GEOPOLÍTICA

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Marino
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Re: GEOPOLÍTICA

#2161 Mensagem por Marino » Qui Mai 27, 2010 10:18 am

Pacto Brasil-Irã segue roteiro de Obama
Folha obteve íntegra de carta do americano a Lula; acordo segue todas as solicitações de texto de
20 de abril
Presidente dos EUA estimulou brasileiro a convencer Teerã a enviar seu estoque de urânio à
Turquia
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O acordo nuclear entre o Brasil, a Turquia e o Irã segue, ponto a ponto, todas as solicitações que
o presidente Barack Obama havia exposto em carta a seu colega Luiz Inácio Lula da Silva, datada de 20
de abril, apenas três semanas antes, portanto, da viagem de Lula ao Irã, da qual resultou o acordo.
A Folha obteve, com exclusividade, cópia integral da carta, na qual Obama escreve que o
objetivo era oferecer "explicação detalhada" de sua perspectiva "e sugerir um caminho a seguir". Brasil e
Turquia seguiram o caminho, conforme se comprova pela comparação entre os itens expostos por
Obama e os que constam do acordo.
É natural, por isso, que haja perplexidade na diplomacia brasileira com a reação negativa de
Washington ao acordo, antes e depois de o Irã ter formalizado o entendimento por meio de carta à AIEA
(Agência Internacional de Energia Atômica).
Primeira coincidência: Obama refere-se elogiosamente à proposta que a AIEA apresentara ao
Irã, em outubro passado. "A proposta da AIEA foi modelada para ser justa e equilibrada, e para que
ambos os lados ganhem confiança", escreve Obama.
O acordo Brasil-Turquia-Irã segue o molde proposto pela AIEA. Prevê, tal como especificava
Obama na carta, que o Irã transfira 1.200 quilos de LEU (iniciais em inglês para urânio levemente
enriquecido) para outro país.
"Quero enfatizar que este elemento é de fundamental importância para os EUA." A carta de
Obama pede, ainda, um "papel central para a Rússia", o que também consta do acordo, na medida em
que Moscou será responsável pelo enriquecimento do urânio a ser enviado ao Irã, em troca de seu LEU.
O presidente dos EUA queixa-se de que o Irã havia rejeitado a proposta da agência tanto em
janeiro como em fevereiro deste ano e insistia em reter o LEU no próprio território iraniano. O acordo com
Brasil e Turquia prevê o envio do LEU à Turquia, em vez de retê-lo no Irã.
PORTA ABERTA
Mais: o Irã deixou de exigir a simultaneidade entre a entrega de seu urânio levemente
enriquecido e o recebimento do urânio enriquecido a 20%, suficiente para reatores de pesquisa, mas
insuficiente para fabricar a bomba.
A carta de Obama, aliás, era específica e forte na menção à Turquia: "Gostaria de estimular o
Brasil a deixar claro ao Irã a oportunidade representada por esta oferta [da AIEA] de depositar seu urânio
na Turquia, enquanto o combustível nuclear está sendo produzido".
É rigorosamente o que consta do acordo de Teerã. Por fim, Obama cobra que, "para começar um
processo diplomático construtivo, o Irã tem que transmitir à AIEA um compromisso construtivo de
engajamento por meio de canais oficiais". Foi o que Irã fez na segunda-feira, ao encaminhar à AIEA a
carta em que se compromete a cumprir o acordo firmado com Brasil e Turquia.
O compromisso com a AIEA, a entidade que pode dar validade jurídica ao acordo, constava
também do documento Brasil/Irã/ Turquia. A carta afirma ainda que os EUA, "enquanto isso" [enquanto
durarem as gestões turco-brasileiras], continuariam a buscar sanções ao Irã, mas deixa claro que o
presidente americano "manterá a porta aberta para o engajamento com o Irã".
A primeira afirmação correspondeu aos fatos: no dia seguinte ao anúncio do acordo em Teerã,
Washington divulgava na ONU pacote de sanções com apoio dos cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança (Rússia, China, França e Reino Unido, além dos EUA). Mas a porta não foi
mantida aberta, pelo menos não até agora.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2162 Mensagem por FOXTROT » Qui Mai 27, 2010 11:50 am

terra.com.br

Revista lista as cinco alianças mais "embaraçosas" da China
27 de maio de 2010

À medida que a crescente economia chinesa necessitou de novas fontes de energia para ser abastecida, a China passou a procurar a qualquer custo novos parceiros econômicos ao redor do mundo. A revista de política internacional Foreign Policy divulgou nesta semana uma lista com os cinco regimes mais "condenáveis" que possuem aliança com a potência asiática.

Coreia do Norte
O apoio do governo chinês ao regime norte-coreano começou nos anos 50, quando Pequim ofereceu ajuda militar ao governo comunista de Kim Il Sung na Guerra da Coreia. Desde então, a China é o principal benfeitor e parceiro econômico da Coreia do Norte, sendo responsável por 90% da energia, 80% dos bens de consumo e 45% de toda a comida que circula neste país.

Nos últimos anos, também aumentou consideravelmente o número de empresas chinesas que investem na Coreia do Norte para aproveitar os baixíssimos custos de mão de obra e as grandes reservas de carvão e de minerais do país.

No campo político, a China frequentemente usou seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para bloquear sanções contra o regime de Kim Jong Il. No entanto, desde que a Coreia do Norte iniciou sua corrida nuclear, o apoio de Pequim arrefeceu e os chineses até já aceitou a adoção de sanções.

O momento mais emblemático desse problema aconteceu em 2006. A China havia sido a responsável por convencer a Coreia do Norte a assinar um acordo de desnuclearização em troca de ajuda externa em 2005. Mas o governo norte-coreano realizou testes com armas nucleares em outubro de 2006. O ato foi considerado um "tapa na cara" do governo chinês, que uma semana após os testes aceitou pela primeira vez apoiar sanções da ONU contra a Coreia do Norte.

Contudo, temendo uma situação caótica e uma crise de refugiados com uma eventual queda de Kim Jong Il, a China ainda evita pressionar muito o regime norte-coreano e as trocas comerciais entre os dois países continuam aumentando.

