Missão de Paz no Haiti
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Re: Missão de Paz no Haiti
23/01/2010 - 09h15
Presença no Haiti cria dilema legal para estratégia de Obama
Caso se estenda por um longo período, a presença militar americana no Haiti poderá representar um desafio à política externa do presidente Barack Obama, que prega o multilateralismo e a diplomacia em vez da força.
Os Estados Unidos enviaram suas tropas ao Haiti a pedido do presidente René Préval, para auxiliar e garantir a segurança nos esforços de resgate e ajuda às vítimas do terremoto que devastou o país e matou milhares de pessoas.
Apesar de ser legal e estar prevista em situações de emergência como a do Haiti, a medida atraiu críticas e foi vista como uma "ocupação" por alguns países.
Segundo analistas, uma maneira de dar credibilidade à presença militar americana seria obter um aval das Nações Unidas.
"É importante que, no longo prazo, os Estados Unidos tenham uma autorização formal para que suas tropas atuem no Haiti", disse à BBC Brasil a analista Kara McDonald, especialista em planejamento multilateral de operações de paz do Council on Foreign Relations.
Apoio
Mesmo que, pela legislação internacional, a autorização do país anfitrião seja suficiente, um aval da ONU poderia garantir maior apoio internacional à ação americana, uma preocupação de Obama.
Desde que assumiu o governo, um ano atrás, o presidente tem se distanciado do discurso de seu antecessor, George W. Bush, que era acusado de ser isolacionista e de minar a imagem americana no exterior com estratégias unilaterais.
"Quanto mais tempo as tropas americanas ficarem no Haiti, mais importante será que tenham uma declaração de princípios clara", afirma McDonald.
Segundo McDonald, os Estados Unidos estão negociando com a ONU a possibilidade de suas tropas apoiarem as ações da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, liderada pelo Brasil), que são responsáveis pela segurança pública no Haiti.
Com o envio de tropas adicionais anunciado nesta semana, o número de militares americanos no Haiti já chega a quase 16 mil homens, incluindo marinheiros e fuzileiros navais.
Esse contingente é maior do que o da Minustah, que tem 12,6 mil pessoas, sendo quase 9 mil militares.
Regras
"As regras de engajamento (que determinam em que situações a força pode ser usada em operações militares ou policiais) devem ser discutidas", diz McDonald.
Essas regras são necessárias para definir as responsabilidades no caso de algum crime que eventualmente viesse a ser cometido por um soldado americano, como, por exemplo, a morte de um civil em uma manifestação.
Segundo o especialista em legislação criminal internacional Michael Newton, da Universidade Vanderbilt, as forças americanas não estão sujeitas às leis do Haiti.
"Nesses casos, a norma é que tenham uma jurisdição criminal separada, que pode ser negociada com o país anfitrião. No caso de um crime cometido por um militar americano, é necessário saber quais são as regras de engajamento", disse Newton à BBC Brasil.
O especialista em assuntos militares e legislação criminal internacional David M. Crane, professor da Universidade de Syracuse, afirma que, pelas regras de engajamento utilizadas como padrão, já está prevista a punição de militares que ajam de maneira inadequada.
"Mas à medida que a situação (no Haiti) se desenvolve, o Status of Forces Agreement (acordo entre o país anfitrião e a nação estrangeira com tropas naquele país) deve ser muito mais detalhado", disse à BBC Brasil o especialista, que foi promotor-chefe do tribunal especial da ONU para crimes de guerra em Serra Leoa.
Críticas
Segundo especialistas em direito internacional consultados pela BBC Brasil, a presença de militares é prevista em casos de emergência humanitária, como no Haiti.
"Nessas ocasiões, é muito comum que o socorro tenha natureza militar. Qualquer país tem um efetivo militar melhor treinado para missões de socorro do que o pessoal civil", disse à BBC Brasil, por telefone, o jurista Francisco Rezek, ex-juiz do Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas.
"Não deve ser confundida com uma presença militar, embora os socorristas sejam militares. É diferente da missão da ONU, liderada pelo Brasil, que tem caráter de manter a ordem pública e desempenhar ações militares", afirma Rezek.
No entanto, a presença das tropas americanas no Haiti tem provocado críticas de alguns países.
Um ministro francês disse nesta semana esperar esclarecimentos sobre o papel dos Estados Unidos no Haiti e afirmou que "é uma questão de ajudar o Haiti, não de ocupar o Haiti".
As declarações provocaram incômodo na Casa Branca e obrigaram o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a divulgar um comunicado afirmando que seu país está "totalmente satisfeito com a cooperação" americana.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que "o governo americano está se aproveitando da tragédia" para uma "ocupação militar no Haiti". A Bolívia também criticou a presença das tropas americanas.
Restrições
A presença militar americana também é encarada com restrições por alguns haitianos.
Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e mantiveram suas tropas no país até 1934.
Em 2004, o presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide foi retirado do país e levado ao exílio. Aristide diz que foi sequestrado pelo governo americano, alegação negada pela Casa Branca.
As críticas levaram o presidente haitiano a negar publicamente que a presença dos Estados Unidos seja uma ocupação.
"Os americanos estão aqui a nosso pedido e vieram nos ajudar em nossas necessidades humanitárias e de segurança", disse Préval em entrevista a uma rádio francesa.
http://noticias.uol.com.br/bbc/2010/01/ ... u4717.jhtm
Presença no Haiti cria dilema legal para estratégia de Obama
Caso se estenda por um longo período, a presença militar americana no Haiti poderá representar um desafio à política externa do presidente Barack Obama, que prega o multilateralismo e a diplomacia em vez da força.
Os Estados Unidos enviaram suas tropas ao Haiti a pedido do presidente René Préval, para auxiliar e garantir a segurança nos esforços de resgate e ajuda às vítimas do terremoto que devastou o país e matou milhares de pessoas.
Apesar de ser legal e estar prevista em situações de emergência como a do Haiti, a medida atraiu críticas e foi vista como uma "ocupação" por alguns países.
Segundo analistas, uma maneira de dar credibilidade à presença militar americana seria obter um aval das Nações Unidas.
"É importante que, no longo prazo, os Estados Unidos tenham uma autorização formal para que suas tropas atuem no Haiti", disse à BBC Brasil a analista Kara McDonald, especialista em planejamento multilateral de operações de paz do Council on Foreign Relations.
