Alternativas para fim do FX2

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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FABIO
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Re: Alternativas para fim do FX2

#211 Mensagem por FABIO » Ter Mar 22, 2011 5:31 pm

chegar aos 57 anos é muita coisa eu com 41 anos acho que não chego´naão ser que perca
peso urgente, 110 kgs e 1,62mt de altura [002] serei o novo atacante do botafogo do Rio :mrgreen: alo Padilha :lol:
helio
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Re: Alternativas para fim do FX2

#212 Mensagem por helio » Ter Mar 22, 2011 5:35 pm

NovaTO escreveu:
LeandroGCard escreveu:Este é um excelente exemplo do tipo de raciocínio incorreto que condena o desenvolvimento tecnológico nacional, e não apenas na área de defesa.

O governo não cria centros de pesquisa porque quer resultados, ele os cria porque A INDÚSTRIA OS QUER, e cobra sua criação (e para isso paga campanhas eleitorais, faz lobby, etc...). Mas para que a indústria se interesse por centros de pesquisa ela precisa perceber que a inovação é um aspecto importante do seu negócio, e isto só acontece se as empresas estiverem interessadas em VENCER CONCORRÊNCIAS.

Mas as empresas vão atrás de vencer concorrências quando buscam MERCADOS NÃO CATIVOS ou seja, EXTERNOS. Para isso elas primeiro precisam é claro existir, mas também tem que produzir produtos que possam ser ofertados no mercado internacional. E elas só podem fazer isso com produtos próprios, por isso produzir algo aqui sob licença POUCO AJUDA O DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NACIONAL, em qualquer área.

É claro que se a empresa já estiver desenvolvendo seus produtos e puder contar com ToT's para aperfeiçoá-los isto é ótimo, mas ANTES ELA TEM que possuir programas de desenvolvimento de produtos em andamento. Falar em (e principalmente pagar por) ToT sem programas claros e bem definidos de desenvolvimento de novos produtos e sistemas associados a ela é perda de tempo e de dinheiro.

Como para realmente necessitar de pesquisa e desenvolvimento as empresas nacionais de defesa teriam que produzir produtos que pudessem ser oferecidos ao mercado internacional, estes teriam que incorporar nas suas especificações características que os tornassem diferenciados e competitivos à nível mundial. Caberia às FA’s nacionais adequar suas doutrinas e requerimentos a isto, portanto elas DEVERIAM EVITAR AO MÁXIMO emitir requisições para equipamentos exatamente similares ao que já existe disponível no mercado. Isto implica em que nossas FA’s teriam que ser muito mais ousadas e inovadoras do que historicamente tem sido, e sempre que possível acompanhar as próprias iniciativas da indústria.


Resumindo:

- As FA’s (ou o MD) teriam que estar à frente do seu tempo, e não ficar sempre correndo atrás do que as demais já fazem. E suas demandas seriam repassadas à indústria nacional.

-As indústrias nacionais deveriam ser solicitadas a atender a esta demanda por novos armamentos e sistemas, e a apresentar suas próprias ofertas inovadoras quando as tivessem.

-O governo deveria dar o suporte garantindo a compra dos lotes mínimos que tornassem os novos produtos viáveis, apoiando as tentativas de vendas externas e fornecendo o suporte em termos de infra-estrutura (e aí se incluiriam os centros de pesquisa).

-Apenas onde este ciclo não se mostrasse técnica e/ou economicamente viável seriam efetuadas compras de prateleira, e as FA’s deveriam garantir que sua doutrina exigiria o uso mínimo destes itens e adquirir os produtos visando o mínimo custo, a menos que ToT’s interessantes fossem também oferecidas (lembrando que Tot’s interessantes são apenas as que se encaixem em projetos já em andamento ou que permitam o início de outros de interesse real ).