Irã
A relação entre os países é antiga, data dos tempos do período histórico chamado de Caminho da Seda, mas ganhou importância geopolítica na última década, quando a China passou a procurar mais fontes de combustíveis para a sua crescente economia - o Irã é a terceira maior fonte de petróleo da potência asiática. Como o Irã sofre com a falta de capacidade de refinar combustíveis, o país também é um grande importador de derivados de petróleo produzidos na China.

No campo político, a China por repetidas vezes barrou as tentativas dos Estados Unidos e da Europa de impor sanções internacionais contra o regime iraniano por causa do desenvolvimento de seu programa nuclear. Historicamente, o governo chinês manteve a posição de propor mais tempo para esforços diplomáticos.

Essa postura sofreu um abalo em novembro de 2009, quando o Irã rejeitou assinar um acordo de enviar o urânio para ser enriquecido no exterior. Na época, a China expressou desapontamento no Conselho de Segurança da ONU pela recusa do regime iraniano em aceitar a proposta. Em maio de 2010, quando o presidente Mahmoud Ahmadinejad aceitou um pacto semelhante com Brasil e Turquia, a decisão foi celebrada pelo governo chinês. Contudo, dias depois os Estados Unidos anunciaram que a China já havia concordado com a imposição de novas sanções contra o Irã.

Sudão
A cooperação entre os dois países começou nos ano 70, quando o regime de Mao Tsé-Tung passou a ajudar o então governo comunista do Sudão com empréstimos e medicamentos. Mas foi somente nos anos 90, quando as petrolíferas americanas deixaram o país africano devido a sanções internacionais, que a China passou a investir na região e a cooperação energética entre as partes cresceu.

As sanções impostas ao Sudão após a sangrenta guerra civil do país e a contínua violência na região de Darfur permitiram que a China dominasse o setor de energia no país, sendo responsável por 40% da compra do petróleo ali produzido.

O ponto mais controverso da relação entre os países é o fato de que a China, segundo alegam grupos de direitos humanos, teria vendido ao Sudão mais de US$ 55 milhões em pequenas armas que teriam sido usadas para matar 300 mil pessoas em Darfur.

O governo chinês, junto com o russo, tem bloqueado a adoção de novas sanções contra o país africano no Conselho de Segurança da ONU. Em decorrência disso, grupos de direitos humanos, celebridades e políticos boicotaram e organizaram protestos contra os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.

Mianmar
Mianmar historicamente exportou matéria-bruta, como madeira, e pedras preciosas para a China, mas atualmente o interesse de Pequim no pequeno país asiático tem como foco a sua estimada reserva de 6,46 trilhões m³ de gás natural. O governo chinês também está construindo um oleoduto através de Mianmar que vai poupar os navios-tanque chineses de realizar a difícil travessia do Estreito de Malaca. Por outro lado, a China forneceu cerca de US$ 2 bilhões em ajuda militar a Mianmar entre 1995 e 2005.

Apesar de a China frequentemente ter "fechado os olhos" para a violência imposta à oposição pela junta militar que governa Mianmar, há sinais de que a relação entre as duas partes têm deteriorado. A perseguição militar contra minorias étnicas no nordeste do país levou milhares de refugiados a cruzarem a fronteira com a China, levando consigo narcóticos e o vírus HIV. Pequim expressou "grande preocupação" em agosto de 2009, pedindo a junta militar um pedido de desculpas.

Recentemente, o governo chinês procurou entrar em contato com a líder democrática birmanesa Aung San Suu Kyi, que é mantida presa, com o objetivo de pressionar a junta militar a fortalecer a estabilidade no país.

Zimbábue
O presidente do Zimbábue Robert Mugabe tem uma longa relação com a China, que vem desde seus tempos de líder rebelde, quando recebeu armas, treinamento e financiamento de Pequim. Em 1980, no seu primeiro ano de governo, Mugabe fez questão de visitar o país asiático para agradecer o apoio.

O governo chinês publicamente apóia a controversa política de reforma agrária do país africano e já forneceu ao Zimbábue bilhões de dólares em ajuda no setor agrícola. Pequim também vendeu a Mugabe alta tecnologia militar. Em troca, o polêmico líder abriu os vastos depósitos de minérios de seu país, que incluem a segunda-maior reserva de platina do mundo, para investimento chinês. A cooperação econômica entre os países tem se expandido à medida que as potências ocidentais impõem pesadas sanções ao Zimbábue.

O momento mais complicado da relação entre os países aconteceu em 2008, durante os violentos conflitos que seguiram a contestada eleição zimbabuana, um navio chinês carregado com armamentos foi impedido de desembarcar no porto sul-africano de Durban. Após outros governos africanos também se recusarem a desembarcar as armas, a embarcação foi obrigada a retornar a China.




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Marino
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Re: GEOPOLÍTICA

