GEOPOLÍTICA

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Jin Jones
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Re: GEOPOLÍTICA

#2086 Mensagem por Jin Jones » Sex Mai 21, 2010 12:15 pm

Marino escreveu:Wall Street Journal prega ataque de Israel ao Irã
20/05/2010

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Editorial do Wall Street Journal

O golpe nuclear do Irã

Ahmadinejad e Lula expõem a diplomacia infeliz de Obama

Que fiasco. Esta é a primeira palavra que veio à mente ao ver Mahmoud Ahmadinejad levantar seus braços ontem com os líderes da Turquia e do Brasil para celebrar o novo pacto atômico que instantanemamente tornou irrelevantes os 16 meses de “diplomacia” do presidente Obama. O acordo foi um golpe político de Teerã e possivelmente representa um coup de grace nas tentativas titubeantes do Ocidente de evitar que o Irã tenha a sua bomba nuclear.

Crédito total do debacle deve ser dado ao governo Obama e sua infeliz estratégia diplomática. Em outubro passado, nove meses depois de seu engajamento com Teerã, a Casa Branca inventou um plano para transferir parte do estoque de urânio do Irã para enriquecimento fora do país. Se o Ocidente não tinha como parar o programa do Irã, o pensamento era de que talvez este esquema pudesse adiá-lo. Os iranianos fizeram que não era com eles, em seguida se negaram a aceitar a oferta.

Mas o sr. Obama não aceita não como resposta de regimes bandidos e manteve a proposta na mesa. Quando finalmente os Estados Unidos pareciam prontos a ir ao Conselho de Segurança das Nações Unidas por mais sanções, os iranianos escolheram ontem aceitar o acordo em seus termos limitados e alistaram o Brasil e a Turquia como facilitadores e escudos políticos. “A diplomacia emergiu vitoriosa hoje”, declarou o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, usando o maior princípio da política externa do sr. Obama contra ele.

O embaraço duplo é que os Estados Unidos tinham encorajado a diplomacia de Lula como um passo para conseguir apoio dele para as sanções da ONU. O Brasil é atualmente um dos membros rotativos, não-permanentes, do Conselho de Segurança, e os Estados Unidos buscavam um voto unânime na ONU. Em vez disso, Lula usou a chance para triangular sua própria solução diplomática. Em seu primeiro jogo de poquer diplomático de alto calibre, a secretária de Estado Hillary Clinton está deixando a mesa vestida apenas em um barril.

Assim, em vez dos Estados Unidos e da Europa colocarem o Irã contra a parede nesta primavera, o sr. Ahmadinejad colocou o sr. Obama num canto. O desconforto dos Estados Unidos é óbvio. Numa declaração de ontem, a Casa Branca tentou “acolher as tentativas” da Turquia e do Brasil enquanto notava “os repetidos fracassos do Irã em cumprir seus compromissos”. A Casa Branca também tentou apontar as diferenças entre o pacto de ontem e os acordos originais de outubro sobre a transferência de urânio.

Boa sorte nessa tentativa com os chineses e russos, que agora estarão menos inclinados a concordar mesmo com sanções fracas. Tendo jogado um papel tão proeminente nas conversas de outubro passado com o Irã, os Estados Unidos não podem facilmente se dissociar de alguma coisa que segue as linhas gerais daquele desenho.

Sob os termos revelados ontem, o Irã disse que mandaria 1.200 quilos (2.646 libras) de urânio de baixo enriquecimento para a Turquia dentro de um mês e em não mais de um ano receberia 120 quilos enriquecidos em algum lugar fora do país. Isso faz ainda menos sentido que o acordo defeituoso de outubro. Nestes sete meses, o Irã acelerou suas atividades de enriquecimento. É estimado que seu estoque total chegou a 2.300 quilos de urânio, ante 1.500 quilos no outono passado, e seu objetivo de enriquecimento passou de 3,5% para 20%.

Se o Ocidente aceitar este acordo, o Irã terá permissão para continuar a enriquecer urânio em contravenção de resoluções prévias da ONU. Remover os 1.200 quilos vai deixar o Irã com um estoque de urânio suficiente para fazer a bomba, e se o urânio for enriquecido a 20% se torna tecnicamente mais fácil chegar a níveis de enriquecimento necessários para a bomba.

Na semana passada, diplomatas da Agência Internacional de Energia Atômica informaram que o Irã aumentou o número de centrífugas usadas para enriquecer urânio. De acordo com estimativas de agências de inteligência ocidentais, o Irã continua a comprar componentes-chave, como mecanismos-gatilho para bombas. Teerã diz que quer contruir novas usinas para enriquecimento de urânio. A CIA disse recentemente que o Irã triplicou seu estoque de urânio no ano passado e se moveu “em direção à autossuficiência em mísseis nucleares”. O acordo de ontem não terá impacto sobre essas atividades ilícitas.

O acordo, no entanto, tornará quase impossível acabar com o programa nuclear do Irã a não ser através de ação militar. As Nações Unidas são certamente uma rua sem saída. Depois de 16 meses de mãos estendidas e de não dar apoio à oposição democrática do Irã, o sr. Obama agora está diante de um Irã muito mais próximo da bomba e menos isolado diplomaticamente de que quando o presidente Bush deixou o cargo.