Apoio
Mesmo que, pela legislação internacional, a autorização do país anfitrião seja suficiente, um aval da ONU poderia garantir maior apoio internacional à ação americana, uma preocupação de Obama.
Desde que assumiu o governo, um ano atrás, o presidente tem se distanciado do discurso de seu antecessor, George W. Bush, que era acusado de ser isolacionista e de minar a imagem americana no exterior com estratégias unilaterais.
"Quanto mais tempo as tropas americanas ficarem no Haiti, mais importante será que tenham uma declaração de princípios clara", afirma McDonald.
Segundo McDonald, os Estados Unidos estão negociando com a ONU a possibilidade de suas tropas apoiarem as ações da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, liderada pelo Brasil), que são responsáveis pela segurança pública no Haiti.
Com o envio de tropas adicionais anunciado nesta semana, o número de militares americanos no Haiti já chega a quase 16 mil homens, incluindo marinheiros e fuzileiros navais.
Esse contingente é maior do que o da Minustah, que tem 12,6 mil pessoas, sendo quase 9 mil militares.
Regras
"As regras de engajamento (que determinam em que situações a força pode ser usada em operações militares ou policiais) devem ser discutidas", diz McDonald.
Essas regras são necessárias para definir as responsabilidades no caso de algum crime que eventualmente viesse a ser cometido por um soldado americano, como, por exemplo, a morte de um civil em uma manifestação.
Segundo o especialista em legislação criminal internacional Michael Newton, da Universidade Vanderbilt, as forças americanas não estão sujeitas às leis do Haiti.
"Nesses casos, a norma é que tenham uma jurisdição criminal separada, que pode ser negociada com o país anfitrião. No caso de um crime cometido por um militar americano, é necessário saber quais são as regras de engajamento", disse Newton à BBC Brasil.
O especialista em assuntos militares e legislação criminal internacional David M. Crane, professor da Universidade de Syracuse, afirma que, pelas regras de engajamento utilizadas como padrão, já está prevista a punição de militares que ajam de maneira inadequada.
"Mas à medida que a situação (no Haiti) se desenvolve, o Status of Forces Agreement (acordo entre o país anfitrião e a nação estrangeira com tropas naquele país) deve ser muito mais detalhado", disse à BBC Brasil o especialista, que foi promotor-chefe do tribunal especial da ONU para crimes de guerra em Serra Leoa.
Críticas
Segundo especialistas em direito internacional consultados pela BBC Brasil, a presença de militares é prevista em casos de emergência humanitária, como no Haiti.
"Nessas ocasiões, é muito comum que o socorro tenha natureza militar. Qualquer país tem um efetivo militar melhor treinado para missões de socorro do que o pessoal civil", disse à BBC Brasil, por telefone, o jurista Francisco Rezek, ex-juiz do Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas.
"Não deve ser confundida com uma presença militar, embora os socorristas sejam militares. É diferente da missão da ONU, liderada pelo Brasil, que tem caráter de manter a ordem pública e desempenhar ações militares", afirma Rezek.
No entanto, a presença das tropas americanas no Haiti tem provocado críticas de alguns países.
Um ministro francês disse nesta semana esperar esclarecimentos sobre o papel dos Estados Unidos no Haiti e afirmou que "é uma questão de ajudar o Haiti, não de ocupar o Haiti".
As declarações provocaram incômodo na Casa Branca e obrigaram o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a divulgar um comunicado afirmando que seu país está "totalmente satisfeito com a cooperação" americana.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que "o governo americano está se aproveitando da tragédia" para uma "ocupação militar no Haiti". A Bolívia também criticou a presença das tropas americanas.
Restrições
A presença militar americana também é encarada com restrições por alguns haitianos.
Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e mantiveram suas tropas no país até 1934.
Em 2004, o presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide foi retirado do país e levado ao exílio. Aristide diz que foi sequestrado pelo governo americano, alegação negada pela Casa Branca.
As críticas levaram o presidente haitiano a negar publicamente que a presença dos Estados Unidos seja uma ocupação.
"Os americanos estão aqui a nosso pedido e vieram nos ajudar em nossas necessidades humanitárias e de segurança", disse Préval em entrevista a uma rádio francesa.
http://noticias.uol.com.br/bbc/2010/01/ ... u4717.jhtm
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Re: Missão de Paz no Haiti
Cara, o Préval já abriu as pernas do país pros americanos. E o Brasil conseguiu a proeza de mesmo sendo da ONU entrar em atrito com a própria ONU (a parte civil)!
Sei não, acho que realmente perdemos o nosso lugar de destaque por lá.
Sei não, acho que realmente perdemos o nosso lugar de destaque por lá.
The cake is a lie...
Re: Missão de Paz no Haiti
É uma ignorante esta senhora.Coordenadora da ONU critica a operação
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
A megaoperação de distribuição de alimentos organizada ontem pelas Forças Armadas brasileiras foi criticada pela ONU, que realizou sua própria entrega de suprimentos na mesma região da capital haitiana.
"[O Brasil] tem de informar a ONU. O que estamos solicitando é que nos informem. Tem muita duplicação. Não temos ideia se a ração que entregam é suficiente nem por quanto tempo. Padronizar é muito importante do ponto de vista nutricional", disse a canadense (Está explicado!) Kim Bolduc, coordenadora da assistência humanitária da Minustah. "Não sabemos onde vão, onde distribuem nem por quanto tempo durará a comida."
Bolduc diz que o Programa Alimentar Mundial (PAM) realizou operação de entrega de alimentos na mesma região do palácio presidencial ontem.
Ela admite, porém, que a distribuição alcança poucas pessoas. "Ontem [anteontem], distribuímos apenas para 29 mil, e o nosso objetivo era 100 mil." Um dos principais problemas tem sido a recuperação da comida de três armazéns do PAM danificados pelo terremoto.
0) Por que só o Brasil tem que informar o que faz? Tem um país lá que faz o que quer e o que não quer... precisa falar quem?
1) Quem tem fome não quer saber de "ponto de vista nutricional", boçal!
2) A "organização" é a mais desorganizada do MUNDO. A ONU, quando o "bicho pega" fica perdida. Não sabe para onde corre. Ai tem quem vai, faz (e bem feito!) o papel que é responsabilidade dela (ONU) e ai ficam "putinhos" com quem fez...