#2163 Mensagem por Marino » Qui Mai 27, 2010 1:38 pm

Marino escreveu:Pacto Brasil-Irã segue roteiro de Obama
Folha obteve íntegra de carta do americano a Lula; acordo segue todas as solicitações de texto de
20 de abril
Presidente dos EUA estimulou brasileiro a convencer Teerã a enviar seu estoque de urânio à
Turquia
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O acordo nuclear entre o Brasil, a Turquia e o Irã segue, ponto a ponto, todas as solicitações que
o presidente Barack Obama havia exposto em carta a seu colega Luiz Inácio Lula da Silva, datada de 20
de abril, apenas três semanas antes, portanto, da viagem de Lula ao Irã, da qual resultou o acordo.
A Folha obteve, com exclusividade, cópia integral da carta, na qual Obama escreve que o
objetivo era oferecer "explicação detalhada" de sua perspectiva "e sugerir um caminho a seguir". Brasil e
Turquia seguiram o caminho, conforme se comprova pela comparação entre os itens expostos por
Obama e os que constam do acordo.
É natural, por isso, que haja perplexidade na diplomacia brasileira com a reação negativa de
Washington ao acordo, antes e depois de o Irã ter formalizado o entendimento por meio de carta à AIEA
(Agência Internacional de Energia Atômica).
Primeira coincidência: Obama refere-se elogiosamente à proposta que a AIEA apresentara ao
Irã, em outubro passado. "A proposta da AIEA foi modelada para ser justa e equilibrada, e para que
ambos os lados ganhem confiança", escreve Obama.
O acordo Brasil-Turquia-Irã segue o molde proposto pela AIEA. Prevê, tal como especificava
Obama na carta, que o Irã transfira 1.200 quilos de LEU (iniciais em inglês para urânio levemente
enriquecido) para outro país.
"Quero enfatizar que este elemento é de fundamental importância para os EUA." A carta de
Obama pede, ainda, um "papel central para a Rússia", o que também consta do acordo, na medida em
que Moscou será responsável pelo enriquecimento do urânio a ser enviado ao Irã, em troca de seu LEU.
O presidente dos EUA queixa-se de que o Irã havia rejeitado a proposta da agência tanto em
janeiro como em fevereiro deste ano e insistia em reter o LEU no próprio território iraniano. O acordo com
Brasil e Turquia prevê o envio do LEU à Turquia, em vez de retê-lo no Irã.
PORTA ABERTA
Mais: o Irã deixou de exigir a simultaneidade entre a entrega de seu urânio levemente
enriquecido e o recebimento do urânio enriquecido a 20%, suficiente para reatores de pesquisa, mas
insuficiente para fabricar a bomba.
A carta de Obama, aliás, era específica e forte na menção à Turquia: "Gostaria de estimular o
Brasil a deixar claro ao Irã a oportunidade representada por esta oferta [da AIEA] de depositar seu urânio
na Turquia, enquanto o combustível nuclear está sendo produzido".
É rigorosamente o que consta do acordo de Teerã. Por fim, Obama cobra que, "para começar um
processo diplomático construtivo, o Irã tem que transmitir à AIEA um compromisso construtivo de
engajamento por meio de canais oficiais". Foi o que Irã fez na segunda-feira, ao encaminhar à AIEA a
carta em que se compromete a cumprir o acordo firmado com Brasil e Turquia.
O compromisso com a AIEA, a entidade que pode dar validade jurídica ao acordo, constava
também do documento Brasil/Irã/ Turquia. A carta afirma ainda que os EUA, "enquanto isso" [enquanto
durarem as gestões turco-brasileiras], continuariam a buscar sanções ao Irã, mas deixa claro que o
presidente americano "manterá a porta aberta para o engajamento com o Irã".
A primeira afirmação correspondeu aos fatos: no dia seguinte ao anúncio do acordo em Teerã,
Washington divulgava na ONU pacote de sanções com apoio dos cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança (Rússia, China, França e Reino Unido, além dos EUA). Mas a porta não foi
mantida aberta, pelo menos não até agora.
Íntegra da carta de Obama ao Lula:
“Gostaria de agradecê-lo por nossa reunião com o primeiro-ministro Erdogan, da Turquia, durante a Conferência de Cúpula sobre Segurança Nuclear. Dedicamos algum tempo ao Irã, à questão da provisão de combustível nuclear para o Reator de Pesquisa de Teerã (TRR), e à intenção de Turquia e Brasil quanto a trabalhar para encontrar uma solução aceitável. Prometi responder detalhadamente às suas ideias, refleti cuidadosamente sobre a nossa discussão e gostaria de oferecer uma explicação detalhada sobre minha perspectiva e sugerir um caminho para avançarmos.

Concordo com você em que o TRR representa uma oportunidade para abrir caminho a um diálogo mais amplo no que tange a resolver preocupações mais fundamentais da comunidade internacional com respeito ao programa nuclear iraniano em seu todo. Desde o começo, considerei a solicitação iraniana como uma oportunidade clara e tangível de começar a construir confiança mútua e assim criar tempo e espaço para um processo diplomático construtivo. É por isso que os Estados Unidos apoiaram de forma tão vigorosa a proposta apresentada por Mohamed El Baradei, o ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A proposta da AIEA foi preparada de maneira a ser justa e equilibrada, e para permitir que ambos os lados ganhem confiança. Para nós, o acordo iraniano quanto a transferir 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento (LEU) para fora do país reforçaria a confiança e reduziria as tensões regionais, ao reduzir substancialmente os estoques de LEU do Irã. Quero sublinhar que esse elemento é de importância fundamental para os Estados Unidos. Para o Irã, o país receberia o combustível nuclear solicitado para garantir a operação continuada do TRR a fim de produzir os isótopos médicos necessários e, ao usar seu próprio material, os iranianos começariam a demonstrar intenções nucleares pacíficas. Não obstante, o desafio continuado do Irã a cinco resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que ordenam o final de seu programa de enriquecimento de urânio, estávamos preparados para apoiar e facilitar as ações quanto a uma proposta que forneceria combustível nuclear ao Irã usando urânio enriquecido pelo Irã uma demonstração de nossa disposição de trabalhar criativamente na busca de um caminho para a construção de confiança mútua.

No curso das consultas quanto a isso, reconhecemos também o desejo de garantias, da parte do Irã. Como resultado, minha equipe se concentrou em garantir que a proposta da AIEA abarcasse diversas cláusulas, entre as quais uma declaração nacional de apoio pelos Estados Unidos, a fim de enviar um claro sinal do meu governo quanto à nossa disposição de nos tornarmos signatários diretos e até mesmo potencialmente desempenharmos um papel mais direto no processo de produção do combustível; também ressaltamos a importância de um papel central para a Rússia e da custódia plena da AIEA sobre o material nuclear durante todo o processo de produção de combustível. Na prática, a proposta da AIEA oferecia ao Irã garantias e compromissos significativos e substanciais da parte da AIEA, dos Estados Unidos e da Rússia. O dr. El Baradei declarou publicamente no ano passado que os Estados Unidos estariam assumindo a vasta maioria do risco, na proposta da AIEA.

