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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Ter Nov 03, 2009 10:40 pm
por pafuncio
O Armisael fez um post crítico, que até pode se concretizar. O Serra com certeza tentará desconstruir o END.

Ahora, só para lembrar, o Keneth Valpo é do outro lado da
cordilheira ....

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Ter Nov 03, 2009 10:46 pm
por DELTA22
Com Keneth não quiz manter a conversa quando percebi onde ele queria chegar... já aprendi um "tiquinho" como lidar com os espanoparlantes... Quanto ao Armisael, não fiz um comentário direto pois conheço bem sua indisposição quando o assunto é o Brasil. :wink:

Seguindo o Sideshow, fim do OT!

Saludos,

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Ter Nov 03, 2009 10:56 pm
por alexmabastos
Panfucio,

Não acho que o Serra desconstruiria o END não. Acho que o reduziria de tamanho mas mesmo assim o tocaria para frente. Isso significa empregos. Muito empregos. E o PSDB vê os bolivarianos muito mais como inimigos que o PT.

O Serra tocaria para frente o END gerando empregos no Brasil ou compraria de prateleira de fora? Creio que a primeira mas com menos ênfase nas transferências......o povo não é mais tão ignorante assim. E se assim não fosse em 2014 Inácio volta e estampa na cara do psdebista que comprou de fora pronto em vez de desenvolver aqui gerando emprego. Creio que é um caminho sem volta. Há inimigos externos no ponto de vista dos dois partidos concorrentes. Há interesse em reeleição. O maior argumento para uma reeleição é emprego. Tecnologia gera emprego assim como produção nacional.

Se o PSDB assumir ele sabe que não pode vacilar.

Meio off...acabo aqui.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Ter Nov 03, 2009 11:21 pm
por Mapinguari
gaitero escreveu:
Mapinguari escreveu:
Que contratorpedeiros? A MB tem ou terá contratorpedeiros?
Me referia aos já aposentados classe Pará... Que ainda não foram substituidos... :wink:
Ahhh, é que você escreveu "temos" três contratorpedeiros e não "tínhamos"... ;-)

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Ter Nov 03, 2009 11:22 pm
por Carlos Mathias
É ruim hein!
Pode escrever, F-16MLU e semelhantes, acabou.
Se vir isso!!!!

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 8:17 am
por faterra
Que o Serra odeia os militares, é público e notório.
Até onde ele se meteria com a END e com a reconstrução das FA's no sentido de desmantelá-los, tenho minhas dúvidas. Afinal, acredito que ele seja uma pessoa normal, dotada da capacidade de discernir e, por isso, não creio que vá bater de frente com estas ações na medida que ela esteja cumprindo com o prometido - criação e manutenção de empregos.
Agora, tudo tem que já estar definido. Se deixarem alguma decisão para ele - um abraço - as FA's estarão na rua da amargura.
Bom, isto tudo levando em conta acontecer o indesejável - a sua eleição! (Cruz credo :shock:). Há uma corrente tão forte achando que esta eleição vai acontecer, que já está até me dando arrepios!
Tenho notado que boa parte dos foristas tem se mostrado reticentes e, em muitos casos, até descrentes, em relação à transferência de tecnologia. Por quê?
Os detentores de tecnologia que participam das licitações militares brasileiras são conhecedores das exigências no que se refere à estas transferências, e se mostraram dispostos a repassá-las - pelo menos dentro das propostas apresentadas. Ao definir a proposta vencedora, o Brasil JÁ ESTARÁ PAGANDO POR ESTA TRANSFERÊNCIA junto com o financiamento do vetor. O país já possui pessoal altamente capacitado e pronto para receber esta tecnologia, caso contrário, não vejo lógica na expectativa da indústria em recebê-la de imediato. No mínimo, estariam gritando pela inexistência desta mão-de-obra. Por outro lado, à medida que a demanda por esta mão-de-obra for surgindo pressionará naturalmente pela sua criação e melhoria. Lógico, o governo e, principalmente, a iniciativa privada deverão se antecipar, criando mecanismos e condições para que isto aconteça. E, para nosso alívio, já existem escolas de alta qualidade espalhadas pelo país, embora não na quantidade desejável.
É o que penso.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 10:08 am
por LeandroGCard
faterra escreveu:Que o Serra odeia os militares, é público e notório.
Até onde ele se meteria com a END e com a reconstrução das FA's no sentido de desmantelá-los, tenho minhas dúvidas. Afinal, acredito que ele seja uma pessoa normal, dotada da capacidade de discernir e, por isso, não creio que vá bater de frente com estas ações na medida que ela esteja cumprindo com o prometido - criação e manutenção de empregos.
Agora, tudo tem que já estar definido. Se deixarem alguma decisão para ele - um abraço - as FA's estarão na rua da amargura.
Bom, isto tudo levando em conta acontecer o indesejável - a sua eleição! (Cruz credo :shock:). Há uma corrente tão forte achando que esta eleição vai acontecer, que já está até me dando arrepios!
Tenho notado que boa parte dos foristas tem se mostrado reticentes e, em muitos casos, até descrentes, em relação à transferência de tecnologia. Por quê?
Os detentores de tecnologia que participam das licitações militares brasileiras são conhecedores das exigências no que se refere à estas transferências, e se mostraram dispostos a repassá-las - pelo menos dentro das propostas apresentadas. Ao definir a proposta vencedora, o Brasil JÁ ESTARÁ PAGANDO POR ESTA TRANSFERÊNCIA junto com o financiamento do vetor. O país já possui , caso contrário, não vejo lógica na expectativa da indústria em recebê-la de imediato. No mínimo, estariam gritando pela inexistência desta mão-de-obra. Por outro lado, à medida que a demanda por esta mão-de-obra for surgindo pressionará naturalmente pela sua criação e melhoria. Lógico, o governo e, principalmente, a iniciativa privada deverão se antecipar, criando mecanismos e condições para que isto aconteça. E, para nosso alívio, já existem escolas de alta qualidade espalhadas pelo país, embora não na quantidade desejável.
É o que penso.
Caro amigo,