3) Não saber para onde vão é uma estratégia, coisa que a ONU (e o seu senhor, o "Tio") não teve até agora.
4) A comida pode durar 1 dia, ao menos naquele dia não passarão fome!
Primeiro tem que fornecer o mínimo para aquela população, depois se analisa quem fez certo ou errado, não agora na BAGUNÇA que lá está. A ONU chega a ser risível, as vezes.
E tem quem defenda...
[]'s a todos.
Editado pela última vez por DELTA22 em Sáb Jan 23, 2010 11:19 am, em um total de 1 vez.
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: Missão de Paz no Haiti
Poxa, aqui no DB já sabiamos que o brasil ia entregar a comida perto do palacio presidencial ontem, só a ONU que não? alguém por favor passa o link daqui pra essa senhora.
Re: Missão de Paz no Haiti
23/01/10 - 10h11
Com 12 vezes mais soldados que o Brasil, EUA usam tática militar no Haiti
Potência mantém cerca de 16 mil soldados no país abalado por terremoto.
EUA temem 'invasão' de haitianos em solo norte-americano.
Giovana Sanchez
Do G1, em São Paulo
No dia 12 de janeiro, um terremoto de magnitude 7 devastou o país mais pobre das Américas e colocou o mundo todo em alerta. Nos dois primeiros dias após o tremor, as doações anunciadas ao Haiti correspondiam a mais de um terço de seu orçamento anual, e muito mais foi dado e prometido depois. Além de dinheiro, muitos países enviaram equipes de resgate, mantimentos e soldados.
O Brasil, que antes do terremoto já liderava o braço militar da Força da ONU para Estabilização do Haiti (Minustah, na sigla em francês), mantém 1.300 militares no país. O governo também enviou aviões com mantimentos e equipes de bombeiros. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediu ao Congresso autorização para dobrar o efetivo brasileiro no país.
Já os Estados Unidos aportaram em Porto Príncipe com 16 mil soldados, que controlaram o porto e o aeroporto da capital. Na terça-feira, 20 helicópteros militares americanos pousaram no terreno do palácio presidencial haitiano.
Muitas ONGs e entidades de ajuda criticaram a demora da ONU em enviar socorro - os primeiros a enviar médicos foram os cubanos.
A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras acusou na quarta-feira os Estados Unidos de prejudicarem as operações de auxílio, bloqueando o aeroporto, e de causarem graves atrasos para os médicos que tentam levar ajuda às vítimas do terremoto.
Segundo o antropólogo e professor do programa de pós-graduação em antropologia social da UFRJ Federico Neiburg, o Brasil tinha uma imagem relativamente boa no Haiti, mas perdeu uma grande oportunidade de liderar a ajuda nas horas seguintes à catástrofe, pois não agiu rapidamente.
"Imediatamente depois do terremoto, a Minustah e as tropas brasileiras ficaram absolutamente paralisadas. As baixas brasileiras podem explicar em parte a demora em reagir. Mas isso explica muito pouco. A população esperou dias e dias que houvesse presença da ONU em Porto Príncipe, que é área de atuação do batalhão brasileiro, e do Brasil nas ruas. Isso não houve. Isso foi uma oportunidade perdida."
Já para o analista político e professor da Universidade de Nova York Christopher Mitchell, a presença atual do Brasil na reconstrução do Haiti é relevante e fortalecerá o apelo do país por um lugar entre as potencias globais importantes - incluindo a campanha para aumentar o número de cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU. "A intensidade do engajamento futuro do Brasil no Haiti provavelmente dependerá do cálculo do Itamaraty sobre se os custos da dedicação a longo prazo - incluindo ajuda econômica e vantagens comerciais - são aceitáveis."
Presença estrangeira
Não é de agora que o Haiti vê seu território ser ocupado por estrangeiros. Aliás, isso foi quase uma constante na sua história. "Paralelamente à presença da ONU, em 2004, os EUA já mantinham uma presença fortíssima no país. Basta dizer que a embaixada dos EUA no país era a terceira maior embaixada americana no mundo e tinha 3 mil homens – quase três vezes a quantidade de efetivo brasileiro no país", explica o professor Neiburg, que desenvolve pesquisas no Haiti há três anos.
O Haiti teve papel importante para os americanos na época da Guerra Fria, mas, mesmo depois de 20 anos, continua deslocando esforços do governo dos EUA. Segundo Neiburg, antes do terremoto, quem cuidava do Haiti na administração americana era o departamento de segurança interior, não a secretaria de Estado, que se ocupa das relações internacionais. "Eles ocuparam o país durante quase 20 anos no começo do século XX e depois estiveram lá pelo menos duas vezes na década de 1990. A presença internacional é permanente no Haiti."
Presença militar
Mas apesar de o Haiti estar ambientado com estrangeiros em seu território, a estratégia atual dos EUA não tem sido a ideal para lidar com a crise humanitária nas proporções da que se vê no país hoje, segundo analistas ouvidos pelo G1. Para o haitiano especialista em relações internacionais e professor da universidade de Wisconsin Patrick Bellegarde-Smith, os EUA estão tratando uma crise humanitária com táticas militares. "Os EUA não precisam manter tantos militares lá. A relação entre os dois países não tem sido positiva. Acredito na sinceridade de Obama e de Hillary Clinton quando falam em ajuda, mas acho que estão agindo de maneira errada."
Neiburg também apontou essa característica. "Não se trata de rejeitar a ajuda americana, de levar embora o Exército. Trata-se de uma emergência e talvez não haja outra saída que não a presença de forças estrangeiras. Mas o que está acontecendo hoje é um escândalo, porque as forças estão totalmente descoordenadas, o problema humanitário está sendo tratado com critérios militares e isso não é um bom sinal para o futuro do país.
Interesses dos EUA
Para o professor de sociologia da Universidade Wesleyan e especialista em Haiti Alex Dupuy, essa forte presença militar americana se explica pelos interesses do país na região. "Um dos motivos pelos quais o país está mandando grande contingente de tropas para a região é garantir a ordem, de seu ponto de vista, e também garantir que o governo não fique completamente destruído, pois a maioria os prédios foram atingidos. A polícia sozinha e a ONU não conseguem manter a ordem."