Como discutimos, o Irã parece estar seguindo uma estratégia projetada para criar a impressão de flexibilidade sem que concorde com as ações que poderiam começar a gerar confiança mútua. Observamos os vislumbres de flexibilidade transmitidos pela Irã a você e a outros, enquanto reiterava formalmente uma posição inaceitável à AIEA, por meio dos canais oficiais. O Irã continuou a rejeitar a proposta da AIEA e insistiu em reter em seu território o urânio de baixo enriquecimento até a entrega do combustível nuclear. Essa é a posição que o Irã transmitiu formalmente à AIEA em janeiro e uma vez mais em fevereiro de 2010.

Compreendemos pelo que vocês, a Turquia e outros nos dizem que o Irã continua a propor a retenção do LEU em seu território até que exista uma troca simultânea de LEU por combustível nuclear. Como apontou o general [James] Jones [assessor de Segurança Nacional da Casa Branca] durante o nosso encontro, seria necessário um ano para a produção de qualquer volume de combustível nuclear. Assim, o reforço da confiança que a proposta da AIEA poderia propiciar seria completamente eliminado para os Estados Unidos, e diversos riscos emergiriam. Primeiro, o Irã poderia continuar a ampliar seu estoque de LEU ao longo do período, o que lhes permitiria acumular um estoque de LEU equivalente ao necessário para duas ou três armas nucleares, em prazo de um ano. Segundo, não haveria garantia de que o Irã concordaria com a troca final. Terceiro, a “custódia” da AIEA sobre o LEU no território iraniano não nos ofereceria melhora considerável ante a situação atual, e a AIEA não poderia impedir o Irã de retomar o controle de seu urânio a qualquer momento.

Existe uma solução de compromisso potencialmente importante que já foi oferecida. Em novembro, a AIEA transmitiu ao Irã nossa oferta de permitir que o Irã transfira seus 1,2 mil de LEU a um terceiro país especificamente a Turquia- no início do processo, onde ele seria armazenado durante o processo de produção do combustível como caução de que o Irã receberia de volta o seu urânio caso não viéssemos a entregar o combustível. O Irã jamais deliberou seriamente quanto a essa oferta de “caução” e não ofereceu explicação confiável quanto à sua rejeição. Creio que isso suscite questões reais quanto às intenções nucleares iranianas. Caso o Irã não esteja disposto a aceitar uma oferta que demonstre que seu LEU é para usos pacíficos e civis, eu instaria o Brasil a insistir junto ao Irã quanto à oportunidade representada por essa oferta de manter seu urânio como “caução” na Turquia enquanto o combustível nuclear está sendo produzido.

Ao longo do processo, em lugar de construir confiança o Irã vem solapando a confiança, na forma pela qual abordou essa oportunidade. É por isso que questiono a disposição do Irã para um diálogo de boa fé com o Brasil, e por isso eu o acautelei a respeito em nosso encontro. Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo quanto ao diálogo por meio de canais oficiais algo que até o momento não fez. Enquanto isso, continuaremos a levar adiante nossa busca de sanções, dentro do cronograma que delineei. Também deixei claro que as portas estão abertas para uma aproximação com o Irã. Como você sabe, o Irã até o momento vem recusando minha oferta de um diálogo abrangente e incondicional.

Aguardo ansiosamente a próxima oportunidade de encontrá-lo e discutir essas questões, levando em conta o desafio que o programa nuclear iraniano representa para a segurança da comunidade internacional, inclusive no Conselho de Segurança da ONU.

Sinceramente,

Barack Obama”




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Re: GEOPOLÍTICA

#2164 Mensagem por DELTA22 » Qui Mai 27, 2010 1:53 pm

Parece que a Rússia pulou fora de apoiar as sansões...
Do "The Voice of Russia"::
=============================
Russia OKs Iran's uranium swap deal

May 27, 2010 15:33 Moscow Time

The uranium swap deal agreed upon by Iran, Turkey and Brazil fits with the peaceful resolution of the Iranian nuclear program, Russia’s Foreign Minister Sergei Lavrov has told reporters in Moscow. He pledged Russia’s support for the trilateral deal. To make it work, Russia is holding consultations with UN Security Council permanent members and Germany, its partners at nuclear talks with Iran in the “five plus one” format.Under the May 17 agreement signed by the Iranian, Turkish and Brazilian leaders in Tehran, Iran is to send 1.2 tons of low-enriched uranium to Turkey in exchange for 120 kg of nuclear fuel.

http://english.ruvr.ru/2010/05/27/8578783.html




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Re: GEOPOLÍTICA

#2165 Mensagem por DELTA22 » Qui Mai 27, 2010 2:13 pm

Parece que é sério mesmo!!!

Da RIA Novosti:
=========================
Tehran agreement on uranium will allow peaceful resolution of Iranian nuclear program - Lavrov (Update)

14:13 - 27/05/2010

The Tehran agreement on swapping uranium, signed by Brazil, Turkey and Iran, may see a peaceful resolution of the Iranian nuclear issue, Russian Foreign Minister Sergei Lavrov said.

A trilateral agreement on uranium exchange was reached last week by Iran, Turkey and Brazil, setting out terms under which Iran will send abroad 1.2 tons of its low-enriched uranium in return 120 kg of enriched to 20% uranium fuel. If approved, the swap will be carried out throughout the year in Turkey

However, the deal did not stop the so-called Iran Six - Russia, the United States, Britain, France, Germany and China - from discussing a draft Security Council resolution expanding sanctions against Iran over its nuclear program.

"The scheme [on uranium swap] meets the requirements for a peaceful resolution of Iran's nuclear issue, that is why we will do everything possible to implement it", Lavrov told a news conference on Thursday.

The minister said there could not be a 100% guarantee and that it would depend on how Iran adheres to its obligations.

"If [Iran] strictly follows [its obligations], Russia will actively support the scheme proposed by Brazil and Turkey", the minister said.

International pressure on Iran increased in early February when Tehran announced it had started to enrich uranium to 20% in lieu of an agreement on an exchange that would provide it with fuel for a research reactor.

MOSCOW, May 27 (RIA Novosti)

http://en.rian.ru/world/20100527/159180971.html




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Re: GEOPOLÍTICA

#2166 Mensagem por Sterrius » Qui Mai 27, 2010 2:47 pm

E o jogo duplo da russia e china continua.