Israel terá de considerar seriamente suas opções militares. Tal confronto é muito mais provável graças ao double-cross diplomático de Tayyip Erdogan, da Turquia, de Lula, do Brasil, e especialmente graças a um presidente dos Estados Unidos cuja diplomacia foi bem sucedida acima de tudo em persuadir os estados-bandidos de que ele não tem a determinação necessária para enfrentar suas ambições destrutivas.

Fonte:Wall Street Journal via Vi o Mundo
Os Falcões estão nervosos no ninho.
Será q. os Israelences tem condições de encarar o Irã ?
Mesmo se Israel tiver que fazer o trabalho sujo, para o seu patrão vai ter q. sujar as mãos e ai que eu quero ver se os Yanques vão ter $$$$$$$$ para encarar 3 frentes de combate.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2087 Mensagem por marcelo l. » Sex Mai 21, 2010 1:11 pm

Colunista do 'New York Times' diz que Irã merece uma chance
Jornal do Brasil - 21/05/2010

Roger Cohen, um dos mais respeitados colunistas do New York Times, defendeu quinta-feira o acordo turco-brasileiro sobre o urânio enriquecido do Irã e criticou a determinação rabugenta das grandes potências, lideradas pelo governo americano, para adotar medidas punitivas contra o Irã e mergulhar ainda mais no fracasso.

Cohen argumenta que EUA e Irã são inimigos não naturais com muitas coisas com as quais poderiam concordar se quebrassem o gelo, e lamenta que a história envenenada entra no caminho; assim como aqueles que se beneficiam do veneno.

Enquanto americanos veem iranianos como desonestos, mentirosos, fanáticos, violentos e incompreensíveis, explica Cohen, iranianos consideram os americanos beligerantes, incrédulos, imorais, materialistas, calculistas, além de ameaçadores e exploradores. Para Cohen essas caricaturas representam o Grau Zero na mais traumatizada e atormentadora relação do planeta.

Eu acreditava que Obama estava pronto para pensar de forma diferente em relação ao Irã. Parece que não, lamenta. Presidentes precisam liderar grandes iniciativas de política externa, não ser ameaçados por considerações políticas domésticas, nesse caso a fúria do Capitólio sobre o Irã em ano de eleição.

Cohen pede que os americanos olhem friamente para o feito dos líderes brasileiro e turco no Teerã, como ele se relaciona a um quase acordo americano, e o que tudo isso diz sobre um mundo passando por mudanças de poder significativas.

Para Cohen, Brasil e Turquia representam o mundo pós-ocidental emergente e seus esforços de mediação no Irã deveriam ter sido levados a sério pelos EUA: A secretária de Estado Hillary Clinton devia consequentemente ficar menos feliz em matar com elogio débil os "esforços sinceros de Brasília e de Ancara", delatou.

Ano passado, na ONU, Obama pediu nova era de responsabilidades compartilhadas... Turquia e Brasil responderam e foram criticados. Obama acabou de fazer as próprias palavras iluminadas parecerem vazias finaliza.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: GEOPOLÍTICA

#2088 Mensagem por Enlil » Sex Mai 21, 2010 3:10 pm

É inacreditável a q ponto chegou a miopia dos Neocons e falcões do Pentágono em detrimento da sociedade americana. Os primeiros implantaram uma política econômica tão promiscuamente liberal q conseguiram levar o mundo a maior crise econômica desde 1929. Nessa onda quase psicopata de "desejo" de consolidar uma "pax americana" mundial planejaram junto com os falcões do Pentágono a Guerra mais estúpida e imoral deste século até agora: Iraque, e ainda estão por lá, gastando dezenas de bilhões por ano com a ocupação, em meio a uma guerra civil q foram o estopim ao apenas se preocuparem com os objetivos militares de invasão, não de ocupação e pacificação. Q lucro houve para a sociedade americana? Fora alguns descontos de centavos no galão de gasolina? Quanto foi isso comparado aos dividendos políticos de apneas ALGUNS lobistas de empresas de energia, do complexo industrial-militar e lucros das petroleiras?

Por outro lado insistem em outra guerra, q tem de fato um mínimo de legitimidade, embora também haja óbvios interesses econômicos em rotas de pipelines, mas q está sendo conduzida de forma tão estúpida quanto ao do Iraque: Afeganistão.

Quase nove anos se passaram e não conseguem defender efetivamente nem a capital do país, constante alvo de ataques talibãs q, inclusive, atacaram a maior base estrangeira do país esses dias: Bagram. Insistem em meios militares em uma guerra sem solução bélica. Com essas táticas de ênfase militar, não social, se passarão mais 9, 18 anos e o contexto de reprodução da insurgência continuará existindo e atuante, um contexto q já vem de 30 anos ininterruptos de conflitos, um contexto de uma insurgência q sabe muito bem jogar a "gangorra" desse tipo de guerra: se retiram, se reorganizam, rearmam e treinam em tempos de grande desvantagem tática e bélica e voltam a atacar com ímpeto revigorado quanto as circunstâncias forem mais favoráveis.