Dupuy também alega algo já citado em outras análises sobre a presença americana no Haiti: há um temor de uma fuga em massa de haitianos pelos mares em direção aos EUA. Segundo ele, a presença americana traz a sensação de segurança para os civis, além de fazer o governo sentir que tem o apoio dos EUA. "Há muitas criticas sobre o que a missão da ONU não esta fazendo e acho que os EUA estão fazendo esse papel."
Christopher Mitchell diz que certamente os EUA têm interesses políticos bem estabelecidos na região: "promover a democracia, evitar a migração ilegal para solo americano e fortalecer a economia haitiana para que a situação interna evite a migração e não sirva de base para o tráfico de drogas. O governo americano quer prevenir uma migração em massa pelo mar, como já aconteceu em 1980 e 1991."
O haitiano Patrick Bellegarde-Smith aponta outro motivo: "A força de trabalho haitiana é muito barata. Quando trabalham para multinacionais americanas eles ganham dois dólares por dia de trabalho. Claro que precisamos de emprego. Não estou dizendo que eles não deveriam vir. No entanto, sua vinda é baseada na exploração da mão-de-obra e não traz consigo um plano de integração, de desenvolvimento econômico."
Com 12 vezes mais soldados que o Brasil, EUA usam tática militar no Haiti
Potência mantém cerca de 16 mil soldados no país abalado por terremoto.
EUA temem 'invasão' de haitianos em solo norte-americano.
Giovana Sanchez
Do G1, em São Paulo
No dia 12 de janeiro, um terremoto de magnitude 7 devastou o país mais pobre das Américas e colocou o mundo todo em alerta. Nos dois primeiros dias após o tremor, as doações anunciadas ao Haiti correspondiam a mais de um terço de seu orçamento anual, e muito mais foi dado e prometido depois. Além de dinheiro, muitos países enviaram equipes de resgate, mantimentos e soldados.
O Brasil, que antes do terremoto já liderava o braço militar da Força da ONU para Estabilização do Haiti (Minustah, na sigla em francês), mantém 1.300 militares no país. O governo também enviou aviões com mantimentos e equipes de bombeiros. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediu ao Congresso autorização para dobrar o efetivo brasileiro no país.
Já os Estados Unidos aportaram em Porto Príncipe com 16 mil soldados, que controlaram o porto e o aeroporto da capital. Na terça-feira, 20 helicópteros militares americanos pousaram no terreno do palácio presidencial haitiano.
Muitas ONGs e entidades de ajuda criticaram a demora da ONU em enviar socorro - os primeiros a enviar médicos foram os cubanos.
A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras acusou na quarta-feira os Estados Unidos de prejudicarem as operações de auxílio, bloqueando o aeroporto, e de causarem graves atrasos para os médicos que tentam levar ajuda às vítimas do terremoto.
Segundo o antropólogo e professor do programa de pós-graduação em antropologia social da UFRJ Federico Neiburg, o Brasil tinha uma imagem relativamente boa no Haiti, mas perdeu uma grande oportunidade de liderar a ajuda nas horas seguintes à catástrofe, pois não agiu rapidamente.
"Imediatamente depois do terremoto, a Minustah e as tropas brasileiras ficaram absolutamente paralisadas. As baixas brasileiras podem explicar em parte a demora em reagir. Mas isso explica muito pouco. A população esperou dias e dias que houvesse presença da ONU em Porto Príncipe, que é área de atuação do batalhão brasileiro, e do Brasil nas ruas. Isso não houve. Isso foi uma oportunidade perdida."
Já para o analista político e professor da Universidade de Nova York Christopher Mitchell, a presença atual do Brasil na reconstrução do Haiti é relevante e fortalecerá o apelo do país por um lugar entre as potencias globais importantes - incluindo a campanha para aumentar o número de cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU. "A intensidade do engajamento futuro do Brasil no Haiti provavelmente dependerá do cálculo do Itamaraty sobre se os custos da dedicação a longo prazo - incluindo ajuda econômica e vantagens comerciais - são aceitáveis."
Presença estrangeira
Não é de agora que o Haiti vê seu território ser ocupado por estrangeiros. Aliás, isso foi quase uma constante na sua história. "Paralelamente à presença da ONU, em 2004, os EUA já mantinham uma presença fortíssima no país. Basta dizer que a embaixada dos EUA no país era a terceira maior embaixada americana no mundo e tinha 3 mil homens – quase três vezes a quantidade de efetivo brasileiro no país", explica o professor Neiburg, que desenvolve pesquisas no Haiti há três anos.
O Haiti teve papel importante para os americanos na época da Guerra Fria, mas, mesmo depois de 20 anos, continua deslocando esforços do governo dos EUA. Segundo Neiburg, antes do terremoto, quem cuidava do Haiti na administração americana era o departamento de segurança interior, não a secretaria de Estado, que se ocupa das relações internacionais. "Eles ocuparam o país durante quase 20 anos no começo do século XX e depois estiveram lá pelo menos duas vezes na década de 1990. A presença internacional é permanente no Haiti."
Presença militar
Mas apesar de o Haiti estar ambientado com estrangeiros em seu território, a estratégia atual dos EUA não tem sido a ideal para lidar com a crise humanitária nas proporções da que se vê no país hoje, segundo analistas ouvidos pelo G1. Para o haitiano especialista em relações internacionais e professor da universidade de Wisconsin Patrick Bellegarde-Smith, os EUA estão tratando uma crise humanitária com táticas militares. "Os EUA não precisam manter tantos militares lá. A relação entre os dois países não tem sido positiva. Acredito na sinceridade de Obama e de Hillary Clinton quando falam em ajuda, mas acho que estão agindo de maneira errada."
Neiburg também apontou essa característica. "Não se trata de rejeitar a ajuda americana, de levar embora o Exército. Trata-se de uma emergência e talvez não haja outra saída que não a presença de forças estrangeiras. Mas o que está acontecendo hoje é um escândalo, porque as forças estão totalmente descoordenadas, o problema humanitário está sendo tratado com critérios militares e isso não é um bom sinal para o futuro do país.