- P&D é apenas um item do esquema, não o único e nem mesmo o primeiro. O ideal é que a iniciativa parta das próprias FA’s, que deveriam assumir a postura proposta e buscar antes de mais nada a indústria, e só depois, JUNTAS, o governo. A FAB já faz isso até certo ponto, mas poderia ser mais ousada e explícita. EB e MB ainda tem muito caminho a percorrer.


abraços à todos,


Leandro G. Card

Belo texto, concordo 100%. :idea: :!:
Beleza Leandro
quantos paises do mundo e quais pensam e agem assim?
Vamos ver: os EUA,Russia,China,Inglaterra,França, India,Iran,Israel......(tem mais?)
Bem, destes que citei quantos estão sempre em situação beligerante com vizinhos ou então intervem em paises em nome da segurança e "apoio humanitário"?...... Todos que citei
Acho que o foco do Brasil é outro, daí a falta de investimento no setor.

Abraços

Hélio

em tempo: o unico pais que me veio na cabeça que investe em tecnologia bélica da forma como vc descreveu é a Suécia.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#213 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mar 22, 2011 6:22 pm

helio escreveu:Beleza Leandro
quantos paises do mundo e quais pensam e agem assim?
Vamos ver: os EUA,Russia,China,Inglaterra,França, India,Iran,Israel......(tem mais?)
Bem, destes que citei quantos estão sempre em situação beligerante com vizinhos ou então intervem em paises em nome da segurança e "apoio humanitário"?...... Todos que citei
Acho que o foco do Brasil é outro, daí a falta de investimento no setor.

Abraços

Hélio

em tempo: o unico pais que me veio na cabeça que investe em tecnologia bélica da forma como vc descreveu é a Suécia.
Sim, a Suécia é o modelo a ser seguido.

Mas não podemos esquecer do Japão (que teoricamente nem poderia investir em defesa, e tem o agravante de não poder exportar, mas não deixa de utilizar o setor para alavancar seu avanço tecnológico mesmo assim) e da Itália também (outra que não se mete em guerras há muito tempo, nem é o forte dela), sem falar na Coréia do Sul (esta pressionada por sua situação com a CN). Até a Espanha está seguindo este caminho na área naval, e a Turquia já mostrou querer seguir o exemplo do Irã. Países menores como Holanda, Noruega, Bélgica, Suíça, etc... também não deixam de fazer algumas coisas na área. E acaba que a lista fica bem longa não?

Mas mesmo que absolutamente nenhum país no planeta seguisse esta "receita" isto não seria motivo para não tentá-la aqui, pois qualquer coisa é melhor do que a forma como a relação entre nossas FA´s, a sociedade e o governo sempre funcionaram, não é?


Um grande abraço,


Leandro G. Card
Bender

Re: Alternativas para fim do FX2

#214 Mensagem por Bender » Ter Mar 22, 2011 6:43 pm

LeandroGCard escreveu:
alex escreveu:O problema de P&D é que os frutos vem depois de 4 anos que é mais que um mandato politico.
Só um estadista pode pensar em criar centros de P&D sem querer receber nada em troca durante seu mandato. E no Brasil não me lembro qual foi nosso ultimo estadista.
Este é um excelente exemplo do tipo de raciocínio incorreto que condena o desenvolvimento tecnológico nacional, e não apenas na área de defesa.

O governo não cria centros de pesquisa porque quer resultados, ele os cria porque A INDÚSTRIA OS QUER, e cobra sua criação (e para isso paga campanhas eleitorais, faz lobby, etc...). Mas para que a indústria se interesse por centros de pesquisa ela precisa perceber que a inovação é um aspecto importante do seu negócio, e isto só acontece se as empresas estiverem interessadas em VENCER CONCORRÊNCIAS.

Mas as empresas vão atrás de vencer concorrências quando buscam MERCADOS NÃO CATIVOS ou seja, EXTERNOS. Para isso elas primeiro precisam é claro existir, mas também tem que produzir produtos que possam ser ofertados no mercado internacional. E elas só podem fazer isso com produtos próprios, por isso produzir algo aqui sob licença POUCO AJUDA O DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NACIONAL, em qualquer área.

É claro que se a empresa já estiver desenvolvendo seus produtos e puder contar com ToT's para aperfeiçoá-los isto é ótimo, mas ANTES ELA TEM que possuir programas de desenvolvimento de produtos em andamento. Falar em (e principalmente pagar por) ToT sem programas claros e bem definidos de desenvolvimento de novos produtos e sistemas associados a ela é perda de tempo e de dinheiro.

