Governo Dilma Rousseff
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Re: Governo Dilma Rousseff
Lembro que durante a crise se especulou sobre a possibilidade de algum grande grupo nacional adquirir a Chrysler, mas acharam que não seria uma boa ideia. Talvez o foco agora esteja na criação de carros elétricos (como Eike Batista quer criar), ou investimento em meios de transporte de massa. Sei lá! Tem um outro brasileiro que já criou a Óbvio e faz carros elétricos:
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- joao fernando
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Re: Governo Dilma Rousseff
Obvio? Carros para milionarios (Anisio Campos)
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- marcelo bahia
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Re: Governo Dilma Rousseff
Carro elétrico barato ainda é um pouco complicado, mas com o tempo isso vai mudar.
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- LeandroGCard
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Re: Governo Dilma Rousseff
A FNM teve o mesmo problema que aflige quase todas as iniciativas industriais no Brasil. O enfoque é na produção, e não na engenharia, que é considerada apenas uma fonte de despesas. Os projetos não apenas são trazidos de fora como nenhum esforço é realizado para aprender como aperfeiçoá-los ou desenvolver novos aqui. Conforme o tempo passa e os produtos fabricados vão ficando un ou se trazem novos projetos do exterior (o que tem alto custo tanto em royalties diretos quanto em adaptação das linhas de produção) ou vai-se reduzindo o preço dos produtos vendidos para manter a competitividade, o que acarreta em defasagem tecnológica e eventualmente em obsolescência.
A Embraer tornou-se um grande sucesso exatamente por fazer o contrário, a ênfase é toda na engenharia e no desenvolvimento de novos produtos, e a fabricação é em grande parte transferida para parceiros ou terceirizada. Já faz bastante tempo que a Embraer não fabrica aviões cujo projeto seja de terceiros, isso só foi admitido no início da operação da empresa, à título de aprendizado, com os projetos do Xavante e dos aviões da Piper. Hoje o primeiro não é mais produzido e a fabricação dos outros foi transferida para a Neiva juntamente com a do Ipanema. Todos os aviões hoje em produção na Embraer são de projeto próprio.
Leandro G. Card
A Embraer tornou-se um grande sucesso exatamente por fazer o contrário, a ênfase é toda na engenharia e no desenvolvimento de novos produtos, e a fabricação é em grande parte transferida para parceiros ou terceirizada. Já faz bastante tempo que a Embraer não fabrica aviões cujo projeto seja de terceiros, isso só foi admitido no início da operação da empresa, à título de aprendizado, com os projetos do Xavante e dos aviões da Piper. Hoje o primeiro não é mais produzido e a fabricação dos outros foi transferida para a Neiva juntamente com a do Ipanema. Todos os aviões hoje em produção na Embraer são de projeto próprio.
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- marcelo bahia
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Re: Governo Dilma Rousseff
Leandro G.,Paisano escreveu:
Por todos os países que passei os elogios à Embraer se focalizaram principalmente neste ponto que você falou: a Embraer desenvolve, cria aeronaves! Um orgulho para todos nós brasileiros!!
Sobre a FNM. Linda a história da Fê, Nê, Mê (interessante como era soletrado o alfabeto, tal como eu aprendi na escola. Não sei quando foi que espanholaram o nosso alfabeto para "Efe, Ene, Eme". Tenho um amigo que diz que baiano que é baiano diz fê, nê, mê!!). Espero que um dia possamos ter uma grande montadora de capital nacional capaz de criar seus próprios modelos. Mais uma vez ficou demonstrado neste vídeo o caráter patriótico do governo Getúlio Vargas, apesar de todo o caudilhismo de seu governo.
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Re: Governo Dilma Rousseff
Não tenho muita certeza de que teríamos como desenvolver sozinhos um carro atual e competitivo no Brasil, e os exemplos citados não são muito animadores. O BR-800 (e depois o Supermini) da Gurgel eram de fato totalmente nacionais, mas estavam muito, mas muito defasados mesmo tecnologicamente com relação ao que já era produzido no Brasil na mesma época pelas montadoras internacionais, tanto que não teve como competir em condições de igualdade e a fábrica entrou em forte decadência assim que a vantagem do imposto mais baixo para carros com motor abaixo das 1000 cilindradas deixou de ser exclusividade da Gurgel.joao fernando escreveu:De boa, mas já temos engenheiros capazes de fazer um carro. Ai basta grana
Gurgel não me deixa mentir. Mas como ele era uma mula de teimoso, deu no que deu
Fox. Brasilia. Gol. De que me lembro de momento, são todos projetos made in Brazil desde o começo
Assim, temos como fazer carros Tupis de boa. Basta grana
Ps - Eike tinha a JPX que vendeu jipes pras FA´s
PS2 - Eike se quiser, monta uma fabrica 100% nacional, facil facil. Mas alguem compraria um carro dele???
