A Questão Indigena

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Edu Lopes
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Re: A Questão Indigena

#211 Mensagem por Edu Lopes » Dom Mai 25, 2008 5:04 pm

Acabou de passar uma chamada para o Fantástico com uma reportagem sobre o engenheiro agredido por índios essa semana. Ai aparece um índio - de relógio digital no pulso - dizendo:

- "o Brasil quer fazer guerra mundial aqui. Se fizer barragem nós vai lutar..."

Guerra mundial???? E o indiozinho inofensivo ainda se refere ao Brasil como se fosse um outro país.

Alguns colegas defendem que se atire em cachorros pra treinar a pontaria, pois eu acho que essas merdas dariam um alvo bem mais interessante.




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PQD
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Re: A Questão Indigena

#212 Mensagem por PQD » Qua Mai 28, 2008 8:54 am

Militares apóiam criação de frente parlamentar na Câmara

Oficiais aplaudem discursos contra terras indígenas e ONGs

Evandro Éboli



BRASÍLIA. Num plenário repleto de oficiais de alta patente, foi instalada ontem, na Câmara, a Frente Parlamentar de Apoio às Forças Armadas na Amazônia, que tem o apoio oficial de Exército, Marinha e Aeronáutica. A frente é formada, na sua maioria, por parlamentares da Região Norte, que têm discursos contrários à demarcação de terras indígenas e à presença de ONGs na Amazônia. Os três comandantes militares não compareceram, mas enviaram representantes graduados à solenidade. Em vários momentos, os oficiais aplaudiram discursos dos deputados.

O deputado Ernandes Amorim (PTB-RO) chegou a criticar a presença de um civil - Nelson Jobim - no comando do Ministério da Defesa, sem ser contestado:

- Sou contra a presença de um civil à frente do Ministério da Defesa. Tem que ser um militar, seja da reserva ou da ativa, que entende o que é caserna e que seja um nacionalista.

O coordenador da frente é o deputado Édio Lopes (PMDB-RR), contrário à demarcação contínua de Raposa Serra do Sol. Lopes afirmou que o comandante Militar da Amazônia, general Augusto Heleno, foi convidado para o evento. O ministério recomendou ao general que evite comparecer a audiências públicas no Congresso.

- Como diz o general Heleno, a política indigenista no Brasil é um equívoco - disse Lopes.



Ministro da Defesa diz que não se sente atacado

Na mesa principal do evento estavam o chefe do Estado-Maior do Exército, general Luiz Edmundo Carvalho; o brigadeiro Paulo Roberto Britto, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica; e o almirante Aurélio Ribeiro, chefe de Operações Navais. Carvalho disse que espera bastante da frente parlamentar em defesa da presença militar na Amazônia.

- A criação da frente pode trazer enormes benefícios para o país e a segurança nacional.

O general disse não desconhecer a posição dos deputados sobre Raposa. Ele preferiu não emitir opinião sobre a reserva porque o assunto será julgado pelo Supremo.

O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) disse que, sem a presença dos militares na Amazônia, a região será totalmente entregue às ONGs.

O ministro Nelson Jobim disse que não se sentiu atacado. Afirmou que apóia e ajudou a articular a criação da frente para tornar mais ampla a atuação da bancada da Amazônia no Congresso.

- Os órgãos de defesa estão prioritariamente voltados para a Amazônia. Inclusive o plano estratégico de defesa privilegia o aumento do efetivo militar na Amazônia - disse Jobim, do Haiti.

COLABOROU Chico de Góis




Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
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Re: A Questão Indigena

#213 Mensagem por Guerra » Qua Mai 28, 2008 11:46 am

PQD escreveu:Militares apóiam criação de frente parlamentar na Câmara

Oficiais aplaudem discursos contra terras indígenas e ONGs

Evandro Éboli



BRASÍLIA. Num plenário repleto de oficiais de alta patente, foi instalada ontem, na Câmara, a Frente Parlamentar de Apoio às Forças Armadas na Amazônia, que tem o apoio oficial de Exército, Marinha e Aeronáutica. A frente é formada, na sua maioria, por parlamentares da Região Norte, que têm discursos contrários à demarcação de terras indígenas e à presença de ONGs na Amazônia. Os três comandantes militares não compareceram, mas enviaram representantes graduados à solenidade. Em vários momentos, os oficiais aplaudiram discursos dos deputados.

