Massacre em cassino no México deixa ao menos 56 mortos
Uma nuvem de fumaça no céu de Monterrey marca o local do mais recente episódio de violência e um dos mais trágicos a atingir o México nos últimos tempos. O ataque contra o Casino Royale situado na cidade ao norte do país deixou ao menos 53 mortos e voltou a abalar o país.
Em uma entrevista coletiva, o procurador de Justiça do Estado de Nuevo León, Adrián de la Garza, afirmou que cinco ou seis homens teriam entrado no cassino, exigiram aos gritos que todos saíssem do local e espalharam gasolina no estabelecimento para, em seguida, incendiá-lo.
A maior parte dos mortos teriam sofrido intoxicação provocada pela fumaça, após terem ficado presos dentro dos banheiros e salas do cassino para tentar se esconder dos autores do ataque.
Ainda que não estejam claras as circunstâncias do ataque, a mídia mexicana já associou o incidente à guerra do narcotráfico, travada há cinco anos pelo presidente Felipe Calderón, que já deixou ao menos 40 mil mortos, segundo a contagem da imprensa local.
O massacre de Monterrey é, desde já, um dos mais graves já ocorridos no país desde 2006. A matança é comparável ao assassinato de 72 imigrantes na cidade de San Fernando, no estado de Monterrey, em agosto de 2010, um dos mais graves já ocorridos no país desde 2006.
Mas o incidente de Monterrey poderá se equipar ou mesmo superar a tragédia do ano passado. ''É possível que ainda encontremos mais mortos dentro do edifício'', informou o procurador de Justiça do estado de Nuevo León, Adrián de la Garza.
INCÊNDIO NO CASSINO
O cassino atacado, inaugurado há três anos e meio, possui dois andares. No primeiro piso, há um bingo com capacidade para 250 pessoas, máquinas caça-níqueis e roletas. No segundo andar, há mesas de pôquer.
Desde o ano passado, o México é palco de uma batalha entre as gangues criminosas El Golfo e Los Zetas que lutam para controlar a região, uma importante rota de passagem para o tráfico de drogas com destino aos Estados Unidos.
Menos de 24 horas antes do que ocorreu em Monterrey, outro cassino foi atacado com uma granada na cidade de Saltillo, no estado de Coahuila.
O massacre acontece também menos de uma semana desde que um tiroteio do lado de fora do estádio de Torreón, também em Coahuila, provocou a suspensão de uma partida de futebol da primeira divisão --algo inédito na história do país.
As autoridades mexicanas, na ocasião, afirmaram que os tiros nas imediações do estádio e as imagens dos jogadores saindo correndo do campo foram ''um alerta para o governo''.
TERRORISMO NO TWITTER
Nesta sexta-feira, o mesmo governo definiu o ataque ao cassino como ''um ato de terror'' e ''uma noite de tristeza para o México''.
''Com profunda consternação, expresso a minha solidariedade com Nuevo León e com as vítimas deste abominável ato de terror e barbárie'', disse o presidente do México, Felipe Calderón em sua conta de Twitter.
A rede social também abrigou um debate sobre o que muitos mexicanos julgam ser a natureza do mais recente ataque: um ato de terrorismo.
O termo ''terrorismo'' se tornou um dos ''trending topics'' (um dos mais discutidos) no Twitter mexicano após os ataques, juntamente com #FuerzaMonterrey e #CasinoRoyale.
A mesma discussão via Twitter já ocorreu em outras ocasiões, como, por exemplo, quando uma granada matou 8 pessoas no estado de Michoacán, que celebravam o Grito da Independência na praça principal da cidade de Morelia. O mesmo ocorreu em janeiro de 2010, quando um grupo de estudantes adolescentes foi baleado quando celebrava uma festa em Villas de Salvácar. Dentro de seis meses, um carro-bomba explodiu no centro de Ciudad Juárez.
De acordo com pesquisas recentes, 56% dos mexicanos acredita que o crime organizado está vencendo a guerra contra o narcotráfico, ainda que o governo afirme que em cidades como Ciudad Juárez já se nota uma redução da violência graças à sua estratégia contra o crime.
Mas muitos acreditam que a sociedade mexicana está perdendo seus espaços públicos por conta da violência, como estádios de futebol, praças e agora cassinos.
http://www1.folha.uol.com.br/bbc/965595 ... rtos.shtml