Diz que apoia sanções mas por tras faz pressão pro acordo Brasil/Turquia/Ira passar.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2167 Mensagem por EDSON » Qui Mai 27, 2010 6:41 pm

Joguinho de xadrez complicado não acha? :lol:




kurgan
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Re: GEOPOLÍTICA

#2168 Mensagem por kurgan » Qui Mai 27, 2010 7:21 pm

EUA e Brasil têm divergências sérias sobre Irã, diz Hillary

"Nós discordamos", disse Hillary nesta quinta-feira. "Nós dizemos, 'nós não concordamos com isso, nós achamos que os iranianos estão usando vocês, nós achamos que é hora de ir ao Conselho de Segurança'." [006]

http://noticias.uol.com.br/bbc/2010/05/ ... llary.jhtm




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Re: GEOPOLÍTICA

#2169 Mensagem por kurgan » Qui Mai 27, 2010 7:24 pm

27/05/2010 - 18h01 / Atualizada 27/05/2010 - 18h50
Nova estratégia de segurança dos EUA admite peso do Brasil no mundo

Thiago Chaves-Scarelli
Do UOL Notícias
Em São Paulo

A Nova Estratégia de Segurança dos Estados Unidos, anunciada nesta quarta-feira (27) pela Casa Branca, elogia as políticas econômicas e sociais do Brasil, reconhece o país como guardião de “patrimônio ambiental único” e dá as “boas-vindas” à influência de Brasília no mundo.

Imagem

O documento de 60 páginas é a primeira atualização do governo de Barack Obama sobre as linhas gerais da estratégia internacional dos EUA, sucedendo os relatórios de 2002 e 2006, assinados por George W. Bush, que consagraram a expressão “guerra ao terror”.

Em contraste com os anteriores, que citavam o Brasil de modo direto apenas uma vez cada um, o relatório de Obama dedica mais atenção ao país, que aparece dentro do tópico “Ordem internacional”.

“Nós estamos trabalhando para construir parcerias mais profundas e mais efetivas com outros centros de influência fundamentais – incluindo China, Índia e Rússia, assim como nações de crescente influência como Brasil, África do Sul e Indonésia – de modo que possamos cooperar em questões de preocupação bilateral e global, com o reconhecimento de que poder, em um mundo interconectado, não é mais um jogo de soma zero”, afirma o documento.

Na sequência, o relatório trata da Ásia e da Rússia, e depois se detém nos “centros de influência emergentes”, momento em que o Brasil aparece com detalhamento.

"Nas Américas, estamos unidos por proximidade, mercados integrados, interdependência energética, um amplamente compartilhado compromisso com a democracia, e a autoridade da lei", anuncia. "Trabalharemos em parceira de igualdade para avançar na inclusão econômica e social, proteger a segurança do cidadão, promover energia limpa e defender os valores universais dos povos do hemisfério".

“Nós damos as boas-vindas à liderança do Brasil e procuramos ultrapassar as datadas divisões Norte-Sul para perseguir um progresso em questões bilaterais, hemisféricas e globais”, declara.

“O sucesso macroeconômico do Brasil, aliado com seus passos para diminuir as desigualdades socioeconômicas, fornece importantes lições para os países em toda América e África”, prossegue o texto. “Incentivamos os esforços do Brasil contra redes transnacionais ilegais”.

“Enquanto guardião de um patrimônio ambiental nacional único e líder em combustíveis renováveis, o Brasil é um parceiro importante para enfrentar a mudança climática global e para promover a segurança energética”, afirma.

“E no contexto do G-20 e da rodada de Doha, trabalharemos junto com o Brasil para garantir que o desenvolvimento econômico e a prosperidade seja amplamente compartilhada”, conclui.

Além do Brasil, outro país sul-americano que aparece na estratégia é a Argentina, mencionada uma vez, no contexto do crescimento do G-20: “As nações que compõem o G-20 – da Coreia do Sul à África do Sul, da Arábia Saudita à Argentina – representam pelo menos 80% do PIB mundial, fazendo com que esse grupo seja um elemento influente no cenário mundial”.

A Venezuela de Hugo Chávez, adversário declarado da Casa Branca, assim como Colômbia e Chile, aliados tradicionais da política norte-americana, não são explicitamente mencionados em nenhuma parte.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... mundo.jhtm




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Re: GEOPOLÍTICA

#2170 Mensagem por kurgan » Qui Mai 27, 2010 9:31 pm

27/05/2010 - 19h39 / Atualizada 27/05/2010 - 19h57
América do Sul deve recuperar capacidade militar, diz Jobim

MONTEVIDÉU, 27 Mai 2010 (AFP) -A América do Sul deve recuperar sua capacidade militar para que possa dizer 'não' quando for necessário, disse o ministro da Defesa, Nelson Jobim, nesta quinta-feira, depois de um encontro com seu colega uruguaio Luis Rosadilla, em Montevidéu.

"Não há uma corrida armamentista. Há sim a capacidade, e isso é importante, do subcontinente sul-americano de ter uma estrutura de dissuasão para que possa dizer 'sim' ao mundo quando quiser dizer 'sim' (...), mas tenha também a possibilidade de dizer 'não' ao mundo quando tiver a necessidade de dizer 'não'. E isso só é possível com capacidade de dissuasão", afirmou.

"É importante ter em conta que a América do Sul tem a maior reserva de água potável do mundo", e "uma grande produção de energia e alimentos", declarou, depois de um encontro com Rosadilla que durou o dia todo, que incluiu a participação do presidente José Mujica e dos chefes das Forças Armadas de ambos os países.

