o que fazer, assim como ninguém gosta que os EUA imiscuam-se constantemente nos seus assuntos. Eis porque ninguém dos que compareceram à assembleia da ONU parecesse particularmente incomodada pelo facto de os mercados financeiros dos EUA estarem em queda livre. Isto chama-se schadenfreude, ter prazer com o infortúnio de outro, e na semana passada houve muito disto nas Nações Unidas.

Muitos dos notáveis que ali compareceram pareciam acreditar que a súbita baixa da América representa oportunidades para uma mudança no modo como o mundo é dirigido. Isso é o que toda gente quer, mudança. Mudança real. Ninguém quer mais outros oito ano como os últimos. Eis porque o tema central do discurso de Chavez foi reiterado múltiplas vezes pelos outros líderes mundiais. Eles rejeitam o sistema actual e querem um papel maior na modelação do futuro do mundo.

Isto não significa que o mundo odeie a América. Significa apenas que todos querem uma pausa nas torturas, nos sequestros, no bombardeamento de civis e, agora, no contágio financeiro que os EUA disseminaram através de todo o sistema global. A falta de regulamentação dos EUA e as políticas monetárias de juros baixos aumentaram a inflação, desencadearam tumultos alimentares e dispararam os preços do petróleo. Chega. Os Estados Unidos são como o convidado para jantar que não sabe quando chega a hora de voltar para casa. Talvez um toque de recessão ajude a reequilibrar a abordagem de Washington e torne os seus líderes mais sensíveis às necessidades do resto do mundo. Em todo caso, outros países já estão a preparar-se para um mundo em que o papel da América será grandemente reduzido.

O jornalista John Gray resumiu isto assim no seu artigo em The Observer, "A Shattering Moment in America's fall from Power":

"O controle dos acontecimentos já não está em mãos americanas ... Tendo criado as condições que produziram a maior bolha da história, os líderes políticos da América parece incapazes de entender a magnitude dos perigos que o país agora enfrenta. Atolados na sua rancorosa cultura de guerras e a brigarem entre si por coisas sem importância, eles parecem inconscientes do facto de que a liderança americana global está em declínio rápido. Um novo mundo que está a vir passa quase desapercebido, um mundo em que a América é apenas uma das várias grandes potências, a enfrentar um futuro incerto que ela já não pode moldar".

Os EUA está prestes a juntar-se à família das nações e a aprender como lidar com os seus vizinhos, quer queira quer não. Simplesmente não há outra opção; o dólar está em queda, os défices estão a subir, e os mercados financeiros estão um desastre. A América ou aprenderá a cooperar ou ficará isolada num mundo que está rapidamente a integrar-se. "Entenda-se ou saia", é a mensagem que Washington precisa aprender rapidamente de modo a adaptar-se a um novo paradigma de poder.

Sim, muito dinheiro ainda irá para operações encobertas e truques sujos patrocinados pela CIA só para manter viva a esperança de que a superpotência será restaurada. Isso é de esperar. Os prósperos patifes na família real britânica ainda sonham com a reconstrução do Império, eles também. Mas, realistas, sabem que é apenas uma fantasia inócua. Dela nada sairá. Os impérios têm uma vida útil curta e é-lhes impossível voltar atrás. Eles habitualmente acabam num campo de batalha juncado de cadáveres ou num incêndio financeiro grandioso que não deixa nada atrás de si excepto um monte de cinzas e cacos de vidro. Podemos apenas ter esperança de que o abismo económico escancarado à frente de todos nós implique menos adversidades do que prevemos. Mas quando uma nação incita à briga, ela não deveria esperar uma colheita de peras doces.

O jornalista Steve Watson relata em Infowars:

"Um membro do Council on Foreign Relations e ex-planeador politico sob o eminente Henry Kissinger do Grupo Bilderberger escreveu uma peça no Financial Times de Londres apelando a uma "nova autoridade monetária global" que teria o poder de monitorar todas as autoridades financeiras nacionais e todas as grandes companhias financeiras globais.

"Mesmo que a operação de resgate financeiro maciço dos EUA tenha êxito, ela deveria ser seguida por algo com ainda maior alcance – o estabelecimento da uma Autoridade Monetária Global para supervisionar mercados que se tornaram sem fronteiras", escreve Jeffrey Garten, tambem um ex-director administrador da Lehman Brothers.