Quase todos os demais exemplos são de veículos onde apenas a carroceria, os detalhes de acabamento e em alguns casos o chassi eram nacionais, o powertrain e a suspensão eram de projeto estrangeiro. E mesmo o que foi desenvolvido aqui se baseou em padrões de projeto (escolha de materiais, tolerâncias de fabricação, normas de resistência, etc...) prontos, que estão sempre sendo aperfeiçoados com o tempo e vinham (e ainda vem) totalmente de fora. E todos estes carros sempre foram de tecnologia bem inferior ao que já era produzido lá fora na mesma época, sua única vantagem em um ou outro caso estava no custo. A única excessão era o JPX, com suspensão especial desenvolvida aqui, mas este era um jipe com especificações muito diferentes das de um carro de passeio (mais resistente porém com um "rodar" muito mais duro, quase uma carroça).
Para produzir hoje carros competitivos no Brasil boa parte da tecnologia teria mesmo que ser importada, pelo menos a princípio. Mas isso na verdade não é um grande problema, pois existem muitas empresas no mundo que poderiam vender estes conhecimentos sem restrições importantes, se houver interesse e grana para tal. O problema estaria na montagem de uma equipe de engenharia na empresa nacional que estivesse apta a aproveitar estes conhecimentos adquiridos e continuar o desenvolvimento à partir daí. E a questão nem seria de competência em engenharia, mas em gerenciamento mesmo. A diretoria da empresa precisaria ter cabeça para pensar não nos veículos que estariam sendo produzidos nos 3 a 5 anos seguintes, mas nos próximos 10 ou 15.
E isso, no Brasil, seria alguma coisa tão inédita quanto começar uma obra para algum evento esportivo logo após a decisão de fazê-lo aqui no país ter sido tomada, e não quando os prazos já estivessem quase completamente estourados. Fora raríssimas excessões, simplesmente não é da natureza do brasileiro pensar e agir com tanta antecedência assim. Ninguém em nosso país, nem mesmo o Eike, contrataria hoje um engenheiro para trabalhar em um produto que só estará no mercado daqui a mais de 10 anos. Ma é exatamente isso que chineses, coreanos e indianos fizeram e ainda fazem.
Leandro G. Card
- joao fernando
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Re: Governo Dilma Rousseff
Exato Leandro. Como vc mesmo falou, os projetos nacionais acima, podem ter os parametros comprados prontos, e a partir dai, a evolução
Bem, a quem fala que o Gurgel era 100% nacional, o cambio era de chevette, o eixo traseiro tambem, e o motor, era um VW cortado ao meio, com metade da capacidade cubica
Logo, o chassi do Gurgel era nacional...
Bem, a quem fala que o Gurgel era 100% nacional, o cambio era de chevette, o eixo traseiro tambem, e o motor, era um VW cortado ao meio, com metade da capacidade cubica
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Re: Governo Dilma Rousseff
Muita coisa do Gurgel BR-800 era mesmo derivada de veículos já existentes, mas com extensivas adaptações.joao fernando escreveu:Bem, a quem fala que o Gurgel era 100% nacional, o cambio era de chevette, o eixo traseiro tambem, e o motor, era um VW cortado ao meio, com metade da capacidade cubica.
O motor por exemplo tinha a parte "quente" derivada do motor VW boxer, mas era refrigerado à água ao invés de ar e usava transmissão por engrenagens para o alternador, e não por correia de borracha (que depois foi reintroduzida), além de outras alterações. A transmissão (câmbio, eixo cardan e diferencial) eram derivadas das do Chevette, mas com um projeto próprio e não exatamente intercambiável. E por aí vai.
Estas adaptações de engenharia foram feitas justamente porque não havia como desenvolver sistemas completamente novos no Brasil, por falta de capacidade (em termos de custo e mão de obra, não necessariamente de conhecimento) de engenharia. Assim, ao invés de adotar em larga escala sistemas inovadores, como geralmente as montadoras gostam de fazer ao lançar modelos novos, a Gurgel se restringiu a adaptar componentes que já existiam no mercado. O resultado foi um veículo que já nasceu defasado, e tinha muito poucas chances de ser aperfeiçoado à partir daí.
Este seria o mesmo problema hoje, e a solução é assumir logo que não se pode desenvolver absolutamente tudo desde o início e comprar os componentes que seria desvantajoso desenvolver de quem já tenha algo pronto. Por isso por exemplo os carros da chinesa JAC Motors, que estão sendo agora vendidos no Brasil, usam motores VVTI da japonesa Toyota (por mais que os chineses e japoneses se detestem mutuamente ). Depois, com o tempo e a fábrica já produzindo e gerando receita, pode-se investir no desenvolvimento de novas tecnologias e componentes nacionais. Mas isso é algo tem que ser feito com alta prioridade (como fizeram os coreanos e vão fazer os chineses), caso contrário assim que a produção começar a aumentar e a incomodar o fornecedor da tecnologia ele vai elevar seus preços ou interromper o fornecimento, e o fabricante local jamais terá liberdade para crescer livremente e terá que se contentar apenas com mercados de nicho e/ou baixas margens de lucro.