Querem abrir uma terceira frente de combate quanto sequer conseguem administrar militar e economicamente as q já têm? Buenas, então q aguentem as consequências, o Irã não é o Iraque de 2003 ou um "exército de mendigos" como os talibãs, irá reargir com as forças consideráveis q têm, o suficente para fechar o tráfego no estreito de Ormuz, q ficará em chamas, e aplicar golpes suficientemente fortes nos EUA para q este sangre no Oriente Médio, em uma escalada de consequências imprevisíveis, com um potencial caótico imensurável.


Enfim, se querem mais uma guerra q aguentem as consequências, o Iraque e o Afeganistão demonstraram claramente q os Neocons e estrategistas falcões do Pentágono são muitos bons com mapas, planilhas e o início de guerras, mas incrivelmente estúpidos e míopes após suas escaladas. Se de fato atacarem o Irã este pode ser severamente atingido mas poderá rir por último ao ver o início de um declínio mais acentuado dessa (pseudo) "pax americana" q esses agentes acham q implantaram no mundo pós-Guerra Fria.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2089 Mensagem por Francoorp » Sex Mai 21, 2010 4:00 pm

PROGRAMA NUCLEAR (Importante) Nem os aliados de Ahmadinejad confiam nele, reconhece Lula

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Assis Moreira, de Madri
O presidente Luis Inácio Lula da Silva tem evitado abordar publicamente o acordo entre Brasil, Turquia e Irã, só observando as reações pelo mundo. Mas, em conversas privadas, revela as dificuldades nos detalhes do entendimento e os limites do Brasil a partir de agora.
Lula diz que o país não tem procuração para negociar com ou para o Irã. A única coisa que fez foi “colocar uma cadeira” para o Irã se sentar. Teerã aceitou e se dispôs a discutir seu Programa Nuclear.
“Se vai cumprir ou não, é questão do Irã”, tem dito o presidente.
Na conversa com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, Lula foi claro sobre a desconfiança internacional em torno do que estavam discutindo: “Todo mundo acha que você não cumpre as coisas, inclusive os teus amigos”. E insistiu que o acordo seria a oportunidade de criar um clima de confiança e atenuar um dos maiores focos de tensão internacional.

Mais tarde, o acordo estava praticamente fechado, quando apareceu um físico Nuclear iraniano no salão. Ele ficou chamando o principal negociador do Irã e insistiu em mudar algo no rascunho, sob os olhares intrigados dos presentes. Segundo Lula, ele queria tirar “prazos” mencionados no acordo, o que os negociadores recusaram.
O presidente estava consciente dos riscos que corria indo a Teerã. Conta que a primeira coisa que disse a Ahmadinejad foi que estava lá contra a vontade da elite política brasileira, de certos membros do Conselho de Segurança (CS) da ONU e de boa parte dos formadores de opinião. Ou seja, de que “não tinha nada a ganhar”.
Alguns assessores tinham “dúvidas”, pois um fracasso na mediação podia ser explorado pela oposição no Brasil. Viam risco também nas pretensões brasileiras para obter um assento permanente no CS. Mas Lula diz que “não tem hipótese de subordinar decisões às eleições”. E avaliou que valia a pena
ir a Teerã tentar “algo importante”.
No caminho ao Irã, a mediação de Lula passou por “pressões excepcionais”, nos termos de assessores, referindo-se aos EUA. O presidente, de retorno com um acordo, considera que os EUA não podem ver sua missão como um confronto, mas como uma conquista, porque “eles [americanos] é que deveriam ter conversado” com o regime iraniano.
A negociação em Teerã durou 18 horas ininterruptas, das quais quatro entre os presidentes, em reuniões lentas e que refletiam a complexidade e a existência de vários centros de decisão no regime iraniano. Lula não poupa elogios para ao chanceler Celso Amorim.
No dia seguinte, em todo caso, Teerã surpreendeu todo mundo com o anúncio feito pelo diretor da agência iraniana de energia atômica, Ali Akbar Salehi, de que o país manteria o Programa de enriquecimento de urânio a 20%. A declaração tirou o foco do acordo com Brasil e Turquia e ampliou a desconfiança de países que querem impor mais sanções ao Irã.
O Irã informou ontem que, se as sanções forem aprovadas no CS, o acordo estará cancelado.
Quando Lula chegou a Madri, vindo de Teerã, telefonou imediatamente para o presidente russo, Dmitri Medvedev, um dos poucos mais ou menos aliados do Irã no CS da ONU. O russo disse que o pacote de sanções contra o Irã estava praticamente pronto, em meio às suspeitas sobre o Programa Nuclear, mas que o acordo obtido pelo Brasil abria “novos caminhos”. Mas não escondeu um certo
ceticismo e insistiu que o regime iraniano precisava ainda enviar uma mensagem “forte” ao mundo sobre suas intenções na área Nuclear, conforme relato de assessores de Lula.
O Brasil quer agora, junto com a Turquia, participar do P5+1 (EUA, França, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha) para atuar nas negociações em relação ao Irã.

