Realmente. Reconsidero para "É assim que se protege e tenta desenvolver o pouco que temos, na marra".LeandroGCard escreveu:Pois é, esta questão aqui no Brasil é mesmo complicadíssima. Não se está protegendo uma indústria nacional porque na verdade praticamente não existe indústria automobilística nacional, são todas estrangeiras, e a grande maioria apenas monta os carros aqui. Tirando VW, GM, Ford e FIAT, que ainda desenvolvem alguma coisa (mas não tudo) de forma mais consistente no Brasil, o resto é basicamente "linha de apertar parafuso", com desenvolvimento de inovações zero. Mas todas praticam margens de lucro altíssimas e remetem grandes volumes de dinheiro para suas matrizes. É esta indústria que vamos proteger? Ou vamos proteger apenas os empregos dos peões que trabalham no setor?joao fernando escreveu:Pows, pelo efeito china, paguei 24000 nun Gol zero, que custa 28.000
Pela primeira vez pude ter um Gol, e olha que não sou pobre
Agora, sem a China, não poderei ter outro
E ai José, bom ou ruim??? Quando eu compro, não dou emprego? Porque não reduzem a remessa de lucros ao estrangeiro?
Por outro lado, se não protegermos o setor da concorrência de países com custos menores e moedas mais baratas, ou de alguma forma combatermos as margens de lucros muito altas, o que temos hoje de indústria automobilística simplesmente fecha, e aí nem desenvolvimento de engenharia e nem empregos para apertadores de parafuso.
Qual o caminho? Confesso que não tenho muita idéia de para onde correr.
Leandro G. Card
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Re: Governo Dilma Rousseff
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Re: Governo Dilma Rousseff
Continua assim, meu caro!AlbertoRJ escreveu:Antigamente a indústria de autopeças era praticamente toda nacional, agora não sei como está.
[]'s
Leandro G. está equivocado. Não montamos apenas os carros, pois em média 75% das peças que compõem nossos veículos são de produção nacional. Os da Argentina também usam peças brasileiras. O Ágile (made in Argentina), que foi o primeiro carro da GM desenhado lá, não foge à regra, pois também 75% das peças são importadas do Brasil, ou seja, nós importamos o que já exportamos antes. Isso me foi dito por um diretor da GM da Argentina que foi meu aluno de português. Renault, Fiat, VW, etc, abriram centros de desenho e desenvolvimento de veículos no Brasil.
México e Argentina é que realmente apenas montam os carros, mas pouco recebem valor agregado. O México recebe as peças americanas e a Argentina as nossas. O governo argentino está tentando mudar isso, mas até agora não teve muito êxito e com a nova medida do GF para aumentar o conteúdo nacional tende a ser ainda mais difícil para los hermanos. Eles tiveram alguns avanços com a valorização do real, mas com uma desvalorização à vista, uma escala brutalmente maior, maior protecionismo e com mais insentivo para o conteúdo nacional não vejo como a iniciativa deles possa vingar. Até por que 80% dos carros argentinos, na verdade, são dirigidos ao mercado brasileiro.
Só para ilustrar:
http://needesign.com/volks-lanca-no-bra ... -veiculos/
E se quiserem aprofundar mais sobre a questão da produção de peças OEM no Brasil, vejam este artigo:
http://www.aedb.br/seget/artigos08/269_SEGET.pdf
Abraço.
Diplomata Alemão: "- Como o senhor receberá as tropas estrangeiras que apoiam os federalistas se elas desembarcarem no Brasil??"
Floriano Peixoto: "- Com balas!!!"
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Re: Governo Dilma Rousseff
Então o Frágile foi desenhado na Argentina? Isso explica muita coisa.
[]'s
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Alberto -
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Re: Governo Dilma Rousseff
Pq carro made in argentina é tão ruim heim? Tive um Escort, com peças delá. EcaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaAlbertoRJ escreveu:Então o Frágile foi desenhado na Argentina? Isso explica muita coisa.