Como para realmente necessitar de pesquisa e desenvolvimento as empresas nacionais de defesa teriam que produzir produtos que pudessem ser oferecidos ao mercado internacional, estes teriam que incorporar nas suas especificações características que os tornassem diferenciados e competitivos à nível mundial. Caberia às FA’s nacionais adequar suas doutrinas e requerimentos a isto, portanto elas DEVERIAM EVITAR AO MÁXIMO emitir requisições para equipamentos exatamente similares ao que já existe disponível no mercado. Isto implica em que nossas FA’s teriam que ser muito mais ousadas e inovadoras do que historicamente tem sido, e sempre que possível acompanhar as próprias iniciativas da indústria.


Resumindo:

- As FA’s (ou o MD) teriam que estar à frente do seu tempo, e não ficar sempre correndo atrás do que as demais já fazem. E suas demandas seriam repassadas à indústria nacional.

-As indústrias nacionais deveriam ser solicitadas a atender a esta demanda por novos armamentos e sistemas, e a apresentar suas próprias ofertas inovadoras quando as tivessem.

-O governo deveria dar o suporte garantindo a compra dos lotes mínimos que tornassem os novos produtos viáveis, apoiando as tentativas de vendas externas e fornecendo o suporte em termos de infra-estrutura (e aí se incluiriam os centros de pesquisa).

-Apenas onde este ciclo não se mostrasse técnica e/ou economicamente viável seriam efetuadas compras de prateleira, e as FA’s deveriam garantir que sua doutrina exigiria o uso mínimo destes itens e adquirir os produtos visando o mínimo custo, a menos que ToT’s interessantes fossem também oferecidas (lembrando que Tot’s interessantes são apenas as que se encaixem em projetos já em andamento ou que permitam o início de outros de interesse real ).

- P&D é apenas um item do esquema, não o único e nem mesmo o primeiro. O ideal é que a iniciativa parta das próprias FA’s, que deveriam assumir a postura proposta e buscar antes de mais nada a indústria, e só depois, JUNTAS, o governo. A FAB já faz isso até certo ponto, mas poderia ser mais ousada e explícita. EB e MB ainda tem muito caminho a percorrer.


abraços à todos,


Leandro G. Card
Mais uma vez corretíssimo! [100]

Podemos no caso brasileiro onde a defasagem tecnológica é flagrante,também imaginar a industria tomando a frente da busca pelos tots necessários aos projetos, através de joint ventures ou licenciamentos e etc por que não? o Governo daria a sua contribuição nas "negociações" quando estas envolvessem autorizações específicas e "políticas",para algum item ,junto a outros governos,cada vez fica mais claro que as ações tem que ter a industria como ponta de lança,e não o inverso :wink: principalmente no convencimento ao apoio dos políticos aos projetos.

Grande abraço!
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Re: Alternativas para fim do FX2

#215 Mensagem por Carlos Lima » Ter Mar 22, 2011 6:56 pm

Excelente posts Srs [100] [009]

Só aulas!!! :D

[]s
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Re: Alternativas para fim do FX2

#216 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mar 22, 2011 7:03 pm

Bender escreveu:Mais uma vez corretíssimo! [100]

Podemos no caso brasileiro onde a defasagem tecnológica é flagrante,também imaginar a industria tomando a frente da busca pelos tots necessários aos projetos, através de joint ventures ou licenciamentos e etc por que não? o Governo daria a sua contribuição nas "negociações" quando estas envolvessem autorizações específicas e "políticas",para algum item ,junto a outros governos,cada vez fica mais claro que as ações tem que ter a industria como ponta de lança,e não o inverso :wink: principalmente no convencimento ao apoio dos políticos aos projetos.

Grande abraço!
Quando interessantes ToT´s são bem vindas, assim como desenvolvimentos conjuntos quando possível. Mas deve-se tomar muito cuidado com licenciamentos ou outras coisas semelhantes, pois seria prencher uma demanda interna com um ítem não exportável posteriormente, com o sério risco de prejudicar o volume total da produção e inviabilizar a empresa no médio/longo prazo.