O deputado Ernandes Amorim (PTB-RO) chegou a criticar a presença de um civil - Nelson Jobim - no comando do Ministério da Defesa, sem ser contestado:

- Sou contra a presença de um civil à frente do Ministério da Defesa. Tem que ser um militar, seja da reserva ou da ativa, que entende o que é caserna e que seja um nacionalista.

O coordenador da frente é o deputado Édio Lopes (PMDB-RR), contrário à demarcação contínua de Raposa Serra do Sol. Lopes afirmou que o comandante Militar da Amazônia, general Augusto Heleno, foi convidado para o evento. O ministério recomendou ao general que evite comparecer a audiências públicas no Congresso.

- Como diz o general Heleno, a política indigenista no Brasil é um equívoco - disse Lopes.



Ministro da Defesa diz que não se sente atacado

Na mesa principal do evento estavam o chefe do Estado-Maior do Exército, general Luiz Edmundo Carvalho; o brigadeiro Paulo Roberto Britto, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica; e o almirante Aurélio Ribeiro, chefe de Operações Navais. Carvalho disse que espera bastante da frente parlamentar em defesa da presença militar na Amazônia.

- A criação da frente pode trazer enormes benefícios para o país e a segurança nacional.

O general disse não desconhecer a posição dos deputados sobre Raposa. Ele preferiu não emitir opinião sobre a reserva porque o assunto será julgado pelo Supremo.

O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) disse que, sem a presença dos militares na Amazônia, a região será totalmente entregue às ONGs.

O ministro Nelson Jobim disse que não se sentiu atacado. Afirmou que apóia e ajudou a articular a criação da frente para tornar mais ampla a atuação da bancada da Amazônia no Congresso.

- Os órgãos de defesa estão prioritariamente voltados para a Amazônia. Inclusive o plano estratégico de defesa privilegia o aumento do efetivo militar na Amazônia - disse Jobim, do Haiti.

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O Brasil ao comprar briga com as ONGs que se prepare, vem ai chumbo quente na imagem do pais.
O ponto vai ser direitos humanos, podem escrever.




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: A Questão Indigena

#214 Mensagem por Kratos » Qua Mai 28, 2008 10:29 pm

Bem lembrado, Sgt. Anistia Internacional e ONU vão descer o sarrafo no país, o importante é não ceder um mílimetro, colocar todos nos seus devidos lugares.




O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
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Re: A Questão Indigena

#215 Mensagem por Vinicius Pimenta » Qui Mai 29, 2008 12:53 am

Quem é a Anistia Internacional e a ONU? Fazem o quê? EUA e Europa cagam e andam (desculpem o termo) para essas instituições quando lhes convém. Ninguém se preocupa com o Sudão, com o Haiti...




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Re: A Questão Indigena

#216 Mensagem por Túlio » Qui Mai 29, 2008 8:32 am

Pepper véio, EUA e UE estão armados até os dentes, inclusive nukes, já NÓS... :oops:




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: A Questão Indigena

#217 Mensagem por Vinicius Pimenta » Qui Mai 29, 2008 11:20 am

Então já passou da hora né?




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Re: A Questão Indigena

#218 Mensagem por Edu Lopes » Sex Mai 30, 2008 8:34 am

Raposa: governador de Roraima diz que política indigenista do governo é 'caótica, incoerente e irresponsável'

RIO - O governador de Roraima, José de Anchieta Junior (PSDB), afirmou na manhã desta quinta-feira, assim como havia dito o general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia, que a política indigenista brasileira é caótica. Em seminário promovido pelo Clube Militar do Rio de Janeiro, o governador também fez uma série de ataques a organizações não-governamentais que atuam na floresta amazônica e à Fundação Nacional do Índio (Funai).

Contrário à demarcação da reserva Raposa Serra do Sol em terra contínua e a favor da reivindicação dos plantadores de arroz, Anchieta é também o autor da ação que questiona a demarcação em terra contínua. Conseguiu sua primeira vitória quando o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar suspendendo a operação Upatakon 3, da Polícia Federal, criada para retirar os não-índios da reserva. Os ministros entenderam que a operação pode criar um ambiente de violência.