Fonte:Valor Econômico via ASCOM/MD, via Plano Brasil.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2090 Mensagem por kurgan » Sex Mai 21, 2010 5:35 pm

21/05/2010 - 16h49 / Atualizada 21/05/2010 - 16h49
Obama disse em carta a Lula que acordo com Irã criaria confiança

Por Natuza Nery

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em uma carta ao seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que o acerto de troca de combustível nuclear com o Irã criaria "confiança" no mundo, segundo trechos do documento obtidos pela Reuters nesta sexta-feira e enviado há 15 dias, antes do acordo de Teerã.

O Brasil, que mediou com a Turquia o acordo com o Irã, alega que a carta de Obama inspirou a maioria dos pontos da Declaração de Teerã, por meio da qual a "República Islâmica do Irã concorda em depositar 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido" na Turquia. Em troca, o país receberia 120 quilos de combustível para um reator de pesquisas médicas localizado na capital iraniana.

A Reuters teve acesso a trechos da correspondência--enviada a Lula há cerca de duas semanas--e comparou alguns de seus pontos com o acordo assinado na última segunda-feira.

Nela, Obama retoma os termos do acordo que o Grupo de Viena havia proposto no ano passado, cujos principais elementos constam no acerto entre Brasil, Turquia e Irã.

"Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano" de LEU (urânio levemente enriquecido na sigla em inglês), diz Obama, segundo trechos obtidos da carta.

Após o anúncio do acordo, no entanto, os Estados Unidos anunciaram que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia) concordaram com um esboço de resolução contendo novas sanções à República Islâmica.

"Nós observamos o Irã dar sinais de flexibilidade ao senhor e outros, mas, formalmente, reiterar uma posição inaceitável pelos canais oficiais da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)", acrescentou o presidente dos EUA.

Segundo a Declaração de Teerã, O Irã se compromete a notificar à AIEA, por escrito, por meio dos canais oficiais, sua concordância com os termos do acordo em até sete dias a contar da data do documento. Esse prazo se expira na próxima segunda-feira.

"O Irã continua a rejeitar a proposta da AIEA e insiste em reter seu urânio de baixo enriquecimento em seu próprio território até a entrega do combustível nuclear", afirmou Obama na carta.

Segundo a Declaração de Teerã, "a República Islâmica do Irã expressa estar pronta a depositar seu LEU dentro de um mês".

Obama manifestava, ainda na carta, preocupação com a possibilidade de o Irã acumular, no prazo de um ano, estoque necessário para construir "duas ou três armas nucleares".

"Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo de engajamento, através dos canais oficiais, algo que não foi feito até o momento. No meio tempo, insistiremos na aprovação de sanções."

A Declaração de Teerã deixa claro, ainda, que o acordo para a "troca de combustível nuclear é um ponto de partida para o começo da cooperação e um passo positivo e construtivo entre as nações".

Após o anúncio do acordo mediado por Brasil e Turquia na segunda-feira, autoridades iranianas afirmaram que o país manterá suas atividades de enriquecimento de urânio, ao que Estados Unidos e outras potências ocidentais se opõem.

O Ocidente suspeita que o programa nuclear iraniano tem o objetivo de construir armas nucleares, mas Teerã afirma que seu fim é a geração de eletricidade para fins pacíficos.

Segundo autoridades dos EUA, o Irã teria manipulado Brasil e Turquia com o objetivo de ganhar tempo e adiar a imposição de novas sanções.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... ianca.jhtm




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Re: GEOPOLÍTICA

#2091 Mensagem por prp » Sex Mai 21, 2010 5:42 pm

Esse povo tá querendo é que o Irão constroi uma bomba mesmo para ter motivos para a invasão. Porr@ se o Irã não vai ter uranio para construir a bomba com o acordo do Brasil, porquê as merd@as das sanções? Só para forçar o Irã a descumprir o acordo. Tem besta que ainda cai nesse conto de fadas.




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#2092 Mensagem por Francoorp » Sex Mai 21, 2010 6:11 pm

Acordo com Irã abre caminho para saída diplomática, diz chefe da ONU


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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta sexta-feira que espera que o acordo aprovado pelo Irã com mediação do Brasil e da Turquia possa abrir caminho para que seja resolvida, por meios diplomáticos, a polêmica sobre o programa nuclear do país persa.

Em um discurso em Istambul, Ban disse que a iniciativa foi importante “para resolver as tensões internacionais”.

“Já mencionei o bem-vindo papel da Turquia, trabalhando juntamente com o Brasil, em relação ao Irã”, ressaltou.

“Esperamos que esta e outras iniciativas abram caminho para uma solução negociada.”

Ban disse que a Agência Internacional de Energia Atômica, um órgão da ONU, deve agora dar seu parecer sobre o acordo.

Carta

Também na sexta-feira, o governo turco divulgou detalhes da carta enviada pelo premiê da Turquia, Tayyp Erdogan, ao presidente americano, Barack Obama, na qual ele ressalta a relevância do acordo.

“A declaração não encerra o caso do programa nuclear iraniano, mas abre uma importante porta para uma solução por meios diplomáticos”, escreveu Erdogan.

“A Turquia continuará seus esforços para (encontrar) uma solução para o problema.”

Esta semana, Erdogan conversou por telefone com Obama, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin e o novo premiê britânico, David Cameron, países-membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto.

Na terça-feira, um dia após o anúncio do acordo, os EUA circularam um esboço de resolução entre os países do Conselho, pedindo uma quarta rodada de sanções econômicas e diplomáticas devido ao programa nuclear do Irã.