Se um ítem não pode ser desenvolvido aqui ou não há transferência do Know Why (e não apenas do Know How) ele deve ser importado simplesmente, a menos que a produção local resulte em custo menor total da encomenda, o que dificilmente é o caso. Não queremos mais fábricas como as de torpedos leves da marinha, queremos mais "Embraeres".


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Re: Alternativas para fim do FX2

#217 Mensagem por helio » Ter Mar 22, 2011 7:16 pm

[quote="LeandroGCardMas não podemos esquecer do Japão (que teoricamente nem poderia investir em defesa, e tem o agravante de não poder exportar, mas não deixa de utilizar o setor para alavancar seu avanço tecnológico mesmo assim) e da Itália também (outra que não se mete em guerras há muito tempo, nem é o forte dela), sem falar na Coréia do Sul (esta pressionada por sua situação com a CN). Até a Espanha está seguindo este caminho na área naval, e a Turquia já mostrou querer seguir o exemplo do Irã. Países menores como Holanda, Noruega, Bélgica, Suíça, etc... também não deixam de fazer algumas coisas na área. E acaba que a lista fica bem longa não?

Mas mesmo que absolutamente nenhum país no planeta seguisse esta "receita" isto não seria motivo para não tentá-la aqui, pois qualquer coisa é melhor do que a forma como a relação entre nossas FA´s, a sociedade e o governo sempre funcionaram, não é?


Um grande abraço,


Leandro G. Card[/quote]

Leandro
dos países que vc acrescentou tenho os seguintes comentários:

Japão:Ilustra bem o seu exemplo, pois apesar de somente ter uma FA defensiva, investe muito na defesa,porém é necessário proteger contra a China e Coreia do Norte.
Coréia do Sul: investe pois tem um vizinho ameaçador(na verdade uma luta fraticida)
Os outros países que vc citou pertencem a OTAN e consequentemente investem um bocado em armas.
A suiça: Bem a Suiça tem produtos, mas necessita importar mais de 80% de seus equipamentos. Acho que o unico exemplo de industria bélica bem pavimentada memso sem ameaças é a Suécia. Se bem que sempre tiveram problemas com a Ex-União Soviética.
Enfim, falando de forma pragmatica, se o Brasil tivesse ameaças, com certeza investiria nesta área, e muito

Abraço
Hélio
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Re: Alternativas para fim do FX2

#218 Mensagem por sapao » Ter Mar 22, 2011 8:36 pm

Teríamos que fazer algo realmente muito estúpido para justificar qualquer ataque contra nós, como por exemplo invadir sem provocação algum vizinho menor. Então, para nos proteger, é só evitar qualquer movimento neste sentido, e aí a não posse de armas modernas serve até melhor a nossa defesa que sua posse.

E se o massacre de Eldorado fosse em uma aldeia indigena?
E se alguem quiser colocar uma plataforma a 210nm da costa para explorar o pré-sal?
E se a ONU proibir a produção de gado ou soja alem de determinada quantidade para evitar o aquecimento global?
E se ao inves de invadir, o Brasil tiver sua soberania de fonteira ameaçada (não estou falando de invasão), exatamente por um vizinho com a certeza de que não iremos revidar para não termos problema na comunidade internacional?
Vamos fazer o que?
O conceito de estupido pode variar muito, como dizia o Forrest:"Stupid is as stupid does!"
So para constar, é quase certo que não só os USA sabiam da invasão do Kuwait em 1990 como deram o aval, vendo depois a estupidez que haviam feito...

Sobre as armas velhas X modernas eu acho um contrasenso o que você escreveu.
Mas se sua teoria de quem possui armas velhas está melhorando sua defesa estiver certa, então estamos no caminho para mais de 100 anos sem guerras!

E se apesar disso tudo ainda assim algum país ou grupo de países estrangeiros decidir nos atacar, só quem poderia fazê-lo seriam justamente as mesmas potências ocidentais das quais estaríamos agora comprando a maior parte dos equipamentos que pretensamente serviriam para nos defender delas. Isto não seria um óbvio absurdo?