A demarcação em área contínua também enfrenta a oposição dos militares. Em abril, o general Heleno foi repreendido, depois de ter criticado, em reunião também no Clube Militar, a política indigenista adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demarcação em área contínua de 1,6 milhão de hectares. A reserva foi palco de enfrentamentos recentes entre índios e arrozeiros que se recusam a deixar a área, mesmo com indenizações oferecidas Funai. Aliados a índios contrários à demarcação, os rizicultores se armaram.

Nesta quinta-feira, o governador de Roraima divulgou documentos que mostram, segundo ele, o mau uso de recursos no convênio entre o Conselho Indígena de Roraima (CIR) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Dos R$ 14 milhões encaminhados ao CIR, aproximadamente R$ 12 milhões serviram apenas para encargos pessoais.

Anchieta também criticou o laudo antropológico aprovado pela Funai e o posterior decreto do presidente Lula homologando a reserva indígena Raposa Serra do Sol em terras contínuas.

- Esse decreto foi covardemente assinado. A política indigenista do atual governo é caótica, incoerente e irresponsável - disse em pronunciamento aplaudido com entusiasmo. - O general Heleno (comandante militar da Amazônia) deu exemplo de civismo e patriotismo. Nós estamos com o mesmo objetivo. A soberania está ameaçada quando se tem centenas de ONGs estrangeiras que deixam as fronteiras vulneráveis. Esse também é o sentimento do comando militar da Aeronáutica. Essas prestações de contas de ONGs são absurdas - disse o governador.

Sobre o laudo antropológico, Anchieta atacou a Funai:

- É um órgão de compadre e comadre. O laudo é fraudulento.

Quartiero volta a chamar Tarso de terrorista

Um dos maiores opositores da demarcação em terra contínua, o prefeito de Paracaima (RR), Paulo César Quartiero (DEM), afirmou no mesmo seminário que vai acatar a decisão do Supremo, mesmo que seja pela retirada dos não-índios da reserva. Quartiero, porém, voltou a chamar o ministro da Justiça, Tarso Genro, de "terrorista".

- Essa decisão do STF não é o tônico para todos os males - disse Quartiero, que é presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima - Acho que vai ser apenas uma decisão que envolve uma série de outras. Vamos ter que acatar, mas nós temos que tomar uma atitude e avaliar o que representamos. Nós nos sentiremos pessoas sem pátria. Me ligaram hoje de Pacaraima dizendo que a Polícia Federal dobrou o número de homens lá. Se o Supremo der área contínua, eles não vão nos varrer do mapa? Vamos resistir com o quê? Vamos protestar. O terrorismo é feito pelo seu terrorista-mor, aquele nosso amigo Tarso Genro. Esse é terrorista. Nós pedimos apenas a judicialização da questão. O governo faz terrorismo de Estado - afirmou o prefeito.

Quartiero também explicou quais foram os artefatos apreendidos em sua fazenda e motivo de sua prisão no último dia 6, em seguida a um conflito em sua propriedade que deixou dez índios baleados.

- Quero que devolvam os artefatos bélicos de destruição massiva que apreenderam na minha fazenda, porque são canos das semeadoras que levam o adubo ao solo para produzir arroz. Preciso deles para trabalhar. As armas de destruição massiva servem para produzir arroz - disse Quartiero.

Também participaram do seminário o presidente do Clube da Aeronáutica, brigadeiro Ivan Frota, o presidente do Clube Militar, general Gilberto Figueiredo, o ex-ministro da Aeronáutica no governo Sarney Octávio Moreira Lima, e também o ex-ministro do Exército do governo Figueiredo Leônidas Pires Gonçalves. Estava também à venda para os participantes, por R$ 30, camisas camufladas com a frase "A Amazônia é nossa".


Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/0 ... 555915.asp




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Re: A Questão Indigena

#219 Mensagem por Edu Lopes » Sex Mai 30, 2008 9:33 am

Advertência do cacique caiapó

Se impressionou a cena, tão repetida nos telejornais, dos índios caiapós em Altamira, agredindo com bordunas e ferindo com facão - com profundo corte no braço - o engenheiro da Eletrobrás, Paulo Roberto Rezende, que lhes dava informações sobre o projeto de construção da Usina de Belo Monte, mostrando o quanto se tentava reduzir o inevitável impacto ambiental da obra e demonstrando os benefícios socioeconômicos que traria para a população daquela região, perplexidade maior ainda causou a justificativa que se deu para aquela brutalidade exibida ao vivo e em cores. Um delegado de polícia que se declara tolhido em sua função de impedir o uso de facões, pelos índios, visto que esse instrumento faz parte da "cultura" indígena (e nós que não sabíamos da existência de instrumentos metálicos perfurocortantes entre os povos do neolítico); um padre que, inebriado de emoção étnico-antropológica, reverberava contra o cidadão (o engenheiro quase linchado) que não "entendia" o alcance daquela "cultura" (ou seja, a cultura primordial do facão).

Ninguém se deu conta de que aqueles indígenas aculturados, acostumados a instrumentos, dispositivos e produtos "brancos" muito mais sofisticados do que simples facões, estavam bem longe de poderem ser considerados inimputáveis, pela legislação penal brasileira, e, como qualquer cidadão brasileiro comum que pretendem ser, deveriam responder, perante as autoridades policiais e judiciais, pela prática de violência flagrada ao vivo e em cores. O próprio engenheiro, vítima da lesão corporal, não considerou "culpabilidade" alguma nos índios. E o cacique da agressiva tribo caiapó, discursando depois em bem inteligível português, advertiu e garantiu que o governo "brasileiro" estava provocando, ali, "uma guerra mundial". Parecia um indignado chefe de Estado mandando recado a um colega persona adversa (no caso, Lula).

Desde que irrompeu - permanecendo ainda não resolvido e sub judice no Supremo Tribunal Federal - o conflito em torno da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, as manifestações de tribos indígenas (todas fazendo questão de designar-se como "nações") têm adquirido uma conotação especialmente aguerrida, como se, de repente, a população indígena remanescente do território brasileiro pretendesse ter chegado o grande momento da "retomada" de suas terras ancestrais - mesmo que, em muitos casos, seus antepassados jamais as tivessem habitado. Ora são os índios das etnias irantxe e mynky (das quais pouco se falava) que invadem a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Cuiabá, mantendo funcionários da instituição presos como reféns dentro do prédio; ora são os guaranis-terenas que em Miranda, no Pantanal, tornam seus reféns funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) e impedem a entrada de outros 120 funcionários no posto da instituição; ora são manifestações de diferentes "nações" indígenas em outras regiões de Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais - sempre com pretextos reivindicatórios diversos, quanto a demarcações, repasse de verbas, obras governamentais que lhes são indesejáveis e coisas semelhantes.

Conflitos nesses campos sempre houve, mas há uma notória diferença de tom que leva a refletir sobre as recentes advertências do general Augusto Heleno, o comandante militar da Amazônia, quanto aos riscos de as questões indígenas poderem gerar - ou incentivar - uma situação de desafio à própria soberania nacional - no que se mistura à discussão internacional sobre a capacidade de o Brasil impedir a devastação amazônica, ao que o presidente Lula reage com veemência. E a questão também é bem-posta em recente artigo do sociólogo Hélio Jaguaribe, quando afirma que "por meio de uma multiplicidade de processos a Amazônia está sendo submetida à acelerada desnacionalização, em que se conjugam ameaçadores projetos por parte de grandes potências para sua formal internacionalização com insensatas concessões de áreas gigantescas - correspondentes, no conjunto, a 13% do território nacional - a uma ínfima população de algo em torno de 200 mil índios".

Para o sociólogo, "o objetivo que se tem é o de criar condições para a formação de "nações indígenas" e proclamar, subseqüentemente, sua independência".

Não estaria essa idéia bem ilustrada na advertência de "guerra mundial" do cacique caiapó?


Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 0689,0.php




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Re: A Questão Indigena

#220 Mensagem por PQD » Sex Mai 30, 2008 11:18 am

Exército teme maior presença estrangeira



Nas conversas com oficiais do Exército e com autoridades do governo de Roraima sobre Raposa/Serra do Sol um argumento sempre vem à tona: a soberania nacional. A alegação é que a homologação da terra indígena numa área de fronteira com dois países - Venezuela e Guiana - fragilizaria a atuação das Forças Armadas na proteção do território nacional contra atividades ilegais transfronteiriças ou no combate a eventuais hostilidades vizinhas.