[]'s
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
- LeandroGCard
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Re: Governo Dilma Rousseff
Marcelo, a grande maioria dos sistemistas (chamados fornecedores Tier-1, que entregam sistemas completos) como Visteon, ZF, Bosch, Magnetti Marelli, e algumas outras são empresas também multinacionais, da mesma forma que as montadoras (OEM's). Na verdade, embora eu trabalhe na área não me lembro de cabeça de nenhum Tier-1 nacional. Entre os fornecedores destes fornecedores (Tier-2), que entregam as peças mais sofisticadas como amortecedores, pistões, motores, etc... havia alguns nacionais importantes (COFAP, Metal-Leve, Maxion, etc...) mas a maioria foi comprada por multinacionais durante o governo FHC, e hoje sobram muito poucos ainda sob o controle de brasileiros. Apenas quando se chega aos fornecedores de terceiro nível (Tier-3), que entregam peças avulsas com baixo conteúdo tecnológico, é que ainda existe forte participação nacional. São empresas de fundição, estampagem, forjamento, fabricantes de bombas d´água, reservatórios de óleo, molas, parafusos, etc..., que entregam peças sob especificação dos OEM´s, Tier-1 e Tier-2.marcelo bahia escreveu:Continua assim, meu caro!AlbertoRJ escreveu:Antigamente a indústria de autopeças era praticamente toda nacional, agora não sei como está.
[]'s
Leandro G. está equivocado. Não montamos apenas os carros, pois em média 75% das peças que compõem nossos veículos são de produção nacional. Os da Argentina também usam peças brasileiras. O Ágile (made in Argentina), que foi o primeiro carro da GM desenhado lá, não foge à regra, pois também 75% das peças são importadas do Brasil, ou seja, nós importamos o que já exportamos antes. Isso me foi dito por um diretor da GM da Argentina que foi meu aluno de português. Renault, Fiat, VW, etc, abriram centros de desenho e desenvolvimento de veículos no Brasil.
Se você considerar que todo carro é composto por peças, então a participação nacional (em peso) é bem importante, muito poucas peças vem de fora. Mas a produção de simples peças ou sistemas pouco sofisticados agrega muito pouco valor ou conhecimento ao produto final, até porque as especificações delas são definidas pelos sistemistas e pelas montadoras. E estas empresas é que ficam com o filão do dinheiro da venda dos carros. Já os produtores de peças basicamente operam as máquinas para fabricar o que foi projetado em grande parte fora do país. O máximo de desenvolvimento que eles fazem é na construção dos ferramentais e dispositivos de produção (moldes, matrizes, gabaritos de medição, etc...), mas pouco ou nada em termos de produto. Estes fabricantes de peças tem margens e lucro muito estreitas, e mesmo que soubessem como dificilmente teriam capital para tentar vôos mais altos.
O trabalho do segundo link abaixo parece ser justamente sobre como estas informações de engenharia, geradas no s OEM's e Tier-1, são repassadas para os fornecedores Tier-2 e Tier-3.Só para ilustrar:
http://needesign.com/volks-lanca-no-bra ... -veiculos/
E se quiserem aprofundar mais sobre a questão da produção de peças OEM no Brasil, vejam este artigo:
http://www.aedb.br/seget/artigos08/269_SEGET.pdf
Abraço.
Para você ter uma idéia, a empresa em que eu era sócio atendia justamente este centro de desenvolvimento de veículos da VW do Brasil citado no primeiro link, com serviços de digitalização 3D. Para ficar bem claro, o trabalho deles era basicamente de design (carroceria e interior), a plataforma mecânica era totalmente projetada fora. E o trabalho de engenharia era centrado na instalação dos ítens acessórios (faróis, limpeza do para-brisas, bateria, rádio, etc...) no espaço entre a plataforma, a carroceria e o interior. Mas infelizmente os designers fizeram um trabalho bom demais no caso do Fox, que se tornou um sucesso até na Europa, e TODOS OS MELHORES ENGENHEIROS E TÉCNICOS foram transferidos para o centro de design da VW NA ALEMANHA em 2009. Apenas a equipe de acabamento (cores, tecidos, etc...) permanece hoje no Brasil.
A GM também montou um centro de desenvolvimento aqui no Brasil, um dos 5 que ela tem no mundo (semana passada mesmo eu estava aplicando um treinamento para alguns engenheiros de lá). Mas novamente, o trabalho deles é design e desenvolvimento de carrocerias, o projeto da plataforma (motor e powertrain, chassis básico e suspensão) vem pronto de fora, geralmente da Opel da Alemanha. Na FIAT também não é muito diferente, embora eles pareçam querer trazer uma parte maior da engenharia para o Brasil hoje nem a própria unidade da FIAT em Betim tem capacidade para desenvolver quase nada, e a parcela (pequena) de engenharia que fazem é subcontratada em escritórios de projeto dedicados ou pertencentes a fornecedores Tier-2 ou mesmo Tier-3, o que tem levado a muitos problemas, pois é um pessoal novo que não está plenamente capacitado. A Ford segue mais ou menos pelo mesmo caminho, perdi muitos projetistas que eu havia acabado de formar para escritórios de projeto que atendem a Ford. As demais montadoras ou trazem tudo pronto de fora ou ainda estão começando a pensar no assunto de nacionalizar a engenharia. Por exemplo, a Renault solicitou ao seu Tier-2 Magneto, uma empresa italiana, que montasse um centro de desenvolvimento de estampados aqui, mas isso só deve começar ano que vem (treinamos semana passada um primeiro projetista deles, aliás bem fraquinho, que está indo para a Itália justamente para trazer algum know-how).