Poderia caso não houvesse uma grande falha no raciocinio: SEMPRE vai haver uma grande potencia contraria ou se abstendo ao conflito a quem poderemos recorrer.
Veja em todos os conflitos e você vai ver que sempre existe aguem disponivel para se pedir ajuda, já que o inimigo do meu concorrente e meu aliado em potencial!


Da mesma forma as chances de nosso país se envolver em conflitos de terceiros por conta própria ou por mandato da ONU também só existem nas condições que o próprio governo decidir, e por isso equipamentos modernos não fazem falta.

Qualquer conflito so vai ocorrer se o governo assim decidir, a menos que seja um revolta civil.

Se não necessitassemos de equipamentos modernos não teriamos os FN fazendo compras de oportunidade para os BRABATT, e acredite, equipamentos modernos SEMPRE vão fazer falta!

Equipamentos de visão noturna, da navegação autonoma, de comunicação segura, de proteção individual fazem MUITA diferença, e isso falando no nivel mais simples de combate que é o soldado de infantaria.
Esta ai o HAITI que não me deixa mentir.


Nosso país é simplesmente grande demais, populoso demais, isolado demais e está demasiado inserido na cultura ocidental democrática para que se crie alguma justificativa como as usadas contra ditaduras árabes ou grupos radicais islâmicos.

De que tipo de conflito estamos falando?
Como eu disse, temos que ter apenas a capacidade de dizer "não", ou "sim".

Infelimente a nossa inserção no mundo ocidental e outras justificativas não impediram intromissões nas decadas de 40 e 60.

"Mas eram outras tempos!"
Certamente, mas esquecer o passado é o caminho certo para cometer o mesmo erro no futuro.

Leandro, acho que estamos discutindo coisas diferentes.
Você está mostrando o que deve ser feito para atingir um objetivo, e eu o porque de tal objetivo.
Tenha certeza que eu não preciso ser convencido de que o discurso "defensistico" não tem o menor apoio politico, muito pelo contrario.
Mas ai temos de voltar para aqueles com apelo social, fugindo da face guerreira da força para torna-la cada vez mais uma guarda nacional, o que foge da sua atribuição.

Pode ser feito?
Logico que sim, a FAB fez isso com o ITA e hoje certamente o peso politico daquela região extrapola muito o da força, trazendo inumeras benesses para a força, mas isso hoje é impraticavel.

Construir um projeto do porte do ITA com verbas da FAB seria impossivel. Então porque nçao fazer algo mais simples e apoiar as industrias do setor para obter o apoio? Mas isso tambem ja esta sendo feito, com a MECTRON entre outras, buscando verba da FAPESP, MEC, CNPQ, etc...
E mesmo assim não anda porque não existe comprometimento!

Da mais voto investir milhoes em um programa de alta tecnologia que vai gerar 500 empregos mas agregar valor ao pais ou pagar bolsa-qualquer coisa para milhares de familias?
O Paquistão veio aqui e começou a falar de comprar centenas de misseis, enquanto o Brasil...

Por isso digo: é logico que o projeto tem de sair da esfera puramente militar, mas mesmo assim o peso politico é pequeno, mesmo que os politicos tenham muito mais influencia que os comandantes militares!

Se não fosse verdade o F-X ja estaria sendo produzido a muito tempo no ABC,.
[justificar]“ Se não eu, quem?
Se não agora, quando?”[/justificar]
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Re: Alternativas para fim do FX2

#219 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mar 22, 2011 9:48 pm

Boa Noite Sapão.

Apesar considerar que exagera nas possíveis ameaças, acho que você está certo, existem motivos para o Brasil investir em uma defesa mais consistente do que tem hoje. De fato não é este o ponto que questiono.

O ponto principal que coloco é que enquanto as forças baterem apenas nesta tecla não vai resultar em nada, pois para cada argumento como os seus o pessoal que não tem interesse em que o Brasil se torne respeitado (ou que tem interesse justamente no contrário) apresentará dois contra, e a situação ficará exatamente como é hoje ou seja, quase nada será feito. Você mesmo reconhece isto.