Interesses dos EUA
Para o professor de sociologia da Universidade Wesleyan e especialista em Haiti Alex Dupuy, essa forte presença militar americana se explica pelos interesses do país na região. "Um dos motivos pelos quais o país está mandando grande contingente de tropas para a região é garantir a ordem, de seu ponto de vista, e também garantir que o governo não fique completamente destruído, pois a maioria os prédios foram atingidos. A polícia sozinha e a ONU não conseguem manter a ordem."
Dupuy também alega algo já citado em outras análises sobre a presença americana no Haiti: há um temor de uma fuga em massa de haitianos pelos mares em direção aos EUA. Segundo ele, a presença americana traz a sensação de segurança para os civis, além de fazer o governo sentir que tem o apoio dos EUA. "Há muitas criticas sobre o que a missão da ONU não esta fazendo e acho que os EUA estão fazendo esse papel."
Christopher Mitchell diz que certamente os EUA têm interesses políticos bem estabelecidos na região: "promover a democracia, evitar a migração ilegal para solo americano e fortalecer a economia haitiana para que a situação interna evite a migração e não sirva de base para o tráfico de drogas. O governo americano quer prevenir uma migração em massa pelo mar, como já aconteceu em 1980 e 1991."
O haitiano Patrick Bellegarde-Smith aponta outro motivo: "A força de trabalho haitiana é muito barata. Quando trabalham para multinacionais americanas eles ganham dois dólares por dia de trabalho. Claro que precisamos de emprego. Não estou dizendo que eles não deveriam vir. No entanto, sua vinda é baseada na exploração da mão-de-obra e não traz consigo um plano de integração, de desenvolvimento econômico."
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Re: Missão de Paz no Haiti
Tem muito cacique para pouco índio.DELTA22 escreveu:É uma ignorante esta senhora.Coordenadora da ONU critica a operação
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
A megaoperação de distribuição de alimentos organizada ontem pelas Forças Armadas brasileiras foi criticada pela ONU, que realizou sua própria entrega de suprimentos na mesma região da capital haitiana.
"[O Brasil] tem de informar a ONU. O que estamos solicitando é que nos informem. Tem muita duplicação. Não temos ideia se a ração que entregam é suficiente nem por quanto tempo. Padronizar é muito importante do ponto de vista nutricional", disse a canadense (Está explicado!) Kim Bolduc, coordenadora da assistência humanitária da Minustah. "Não sabemos onde vão, onde distribuem nem por quanto tempo durará a comida."
Bolduc diz que o Programa Alimentar Mundial (PAM) realizou operação de entrega de alimentos na mesma região do palácio presidencial ontem.
Ela admite, porém, que a distribuição alcança poucas pessoas. "Ontem [anteontem], distribuímos apenas para 29 mil, e o nosso objetivo era 100 mil." Um dos principais problemas tem sido a recuperação da comida de três armazéns do PAM danificados pelo terremoto.
0) Por que só o Brasil tem que informar o que faz? Tem um país lá que faz o que quer e o que não quer... precisa falar quem?
1) Quem tem fome não quer saber de "ponto de vista nutricional", boçal!
2) A "organização" é a mais desorganizada do MUNDO. A ONU, quando o "bicho pega" fica perdida. Não sabe para onde corre. Ai tem quem vai, faz (e bem feito!) o papel que é responsabilidade dela (ONU) e ai ficam "putinhos" com quem fez...
3) Não saber para onde vão é uma estratégia, coisa que a ONU (e o seu senhor, o "Tio") não teve até agora.
4) A comida pode durar 1 dia, ao menos naquele dia não passarão fome!
Primeiro tem que fornecer o mínimo para aquela população, depois se analisa quem fez certo ou errado, não agora na BAGUNÇA que lá está. A ONU chega a ser risível, as vezes.
E tem quem defenda...
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Re: Missão de Paz no Haiti
O Brasil não deveria perder a oportunidade de passar de forma honrosa esse abacaxi seja para quem for. Tem 100 anos que aquele povo esta naquela peleja, e não vão mudar.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: Missão de Paz no Haiti
Isso que o Guerra falou faz sentido, agora que os EUA pousam de mocinhos humanitários para atraírem bônus, que arquem com o ônus também, assumam de uma vez por todas o Haiti.
Nada serve a ONU, agora essa Canadense (obvio) nos criticando, missão cumprida, tchau...
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Re: Missão de Paz no Haiti
Basta dizer que a embaixada dos EUA no país era a terceira maior embaixada americana no mundo e tinha 3 mil homens – quase três vezes a quantidade de efetivo brasileiro no país", explica o professor Neiburg, que desenvolve pesquisas no Haiti há três anos.
Depois desta. O que eles fazem no Haiti que nunca relamente ajudaram. Esta embaixada é um cabide de emprego para pegar dinheiro do contribuinte americano.
Depois desta. O que eles fazem no Haiti que nunca relamente ajudaram. Esta embaixada é um cabide de emprego para pegar dinheiro do contribuinte americano.
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Re: Missão de Paz no Haiti
Daqui a pouco algo acontece por aí e o Haiti sai de moda...
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Re: Missão de Paz no Haiti
Exército prepara retomada de favela
Inteligência já tem informações sobre criminosos que fugiram da prisão
Gilberto Scofield
PORTO PRÍNCIPE. O serviço de inteligência das Forças Militares do Brasil no Haiti já começou o trabalho de localização dos cerca de três mil criminosos que fugiram da Penitenciária Nacional de Porto Príncipe depois do terremoto e se refugiaram, em sua maioria, na favela de Cité Soleil (300 mil habitantes) e no bairro bastante destruído de Bel Air, no centro da capital. Segundo um comandante do Exército, a coleta de informações para a localização dos criminosos está sendo feita com discrição entre os moradores, e uma gigantesca operação de retomada da favela e de Bel Air acontecerá "tão logo a situação mais emergencial esteja superada".
As Forças Armadas brasileiras têm pressa. Afinal, não apenas o comando militar - como também a população dos dois bairros - teme que estes criminosos se reagrupem e voltem a aterrorizar as duas regiões.
- A operação deve ter a magnitude que a situação exige - afirmou o comandante. - Estamos planejando a ação, que deverá ser do porte da retomada de Cité Soleil, iniciada em 2006. Os moradores estão tão temerosos de que volte o terror imposto pelos bandidos que estão nos ajudando com a localização dos criminosos e das armas roubadas dos guardas e escondidas após os tremores.