A maiores companhias financeiras globais teriam de registar-se junto à Autoridade Monetária Global (Global Monetary Authority, GMA) e ficarem sujeitas ao seu monitoramento, ou irem para a lista negra. Isto inclui companhias comerciais e bancos, mas também fundos de riqueza soberana, hedge funds gigantes e firmas de private equity [1] . A direcção da GMA teria de incluir banqueiros centrais não só dos EUA, Reino Unidos, eurozona e Japão como também da China, Arábia Saudita e Brasil. Ele seria financiado por contribuições obrigatórias de todos os países capazes e por prémios tipo seguros de companhias financeiras globais – listadas publicamente, possuídas por governos e de capital fechado". (Infowar.com)

O sonho de um governo mundial não morre facilmente, mas ainda assim está morto. O centro do actual sistema financeiro global é o Federal Reserve. Seus rebentos incluem o Council on Foreign Relations, o FMI, o Banco Mundial, o cartel bancário do G-7 e milhares de ONGs predatórias que expandiram as garras da cabala bancária de Washington e o sistema dolarizado por todo o planeta. O neoliberalismo está em colapso. O que estamos a assistir agora são os espasmos erráticos de um paciente cardíaco terminal a entrar nas etapas finais de uma paragem cardíaca. Não há droga ou procedimento médico que possa restaurar a boa saúde da vítima.

Ninguém está a olhar para os EUA ou os seus "pistoleiros económicos" a fim de traçar uma rota para o futuro económico do seu país. Esses dias estão ultrapassados. Os EUA terão de sair por si próprios dos escombros e recomeçar sem as infusões maciças de capital a baixo juro da China, do Japão e dos Estados do Golfo. As torneiras do dinheiro foram fechadas. São de papas ralas e árduos os tempos pela frente. Esse é o preço que se paga por burlar o mundo com a banha da cobra sem valor apoiada por hipotecas e por outros luxos "ilíquidos".

O presidente russo Vladimir Putin resumiu assim os acontecimentos recentes nos mercados financeiros:

"Tudo o que está a acontecer na esfera económica e financeira começou nos Estados Unidos. Isto é uma crise real que todos nós estamos a enfrentar, e o que é realmente triste é que vemos uma incapacidade para tomar decisões adequadas. Isto já não é irresponsabilidade da parte de alguns indivíduos, mas irresponsabilidade do sistema no seu todo, o qual como você sabe tem pretensões à liderança (global".

Ao voltar das Nações Unidas, o ministro das Finanças da Alemanha Peer Steinbrück reflectiu sentimentos semelhantes quando disse:

"Os Estados Unidos são os únicos a serem culpados pela crise financeira. Eles são a causa da crise e ela não está na Europa e nem na República Federal da Alemanha. O impulso anglo-saxão para lucros com dois dígitos e bónus maciços para banqueiros e executivos de companhias foram responsáveis pela crise financeira".

E acrescentou: "As consequências a longo prazo da crise não são claras, mas há uma coisa que me parece provável: os EUA perderão seu status de superpotência no sistema financeiro global. O sistema financeiro mundial está a tornar-se multipolar".

Steinbuck esta simplesmente a reiterar os sentimentos da ministra Angela Merkel que utilizou linguagem mais diplomática na sua crítica:

"A crise actual mostra-nos que se pode fazer algumas coisas a nível nacional, mas a maioria esmagadora deve ser acordada a nível internacional. Devemos pressionar por regulamentações mais claras de modo a que uma crise como a actual não possa repetir-se".

Merkel sabe que a Europa foi cegada pelo sistema desregulamentado da América, o qual permitiu a dominação de vigaristas e trapaceiros. Mesmo agora – em meio ao maior escândalo financeiro da história – nem um presidente de conselho de administração ou director financeiro de um grande banco de investimento foi processado ou levado a uma prisão. Os mercados estado-unidenses são um lugar sem lei e "livre para todos" onde ninguém é responsabilizado não importa quão grande o crime ou quantas pessoas são prejudicadas. Mas há um preço a ser pago por manter um sistema deformado e espoliar investidores, e os EUA pagarão tal preço. A compra de títulos do Tesouro já se reduziu a um engatinhar. Nos próximos meses, a máquina que mantém a América em vida será desconectada totalmente e a tenda de oxigénio será removida. O protegido de Kissinger não está preocupado acerca disso, mas a classe trabalhadora americana deveria estar. Há uma série de ruínas pela frente e muitas pessoas sofrerão desnecessariamente.