Leandro G. Card
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Re: Governo Dilma Rousseff
Exato
Leandro, por MP se preferir, vc já se envolveu no que quanto a fabricantes e montadoras?
Leandro, por MP se preferir, vc já se envolveu no que quanto a fabricantes e montadoras?
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Re: Governo Dilma Rousseff
Olá João Fernando,joao fernando escreveu:Exato
Leandro, por MP se preferir, vc já se envolveu no que quanto a fabricantes e montadoras?
Não sei se entendi exatamente sua pergunta, mas coloco abaixo a resposta pelo que imagino ser o que te interessa.
Praticamente desde o início de minha carreira trabalho em empresas fortemente ligadas ao setor automotivo, e estou nisso ainda hoje. Logo após minha pós-graduação eu entrei como trainee em uma empresa fabricante de motores diesel, que fornecia para caminhões, pickups e vans da Ford, GM, Mercedes, Agrale e outras montadoras, bem como para algumas fábricas de tratores, empilhadeiras e outros equipamentos. Trabalhei aí por alguns anos como engenheiro de projetos de aplicação (a instalação dos motores nos veículos e equipamentos), e portanto já me envolvia diretamente com esta questão do relacionamento das montadores com seus fornecedores.
Depois vim a trabalhar em algumas empresas que representavam soluções de engenharia (CAD/CAE/CAM e PDM, duplicação digital 3D, simulações de processo e de produção, etc...), e novamente os principais clientes eram as montadoras, seus fornecedores e os fornecedores dos fornecedores. Durante vários anos meu trabalho era justamente identificar novas tecnologias promissoras lá fora e trazê-las para o Brasil, para apresentá-las e implantá-las nas indústrias instaladas aqui. Isso me deu uma bagagem muito grande sobre como funciona o desenvolvimento de veículos automotores e afins, ao longo de toda sua cadeia produtiva.
E agora trabalho em uma das empresas que descobri durante uma visita a uma feira de tecnologia em Detroit mais de dez anos atrás, e que cresceu muito tornando seu produto praticamente um padrão no desenvolvimento de peças estampadas automobilísticas. Por isso estou permanentemente em contato com algumas das principais montadoras do país, que são nossa clientes (GM, VW, Ford, Mercedes, Peugeout, e em breve Renault e FIAT), bem como com estamparias e ferramentarias de estampo. Então estou diretamente envolvido nas atividades de desenvolvimento de novos fabricados no Brasil (e de alguns que nem serão fabricados aqui), e tenho contatos em todos os níveis (dos ferramenteiros e projetistas aos diretores de montadoras e donos de empresas fornecedoras), e por isso consigo ter uma visão bastante geral de como este mercado funciona.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
- soultrain
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Re: Governo Dilma Rousseff
Leandro,
Ouvi que um dos motores diesel mais elogiados do segmento, o Toyota 1.4DiD é fabricado no Brasil, que equipa até o Mini, isso procede?
Se sim, não há problema de matéria prima de qualidade, controlos de qualidade e custo de produção, claro que a engenharia é Japonesa.
Com os meus parcos conhecimentos, quase tudo num automóvel, tirando o bloco do motor, power train e estampagem, pode ser tudo desenvolvido, projectado e fornecido por parceiros OEM, certo? Não é possível desenvolver um automóvel de marca nacional bem rápido e relativamente capaz? Até o motor e power train pode ser de um terceiro, o que não faltam é marcas conhecidas a fazer isso, pode-se dar fora uma parte da engenharia também, não há gabinetes que entregam tudo chave na mão, tipo Pininfarina?
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Ouvi que um dos motores diesel mais elogiados do segmento, o Toyota 1.4DiD é fabricado no Brasil, que equipa até o Mini, isso procede?
Se sim, não há problema de matéria prima de qualidade, controlos de qualidade e custo de produção, claro que a engenharia é Japonesa.
Com os meus parcos conhecimentos, quase tudo num automóvel, tirando o bloco do motor, power train e estampagem, pode ser tudo desenvolvido, projectado e fornecido por parceiros OEM, certo? Não é possível desenvolver um automóvel de marca nacional bem rápido e relativamente capaz? Até o motor e power train pode ser de um terceiro, o que não faltam é marcas conhecidas a fazer isso, pode-se dar fora uma parte da engenharia também, não há gabinetes que entregam tudo chave na mão, tipo Pininfarina?