Cité Soleil foi organizada para servir de moradia para os trabalhadores de uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE) e logo virou uma gigantesca favela com a chegada em massa de camponeses. A situação degenerou com a formação de gangues que aterrorizavam a população com brigas constantes.
Em 1991, com o golpe que derrubou o presidente Jean-Bertrand Aristide, a ZPE foi fechada e a pobreza no lugar aumentou. Ali, Aristide tinha sua maior base de apoio. A escalada da violência afugentou a polícia e os serviços públicos da favela, que virou território dos bandidos. Em 2004, a ONU enviou uma missão de paz para estabilizar o país e, em 2006, as forças estrangeiras e a polícia haitiana invadiram a favela, mataram ou prenderam os principais bandidos e permitiram que alguns serviços do governo de René Préval fossem prestados.
- Não podemos deixar que volte ao que era. Os moradores não querem - diz Michel Maria Marcelie, da ONG Movimento de Organização de Cité Soleil e moradora da favela.
A operação de pacificação de Cité Soleil é considerada uma das mais importantes vitórias do comando brasileiro no Haiti e do governo Préval. A inteligência brasileira tem informações de que sete dos mais famosos bandidos que voltaram para a favela foram mortos pelos moradores, alguns com a mesma crueldade que costumavam usar para torturar a população.
- Temos informações de bandidos degolados e queimados vivos por moradores. Alguns policiais à paisana mataram outros a tiros, mas as informações ainda precisam ser checadas - disse o comandante. - O nível de indignação dos moradores é alto e há consenso de que a situação caótica de antes não pode voltar.
Inteligência já tem informações sobre criminosos que fugiram da prisão
Gilberto Scofield
PORTO PRÍNCIPE. O serviço de inteligência das Forças Militares do Brasil no Haiti já começou o trabalho de localização dos cerca de três mil criminosos que fugiram da Penitenciária Nacional de Porto Príncipe depois do terremoto e se refugiaram, em sua maioria, na favela de Cité Soleil (300 mil habitantes) e no bairro bastante destruído de Bel Air, no centro da capital. Segundo um comandante do Exército, a coleta de informações para a localização dos criminosos está sendo feita com discrição entre os moradores, e uma gigantesca operação de retomada da favela e de Bel Air acontecerá "tão logo a situação mais emergencial esteja superada".
As Forças Armadas brasileiras têm pressa. Afinal, não apenas o comando militar - como também a população dos dois bairros - teme que estes criminosos se reagrupem e voltem a aterrorizar as duas regiões.
- A operação deve ter a magnitude que a situação exige - afirmou o comandante. - Estamos planejando a ação, que deverá ser do porte da retomada de Cité Soleil, iniciada em 2006. Os moradores estão tão temerosos de que volte o terror imposto pelos bandidos que estão nos ajudando com a localização dos criminosos e das armas roubadas dos guardas e escondidas após os tremores.
Cité Soleil foi organizada para servir de moradia para os trabalhadores de uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE) e logo virou uma gigantesca favela com a chegada em massa de camponeses. A situação degenerou com a formação de gangues que aterrorizavam a população com brigas constantes.
Em 1991, com o golpe que derrubou o presidente Jean-Bertrand Aristide, a ZPE foi fechada e a pobreza no lugar aumentou. Ali, Aristide tinha sua maior base de apoio. A escalada da violência afugentou a polícia e os serviços públicos da favela, que virou território dos bandidos. Em 2004, a ONU enviou uma missão de paz para estabilizar o país e, em 2006, as forças estrangeiras e a polícia haitiana invadiram a favela, mataram ou prenderam os principais bandidos e permitiram que alguns serviços do governo de René Préval fossem prestados.
- Não podemos deixar que volte ao que era. Os moradores não querem - diz Michel Maria Marcelie, da ONG Movimento de Organização de Cité Soleil e moradora da favela.
A operação de pacificação de Cité Soleil é considerada uma das mais importantes vitórias do comando brasileiro no Haiti e do governo Préval. A inteligência brasileira tem informações de que sete dos mais famosos bandidos que voltaram para a favela foram mortos pelos moradores, alguns com a mesma crueldade que costumavam usar para torturar a população.
- Temos informações de bandidos degolados e queimados vivos por moradores. Alguns policiais à paisana mataram outros a tiros, mas as informações ainda precisam ser checadas - disse o comandante. - O nível de indignação dos moradores é alto e há consenso de que a situação caótica de antes não pode voltar.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Missão de Paz no Haiti
Ministério explica uso de farda por Jobim
O Ministério da Defesa justificou ontem o uso de uniforme militar pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante visita ao Haiti na semana passada. Em nota, o órgão afirma que, em 2007, a Procuradoria Geral da República interpretou que o ministro da Defesa, mesmo sendo civil, pode usar uniforme militar em visitas a unidades operacionais das Forças Armadas – como no caso de Jobim.
“Há mais de dois anos está consolidada a interpretação de que os ministros da Pasta da Defesa têm o direito constitucional de usar uniforme militar”, explica o ministério na nota. Em 2007, o então procurador geral da República Antônio Fernando de Souza determinou o arquivamento de representação apresentada por um coronel da reserva contra Jobim na Justiça Militar e no Supremo Tribunal Federal pelo uso do uniforme militar. Na época, o procurador entendeu que o ministro, por ser chefe das Forças Armadas, não comete nenhum tipo de crime ao usar uniforme camuflado. O coronel argumentou que, pelo Código Penal Militar, Jobim estaria proibido de usar o uniforme por não ser militar.
Segundo a nota, Jobim usou o uniforme pela primeira vez em 2007 por sugestão do comandante do Exército, general Enzo Martins Peri. “Ele (general) considerou um símbolo da integração entre o ministro, recém empossado naquele momento, e as tropas. O uniforme camuflado é usado pelos militares em operações de campo, por ser confortável, resistente e prático para enfrentar as adversidades climáticas e geográficas”, detalha na nota a assessoria de Jobim.
O Ministério da Defesa justificou ontem o uso de uniforme militar pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante visita ao Haiti na semana passada. Em nota, o órgão afirma que, em 2007, a Procuradoria Geral da República interpretou que o ministro da Defesa, mesmo sendo civil, pode usar uniforme militar em visitas a unidades operacionais das Forças Armadas – como no caso de Jobim.