"O grande erro" cometido pela América do Sul, incluindo o Brasil, foi ter comprado materiais bélicos no exterior, e "não nos ter desenvolvido para ter autonomia e não ficarmos presos", disse.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... jobim.jhtm




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Francoorp
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Re: GEOPOLÍTICA

#2171 Mensagem por Francoorp » Qui Mai 27, 2010 10:49 pm

kurgan escreveu:EUA e Brasil têm divergências sérias sobre Irã, diz Hillary

"Nós discordamos", disse Hillary nesta quinta-feira. "Nós dizemos, 'nós não concordamos com isso, nós achamos que os iranianos estão usando vocês, nós achamos que é hora de ir ao Conselho de Segurança'." [006]

http://noticias.uol.com.br/bbc/2010/05/ ... llary.jhtm

Vai reclamar com o teu chefe que mandou a cartinha... esta cartinha:

Marino escreveu: Íntegra da carta de Obama ao Lula:
“Gostaria de agradecê-lo por nossa reunião com o primeiro-ministro Erdogan, da Turquia, durante a Conferência de Cúpula sobre Segurança Nuclear. Dedicamos algum tempo ao Irã, à questão da provisão de combustível nuclear para o Reator de Pesquisa de Teerã (TRR), e à intenção de Turquia e Brasil quanto a trabalhar para encontrar uma solução aceitável. Prometi responder detalhadamente às suas ideias, refleti cuidadosamente sobre a nossa discussão e gostaria de oferecer uma explicação detalhada sobre minha perspectiva e sugerir um caminho para avançarmos.

Concordo com você em que o TRR representa uma oportunidade para abrir caminho a um diálogo mais amplo no que tange a resolver preocupações mais fundamentais da comunidade internacional com respeito ao programa nuclear iraniano em seu todo. Desde o começo, considerei a solicitação iraniana como uma oportunidade clara e tangível de começar a construir confiança mútua e assim criar tempo e espaço para um processo diplomático construtivo. É por isso que os Estados Unidos apoiaram de forma tão vigorosa a proposta apresentada por Mohamed El Baradei, o ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A proposta da AIEA foi preparada de maneira a ser justa e equilibrada, e para permitir que ambos os lados ganhem confiança. Para nós, o acordo iraniano quanto a transferir 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento (LEU) para fora do país reforçaria a confiança e reduziria as tensões regionais, ao reduzir substancialmente os estoques de LEU do Irã. Quero sublinhar que esse elemento é de importância fundamental para os Estados Unidos. Para o Irã, o país receberia o combustível nuclear solicitado para garantir a operação continuada do TRR a fim de produzir os isótopos médicos necessários e, ao usar seu próprio material, os iranianos começariam a demonstrar intenções nucleares pacíficas. Não obstante, o desafio continuado do Irã a cinco resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que ordenam o final de seu programa de enriquecimento de urânio, estávamos preparados para apoiar e facilitar as ações quanto a uma proposta que forneceria combustível nuclear ao Irã usando urânio enriquecido pelo Irã uma demonstração de nossa disposição de trabalhar criativamente na busca de um caminho para a construção de confiança mútua.

No curso das consultas quanto a isso, reconhecemos também o desejo de garantias, da parte do Irã. Como resultado, minha equipe se concentrou em garantir que a proposta da AIEA abarcasse diversas cláusulas, entre as quais uma declaração nacional de apoio pelos Estados Unidos, a fim de enviar um claro sinal do meu governo quanto à nossa disposição de nos tornarmos signatários diretos e até mesmo potencialmente desempenharmos um papel mais direto no processo de produção do combustível; também ressaltamos a importância de um papel central para a Rússia e da custódia plena da AIEA sobre o material nuclear durante todo o processo de produção de combustível. Na prática, a proposta da AIEA oferecia ao Irã garantias e compromissos significativos e substanciais da parte da AIEA, dos Estados Unidos e da Rússia. O dr. El Baradei declarou publicamente no ano passado que os Estados Unidos estariam assumindo a vasta maioria do risco, na proposta da AIEA.

Como discutimos, o Irã parece estar seguindo uma estratégia projetada para criar a impressão de flexibilidade sem que concorde com as ações que poderiam começar a gerar confiança mútua. Observamos os vislumbres de flexibilidade transmitidos pela Irã a você e a outros, enquanto reiterava formalmente uma posição inaceitável à AIEA, por meio dos canais oficiais. O Irã continuou a rejeitar a proposta da AIEA e insistiu em reter em seu território o urânio de baixo enriquecimento até a entrega do combustível nuclear. Essa é a posição que o Irã transmitiu formalmente à AIEA em janeiro e uma vez mais em fevereiro de 2010.

Compreendemos pelo que vocês, a Turquia e outros nos dizem que o Irã continua a propor a retenção do LEU em seu território até que exista uma troca simultânea de LEU por combustível nuclear. Como apontou o general [James] Jones [assessor de Segurança Nacional da Casa Branca] durante o nosso encontro, seria necessário um ano para a produção de qualquer volume de combustível nuclear. Assim, o reforço da confiança que a proposta da AIEA poderia propiciar seria completamente eliminado para os Estados Unidos, e diversos riscos emergiriam. Primeiro, o Irã poderia continuar a ampliar seu estoque de LEU ao longo do período, o que lhes permitiria acumular um estoque de LEU equivalente ao necessário para duas ou três armas nucleares, em prazo de um ano. Segundo, não haveria garantia de que o Irã concordaria com a troca final. Terceiro, a “custódia” da AIEA sobre o LEU no território iraniano não nos ofereceria melhora considerável ante a situação atual, e a AIEA não poderia impedir o Irã de retomar o controle de seu urânio a qualquer momento.

Existe uma solução de compromisso potencialmente importante que já foi oferecida. Em novembro, a AIEA transmitiu ao Irã nossa oferta de permitir que o Irã transfira seus 1,2 mil de LEU a um terceiro país especificamente a Turquia- no início do processo, onde ele seria armazenado durante o processo de produção do combustível como caução de que o Irã receberia de volta o seu urânio caso não viéssemos a entregar o combustível. O Irã jamais deliberou seriamente quanto a essa oferta de “caução” e não ofereceu explicação confiável quanto à sua rejeição. Creio que isso suscite questões reais quanto às intenções nucleares iranianas. Caso o Irã não esteja disposto a aceitar uma oferta que demonstre que seu LEU é para usos pacíficos e civis, eu instaria o Brasil a insistir junto ao Irã quanto à oportunidade representada por essa oferta de manter seu urânio como “caução” na Turquia enquanto o combustível nuclear está sendo produzido.