Eis como a Spiegel Online apresenta isto:

"A crise bancária está a perturbar a dominância americana dos mercados financeiros e da política mundial. Os países industrializados estão a deslizar para a recessão, a era do turbo-capitalismo está a chegar ao fim e o poder militar estado-unidense está a decair ... Este já não é os Estados Unidos musculoso e arrogante que o mundo conhece, a superpotência que estabelece as regras para todos os demais e que considera o seu modo de pensar e fazer negócios como o único caminho para o êxito.

Uma nova América está no écran, um país que já não confia nos seus antigos valores e ainda menos nas suas elites: os políticos que deixaram de ver os problemas no horizonte, e os líderes económicos, que tentaram vender um mundo fictício de prosperidade aos americanos ... Também está no écran o fim da arrogância. Os americanos estão agora a pagar o preço do seu orgulho". (Spiegel Online, "America loses its Dominant Economic Role")

O presidente Dmitry Medvedev não esteve presente nas cerimónias de abertura nas Nações Unidas, mas vale a pena considerar as suas visões sobre o nascente mundo "multipolar". Numa entrevista recente ele disse:

"Não podemos ter um simples mundo polar. O mundo tem de ter vários pólos. Um mundo policêntrico é o único meio de garantir segurança nos anos futuros. De modo que penso ser esta uma direcção muito prometedora para o nosso país ... O mundo é mais estável quando há um conjunto de grandes e importantes actores políticos. Num mundo multipolar, todos influenciam todos. Trabalharemos para estendê-lo.

Não penso que o mundo bipolar que existiu entre a NATO e o Pacto de Varsóvia (Guerra Fria) tenha quaisquer perspectivas futuras. Mas é claro hoje que o mundo de um pólo único é totalmente incapaz de administrar situações de crise".

Ambos os candidatos presidenciais prometeram continuar a unilateralista Doutrina Bush. Obama está tão ansioso quanto McCain para violar fronteiras soberanas, invadir países que não apresentam nenhuma ameaça iminente à segurança nacional dos EUA, e executar as muitas flagrantes violações de direitos humanos e do direito internacional desde que isso promova os objectivos políticos de mandarins ocidentais. Não há dúvida de que o iminente colapso financeiro trará os nossos líderes de volta à razão e ajudará a restaurar a república. Os EUA precisam de uma política externa que não exija a carnificina de povos nos seus países ou o roubo das suas poupanças para aposentadoria a fim de manter o nosso padrão de vida.

A guerra que Bush lançou contra o mundo – a guerra ao terror – persistirá durante anos depois de o sistema financeiro estado-unidense desmoronar num monte de detritos. A vontade de poder é alimentada pela arrogância, consciência de classe, e um "senso de merecimento" que ainda é mais forte do que a vontade de sobreviver. Isto é a força que anima os impulsos destrutivos e suicidas do conflito actual. E é por isso que a guerra continuará. O tecido social dentro dos EUA será despedaçado muito antes de cessar o combate. Um forte sentido de merecimento cria a crença de que "O mundo é meu para fazer com ele o que quiser; as reclamações dos outros não têm consequência". Estes sentimentos não podem ser mudados através da lógica ou da discussão racional; eles devem ser erradicados com um escalpelo do mesmo modo como seria removido um tumor canceroso.

Há perturbações pela frente. O mundo multipolar está prestes a colidir de frente com o mundo unipolar "baseado na fé" e milhões estão destinados a sofrer. Mas não há dúvida acerca do resultado final. As placas geopolíticas estão a mudar inexoravelmente para longe de Washington. A capacidade da América para travar a guerra será fortemente desgastada quando o capital e os recursos secarem. É só uma questão de tempo antes de a máquina de guerra arrebentar até parar e as tropas retornarem para casa. Quando parar a matança, começará uma verdadeira nova ordem mundial.