“Há mais de dois anos está consolidada a interpretação de que os ministros da Pasta da Defesa têm o direito constitucional de usar uniforme militar”, explica o ministério na nota. Em 2007, o então procurador geral da República Antônio Fernando de Souza determinou o arquivamento de representação apresentada por um coronel da reserva contra Jobim na Justiça Militar e no Supremo Tribunal Federal pelo uso do uniforme militar. Na época, o procurador entendeu que o ministro, por ser chefe das Forças Armadas, não comete nenhum tipo de crime ao usar uniforme camuflado. O coronel argumentou que, pelo Código Penal Militar, Jobim estaria proibido de usar o uniforme por não ser militar.
Segundo a nota, Jobim usou o uniforme pela primeira vez em 2007 por sugestão do comandante do Exército, general Enzo Martins Peri. “Ele (general) considerou um símbolo da integração entre o ministro, recém empossado naquele momento, e as tropas. O uniforme camuflado é usado pelos militares em operações de campo, por ser confortável, resistente e prático para enfrentar as adversidades climáticas e geográficas”, detalha na nota a assessoria de Jobim.
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Re: Missão de Paz no Haiti
Forças brasileiras fazem ampla operação para reafirmar comando
Soldados distribuem alimentos no Palácio Nacional e, em discurso, general adota tom de recado aos EUA
Leandro Colon
As tropas brasileiras no Haiti deram uma resposta ontem ao movimento militar dos EUA no país. O batalhão brasileiro montou uma megaoperação de distribuição de 10 toneladas de comida e 22 mil litros de água em frente ao Palácio Nacional pela manhã para abastecer 5 mil haitianos. Num gesto simbólico de poder em Porto Príncipe, foram hasteadas duas bandeiras do Brasil diante do palácio, que foi arrasado no terremoto do dia 12. Todo o alto escalão militar brasileiro no Haiti esteve presente.
Cerca de 20 carros militares brasileiros, entre eles 10 blindados, além de 150 homens, foram levados ao palácio. A opção não foi à toa. Na terça-feira, 20 helicópteros Black Hawk dos EUA aterrissaram no mesmo local, uma atitude que incomodou os militares brasileiros, oficialmente responsáveis pela segurança do Haiti. Ontem, aliás, o Brasil passou por um constrangimento. Durante a entrega da comida, dois helicópteros americanos pousaram no local. O vento chegou a derrubar uma das bandeiras brasileiras.
O general Floriano Peixoto Vieira Neto, chefe das forças de paz da ONU no Haiti, não escondeu que a entrega dos alimentos serviu para, além de ajudar os haitianos, o Brasil "marcar posição", segundo palavras dele, em relação ao controle da segurança em Porto Príncipe. O general comanda uma tropa de 7 mil militares de vários países. O Brasil tem o maior contingente, com 1.266 soldados.
Em seu discurso, Floriano Peixoto adotou um tom de recado aos EUA. "Eu, general Floriano Peixoto, sou o comandante. Meu papel é de grande articulação. Aqui tem um brasileiro, um chefe da Minustah (nome da missão da ONU). A parte de segurança cabe a um general brasileiro. Não podemos perder a oportunidade de mostrar isso ao Brasil. Temos o maior contingente de tropas", afirmou. "A participação deles (EUA) é temporária", ressaltou, referindo-se ao acordo entre ONU e EUA, segundo o qual, teoricamente, os americanos cuidarão apenas da ajuda humanitária.
Em entrevista ao Estado na terça-feira, o chefe civil da missão da ONU, o guatemalteco Edmond Mulet, afirmou que a presença dos EUA no Haiti é "temporária" e "limitada". Diante do palácio, uma enorme praça abriga milhares de haitianos desabrigados. "O Brasil é o responsável por essa área. Aqui é o centro do poder", reforçou o coronel João Batista Bernardes, que comanda as tropas brasileiras. Para hoje, está programada uma distribuição conjunta de alimentos. Será uma ação para tentar mostrar que a situação é pacífica, apesar do mal-estar entre os dois países em Porto Príncipe.
Na quinta-feira, três oficiais americanos, entre eles um do setor de inteligência, fizeram uma visita ao general João Batista Bernardes. Eles discutiram os termos da parceria e foram cobrados a dar explicações sobre o pouso dos 20 helicópteros no gramado do palácio. O comando militar dos EUA disse que tudo não passou de um treinamento de resgate de sobreviventes. Nas ruas da capital, patrulhas americanas circulam com timidez.
Soldados distribuem alimentos no Palácio Nacional e, em discurso, general adota tom de recado aos EUA
Leandro Colon
As tropas brasileiras no Haiti deram uma resposta ontem ao movimento militar dos EUA no país. O batalhão brasileiro montou uma megaoperação de distribuição de 10 toneladas de comida e 22 mil litros de água em frente ao Palácio Nacional pela manhã para abastecer 5 mil haitianos. Num gesto simbólico de poder em Porto Príncipe, foram hasteadas duas bandeiras do Brasil diante do palácio, que foi arrasado no terremoto do dia 12. Todo o alto escalão militar brasileiro no Haiti esteve presente.
Cerca de 20 carros militares brasileiros, entre eles 10 blindados, além de 150 homens, foram levados ao palácio. A opção não foi à toa. Na terça-feira, 20 helicópteros Black Hawk dos EUA aterrissaram no mesmo local, uma atitude que incomodou os militares brasileiros, oficialmente responsáveis pela segurança do Haiti. Ontem, aliás, o Brasil passou por um constrangimento. Durante a entrega da comida, dois helicópteros americanos pousaram no local. O vento chegou a derrubar uma das bandeiras brasileiras.
O general Floriano Peixoto Vieira Neto, chefe das forças de paz da ONU no Haiti, não escondeu que a entrega dos alimentos serviu para, além de ajudar os haitianos, o Brasil "marcar posição", segundo palavras dele, em relação ao controle da segurança em Porto Príncipe. O general comanda uma tropa de 7 mil militares de vários países. O Brasil tem o maior contingente, com 1.266 soldados.