Ao longo do processo, em lugar de construir confiança o Irã vem solapando a confiança, na forma pela qual abordou essa oportunidade. É por isso que questiono a disposição do Irã para um diálogo de boa fé com o Brasil, e por isso eu o acautelei a respeito em nosso encontro. Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo quanto ao diálogo por meio de canais oficiais algo que até o momento não fez. Enquanto isso, continuaremos a levar adiante nossa busca de sanções, dentro do cronograma que delineei. Também deixei claro que as portas estão abertas para uma aproximação com o Irã. Como você sabe, o Irã até o momento vem recusando minha oferta de um diálogo abrangente e incondicional.

Aguardo ansiosamente a próxima oportunidade de encontrá-lo e discutir essas questões, levando em conta o desafio que o programa nuclear iraniano representa para a segurança da comunidade internacional, inclusive no Conselho de Segurança da ONU.

Sinceramente,

Barack Obama”




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Re: GEOPOLÍTICA

#2172 Mensagem por Anton » Sex Mai 28, 2010 9:07 am

Uma entrevista que vi agora a pouco na Globonews, foi interessante...

Celso Amorim fala sobre o acordo entre Brasil, Irã e Turquia

http://globonews.globo.com/Jornalismo/G ... RQUIA.html




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Re: GEOPOLÍTICA

#2173 Mensagem por marcelo l. » Sex Mai 28, 2010 9:18 am

Strategy Session
Are other countries' national security documents more interesting than America's?

The big foreign-policy story this week is the release of the Obama administration's new National Security Strategy, and FP's got it covered. You can find analysis of the document on the site from Cable guy Josh Rogin, Shadow Government's Peter Feaver and Will Inboden, as well as Daniel Drezner, and Marc Lynch. Rather than jump on top of that extremely qualified pile, I thought I'd take a look at some other countries' official national-security strategies to see how they compare. With an assist from the U.S. National Defense Library website, I took a quick look at the doctrinal statements from Brazil, China, the European Union, India, Japan, and Russia.

Nearly all of these documents include some variation of the phrases "since the end of the Cold War," "increasingly interconnected world," and "international landscape has been transformed." So all of us agree the world is changing, but how to deal with it remains a matter of some contention.

Of course, a country's "National Security Strategy" tells you very little about its national-security strategy. Defense policy is generally very reactive -- a terrorist attack or the sinking of a ship can change strategic priorities in a matter of minutes. But these documents do tell us something about how countries seek to present themselves to both domestic and international audiences, and they're certainly worth paying attention to.

CHINA

Document: China's National Defense

Released: January 2009

Money quote: "China will never seek hegemony or engage in military expansion now or in the future, no matter how developed it becomes."

Takeaway: We want to be friends, but please stop annoying us. China's National Defense white paper heavily emphasizes Beijing's desire for a "peaceful rise" and touts the success of international negotiations with countries like Iran and North Korea. But it's also not afraid to point fingers -- calling out the U.S. for selling arms to Taiwan, for example, and attacking separatist movements in Tibet and Xinjiang. Overall, the paper seems to treat a number of ongoing standoffs as settled matters, arguing, for instance, that "the attempts of the separatist forces for “Taiwan independence” ... have been thwarted."

RUSSIA

Document: The Military Doctrine of the Russian Federation

Released: February 5, 2010

Money quote: "Many regional conflicts remain unresolved. There is a continuing tendency towards a strong-arm resolution of these conflicts, including in regions bordering on the Russian Federation. The existing international security architecture (system), including its international-legal mechanisms, does not ensure equal security for all states."

Takeaway: Keep your damn NATO to yourself. This document updated a previous edition from 2000, issued right at the start of Vladimir Putin's presidency. The new version is clearly influenced by the 2008 war with Georgia and much of it can be read as a warning to Western countries to stay out of Russia's near abroad. For instance, in the list of "main external military dangers," the authors list NATO expansion first. Terrorism is tenth. The report also states that the Russian military is obliged to "ensure the protection of its citizens located beyond the borders of the Russian Federation" -- an expanded category since Russia began handing out passports in places like Ukraine's Crimea region.

BRAZIL

Document: National Strategy of Defense

Released: December 18, 2008

Money quote: "The national strategy of defense is inseparable from the national strategy of
development. The latter drives the former. The former provides shielding to the latter.
Each one reinforces the other’s reasons."

Takeaway: Brazil: a new kind of growing superpower. The Brazilian document, like China's, tries to sell the idea of an emerging power that's not looking for any fights. But unlike the Chinese, the Brazilians avoid pointing fingers or rehashing grudges. The strategy emphasizes military readiness, border security, protecting the Amazon region, and preparing troops for peacekeeping missions, but gives away very little in terms of international ambitions. As with Russia and India, the Brazilian document avoids mentioning other countires in the region by name, referring vaguely to promoting "South American integration." Unique among the documents I looked at, it makes no reference to the international fight against terrorism. All in all, it reads more like the strategy statement of an international development NGO than a military doctrine. :lol:

INDIA
Document: The Indian Army Doctrine

Released: October 2004

Money quote: "[India] is engaged in an externally abetted proxy war for the last several years in Jammu and Kashmir and has been combating terrorism perpetuated by militant and terrorist groups sponsored by a foreign State."

Takeaway: We must remain vigilant against the many threats from a certain country to the northwest. India's army doctrine never mentions Pakistan by name, but the focus is pretty clear from its emphasis on combating foreign-sponsored terrorism in Kashmir and the risk of loose nukes in the region. The doctrine is heavily influenced by ideas about cyberwarfare and the Revolution in Military Affairs that were very much in fasion in 2004, when it was written. The Indian Army is currently working on creating a new doctrine that will emphasize preparing for a possible "two-front war" against China and Pakistan, which are becoming close allies. Another unusual thing about India's document are the quotes from religious texts like the Bhagavad Gita and the Koran sprinkled throughout.

JAPAN

Document: Defense of Japan (Annual White Paper)

Released: July 2009

Money quote: "The roles of military forces are diversifying beyond deterrence and armed conflicts to include a broad spectrum of activities from conflict prevention to reconstruction assistance. Moreover, unified responses that incorporate military as well as diplomatic, police, judicial, information and economic measures are becoming necessary."

