01/05/2011 - 15h19
Exército rebelde líbio prepara-se para "batalha final"
Francisca León.
Benghazi (Líbia), 1 mai (EFE).- O porta-voz militar dos insurgentes líbios, Ahmed Omar Bany, afirmou neste domingo que o Exército rebelde está se preparando para a batalha final na região oriental do país, enquanto no oeste a luta contra o regime de Kadafi segue liderada pelos civis.
Em entrevista à Agência Efe em Benghazi, Bany disse que o Exército rebelde, constituído essencialmente por militares desertores do regime, está treinando os voluntários que pegaram em armas no leste da Líbia para que sejam soldados oficiais e aprendam tanto as táticas como a ética militar.
"Estamos ensinando os revolucionários a respeitarem as leis internacionais, como a convenção de Genebra, e a tratar do inimigo, a respeitar os prisioneiros de guerra mesmo que sejam do lado adversário", explicou.
Além disso, as tropas rebeldes estão reunindo suas forças, organizando-as e reparando as armas das quais dispõem, como tanques e canhões, para poderem avançar na frente leste, que ficou estacionada nas últimas semanas nos arredores da estratégica cidade de Ajdabiya.
"As tropas de Kadafi sabem que estamos preparados e por isso estão levantando linhas de defesa e minando a área, sobretudo nos arredores de Brega", relatou Bany, confirmando as informações divulgadas por vários grupos pró-direitos humanos sobre a presença de minas no deserto entre Ajdabiya e Brega.
O porta-voz disse que seus soldados sabem como evitar as bombas e enfrentar todos os métodos empregados pelas tropas de Kadafi, que estão centrando seus esforços no uso de armamento pesado, como mísseis de longo alcance.
"Temos os soldados mais valentes e inteligentes, temos razões para lutar, enquanto eles (as tropas de Kadafi) não têm razões para resistir", declarou o coronel, que é desertor da aviação do regime.
Bany não divulgou dados sobre a porcentagem de profissionais e voluntários nas fileiras insurgentes e considerou que os números não significam nada.
"Podemos dizer que todos os líbios fazem parte do nosso Exército porque todos estão dispostos a lutar e têm a preparação para isso", afirmou.
No oeste do país, controlado quase em sua totalidade pelo regime de Kadafi, são exatamente os civis que estão liderando a luta diante da ausência de um Exército como o que foi formado no leste desde o final de fevereiro.
"Em Misrata (oeste) nunca houve um Exército como tal e os civis pegaram em armas para se defender. Eles sabem que as unidades de Kadafi estão roubando, estuprando, e isso em nossa cultura não é aceitável: preferimos que nos matem antes que toquem em nossas mães, irmãs e esposas", realtou Bany.
Misrata está sendo atacada pelas forças governamentais há mais de dois meses e a única via de acesso à cidade é o porto, pelo qual teriam chegado armas e combatentes de Benghazi.
"Em Misrata a organização é boa, em pequenos grupos de 20 a 25 civis, sem necessidade de militares porque lutar em uma cidade é muito diferente, em 24 horas dá para aprender como se faz a guerra urbana", explicou, preferindo não traçar uma clara distinção entre soldados profissionais e voluntários.
Nas montanhas do oeste da Líbia, na região de Nafusa, onde os combates se desenvolvem desde o início das revoltas, em 16 de fevereiro, os cidadãos também são os encarregados de lutar contra as forças governamentais.
"É impossível controlar a região se você não conhece o terreno e por isso, para Kadafi está sendo muito difícil lutar contra a população local", disse o porta-voz militar.
"Oficialmente não há um Exército no oeste", admitiu, porque "as circunstâncias são muito diferentes" das do leste "libertado", onde os desertores como Bany conseguiram se unir aos civis na luta contra o regime de Kadafi.
"Os civis estão se organizando muito bem (no oeste) e não devemos esquecer as tribos, que também estão participando da luta e competindo entre elas para demonstrar qual é a melhor", afirmou.
Com relação à intervenção da Otan, Bany considerou que sua estratégia foi modificada nos últimos dias e destacou que essa mudança fará a diferença a partir de agora, com "evoluções muito boas" nas próximas duas semanas.
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