O Exército possui seis pelotões de fronteira: Surucucu, Auarís, Bonfim, Normandia, Pacaraima e Uiramutã. Todos, segundo o decreto presidencial que homologou Raposa, serão mantidos. Mas entre militares há uma sensação de que, uma vez garantida a terra indígena, os povos da região poderão criar obstáculos para a entrada e circulação das tropas. Os indígenas negam que isso ocorreria.

Os militares de Roraima e em outros pontos do país não estariam tão preocupados com a homologação se se tratasse apenas de eventuais desentendimentos com indígenas em relação ao acesso. A questão é que para muitos deles Raposa é parte de um processo internacional pelo qual países desenvolvidos pretendem ampliar a sua presença na Amazônia.

Os braços desses interesses seriam organizações não-governamentais (ONGs) da Europa e Estados Unidos que ajudam a financiar por meio de diversos programas associações indígenas que militam na Amazônia. Em Roraima, o CIR, a mais bem articulada associação do Estado, tem financiamentos da Fundação Ford, do governo da Noruega e da instituição católica de apoio internacional Cafod.

Há, porém, outra vertente das pressões externas, na visão dos militares: a ONU. Em setembro de 2007, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou o documento chamado de Declaração dos Povos Indígenas. O texto não tem valor de lei: os signatários decidem se cumprem ou não as recomendações. Entre os direitos afirmados ali estão o dos indígenas participarem da política, acesso à terra e aos recursos naturais e à preservação de suas áreas. E também o direito dos povos indígenas de decidirem sobre seu desenvolvimento econômico, político e social.

Para os militares que atuam na fronteira e na região da terra indígena, a declaração mina o papel do Estado e abre mais um espaço para interesses estrangeiros que se vinculam a povos indígenas em regiões como a da Raposa. Com qual interesse? As riquezas minerais como ouro, diamantes, nióbio, a água e a farta biodiversidade. O Brasil foi um dos 143 países que aprovaram a declaração. Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia votaram contra.


As suspeitas em relação à interferência estrangeira parecem ser tamanhas no Exército que na semana passada um oficial fez o seguinte comentário: "Será que foi só uma coincidência que o Castelo de Windsor tenha recebido os governadores do Norte do Brasil para falar sobre a Amazônia?" Em abril o príncipe Charles recebeu governadores do Norte, parlamentares e empresários. Na pauta, meio ambiente e questões indígenas.

No Exército, o convite pareceu uma forma de o Reino Unido se aproximar e influenciar nas políticas da Amazônia. Declarações de autoridades e personalidades do mundo rico tornam essas teorias menos estranhas. "Ele (Al Gore) disse que a Amazônia não pertence aos brasileiros e sim ao mundo. François Mitterrand (ex-presidente da França) pensava da mesma forma naquele país e John Major (ex-primeiro-ministro da Inglaterra), no Reino Unido. Então, são representantes das grandes potências que têm um pensamento desse tipo sobre a Amazônia", disse ontem o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB).

Mas o fantasma da intervenção estrangeira - via ONGs - é afastado quase como uma piada por Joênia Batista de Carvalho, advogada do CIR. Ela diz que os recursos que a entidade recebe são por meio de editais que financiadores externos abrem periodicamente para diversas entidades pelo mundo. Os recursos, diz ela, cobrem geralmente gastos cotidianos da entidade e não implicam portas abertas para estrangeiros circularem pelas áreas indígenas. (M.M.S.)




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Re: A Questão Indigena

#221 Mensagem por Edu Lopes » Sex Mai 30, 2008 4:12 pm

Foto de índios isolados gera dilema sobre contato com tribos

Plantão | Publicada em 30/05/2008 às 15h33m
Reuters/Brasil Online

Por Stuart Grudgings


RIO DE JANEIRO (Reuters) - Fotografias dramáticas de índios da Amazônia antes desconhecidos chamaram atenção do mundo para a situação precária das poucas tribos isoladas ainda existentes e para o perigo com que se deparariam ao eventualmente entrar em contato com o mundo exterior.

Os índios constantes das imagens divulgadas na quinta-feira, que empunhavam arcos e flechas, seriam provavelmente os membros remanescentes de uma tribo maior que se viu obrigada a ingressar mais profundamente na floresta, montando acampamentos cada vez menores, disseram especialistas.

