PQD escreveu:pra quem torce na politica como se fosse times de futebol...
http://www.cbn.com.br/Player/player.htm ... naldojabor
A vergonha de ser honesto
Por Paulo Saab (*)
Tem sido constante a manipulação de números e dados, a transformação da mentira em verdade e outras práticas que envergonham quem deseja um país mais justo.
Desde que Rui Barbosa mencionou, há cerca de um século, na sua Oração aos Moços, que "de tanto ver prosperar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimarda virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto", embora sirva de referência para a reversão do quadro pintado pelo jurista baiano, o que se assiste é a progressão de seu lamento. Da prática denunciada.
Quase cem anos depois da famosa frase, pouco ou nada dela se aprendeu. Ao contrário. Mais do que antes, talvez, observa-se na vida brasileira, em plena democracia consolidada, devido à ignorância da população, que as nulidades prosperam, as injustiças crescem, o poder se agiganta nas mãos dos maus – o que faz o homem de bem desanimar da virtude, a rir da honra, a ter vergonha de ser honesto.
Nos últimos anos da vida política brasileira tem sido constante a manipulação de números e dados, a transformação da mentira em verdade, o uso do poder em favor de quem o detém e outras práticas que envergonham quem ainda sonha com um país mais justo, mais decente.
Não é privilégio desse ou daquele partido. A exclusividade não reside em alguém ou algum grupo. É genérica em função da desinformação e do distanciamento a que a população está submetida do processo decisório, dos centros de poder e, lamentavelmente, do nível de informação capaz de dar luz ao discernimento.
Acentuou-se, todavia, o fato, do advento da chamada era Lula para cá. Por vício de origem, o modelo sindical falido e corrupto existente, pela falta de maiores recursos educacionais e culturais de seu líder e por uma exploração de um populismo consagrador da visão pequena, construiu-se uma base, assentada no rumo dado à economia em gestões anteriores, que foi transformado em iniciativa da gestão petista. Usurpação de decisões anteriores
Agiganta-se o poder nas mãos dos maus (mensalões, denúncias, nepotismo, aparelhamento etc.), para sua perpetuação e não, de fato, para a melhoria da vida de todos. Usada como mote, essa melhoria, fruto do resultado irreversível de ações do passado, é só mais uma manipulação da verdade, no cometimento de injustiças e na prática de más virtudes .
Exemplos não faltam. Seria ocioso mencioná-los agora. O que se discute é a desconstrução da verdade, da ética, da moralidade pública, a que o poder dominante se dedica nos últimos anos, em busca de sua afirmação grandiosa – quando à luz da história é míope, pequena. Discussão, diga-se de passagem, que passa longe do foco da grande mídia, dos formadores de opinião
e do conhecimento da massa brasileira. Que, alienada, tende a achar que é feliz. Pensa que para ela trabalham, quando a consomem.
Um único exemplo
Porque a manipulação é recorrente – basta, por ser o mais atual. O Ministério da Fazenda "erra" dados econômicos que inflam os feitos do governo atual, são explorados pela candidata ungida pelo Planalto e, denunciado o erro, na impossibilidade de negá-lo, os próceres governistas o admitem, mas negam que haja manipulação.
O MST faz assim. Primeiro invade, depois "negocia".O governo manipula, erra. Se descoberto, admite o erro, mas nega a intenção.
E segue com um elevado índice de aprovação e usando sem nenhum constrangimento os recursos públicos para sua permanência no poder.
A massa votante, pensando que melhora sua situação, segue no cabresto da dependência do favor e da esmola de sustento. Tudo em troca de seu voto.
Que vergonha de ser honesto.
(*) Paulo Saab é jornalista e escritor
Fonte:
http://www.dcomercio.com.br/materia.aspx?id=50160