A Revolução Bolivariana tem logrado êxitos, mas é preciso compreeder a situação econômica do país. Não se apaga séculos de pobreza em uma década.
Abaixo, o relato de Miguel Urbano Rodrigues, em outubro, sobre a Venezuela:
O analfabetismo foi praticamente erradicado. A assistência médica, antes
privilégio da burguesia, passou a ser gratuita e extensiva à totalidade da
população.
Num país onde antes o sector editorial era praticamente inexistente, o Estado,
numa demonstração do interesse prioritário que atribui à batalha cultural,
distribuiu gratuitamente desde o início do ano 27 milhões de livros de autores
nacionais e estrangeiros. O total equivale à população do país. Um exemplo
dessa explosão cultural foi a distribuição gratuita de um milhão de exemplares
do D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes.
Novas universidades foram criadas e o número de estudantes no ensino
superior excede hoje 2 milhões, dos quais mais de 1,5 milhão no pública.
Antes, o acesso a universidade dos filhos de trabalhadores era mínimo.
Presentemente, nas faculdades estatais os alunos das camadas não
burguesas são maioria. Esses êxitos não teriam sido viáveis sem uma politica
humanista e revolucionária na qual as Misiones, desempenham um papel
decisivo . Por si só a Mision Mercal fornece a 10 milhões de pobres, a preços
subsidiados, em 1.500 lojas do Estado, e postos de vendas móveis e mercados
abertos , uma grande variedade de bens de consumo. A Mision Barrio Adentro,
no campo da saúde, realiza um trabalho de valor inestimável. Mais de 20.000
médicos e enfermeiros cubanos levaram saúde a milhões de venezuelanos,
numa epopeia de solidariedade internacionalista.
Iniciativa positiva e original foi a criação de empresas de produção social
geridas pelos trabalhadores. Entraram já em funcionamento mais de 300 em
regimes de propriedade estatal, mista ou colectiva.
O governo tem estimulado os Consejos Locales de Planificacion Publica e os
Consejos Comunales, empenhados em promover a participação popular.
Outras estruturas criadas pela Revolução, os Consejos de Trabajadores e os
Consejos de Campesinos, têm realizado um trabalho importante na
consciencialização de operários e camponeses.
São conquistas reais, palpáveis.
Tulio escreveu:O que se viu foi pura demagogia, exacerbação do Nacionalismo (socialistas são INTERNACIONALISTAS) e ações circenses na mídia.
O nacionalismo
não é um ponto socialista, por óbvio. Mas, no contexto, qual seja, o da independência frente ao imperialismo, sim.
Daí a literatura socialista ser pacífica nesse sentido:
Mao Tsé-Tung, no Livro Vermelho escreveu:Acaso os comunistas, que são internacionalistas, poderão ao mesmo tempo ser patriotas? Nós pensamos que não somente podem como também devem sê-lo. As condições históricas é que determinam o conteúdo concreto do patriotismo. Existe o nosso patriotismo , e existe o 'patriotismo' dos agressosres japoneses e o de Hitler (...)
Trotsky, no Programa de Transição escreveu:Quando o pequeno camponês ou o operário falam de defesa da pátria, falam da defesa de sua casa, de sua família e da família de outrem contra a invasão, contra as bombas, contra os gases asfixiantes. O capitalista e seu jornalista entendem por defesa da pátria a conquista de colônias e mercados, a extensão, pela pilhagem, da parte "nacional" da renda mundial
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Tulio escreveu:O socialismo não admite classes sociais; O chamado 'bolivaranismo' diz que não mas...
Na verdade, ainda na etapa socialista há distensão de classe. O socialismo é um vir-a-ser da eliminação delas, e o bolivarianismo (com as suas contradições, como eu disse na primeira postagem) está distante ainda.
Tulio escreveu:O socialismo não admite a propriedade privada DOS MEIOS DE PRODUÇÃO (necessário explicar bem, há aqui quem ache que vai perder a casa, o carro, a mulher...); o chamado 'bolivarianismo' diz que não, mas...
No relato acima, há exemplos de implementação de propriedade estatais, mistas e coletivas. Mas é um processo, repito, gradual e sem saltos.
Tulio escreveu:O socialismo, NA PRÁTICA, levou à Nomenklatura e à pobreza generalizada; o chamado 'bolivarianismo' também.
Discordo, e me remeto ao relato acima.
Tulio escreveu:O discurso de Marx em seu Materalismo Dialético Histórico nos diz que "não é a idéia que produz a realidade, é a realidade que produz idéias", já 'ele' tenta criar ou moldar a realidade às suas próprias idéias. Nada marxista, portanto...
Sim, Chávez não é marxista. Aludo a isso na minha postagem anterior.
Tulio escreveu:Bolívar foi um Democrata que instaurou um modelo totalitário, premido pelas circunstâncias (ou sua visão delas) do momento em que viveu; seu alegado 'sucessor' posa de Democrata mas se encaminha cada vez mais diretamente para o autoritarismo. Nunca esqueçamos que foi um militar golpista...
Ouso dizer que Chávez é ainda mais democrata que Bolívar. Pois um era liberal (o contexto progressista da época) e se tornou ditador (no sentido romano) pelas circunstâncias, como você lembra. Já Chávez é socialista (o do séc. XXI, qual seja) e foi eleito pelo voto popular, e tendo passado por referendos que mantiveram seu mandato.
Daí a pecha de "ditador", para Chávez, ser equivocada e não resiste às análises concretas.
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Kevin escreveu:O próprio conceito de imperialismo e seu reflexo denominado neo-colonialismo (lêr, por exemplo, Veias Abertas da América Latina de Galeano) nos termos colocado pelos sociologos e historiadores (...)
A essência é a mesma- manutenção do subdesenvolvimento da colônia em prol da metrópole, daí o projeto bolivariano estar, como sempre, na ordem do dia. Quanto à industrialização como requisito do bem-estar do povo, é preciso acuidade dialética para evitar determinismos. Nem Rússia, no passado, nem Cuba, mais recentemente, foram países industrializados à época de suas revoluções.