02/Outubro/2008

[1] Private equity: Firmas que investem essencialmente em empresas ainda não inscritas em bolsa de valores a fim de alavancar o seu desenvolvimento.


O original encontra-se em http://www.informationclearinghouse.inf ... e20926.htm




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#233 Mensagem por Bourne » Dom Out 05, 2008 1:39 pm

O que vocês acham [037] [037] [037]
Brasil é o quarto maior credor individual dos EUA

Fonte: http://www.estadao.com.br/economia/not_eco253767,0.htm

YORK - O Brasil já é o quarto maior credor individual dos Estados Unidos. Tem US$ 148,4 bilhões em títulos do Tesouro americano, de acordo com os dados mais recentes de Washington, de julho. O País só perde para Japão (US$ 593,4 bilhões), China (US$ 518,7 bilhões) e Grã-Bretanha (US$ 290,8 bilhões) - os países exportadores de petróleo aparecem na frente do Brasil porque estão agrupados.



Em meio à crise nos Estados Unidos e ante a perspectiva de um grande aumento na dívida do país, a concentração das reservas brasileiras em títulos do Tesouro americano (Treasuries) desperta preocupação. Rússia e a Índia vêm reduzindo a exposição ao dólar.



Esses títulos ainda são o investimento mais seguro do mundo. Recentemente, em meio à turbulência, a remuneração de alguns desses papéis caiu para quase zero por causa do aumento na demanda por esses títulos - resultado de investidores fugindo de qualquer tipo de risco.



"Não vejo ninguém preocupado com um calote dos Estados Unidos", diz Jon Huenemann, diretor de comércio exterior do escritório Miller Chevallier e ex-representante-assistente de comércio dos EUA. Mas, se a crise se aprofundar, a economia americana entrar em recessão e a dívida explodir, aí pode-se pensar em diversificação, diz o executivo.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#234 Mensagem por Sterrius » Dom Out 05, 2008 4:28 pm

"Não vejo ninguém preocupado com um calote dos Estados Unidos", diz Jon Huenemann, diretor de comércio exterior do escritório Miller Chevallier e ex-representante-assistente de comércio dos EUA. Mas, se a crise se aprofundar, a economia americana entrar em recessão e a dívida explodir, aí pode-se pensar em diversificação, diz o executivo.
Se os EUA fizer calote os mesmos vão quebrar a economia mundial a ponto de fazer o Crash de 29 parecer so uma mancha chata no sobe e desce mundial :P.

E o tempo muda em hehehe. 1 dia se é o devedor, no outro o credor ^^.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#235 Mensagem por soultrain » Dom Out 05, 2008 7:55 pm

Meus amigos,

As noticias são muito más para todos, a coisa vai bater forte a partir de agora, acho bom pôr as barbas de molho em relação aos investimentos de defesa em ambos os lados do Atlântico...

[[]]'s





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#236 Mensagem por cvn73 » Dom Out 05, 2008 8:12 pm

Bourne escreveu:O que vocês acham [037] [037] [037]
Brasil é o quarto maior credor individual dos EUA

Fonte: http://www.estadao.com.br/economia/not_eco253767,0.htm

YORK - O Brasil já é o quarto maior credor individual dos Estados Unidos. Tem US$ 148,4 bilhões em títulos do Tesouro americano, de acordo com os dados mais recentes de Washington, de julho. O País só perde para Japão (US$ 593,4 bilhões), China (US$ 518,7 bilhões) e Grã-Bretanha (US$ 290,8 bilhões) - os países exportadores de petróleo aparecem na frente do Brasil porque estão agrupados.



Em meio à crise nos Estados Unidos e ante a perspectiva de um grande aumento na dívida do país, a concentração das reservas brasileiras em títulos do Tesouro americano (Treasuries) desperta preocupação. Rússia e a Índia vêm reduzindo a exposição ao dólar.



Esses títulos ainda são o investimento mais seguro do mundo. Recentemente, em meio à turbulência, a remuneração de alguns desses papéis caiu para quase zero por causa do aumento na demanda por esses títulos - resultado de investidores fugindo de qualquer tipo de risco.



