Prezado Luiz.
As histórias que meu pai relatava tinham, apesar da seriedade e agruras da guerra, o toque que ele sempre imprimiu em suas conversas, ou seja, boas pitadas de humor.
Todavia, quando italianos gritaram-lhe na cara (para todo o contigente que desembarcou) e quando recebeu capacete com marcas de americanos mortos, além de ele, artilheiro, ter se deslocado para recolher infantes feridos ou abandonados por oficiais, ai ele ficava sério e emocionado.
Em minha rua nativa, era meu pai, um tio ao lado, e mais dois vizinhos próximos, todos veteranos da FEB. O velho e meu tio eram os únicos que foram como ofociais.
Quando criança eu me delciava com suas narrativas, achava tudo fascinante e heróico. Sentia o maior orgulho quando meu pai desfilava no 7 de setembro. Porém, quando já adolescente, o romantismo deu lugar a estupefação de como eles tiveram que atravessar, cada um, seu rubicão a nado. Se reunião todo ano para uma feijoada depois do desfile.
Guardo um livro (incrivelmente proibido na época dos governos militares) que meu pai me deu quando fiz 12 anos. Nele, ele me falou, estava TODA a verdade da FEB. E posso dizer pelo resumo de suas histórias, e às do livro, e fazendo uma paródia a Churchill: " nunca tantos deram-se tanto (por) e para tão poucos".
Meu velho deu baixa assim que retornou, foi como 2º e retornou 1º ten (era R2)
Fez vida civil, era eng, agrônomo. Hoje, minha mãe recebe o soldo equivalente de ten.Cel ou full (eu acho).
Brincava muito com ele por causa de suas medalhas, dizia que se eu colocasse mais uma chapinha de guaraná champagne da Antarctica (marca que ele adorava) ele não conseguiria andar). Ele ria e dizia que na guerra, e por causa dela assim que desembarcou, ganhou 03 medalhas (campanha, sangue e de guerra), mas aqui as que lhe deram dava para ele abrir um ferro-velho.
Aliás, uma das sacanagens que gostava de fazer com ele era sobre um dos versos de uma músicas do F. Brandt, "Nas asas da Panair": "..para me contar casos da cia da Itáilia e do tiro que ele não levou". Isto pq sua medalha de sangue foi devido a explosão do Jeep em que ele estava, que meu pai sério dizia que foi um mina ou obus alemão, e meu tio rindo dizia que foi um dos passageiros fumando no Jeep que estava sem a tampa do combustível.
"Causos" de guerra
Faleceu em 1979, pouco depois de eu sair do CPOR e ingressar na PF, cheguei ter a honra de prestar-he continência que quase omatou de chorar antes da hora.