Esta é a realidade da indústria automobilística nacional vista de dentro. Sem dúvida estamos na frente de uma Argentina ou de um México, mas ainda estamos a anos-luz dos países desenvolvidos ou dos que fazem esforços verdadeiros nesta área como Coréia do Sul, Índia e China.
Leandro G. Card
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Re: Governo Dilma Rousseff
Na época de FHC (tinha que ser o mocorongo mesmo) uma grande empresa brasileira a BIOBRAS, única fabricante de insulina na américa latina foi vendida para uma multinacional do setor a NOVONORDISK. Nessa época minha irmã trabalhava lá e ela conta que a primeira coisa que eles fizeram foi DEMITIR todos os cientista e pesquisadores da empresa. Só ficaram os peões (com um grau de educação mas elevado mais ainda assim peões).
E assim nosso querido ex-presidente destruiu nossa industria.
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Re: Governo Dilma Rousseff
Prp infelizmente a industria privada nacional não tem cultura de P&D.
E a internacional não tem interesse nenhum em ajudar nisso. Empresas internacionais so criam P&D em casos de necessidade ou quando forçadas.
E a internacional não tem interesse nenhum em ajudar nisso. Empresas internacionais so criam P&D em casos de necessidade ou quando forçadas.
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Re: Governo Dilma Rousseff
Quer dizer que o traíra exerceu sua influencia maléfica até na iniciativa privada? Não, não. essa eu tenho que escrachar o "Fora FHC"
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Re: Governo Dilma Rousseff
Pois é, a ordem do patrão era vender tudo e não pensarLuiz Bastos escreveu:Quer dizer que o traíra exerceu sua influencia maléfica até na iniciativa privada? Não, não. essa eu tenho que escrachar o "Fora FHC"
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Depois, o barbudo é que nos rouba. FHC roubou muito mais, e posa de santo fumador de maconha...
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Re: Governo Dilma Rousseff
joao fernando escreveu:Pois é, a ordem do patrão era vender tudo e não pensarLuiz Bastos escreveu:Quer dizer que o traíra exerceu sua influencia maléfica até na iniciativa privada? Não, não. essa eu tenho que escrachar o "Fora FHC"
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Senhores, preciso sempre estar lembrando o que diz o Regulamento?
7.1.2) Insultos pessoais de qualquer natureza a qualquer forista ou personalidade política ou pública.
Se os colegas têm como PROVAR de modo irrefutável o que dizem, a ponto de saírem ilesos de um possível ação por CALÚNIA (acusar de crime e não provar) e DIFAMAÇÃO (espalhar isso), favor fazê-lo. Caso contrário, moderem-se. Não gostaria de EU ter de fazer isso...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Governo Dilma Rousseff
Dilma na capa da Newsweek desta semana.
Link para o site índice da revista, onde aparece a capa: Where women are winning
http://www.thedailybeast.com/newsweek.html
Link direto para a matéria: Don't mess with Dilma
http://www.thedailybeast.com/newsweek/2 ... sseff.html
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Re: Governo Dilma Rousseff
Editado - Post Duplicado
Editado pela última vez por Rodrigoiano em Seg Set 19, 2011 2:58 am, em um total de 2 vezes.
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Re: Governo Dilma Rousseff
Desculpe Tulio. O que quis dizer, é que nos livrar da industria sob a bandeira do livre comercio e quetales, é pior que um roubo monetário
Igual ao papo de vender a Petrobrax: fizeram uma divida interna mostruosa, e pra abater e não quitar, venderam a Vale e outras empresas. Melhorou a nossa vida?