Analistas acreditam que, dos 15 países integrantes do órgão da ONU, apenas três, Brasil, Turquia e Líbano, todos com assentos temporários, não aprovariam a resolução com as sanções.

Ainda na sexta-feira, o Irã acusou os Estados Unidos de abusarem sua posição de país-sede da ONU, por negar visto de entrada para o vice-ministro das Relações Exteriores iraniano.

Os Estados Unidos não comentaram as alegações.

Fonte: BBC Brasil via Plano Brasil.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2093 Mensagem por DELTA22 » Sex Mai 21, 2010 6:19 pm

kurgan escreveu:21/05/2010 - 16h49 / Atualizada 21/05/2010 - 16h49
Obama disse em carta a Lula que acordo com Irã criaria confiança

Por Natuza Nery

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em uma carta ao seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que o acerto de troca de combustível nuclear com o Irã criaria "confiança" no mundo, segundo trechos do documento obtidos pela Reuters nesta sexta-feira e enviado há 15 dias, antes do acordo de Teerã.

O Brasil, que mediou com a Turquia o acordo com o Irã, alega que a carta de Obama inspirou a maioria dos pontos da Declaração de Teerã, por meio da qual a "República Islâmica do Irã concorda em depositar 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido" na Turquia. Em troca, o país receberia 120 quilos de combustível para um reator de pesquisas médicas localizado na capital iraniana.

A Reuters teve acesso a trechos da correspondência--enviada a Lula há cerca de duas semanas--e comparou alguns de seus pontos com o acordo assinado na última segunda-feira.

Nela, Obama retoma os termos do acordo que o Grupo de Viena havia proposto no ano passado, cujos principais elementos constam no acerto entre Brasil, Turquia e Irã.

"Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano" de LEU (urânio levemente enriquecido na sigla em inglês), diz Obama, segundo trechos obtidos da carta.

Após o anúncio do acordo, no entanto, os Estados Unidos anunciaram que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia) concordaram com um esboço de resolução contendo novas sanções à República Islâmica.

"Nós observamos o Irã dar sinais de flexibilidade ao senhor e outros, mas, formalmente, reiterar uma posição inaceitável pelos canais oficiais da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)", acrescentou o presidente dos EUA.

Segundo a Declaração de Teerã, O Irã se compromete a notificar à AIEA, por escrito, por meio dos canais oficiais, sua concordância com os termos do acordo em até sete dias a contar da data do documento. Esse prazo se expira na próxima segunda-feira.

"O Irã continua a rejeitar a proposta da AIEA e insiste em reter seu urânio de baixo enriquecimento em seu próprio território até a entrega do combustível nuclear", afirmou Obama na carta.

Segundo a Declaração de Teerã, "a República Islâmica do Irã expressa estar pronta a depositar seu LEU dentro de um mês".

Obama manifestava, ainda na carta, preocupação com a possibilidade de o Irã acumular, no prazo de um ano, estoque necessário para construir "duas ou três armas nucleares".

"Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo de engajamento, através dos canais oficiais, algo que não foi feito até o momento. No meio tempo, insistiremos na aprovação de sanções."

A Declaração de Teerã deixa claro, ainda, que o acordo para a "troca de combustível nuclear é um ponto de partida para o começo da cooperação e um passo positivo e construtivo entre as nações".

Após o anúncio do acordo mediado por Brasil e Turquia na segunda-feira, autoridades iranianas afirmaram que o país manterá suas atividades de enriquecimento de urânio, ao que Estados Unidos e outras potências ocidentais se opõem.

O Ocidente suspeita que o programa nuclear iraniano tem o objetivo de construir armas nucleares, mas Teerã afirma que seu fim é a geração de eletricidade para fins pacíficos.

Segundo autoridades dos EUA, o Irã teria manipulado Brasil e Turquia com o objetivo de ganhar tempo e adiar a imposição de novas sanções.

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Que feio, Mr. Obama!! [054]
Também, esperar mais dos EUA não é muito fácil...

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Re: GEOPOLÍTICA

#2094 Mensagem por faterra » Sex Mai 21, 2010 6:36 pm

Iraque: tem petróleo e foi acusado de esconder armas nucleares. Resultado = foi invadido, destruído e não se encontrou nada, somente o petróleo. :roll:
Iran: tem petróleo e está sendo acusado de fabricar armas nucleares. Resultado = estamos na expectativa dos acontecimentos, mas a previsáo todo mundo já sabe. :twisted:
Brasil: está descobrindo petróleo e mantém um programa nuclear. Resultado: adivinhem quem vai ser a bola da vez assim que se confirmar a existência de todo este petróleo que estão alardeando!... E de quebra levam a água e outras coisitas com existência comprovadas. 8-]




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Um abraço!
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Re: GEOPOLÍTICA

#2095 Mensagem por Francoorp » Sex Mai 21, 2010 7:56 pm

kurgan escreveu:21/05/2010 - 16h49 / Atualizada 21/05/2010 - 16h49
Obama disse em carta a Lula que acordo com Irã criaria confiança

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em uma carta ao seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que o acerto de troca de combustível nuclear com o Irã criaria "confiança" no mundo, segundo trechos do documento obtidos pela Reuters nesta sexta-feira e enviado há 15 dias, antes do acordo de Teerã.
Vejam sò como a roda gira... muitos acusam o Brasil de ter sido usado pelo Irã, e agora vemos que foram os Yankees, na figura de seu líder Hussein Obama, que usou o Brasil para os seus próprios interesses... Mais uma vez eu repito que no jogo internacional não podemos confiar em ninguém, muito menos nos Yankees, que estão no jogo a mais de um século, e jà disseram mais de uma vez que não têm amigos, mas somente interesses !