"Não vejo ninguém preocupado com um calote dos Estados Unidos", diz Jon Huenemann, diretor de comércio exterior do escritório Miller Chevallier e ex-representante-assistente de comércio dos EUA. Mas, se a crise se aprofundar, a economia americana entrar em recessão e a dívida explodir, aí pode-se pensar em diversificação, diz o executivo.
Nada como um dia após o outro. :D :D

Quanto à segurança dos papeis, os americanos com certeza são os mais seguros do mundo.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#237 Mensagem por soultrain » Dom Out 05, 2008 8:23 pm

O professor de economia da universidade americana de Columbia, Ricardo Reis, afirmou hoje que se vai assistir a "uma brutal volatilidade" no sistema financeiro nos próximos dois a três dias e admitiu que "alguns bancos podem falir".

"Estamos perante um cenário muito mau. O plano original do secretário do Tesouro, Henry Paulson, era muito mau, melhoraram-no, pois era preciso fazer alguma coisa para passar no Senado do que não fazer nada", disse à agência Lusa Ricardo Reis, ao telefone a partir da universidade de Columbia, em Nova Iorque.

O economista referiu ainda se tem assistido nos últimos dias a "uma extrema irresponsabilidade", adiantando que a volatilidade "vai ser brutal".

"Na última semana os mercados financeiros apresentaram uma enorme volatilidade e isso não é saudável, nem normal", salientou.

Ricardo Reis defendeu também que é preciso "fazer alguma coisa" e acabar com esta situação "de forma responsável".





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#238 Mensagem por Bourne » Dom Out 05, 2008 8:40 pm

Olhem a notícia legal que achei :twisted:

Segundo a Economist a Venezuela é muito vulnerável a crise atual. Mas, por outro lado, o Brasil permanece numa posição relativamente confortável, em que faz parte deter boa parte dos ativos mais seguros do mundo: os títulos da dívida pública dos EUA.

Venezuela, Argentina e Equador são mais vulneráveis à crise, diz 'Economist'

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_N ... OMIST.html

Um artigo na última edição da revista britânica The Economist diz que Venezuela, Argentina e Equador são os três países da América Latina mais vulneráveis a problemas decorrentes da atual crise econômica global.

O texto, intitulado Keeping their Fingers Crossed ("Mantendo os Dedos Cruzados", em tradução livre), alerta que o problema para esses países é que a crise está vindo acompanhada de uma diminuição no preço de commodities da qual dependem suas economias.

"Aqueles países que têm sido mais hostis ao capitalismo global parecem ser os mais expostos a suas mudanças de humor", diz o artigo.

"A Venezuela, que deixou de fabricar produtos que seus consumidores querem para importá-los pagando por eles com a renda do petróleo, parece estar particularmente vulnerável", continua a revista, se referindo à queda do preço do petróleo no mercado internacional.

"Cortar os gastos públicos é uma opção, mas não parece uma que ele (o presidente da Venezuela, Hugo Chávez) desejaria contemplar antes das eleições (estaduais e municipais) de novembro."


Argentina e Brasil

No caso da Argentina, o problema é a queda no preço de produtos agrícolas de exportação.

A Economist lembra que a 10% dos recursos obtidos pelo governo do país vêm dos impostos sobre as exportações. "Uma queda nos preços das commodities iria pressionar os fazendeiros (que já pagam um imposto de 35% sobre as exportações) e reacender seus recentes protestos.

Ainda de acordo com a revista, o Brasil, entre os países da América Latina, está numa posição confortável para enfrentar a crise - por ter equilibrado seu orçamento e construído grandes superávits comerciais e reservas em dólares -, mas não inteiramente segura.


"As commodities respondem por cerca de metade de suas exportações, deixando o país, também vulnerável a uma queda nos preços", diz a Economist.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#239 Mensagem por soultrain » Dom Out 05, 2008 8:48 pm

É uma questão de visão, o copo pode estar meio vazio ou meio cheio, o certo é que era para estar cheio e só tem metade da água que devia.

Outra coisa, os títulos de tesouro Americano foram dos mais seguros até agora, alterar esta afirmação pode ser perigosa e não corresponder à realidade.

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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#240 Mensagem por P44 » Seg Out 06, 2008 5:24 am

Volta Marx, estás perdoado! :twisted: :mrgreen:

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