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
NJ
- joao fernando
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Re: Governo Dilma Rousseff
Soul, me atrevo a passar por cima do Leandro, mas sim, 100% pode ser feito sob encomenda, a lá OEM
Leandro, isso mesmo que perguntei Aqui no forum, é bom saber quem esta do outro lado, até (para a gente) não escrever bobagem
Leandro, isso mesmo que perguntei Aqui no forum, é bom saber quem esta do outro lado, até (para a gente) não escrever bobagem
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Re: Governo Dilma Rousseff
Soul, não sei se este motor específico é produzido no Brasil, até porque aqui veículos menores do que pickups (carga de 1 ton mínima) são proibidos de utilizar motores diesel. Mas de fato não existe nenhum impedimento para que seja, em termos de qualidade e de materiais as fábricas brasileiras não devem nada às melhores do mundo, embora devido a questões de escala possam não ser tão modernas e automatizadas.soultrain escreveu:Leandro,
Ouvi que um dos motores diesel mais elogiados do segmento, o Toyota 1.4DiD é fabricado no Brasil, que equipa até o Mini, isso procede?
Se sim, não há problema de matéria prima de qualidade, controlos de qualidade e custo de produção, claro que a engenharia é Japonesa.
De fato a maior parte dos subsistemas de um automóvel são produzidas por fornecedores, e a maioria deles está instalada no Brasil. O núcleo destes sistemas em geral é desenvolvido nas empresas matrizes, mas as interfaces com os veículos específicos são desenvolvidas aqui, e se a montadora souber o que está fazendo e colocar as especificações de forma correta este trabalho pode ser bem rápido. Na parte de carroceria também estamos tranquilos no Brasil, na verdade é a parte em que estamos mais desenvolvidos e temos gente capacitada tanto para criar o design quanto para desenvolver o projeto detalhado dos componentes de chapa e da montagem. Já o powertrain e a suspensão são pontos fracos, não temos ninguém no Brasil que domine os últimos avanços nestes setores. A parte de suspensão até acho possível desenvolver relativamente rápido com ajuda dos fornecedores, mas o powertrain é bem mais complicado.Com os meus parcos conhecimentos, quase tudo num automóvel, tirando o bloco do motor, power train e estampagem, pode ser tudo desenvolvido, projectado e fornecido por parceiros OEM, certo? Não é possível desenvolver um automóvel de marca nacional bem rápido e relativamente capaz? Até o motor e power train pode ser de um terceiro, o que não faltam é marcas conhecidas a fazer isso, pode-se dar fora uma parte da engenharia também, não há gabinetes que entregam tudo chave na mão, tipo Pininfarina?
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Mas a grande dificuldade mesmo seria gerenciar o projeto do veículo completo em si. Como não temos hoje nenhuma montadora nacional, as equipes de engenharia aqui só sabem trabalhar em aspectos específicos de cada veículo, e a definição do projeto completo é dominada por muito poucos, que já estão em posições importantes nas filiais das montadoras. Coisas que parecem até meio bobas ainda precisam ser decididas nas matrizes, e só depois o pessoal do Brasil pode começar a trabalhar. Por exemplo, definir o material a ser utilizado em uma chapa de porta ou de chassi é algo que dificilmente se faz no Brasil, fora casos muito especiais a especificação vem de fora. Depois de escolhido o material os engenheiros e projetistas sabem como projetar e produzir uma peça que irá funcionar, mas os critérios para a escolha dos materiais em si são desconhecidos por brasileiros . O mesmo vale quase todas as peças metálicas dos veículos, para questões de tolerância de fabricação e montagem e outras coisas básicas como estas. Já vi empresas gastarem mais de um milhão resolvendo problemas em ferramentais projetados para trabalhar com um material especial especificado no Japão, quando existiam materiais brasileiros muito mais resistentes e melhores de trabalhar que teriam permitido não só evitar estas perdas como economizar no custo da peça final, mantendo ou até melhorando a sua qualidade. Mas simplesmente nem passou pela cabeça dos gerentes de engenharia da empresa ir contra a especificação do material original usado no projeto que eles estavam modificando (Mitsubishi Pathfinder).
Este é que seria o grande gargalo para começar a fabricar carros verdadeiramente nacionais, montar uma equipe de projetistas e engenheiros com seus respectivos gerentes e diretores que tivesse segurança para trabalhar sozinha e assumir a responsabilidade pelas decisões que teriam que ser tomadas no desenvolvimento de prudutos novos e inovadores (que são os que realmente podem disputar mercado de igual para igual com os das montadoras já existentes), sabendo que não teriam ninguém acima deles para perguntar se a decisão estava certa ou não.
Leandro G. Card
Editado pela última vez por LeandroGCard em Qua Set 21, 2011 7:57 am, em um total de 1 vez.
Re: Governo Dilma Rousseff
Documentário Gurgel (em 6 partes):
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."