Estes indivíduos já invadiram países, mataram civis, e torturaram prisioneiros, somente para saquear os recursos minerais, pode ser que no futuro próximo seja o Brasil a bola da vez, e o pior que vai ter "brasileiro" apoiando eles por aqui... se for de direita então... :twisted:

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Re: GEOPOLÍTICA

#2096 Mensagem por Penguin » Sex Mai 21, 2010 8:30 pm

prp escreveu:Esse povo tá querendo é que o Irão constroi uma bomba mesmo para ter motivos para a invasão. Porr@ se o Irã não vai ter uranio para construir a bomba com o acordo do Brasil, porquê as merd@as das sanções? Só para forçar o Irã a descumprir o acordo. Tem besta que ainda cai nesse conto de fadas.
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Re: GEOPOLÍTICA

#2097 Mensagem por Viktor Reznov » Sex Mai 21, 2010 8:34 pm

prp escreveu:Esse povo tá querendo é que o Irão constroi uma bomba mesmo para ter motivos para a invasão. Porr@ se o Irã não vai ter uranio para construir a bomba com o acordo do Brasil, porquê as merd@as das sanções? Só para forçar o Irã a descumprir o acordo. Tem besta que ainda cai nesse conto de fadas.
Irã vai ter urânio pra fazer bomba sim, enquanto estiver enriquecendo urânio no seu país há a possibilidade de que eles estejam construindo uma bomba, é só ir juntando o urânio aos poucos, chega um tempo em que você vai ter o suficiente pra um núcleo de detonação.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2098 Mensagem por EDSON » Sex Mai 21, 2010 10:37 pm

De acordo com estimativas de agências de inteligência ocidentais, o Irã continua a comprar componentes-chave, como mecanismos-gatilho para bombas.

Posso acreditar desde que me deem o nome da empresa.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2099 Mensagem por Paisano » Sáb Mai 22, 2010 12:00 am

Pepe Escobar: Irã, Sun Tzu e a Dominatrix

Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... atrix.html
Irã, Sun Tzu e a Dominatrix

22/5/2010, Pepe Escobar, Blog The Roving Eye [Olhar Distraído], Asia Times Online

http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LE22Ak01.html


Vamos combinar: Hillary Clinton é Dominatrix, dessas que já não se fazem como antigamente.

Primeiro, a secretária de Estado dos EUA disse que a mediação de Brasil e Turquia para conseguir que o Irã aceitasse combustível nuclear em troca de seu urânio estaria condenada ao fracasso. Depois, o Departamento de Estado dos EUA disse que seria “a última chance” de algum acordo sem sanções. E finalmente, menos de 24 horas depois do sucesso das negociações em Teerã, Hillary, chicote em punho, põe de joelhos todo o Conselho de Segurança da ONU e proclama ao mundo, em triunfo, que tinha em mãos um rascunho de resolução preventivamente aprovado, para uma quarta rodada de sanções contra o Irã. Definiu o movimento a favor de sanções como “resposta aos esforços empreendidos em Teerã nos últimos dias”. Mas… Calma lá!

Imediatamente depois do trabalho genuíno e bem-sucedido de mediação em discussão tão sensível, levado a cabo por duas potências emergentes – e mediadores sérios, que contam com a confiança universal – nesse nosso mundo multipolar, Brasil e Turquia… Washington e seus dois aliados da União Europeia no Conselho de Segurança, França e Grã-Bretanha, só pensam em torpedear o acordo? É o que os EUA chamam de “diplomacia” global?

Não surpreende que Brasil e Turquia, aliados chave dos EUA, ambos membros não-permanentes do Conselho de Segurança e ambos poderes regionais emergentes, tenham respondido com fogo pelas ventas, indignados com a reprimenda absolutamente descabida. O Brasil, primeiro, disse que sequer discutiria sanções contra o Irã, na ONU. Depois, Brasil e Turquia enviaram carta à ONU, requerendo formalmente que sejam incluídos nas negociações do grupo “Irã 6” sobre as sanções, “para evitar que se adotem medidas que dificultem qualquer solução pacífica”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil – que dissera pessoalmente à Clinton, no início do ano, que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede” – também criticou o Conselho de Segurança, que lhe parece decidido a impedir qualquer tipo de negociação.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia Ahmet Davutoglu alertou que novo pacote de sanções só faria “estragar a atmosfera”.

E o primeiro-ministro da Turquia Recep Tayyip Erdogan disse que o movimento comprometia seriamente a credibilidade do Conselho de Segurança – e não deixou de lembrar, em tom ácido, o absurdo de haver cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, todos sentados sobre suas bombas atômicas, empenhados em desmantelar o programa nuclear legal e orientado para finalidades médicas e civis de um país em desenvolvimento.