O enfoque então poderia mudar, e ao invés de falar em o que o país precisaria para se defender as FA´s poderiam focar nos programas que poderiam ter apelo junto aos empresários e industriais, e aí teria pelo menos interlocutores interessados em dialogar. Depois, chegando-se a um consenso, a idéia seria levada aos políticos. É óbvio que eles a pesariam contra os bolsa-família da vida, mas os esfomeados que vivem destes programas sociais não contribuem para campanhas políticas, não montam lobbies em Brasília nem pagam propina para congressistas, então os argumentos levados por empresários e industriais também tem o seu peso, ao contrário dos levantados pelos militares, que também não fazem nada disso. Desde que não houvesse exageros (força aérea com 500 caças, marinha com 6 porta-aviões, exército com 4000 tanques pesados, etc...) seria muito mais fácil aprovar as verbas, como vários programas já mostraram. Vide o Prosub, o Uruveco, o KC-390, etc... .

Os militares precisam apenas aprender a fazer deste tipo de programa o procedimento normal, e encarar o fato de que aquilo que não puder envolver a indústria nacional vai ser bem mais difícil, e sairá a conta-gotas mesmo, fazer o quê. O negócio é minimizar a necessidade destes itens.

Agora, quando a FAB fala em comprar 12 caças para substituir os M-III de Anápolis (FX-1) ou mesmo 36 do melhor tipo possível (FX-2), é óbvio que nenhum empresário de porte terá interesse em um programa tão mínimo ou envolvendo equipamentos tão sofisticados, daí o desinteresse deles e por consequência o do governo. Neste caso é sentar e ficar esperando décadas mesmo, até os F-5 se desfazerem em pó. Agora, se na época do FX-1 a FAB já tivesse discutido com a Embraer e outros empresários nacionais a aquisição de um pequeno lote de um caça pesado para a missão dos M-III, E INCLUÍDO NO PACOTE DE AQUISIÇÃO a transferência de tecnologia (aí sim) para o desenvolvimento de um outro aparelho menor e mais simples para posteriormente ficar no lugar dos “M” (F-5M, A-1M, e A-4M), quem sabe já houvessem SH ou Su-35 operando em Anápolis e Manaus e o projeto do Gripen NG ou de um equivalente com tecnologia russa já não poderia estar fazendo seus primeiros vôos de teste na Embraer? O importante é amarrar pacotes coerentes de médio/longo prazo, que interessam aos empresários, e não ficar insistindo em resolver problemas pontuais.

Outro exemplo: FAB e EB estão se digladiando entre si e com o governo para aprovar a compra de meia dúzia de sistemas de mísseis AA, quando deveriam estar desenvolvendo junto com a MB um sistema nacional, a ser empregado pelas três forças. E ao invés de falar em construir no arsenal de marinha “algum projeto já aprovado” a MB deveria estar solicitando projetos às empresas nacionais (que é óbvio em um primeiro momento iriam buscá-los lá fora mesmo) para suas escoltas e patrulhas, já prevendo a adoção de modelos mais evoluídos ao longo do tempo que criassem uma base para tornar os estaleiros em exportadores deste tipo de embarcação, facilitando em muito a continuidade futura. A Espanha, que tinha menos tradição naval que o Brasil, fez exatamente isso, porquê nós sequer tentamos?

Dê uma lida nos meus últimos posts e acho que entenderá melhor o conceito que estou tentando apresentar.

Um grande abraço,


Leandro G. Card
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Re: Alternativas para fim do FX2

#220 Mensagem por Boss » Ter Mar 22, 2011 10:46 pm

Em um país que não tem inimigos ou ameaças no dia de hoje, que dizem estar quase parando (sim, o país, e não meia dúzia de caças velhos) pelo gargalo na infraestrutura, que tem pessoas morrendo em "guerras" entre grupos organizados de traficantes (entre si e/ou contra policiais), que tem gente morrendo em corredor de hospital pelo belíssimo estado da nossa saúde, e que tem um serviço de educação medíocre, é completamente normal o povão colocar a defesa nacional no rodapé de suas prioridades.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#221 Mensagem por NovaTO » Qua Mar 23, 2011 8:30 am

Essa discussão é interessante porque busca-se alternativas para "motivar" nossos políticos para equipar as FAs. Talvez essa seja a saída mesmo, FAs e Indústria(de grande porte, capazes de financiar campanhas) unidas, cada qual com seus interesses, capazes de motivar os político$ .