Em seu discurso, Floriano Peixoto adotou um tom de recado aos EUA. "Eu, general Floriano Peixoto, sou o comandante. Meu papel é de grande articulação. Aqui tem um brasileiro, um chefe da Minustah (nome da missão da ONU). A parte de segurança cabe a um general brasileiro. Não podemos perder a oportunidade de mostrar isso ao Brasil. Temos o maior contingente de tropas", afirmou. "A participação deles (EUA) é temporária", ressaltou, referindo-se ao acordo entre ONU e EUA, segundo o qual, teoricamente, os americanos cuidarão apenas da ajuda humanitária.
Em entrevista ao Estado na terça-feira, o chefe civil da missão da ONU, o guatemalteco Edmond Mulet, afirmou que a presença dos EUA no Haiti é "temporária" e "limitada". Diante do palácio, uma enorme praça abriga milhares de haitianos desabrigados. "O Brasil é o responsável por essa área. Aqui é o centro do poder", reforçou o coronel João Batista Bernardes, que comanda as tropas brasileiras. Para hoje, está programada uma distribuição conjunta de alimentos. Será uma ação para tentar mostrar que a situação é pacífica, apesar do mal-estar entre os dois países em Porto Príncipe.
Na quinta-feira, três oficiais americanos, entre eles um do setor de inteligência, fizeram uma visita ao general João Batista Bernardes. Eles discutiram os termos da parceria e foram cobrados a dar explicações sobre o pouso dos 20 helicópteros no gramado do palácio. O comando militar dos EUA disse que tudo não passou de um treinamento de resgate de sobreviventes. Nas ruas da capital, patrulhas americanas circulam com timidez.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Missão de Paz no Haiti
Eu estranho um pouco essa notícia de seis mil presos foragidos: de que são feitas as cadeias no Haiti, de madeira compensada, de pano, de papelão? Se der um terremoto aqui em Osório acho que pouca gente, entre vagos e APs, se salva, é tudo de ferro galvanizado, aço e concreto...
Para mim deve ter é seis mil presos DESAPARECIDOS, daí a dizer que fugiram...
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“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Missão de Paz no Haiti
Batalhão brasileiro constrói campo de refugiados
DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE
O governo do Haiti planeja a construção de diversos campos de refugiados nos arredores da capital, Porto Príncipe, para tentar resolver um dos maiores dramas causados pelo terremoto: como esvaziar as praças e ruas ocupadas pela população afetada.
O primeiro começou a ser preparado anteontem, pelo batalhão de engenharia do Exército brasileiro. Ficará no subúrbio de Croix des Bouquets, a cerca de 20 km do centro da capital haitiana.
Terá 40 hectares e capacidade para abrigar, no início, 13 mil pessoas. Até amanhã, o trabalho de terraplenagem de uma primeira área de cinco hectares deverá estar concluído.
Na semana que vem começa a montagem do campo, numa primeira etapa com lonas para famílias e depois com construções definitivas. O governo do Haiti quer que os campos, no longo prazo, se transformem em bairros.
"O terreno nesta região já é plano, então é um trabalho rápido e fácil", afirmou o major Euler Arrais, da Companhia de Engenharia do Exército.
Mas a terraplenagem é apenas o começo. Para que o campo receba as primeiras famílias, ainda precisará ser erguida a infrestrutura básica. "Prevejo que em alguns dias pessoas já possam ser transferidas", afirmou o general Floriano Peixoto, comandante da Minustah, a força de paz da ONU.
Dinheiro
A construção será financiada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A ideia é que seja minimamente organizado em ruas, com creche, escola e posto de saúde. Haveria também uma área de lazer com quadras esportivas.
A modelagem dos campos ainda está sendo definida. Há duas hipóteses: grandes campos concentrados em poucas áreas, ou unidades menores, margeando avenidas.
A situação dos acampamentos improvisados no centro de Porto Príncipe é precária. Na praça em frente ao palácio presidencial, barracas são presas a postes. Famílias se espremem para se proteger do sol forte, em busca dos poucos espaços com sombra. Não há água potável, apenas esgoto. O cheiro de urina é forte.
Por toda a cidade a realidade se repete, em aglomerações com milhares de barracas. Por isso, a retirada das pessoas da zona central passou a ser a prioridade nos esforços de ajuda pós-terremoto, agora que os mortos já foram retirados das ruas e não há mais como encontrar sobreviventes. (FZ)
DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE
O governo do Haiti planeja a construção de diversos campos de refugiados nos arredores da capital, Porto Príncipe, para tentar resolver um dos maiores dramas causados pelo terremoto: como esvaziar as praças e ruas ocupadas pela população afetada.
O primeiro começou a ser preparado anteontem, pelo batalhão de engenharia do Exército brasileiro. Ficará no subúrbio de Croix des Bouquets, a cerca de 20 km do centro da capital haitiana.
Terá 40 hectares e capacidade para abrigar, no início, 13 mil pessoas. Até amanhã, o trabalho de terraplenagem de uma primeira área de cinco hectares deverá estar concluído.
Na semana que vem começa a montagem do campo, numa primeira etapa com lonas para famílias e depois com construções definitivas. O governo do Haiti quer que os campos, no longo prazo, se transformem em bairros.
"O terreno nesta região já é plano, então é um trabalho rápido e fácil", afirmou o major Euler Arrais, da Companhia de Engenharia do Exército.
Mas a terraplenagem é apenas o começo. Para que o campo receba as primeiras famílias, ainda precisará ser erguida a infrestrutura básica. "Prevejo que em alguns dias pessoas já possam ser transferidas", afirmou o general Floriano Peixoto, comandante da Minustah, a força de paz da ONU.
Dinheiro
A construção será financiada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A ideia é que seja minimamente organizado em ruas, com creche, escola e posto de saúde. Haveria também uma área de lazer com quadras esportivas.
A modelagem dos campos ainda está sendo definida. Há duas hipóteses: grandes campos concentrados em poucas áreas, ou unidades menores, margeando avenidas.
A situação dos acampamentos improvisados no centro de Porto Príncipe é precária. Na praça em frente ao palácio presidencial, barracas são presas a postes. Famílias se espremem para se proteger do sol forte, em busca dos poucos espaços com sombra. Não há água potável, apenas esgoto. O cheiro de urina é forte.
Por toda a cidade a realidade se repete, em aglomerações com milhares de barracas. Por isso, a retirada das pessoas da zona central passou a ser a prioridade nos esforços de ajuda pós-terremoto, agora que os mortos já foram retirados das ruas e não há mais como encontrar sobreviventes. (FZ)
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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