[EDIT] Não tinha visto que já havia sido postada, mas parece que essa é uma versão mais compacta.[/EDIT]
Correio Braziliense
Entrevista: Robert Gower
Executivo da empresa questiona propostas de
concorrentes para venda de caças
Isabel Fleck
A empresa norte-americana Boeing, que concorre no programa F-X2 da Força Aérea Brasileira (FAB) com o caça F-18 Super Hornet, considera que está mais na disputa do que nunca. Segundo o vice-presidente da Boeing para o programa F-18, Bob Gower, a última oferta, apresentada ao governo brasileiro em 2 de agosto, traz argumentos “muito convincentes”, como um preço até 40% menor que a da francesa Dassault — fabricante do Rafale — e a transferência de “toda a tecnologia pedida pela FAB”. “Acredito que seríamos até 40% mais baratos que o Rafale, tanto nos custos de aquisição como de manutenção”, revelou Gower ao Correio.
O representante da Boeing, que se reuniu com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, nesta semana, questionou a “transferência de tecnologia irrestrita” oferecida pelo governo francês. “Para nós, isso significa ofertar tudo o que é preciso para projetar e construir uma aeronave. Eles possuem, por exemplo, os direitos do chip da Intel, que está dentro da plataforma do avião?”, indagou.
Quanto à outra concorrente, a sueca Saab, Gower alertou para o fato de o caça Gripen NG ainda ser um avião em desenvolvimento, e de os custos e prazos para entrega, nestes casos, sempre serem maiores do que o estimado. Sobre a recente ofensiva da Saab no Brasil — que, nos últimos 10 dias, teve uma audiência pública no Senado, convocou uma coletiva de imprensa e tem publicado anúncios do Gripen NG em jornais brasileiros —, Gower ironizou: “Alguns concorrentes estão mais desesperados por uma venda, porque sem uma venda, eles (os aviões) potencialmente não existem.”
Em visita à Suécia, nesta semana, o presidente Lula disse que a única proposta que ele conhece é a da Dassault. Isso torna a disputa desigual?
O nosso entendimento é que a Força Aérea Brasileira ainda está avaliando as três propostas e levará suas recomendações ao ministro Nelson Jobim e ao presidente Lula. E quando isso acontecer, o presidente poderá ter acesso a todas as propostas, já com as recomendações da FAB. Nós temos argumentos muito convincentes sobre a mesa, considerando que a nossa proposta sairá muito mais barata ao governo brasileiro do que a do Rafale, e o nosso programa de transferência de tecnologia. Acredito que seríamos até 40% mais baratos que o Rafale, tanto nos custos de aquisição como de manutenção.
A Saab disse que, em 40 anos, o custo dos outros concorrentes equivaleria ao de dois Gripen NG. Não seria mais interessante para o Brasil investir então na proposta sueca?
É preciso observar que, hoje, o Gripen NG não é um avião pronto, então qualquer projeção que se faça sobre ele não tem base em uma trajetória. Além disso, a nossa experiência com o desenvolvimento de aviões mostra que os custos sempre acabam sendo bem mais altos do que o esperado e o prazo para entrega, maior. E esse é o grande risco de um programa que ainda está sendo desenvolvido.
O que a Boeing melhorou na sua proposta?
A principal mudança é a possibilidade de finalizar os caças aqui. Nós já tínhamos oferecido fazer uma parte significante da fuselagem e as asas, mas agora temos a oportunidade de entregar os caças a partir do Brasil. Outro ponto significativo é que conseguimos, no início de setembro, a aprovação do Congresso para toda a tecnologia que foi oferecida. Então, não precisamos de nenhuma aprovação adicional.
Mas o que, de fato, poderá ser produzido aqui?
A montagem final dos 24 últimos aviões será feita no Brasil. Isso inclui unir a fuselagem, as asas, colocar a cauda, instalar toda a aviônica (instrumentos de voo) e testar o avião para ver se ele está pronto para voar. Mas, mais do que isso, vamos fazer a frente da fuselagem e uma parte significativa das asas para as 36 aeronaves aqui. E essa fuselagem produzida aqui não será apenas para os caças vendidos ao Brasil. O país poderá produzir para qualquer outra venda internacional que fizermos.
O garoto-propaganda dos caças franceses tem sido o presidente Nicolas Sarkozy, que veio pessoalmente ao Brasil em 7 de setembro. Faltou um pouco desse empenho do governo americano?
Toda a nossa proposta passou pelo governo americano, que enviou ao Brasil assessores próximos ao presidente Barack Obama para reafirmar que Washington aprova a oferta e a transferência de tecnologia. Eles fizeram o que era preciso nesta campanha. O fato de alguém vir aqui e falar sobre compromissos é uma coisa; se preocupar em colocar isso no contrato é outra.
A França oferece transferência de tecnologia irrestrita, e os EUA, transferência de tecnologia necessária. O que é isso significa?
Quer dizer que vamos transferir toda a tecnologia que foi pedida pela FAB. Honestamente, nós não conseguimos entender como alguém oferece transferência de tecnologia irrestrita, porque, para nós, isso significa ofertar tudo o que é preciso para projetar e construir uma aeronave. Eles possuem, por exemplo, os direitos do chip da Intel, que está dentro da plataforma do avião? Nós não fazemos esse tipo de oferta. Essa é a diferença.
Por conta da recente ofensiva do governo sueco, alguns têm considerado apenas a Saab e a Dassault no páreo…
Nós estamos muito mais na disputa do que antes, e a nossa proposta falará por si só. No entanto, alguns concorrentes estão mais desesperados por uma venda, porque sem uma venda, eles (os aviões) potencialmente não existem
Fonte:
http://www.defesanet.com.br/01_lz/fx2/01_bo_cb.htm
Se Dassault não tiver atendido aos termos da carta do Sark e for verdade isso que promete o cara da Boeing (estiver na proposta e depois for para o contrato), o Super Hornet, que eu considerava fora do páreo, passa aser uma boa opção. Tem como vantagens inquestionáveis o fato de estar totalmente operacional e testado na configuração ofertada ao Brasil, ou seja, risco zero, além da reconhecidamente ótima logística americana. Como eu disse, se os franceses não cumprirem as promessas do Sark, não tem como fugir dos americanos mesmo. Que embarquemos de cabeça então!