[]'s
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Re: Alternativas para fim do FX2

#222 Mensagem por suntsé » Qua Mar 23, 2011 10:15 am

Boss escreveu:Em um país que não tem inimigos ou ameaças no dia de hoje, que dizem estar quase parando (sim, o país, e não meia dúzia de caças velhos) pelo gargalo na infraestrutura, que tem pessoas morrendo em "guerras" entre grupos organizados de traficantes (entre si e/ou contra policiais), que tem gente morrendo em corredor de hospital pelo belíssimo estado da nossa saúde, e que tem um serviço de educação medíocre, é completamente normal o povão colocar a defesa nacional no rodapé de suas prioridades.

O pior de tudo, é que a populaça ignorante ainda engole discursos mentirosos dizendo que a CPMF vai para a saúde...e a saúde nunca melhora!

Vai ser burro na casa do chápeu.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#223 Mensagem por J.Ricardo » Qua Mar 23, 2011 11:17 am

Quem disse que a população engoliu essa palhaçado da CPMF??? Só a canalhada que defende essa idéia porca é que é complacente com essa pouca vergonha!!!
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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Re: Alternativas para fim do FX2

#224 Mensagem por FCarvalho » Qua Mar 23, 2011 1:34 pm

Apenas uma opinião de quem já viu essa mesma discussão a mais de vinte anos atrás.
Todo e qualquer projeto da área de defesa tem por principio, iniciar-se com base nos referenciais de politicas publicas estabelecidas pela geoestratégia nacional. Ou seja: o GF tem/teria de possuir um pensamento estratégico sobre o assunto defesa. Pergunta: existe esse pensamento? Resposta: Não. Então de quem seria a responsabilidade? Tecnicamente falando, das FA's. Mas pelo nosso histórico de realacionamento FA's x GF percebe-se que esse enfoque acima jamais sai do papel, ora porque mal compreendido ou aceito pela classe politica, ora por inabilidade dos militares em acreditar ou doutrinar a classe politica para ssumir esse papel.

Então das duas, uma. Ou a industria nacional se empolgava momentaneamente com com alguns arroubos de ufanismos tupiniquim em relação a defesa, o que sempre houve em várias épocas, e depois tomava no chifre, ou simplesmente ignorava a área de defesa por simples inanição do mercado.

Se nem FA's e nem GF chegarem a um concenso de que cada um possa assumir as suas responsabilidades próprias, que lhes é afeta, coisa que o NJ tentou fazer com a PND/END, e que lamentavelmente fracassou, a defesa nacional continuará carecendo de princípios que lhes sustente não só a necessidade como personalidade.

Não adianta pensarmos em industria de defesa, projetos ou politicas de defesa, se a sociedade não comprar a idéia. E a nossa sociedade, mesmo que recém sainda da merda, como diria o nosso ex-salvador da pátria, não está nem um pouco interessada em canhões, navios ou caças. Mas em shoppings, carros e mac donalds...

abs
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Re: Alternativas para fim do FX2

#225 Mensagem por alcmartin » Qua Mar 23, 2011 2:28 pm

E o pior, FCarvalho, é que isso vai, inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, refletir nos profissionais, nos nossos militares. Desestimula, por maior que seja a vibração. O sujeito que vibra, faz por amor, não trabalha por dinheiro. Mas quer condições de bem executá-lo. Senão, acaba indo cuidar da própria vida. Ou, na incapacidade de mudar o sistema, se adapta, acha uma mesa que lhe proporcione um salário que dê para levar e um expediente de 8 as 17, segunda a sexta, numa boa cidade. E só. Chega de falar, pois pode parecer que advogo em causa própria. :oops: Perdoe-me os amigos, desabafo de um teimoso que teima em acreditar... :evil: :? :(
Trancado