Takeaway: We've thought of everything. Given that Japan is constitutionally barred from going to war, you might think the country's national-defense strategy would be pretty simple, but the thing is massive, sprawled out over more than 40 pdf files on the Defense Ministry's website and including detailed summaries of other countries' national-security strategies. Tensions on the Korean peninsula and in the Taiwan Strait get a lot of attention, of course. The document also highlights the importance of Japanese participation in Iraq and Afghanistan for the "maintenance of the peace" and "enhancing Japan’s credibility." Overall, given Japan's relatively light military footprint around the world, the document is remarkably comprehensive.

THE EUROPEAN UNION

Document: A Secure Europe in a Better World: European Security Strategy

Released: December 12, 2003

Money quote: "The violence of the two world wars that marked the first half of the twentieth century has given way to a period of peace, stability and prosperity unprecedented in European history. The creation of the European Union has been central to this development. European countries are now committed to dealing peacefully with disputes and to cooperating through common institutions."

Takeaway: Keep it short and vague. Clocking in at under 1,300 words, the European Security Strategy is really more of a statement of principles -- countering threats like terrorism, failed states, and organized crime by strengthening multilateral institutions. In all, it's a document aimed at emphasizing areas of agreement without getting bogged down in the details. Of course, those looking to get bogged down in the details can always check out the far more dense Common Foreign and Security Policy in the European Constitution.

http://www.foreignpolicy.com/articles/2 ... n?page=0,4




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Re: GEOPOLÍTICA

#2174 Mensagem por FOXTROT » Sex Mai 28, 2010 9:21 am

A Rússia está jogando, todos estão jogando, cada qual com o seu interesse e ao final de contas, quem tem razão é o N. Jobim, um país para ser independente tem que ter sua autonomia armamentista, porque, se uma guerra de agressão/invasão se inicia só a indústria nacional para poder suprir as necessidades de uma nação.

Exemplos não faltam, como no caso dos excocets na Guerra das Malvinas, dos Russos fornecendo informações de inteligência na I Guerra do Golfo e dos S-300 que Moscou não entrega para o Irã entre outros.

Saudações




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: GEOPOLÍTICA

#2175 Mensagem por Marino » Sex Mai 28, 2010 9:39 am

Hillary vê "problemas" com Brasil e diz que pacto com Irã deixa mundo perigoso

Na mais dura declaração sobre a iniciativa brasileira, secretária de Estado indica que divergências sobre como lidar com Teerã estão azedando as relações entre Washington e Brasília e o governo iraniano está apenas tentando ganhar tempo com acordo

Patrícia Campos Mello

CORRESPONDENTE / WASHINGTON



A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, deixou claro ontem que o Irã está azedando a relação entre Brasil e EUA. "Certamente temos uma divergência muito séria em relação à diplomacia do Brasil com o Irã", disse Hillary. Segundo ela, o caminho pregado pelo Brasil, de prolongar negociações em vez de aplicar sanções pela ONU, "deixa o mundo mais perigoso".

"Já dissemos ao presidente Lula e ao chanceler Celso Amorim que fazer o Irã ganhar tempo deixa o mundo mais perigoso, não menos", declarou ao ser indagada sobre o tema num evento do Instituto Brookings. Foi a mais dura e direta declaração sobre o assunto até agora.

Brasil e Turquia mediaram um acordo com o Irã, pelo qual Teerã se compromete a enviar 1.200 quilos de seu urânio para o a Turquia, de onde o combustível seria enviado para ser enriquecido na Rússia e França. O acordo foi rejeitado pelos membros permanentes do Conselho de Segurança, que, liderados pelos EUA, anunciaram um consenso para aplicar nova rodada de sanções contra o Irã.

Armadilha. Segundo os EUA, o grande problema é que o Irã afirmou que vai continuar enriquecendo urânio a 20% mesmo com o acordo. A Casa Branca afirma que o acordo Brasil-Turquia-Irã foi apenas uma tentativa de Teerã de evitar as sanções.

Já o Itamaraty divulgou uma carta enviada por Barack Obama a Lula em 20 de abril, na qual o líder americano demonstra apoio ao acordo de troca de combustível. Dentro do governo brasileiro, há a sensação de que a Casa Branca fica "mudando de lugar as traves do gol", ou seja, estabelecendo objetivos cada vem mais difíceis de alcançar.

Na sessão de perguntas e respostas, Maurício Cárdenas, colombiano que é diretor da área de América Latina do Instituto Brookings, perguntou à secretária de Estado: "Gostaria de ouvir a opinião da senhora sobre a mudança do Brasil; tenho a impressão de que, no início, o Brasil era visto pelos EUA como parte da solução para lidar com divisões na região e no mundo; e, agora, é visto como parte do problema."

Hillary começou a falar em tom conciliador, diante de uma plateia de vários diplomatas, analistas e formadores de opinião. "Eu vejo o Brasil como parte da solução, um país com recursos extraordinários que pode usar para resolver problemas no hemisfério e, cada vez mais, além", disse Hillary.

Ela ressaltou o papel positivo do Brasil na estabilização do Haiti após o terremoto de janeiro e na cúpula do clima em Copenhague. "Mas nós discordamos deles, e vamos insistir, vamos dizer que os iranianos estão usando os brasileiros."

No relatório sobre a Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, divulgado ontem (mais informações na página A13), o governo americano não vê o Brasil como participante do bloco Bric. Todas as vezes o documento se refere a Índia, Rússia e China, e não junta o Brasil ao grupo. China, Rússia e Índia são chamados de "centros de influência do século 21". O Brasil é classificado apenas como "nação cada vez mais influente" - mesmo grupo de Indonésia e África do Sul.


PONTOS-CHAVE

TNP
EUA esperam que Brasil assine o protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação. Brasília rejeita firmar adendo até que países nucleares cumpram seus compromissos

Cuba
Governo brasileiro diz que o embargo não tem mais sentido. Para levantar a medida, a Casa Branca insiste que a ilha deve mostrar progressos em


direitos humanos e democracia

Honduras
EUA condenaram o golpe, mas aceitaram a eleição de Porfírio Lobo como presidente, que não teve reconhecimento do Brasil - abrigou o deposto Manuel




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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