Quanto à “credibilidade dos EUA”, está na lona. Não só na comparação com a credibilidade do Brasil de Lula e da Turquia de Erdogan, mas em todo o mundo em desenvolvimento – que é a verdadeira, a real, a única “comunidade internacional” de carne e osso e sangue que acompanha, interessada, esse sempre o mesmo golpismo incansável.

Frenesi de chicotadas contra o enriquecimento [do urânio]

Ao longo dos últimos meses, Clinton, a Dominatrix, acusou incansavelmente o Irã de ter rejeitado acordo semelhante, de troca de urânio baixo-enriquecido por combustível, proposto pelos EUA em outubro passado. Mais um movimento do script usual de Washington – um manual da eterna má-fé, insistindo que as sanções “nada têm a ver” com o enriquecimento do urânio, quando o mesmo enriquecimento, há apenas poucas semanas, era apresentado como o xis da questão e razão-chave para mais sanções.

E é ainda pior que isso. Como Gareth Porter revelou (“Washington queima pontes”, 21/5/2010, Asia Times Online e traduzido, em português, no Blog Viomundo, em http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... ontes.html), Washington só propusera alguma troca de urânio por combustível em outubro último, porque, desde o início, planejava forçar o Irã a suspender completamente seu programa de enriquecimento de urânio (programa perfeitamente legal e legítimo, ao qual o Irã tem direito, como signatário do Tratado de Não-proliferação Nuclear, NPT). Mas essa intenção dos EUA jamais fora anunciada publicamente: tudo foi apresentado como se o problema fossem as bombas atômicas que não há e das quais o Irã não cogita.

Seja como for, o Irã continuará a produzir urânio enriquecido a 20% (direito do Irã, nos termos do Acordo de Não-proliferação), e começará a construir uma nova usina de enriquecimento, das dimensões da usina de Natanz. É parte do projeto de construir outras 10 usinas, anunciado ano passado pelo presidente Mahmud Ahmadinejad. Além disso, a usina nuclear construída pelos russos em Bushehr já está em fase final de testes e será inaugurada no próximo verão. São fatos irreversíveis, a “realidade em campo”.

Saeed Jalili, secretário do Conselho Superior de Segurança Nacional do Irã e principal negociador iraniano de facto nas questões nucleares, deve encontrar-se em breve com a chefe da política exterior da União Europeia Catherine Ashton na Turquia. Ashton, negociadora designada pela “comunidade internacional” seria representante da opinião pública global, nos termos de um press release distribuído pela British Petroleum sobre o vazamento de petróleo no Golfo do México. Isso, porque a União Europeia prepara-se para editar suas próprias sanções contra o Irã. Vale o mesmo para o Congresso dos EUA; como o senador Chris Dodd, Democrata de Connecticut, confirmou essa semana. Portanto, além das sanções do Conselho de Segurança, o Irã também terá de enfrentar sanções extra, declaradas pela coalizão de direita, dos poodles europeus decadentes, liderada pelos EUA.

China e Rússia, vêm de Sun Tzu

Antigo clássico general chinês, mestre estrategista, filósofo e autor de A Arte da Guerra, disse Sun Tzu: “Deixe que o inimigo erre. Não corrija erros do inimigo.” A China e a Rússia, também mestres estrategistas, aplicam aos EUA, em grande estilo, essa lição bem aprendida.

As dez páginas do rascunho de sanções da ONU de que ontem tanto se falou, já foram reduzidos a tirinhas inócuas de papel por China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança. Qualquer manifestação em linguagem mais belicosa, que ainda se ouça contra aquele rascunho, no Conselho de Segurança, virá dos membros não permanentes Brasil, Turquia e Líbano. (Qualquer sanção terá de ser aprovada por unanimidade; sem isso, as sanções de Clinton nascem mortas.) Não há meio pelo qual Washington consiga forçar todos os membros do Conselho de Segurança a aprovar nova rodada de sanções, sobretudo agora que não há como negar que o Irã está cooperando.

No pé em que estão as coisas, as sanções hoje rascunhadas impedem as importações de armas convencionais pelo Irã; cortam todas as importações relacionadas a mísseis balísticos; congelam bens e valores de membros-chave do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos; e autorizam inspeção em portos e em águas internacionais. A maioria dessas sanções implicam adesão voluntária – i.e., os países não são obrigados a implementar o que determinem as sanções do Conselho de Segurança – e terão efeito zero no comércio global do Irã, de petróleo e gás.

Pequim e Moscou de modo algum lambem o chicote de Clinton. Imediatamente depois do bombástico anúncio em que ela falou do ‘rascunho’ de documento de sanções, o embaixador chinês na ONU, Li Badong, disse que o rascunho de Resolução “não fechava as portas à diplomacia” e, mais uma vez, reforçou a importância “do diálogo, da diplomacia e das negociações.”