Antes podiamos reclamar, hoje, se não pagar a conta de luz, me cortam a luz, já que a Elektro, nem nacional é (tá, não sei de quem é a Elektro, mas a Telefonica é espanhola, e pau no meu traseiro)
Isso pra mim, é roubo
Igual ao papo de vender a Petrobrax: fizeram uma divida interna mostruosa, e pra abater e não quitar, venderam a Vale e outras empresas. Melhorou a nossa vida?
Antes podiamos reclamar, hoje, se não pagar a conta de luz, me cortam a luz, já que a Elektro, nem nacional é (tá, não sei de quem é a Elektro, mas a Telefonica é espanhola, e pau no meu traseiro)
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Re: Governo Dilma Rousseff
O governo brasileiro por hora está levantando a questão em fóruns mundiais, para ver se obtém respaldo a ela como uma ferramenta aceitável para o controle do comércio mundial. Mas já podem ser previstas resistências de países que estão sendo favorecidos pela desvalorização de suas moedas, como a China e os EUA.
E aí, se não der certo a nível mundial, será que vamos adotar unilateralmente? Pessoalmente acho muito difícil.
E aí, se não der certo a nível mundial, será que vamos adotar unilateralmente? Pessoalmente acho muito difícil.
Brasil propõe taxa extra de importação para compensar ''dumping'' cambial
Se alguma moeda flutuar fora de uma banda ''aceitável'', outros países poderiam compensar a diferença com tarifa extra de importação
19 de setembro de 2011
Raquel Landim - O Estado de S.Paulo
Preocupado com os efeitos da guerra cambial sobre a economia, o Brasil vai propor aos demais países a adoção de uma barreira para compensar as desvalorizações das moedas. O mecanismo é chamado provisoriamente de "antidumping cambial" e será apresentado na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Capitaneada pelo ministério do Desenvolvimento e pelo Itamaraty, a medida propõe uma banda aceitável de flutuação das moedas - que seria determinada por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Se a banda for ultrapassada, os países seriam autorizados a adotar uma tarifa de importação extra para compensar o prejuízo provocado pelo câmbio. "Essa discussão está madura para ser feita agora. Todos os países enfrentam o mesmo problema, que é a desvalorização do dólar" disse ao Estado o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Ele citou como exemplo a recente decisão do Banco Central da Suíça de garantir um limite de alta para a sua moeda.
Na avaliação do governo, os impostos de importação do Brasil, que podem atingir no máximo 35%, já não são suficientes para compensar as variações cambiais no pós-crise global de 2008. O entendimento é que os países se comprometeram com os atuais patamares de tarifas em 1994, época de câmbio fixo.
O ministério reforçou as medidas de defesa comercial, mas já percebeu que as atuais regras para antidumping e salvaguardas resolvem apenas problemas pontuais de alguns setores. Se fossem adotados hoje todos os antidumpings demandados pelo setor privado, apenas 4% da pauta de importação seria atingida.
A iniciativa de propor um "antidumping cambial" ocorre num momento em que o real atingiu seu patamar mais desvalorizado em relação ao dólar no ano. Para o Brasil, não se trata de uma discussão de curto prazo, mas, sim, estratégica. E é mais um exemplo da guinada da política comercial de Dilma, considerada mais protecionista que em administrações anteriores. Para tentar brecar o fortalecimento do real, o governo adotou uma política agressiva de compra de reservas e elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na semana passada, optou por subir em 30 pontos porcentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados ou com menos de 65% de peças brasileiras.
Apoio. Os diplomatas brasileiro já sondaram informalmente os EUA e a China sobre seu apoio ao mecanismo de "antidumping cambial" e, pelo menos nesta fase, não encontraram uma forte resistência. Na prática, os chineses seriam os mais atingidos, embora argumentem que sua moeda apenas acompanha a desvalorização do dólar.
Mas, como toda discussão na OMC que exige consenso sobre os temas, a tramitação do "antidumping cambial" proposto pelo Brasil promete ser longa. Em abril, o País introduziu o tema na entidade, propondo que os países discutissem os efeitos do câmbio sobre o comércio. "Falar hoje sobre comércio internacional e ignorar o impacto do câmbio é uma atitude míope", disse Roberto Azevedo, embaixador do Brasil na OMC.
Desta vez, o documento - que está em fase de finalização técnica pela missão brasileira em Genebra - vai além e propõe que os países examinem os "remédios" disponíveis no sistema multilateral de comércio para lidar com as variações excessivas do câmbio, como alterações nos tratados que regem a adoção de antidumping, salvaguardas ou medidas compensatórias.