Em vez de formar uma tribo "perdida", esses índios devem ter mantido vários canais de comunicação com outros grupos ao longo dos últimos anos, afirmou Thomas Lovejoy, um especialista em questões amazônicas que preside o The Heinz Center, em Washington.

"Acredito haver uma questão ética, a questão sobre se alguém conseguiria, no final, protegê-los de qualquer tipo de contato. E a resposta para isso é 'não"', disse Lovejoy. "A resposta certa é ter um tipo de contato e de mudança de forma que as próprias tribos possam administrar isso".

A área da fronteira entre o Brasil e o Peru revela-se um dos últimos refúgios do mundo para grupos desse tipo, já que se encontram ali cerca de 50 das cerca de 100 tribos isoladas existentes no mundo todo.

Esses grupos enfrentam um perigo crescente na forma da expansão das fronteiras econômicas, em especial do lado do Peru, que tem demorado mais para criar reservas capazes de proteger as populações indígenas.

José Carlos Meirelles, funcionário da Funai (Fundação Nacional do Índio) que estava no helicóptero de onde foram tiradas as fotos, disse que essa tribo deveria ser deixada isolada o máximo possível.

"Enquanto eles estiverem nos apontando flechas, tudo estará bem", afirmou ao jornal O Globo. "No dia em que se comportarem direitinho, estarão exterminados".

Historicamente, o contato com o mundo exterior mostrou-se catastrófico para os índios brasileiros, que hoje somam cerca de 350 mil indivíduos, um número muito menor do que os 5 milhões da época da chegada dos europeus.

"Em 508 anos de história, de milhares de tribos que existem, nenhuma delas adaptou-se bem à sociedade no Brasil", afirmou Sydney Possuelo, ex-autoridade da Funai que criou o departamento da fundação responsável pelos índios isolados.

Nos últimos anos, porém, tribos como os inanomami conseguiram conquistar uma proteção maior ao tornarem-se mais politicamente organizados e formarem laços com grupos conservacionistas estrangeiros.

"Não se trata de tomar essa decisão no lugar deles. Trata-se de dar-lhes tempo e espaço para que tomem essa decisão por si próprios", afirmou David Hill, do grupo Survival International.

No Peru, por exemplo, mais de metade dos murunahua morreu em virtude de gripe ou de outras doenças após terem entrado em contato com o mundo exterior pela primeira vez em 1996, como resultado da expansão da fronteira econômica, afirmou Hill.

Ver integrantes de tribos isoladas não é algo muito raro, ocorrendo uma vez a cada alguns anos na área da fronteira entre Brasil e Peru.


Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/0 ... 577950.asp
Será que é justo manter um grupo de pessoas na pré-história enquanto nós procuramos ter a vida mais confortável possível? Isso não é uma tremenda hipocrisia?




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Re: A Questão Indigena

#222 Mensagem por Sniper » Sex Mai 30, 2008 10:09 pm

Hipocrisia, na minha opinião, sería chegar alguém lá e querer mudar o modo de vida que eles cultivam talvez a séculos já... Que continuem "perdidos", é melhor para eles.




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Re: A Questão Indigena

#223 Mensagem por Tigershark » Sex Mai 30, 2008 10:13 pm

Disso não tenho a menor dúvida.Que continuem a sua vida,sem saber de nada.




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Re: A Questão Indigena

#224 Mensagem por Brigadeiro » Sex Mai 30, 2008 10:13 pm

Sniper escreveu:Hipocrisia, na minha opinião, sería chegar alguém lá e querer mudar o modo de vida que eles cultivam talvez a séculos já... Que continuem "perdidos", é melhor para eles.
2x! Pra que civilizar uma tribo da idade da pedra se eles sempre viveram assim... Pra que mostrar TV, rádio e computador se eles não precisam disso para sobreviverem... Deixem-os em paz...

Até mais!




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Re: A Questão Indigena

#225 Mensagem por Túlio » Sáb Mai 31, 2008 8:46 am

Desde que não se arresorvam a ficar 'perdidos' no meio de uma baita reserva mineral, que parece ser a moda entre tribos indígenas 'brasileiras'... 8-]




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