E o ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov telefonou imediatamente a Clinton, insistindo na necessidade de melhor análise para o acordo de troca de urânio baixo-enriquecido por combustível, mediado por Brasil e Turquia. Lavrov repetiu que a Rússia absolutamente não considera oportunas quaisquer novas sanções unilaterais de EUA e União Europeia contra o Irã. O Chanceler russo disse que sanções unilaterais incluem medidas “de alcance extraterritorial, além do que permitem os acordos vigentes na comunidade internacional e contrariando princípios da lei internacional consubstanciada na Carta da ONU”.

E assim chegamos a uma situação em que um acordo real e válido, aprovado pelo Irã, sobre troca de seu urânio por combustível para seu reator está em estudos na Agência Internacional de Energia Atômica… ao mesmo tempo em que já está em curso um ataque contra o Irã, mediante sanções, na ONU. Em quem, afinal, a verdadeira “comunidade internacional” acreditará? Erdogan não poderia ter dito com mais clareza: “É tempo de decidir se acreditamos na supremacia da lei ou na lei dos fortes e supremos…”

De fato, o que todo o mundo em desenvolvimento está vendo é o passado – EUA, França, Grã-Bretanha, Alemanha – combatendo contra o avanço do futuro – China, Índia, Brasil, Turquia, Indonésia. A arquitetura da segurança global – policiada por uma camarilha de guardiões autonomeados e assustados – entrou em coma. O ocidente ‘atlanticista’ está naufragando feito Titanic.

Queremos guerra, e é pra já!

Só o poderoso lobby pró-guerra infinita nos EUA continua a considerar “um fiasco” o primeiro passo em direção a um acordo nuclear com o Irã. Inclui-se aí os cada dia mais desacreditados e pró-guerra-do-Iraque New York Times (a mediação Brasil-Turquia estaria “complicando a discussão das sanções”) e Washington Post (o Irã estaria “criando ilusões de avanço nas negociações nucleares”).

Para esse lobby pró-guerra, o acordo mediado por Brasil e Turquia seria “uma ameaça”, porque se opõe diretamente à decisão de atacar imediatamente o Irã (ataque a ser iniciado por Israel, e que os EUA seguiriam) e a promover lá uma “troca de regime” – sonho-desejo sempre acalentado por Washington.

Em recente discurso no Conselho de Relações Estrangeiras o luminar Dr. Zbigniew [Brzezinski] “vamos conquistar a Eurásia” alertou contra “gravíssimo perigo” de “um despertar político global” e de as elites globais se desentenderem”. Para o ex-conselheiro presidencial para assuntos de segurança nacional dos EUA, “pela primeira vez na história humana, toda a humanidade está politicamente desperta. É realidade totalmente nova, praticamente jamais aconteceu, em toda a história humana.” E quem, diabos, essas estrelas novas recém acordadas, como Brasil e Turquia, pensam que são, para atrever-se a perturbar ‘nosso’ governo do mundo?

Enquanto isso, norte-americanos sempre subinformados continuam a perguntar-se “Por que nos odeiam tanto?” Porque, dentre outras razões, visceralmente unilateral sempre, Washington nunca pensa duas vezes antes de meter-se a tentar erguer o chicote até para os seus melhores amigos.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2100 Mensagem por Marino » Sáb Mai 22, 2010 9:46 am

Por que a mediação brasileira irritou tanto a Europa

Análise: Gilles Lapouge



Depois de ter assinado com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyp Erdogan, um acordo com o Irã sobre o programa nuclear iraniano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "a diplomacia saiu vitoriosa". Mas essa não é a opinião dos diplomatas europeus, que, sem rejeitar o acordo de segunda-feira, fizeram caretas, dizendo que "o Irã está de novo com as cartas na mão".

Os israelenses estão ainda mais descontentes. Eles odiaram o acordo, mas fizeram uma distinção entre os dois responsáveis. A Turquia, cujas relações com Jerusalém deterioraram-se depois da guerra na Faixa de Gaza, voluntariamente prestou-se às "manobras iranianas". Já Lula, "pecou pela ingenuidade", sugerindo que o Brasil, pouco habituado aos ardis da diplomacia, caiu "na armadilha iraniana".

Esse desânimo espanta. Na verdade, o acordo entre Brasil, Turquia e Irã reproduz o mecanismo de troca de urânio concebido em Viena em outubro de 2009 pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Na ocasião, EUA, França e Rússia consideraram o sistema engenhoso. Mas o Irã o rejeitou.

Ora, os mesmos que aprovaram esse texto, em vez de saudar a virtuosidade de Lula e Erdogan, resmungam. À primeira vista, podemos pensar que os grandes da diplomacia mundial, simplesmente ficaram melindrados ao ver que Ancara e Brasília obtiveram de um só golpe o que os "gênios" não conseguiram. "O Irã está com as cartas na mão", opinou o francês Bruno Tertrais, da Fundação para Pesquisa Estratégica. "Os ocidentais devem agora empreender uma grande batalha de relações públicas."

O nervosismo da França é mais observado contra a Turquia, que a diplomacia francesa não aprecia (Sarkozy rejeita a entrada da Turquia na União Europeia). Muito menos visível no caso de Lula porque a França tem um velho hábito de amar o Brasil. Lula é o chefe de Estado mais admirado pelos franceses (mais do que Barack Obama). E Sarkozy, como todos os franceses, gosta do Brasil e de Lula.

TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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