A grande preocupação com a efetividade da transferência de tecnologia é que ao contrário do que se pensa não existe no nosso país "pessoal altamente capacitado e pronto para receber esta tecnologia" como você menciona.

Por diversos motivos históricos, sócio-culturais e econômicos (estou até pensando em escrever um livro a respeito) a indústria brasileira em geral, com as pouquíssimas exceções bem conhecidas, tem enfoque absoluto na produção, e não em projeto/desenvolvimento. O resultado é que na sua grande maioria os engenheiros e técnicos da indústria estão muito bem preparados para receber os arquivos CAD, desenhos e folhas de processo dos mais diversos componentes e sistemas, e então partir para produzí-los aqui (nacionalização), mas não para entender porque aquelas informações de projeto são como são, e muito menos para gerar informações para um novo projeto diferente.

Se não me engano o Walter já descreveu esta situação aqui, décadas atrás a MB comprou dos EUA uma fábrica completa para a produção de torpedos ligeiros AS e a instalou em Niterói, e após produzir todos os torpedos que a marinha precisava ela ficou inativa por muito tempo. Aí, anos depois tiveram a idéia de utilizá-la para fazer um novo torpedo mais moderno, mas o que aconteceu? Ninguém sabia como gerar os projetos para este novo torpedo, e os projetos fornecidos pelos EUA simplesmente não podiam ser produzidos na fábrica como estava, exigiriam grandes alterações e novos equipamentos caríssimos. Então se compraram os novos torpedos de prateleira, e ficou por isso mesmo até hoje.

Alguns parecem pensar que envolver as universidades e centros de pesquisa nacionais, mandando alunos fazer mestrado e doutorado lá fora, pode resolver a questão como em um passe de mágica. Ledo engano, os cursos de pós-graduação em engenharia ensinam a fazer ciência básica e pesquisa teórica, e não projetos. Um doutor aprende por exemplo a elaborar sofisticadas equações diferenciais que descrevem o comportamento do fluído lubrificante em um mancal de eixo operado a 1000m de profundidade, mas não sabe como especificar as tolerâncias para a fabricação deste mesmo eixo, esta não é a função dele.

Em vinte anos atuando como engenheiro de projetos e consultor na área, só conheci uma única forma de aprender a desenvolver projetos, que é fazê-los, construí-los e testá-los na prática, e ainda repetir este ciclo algumas vezes. A Embraer não é um sucesso na área de projetos aeronáuticos porque emprega doutores, ou porque vive absorvendo tecnologias de parceiros, mas porque realiza um projeto atrás do outro já há 40 anos. O primeiro projeto sério da Embraer foi gerenciado por um francês, mas já feito dentro da própria empresa (não foi comprado nenhum “projeto pronto e já provado e em uso no país de origem”, como exige a MB por exemplo), e depois disso a equipe de brasileiros que executou o projeto nunca mais parou de gerar projetos novos. Por isso hoje a Embraer lidera os projetos, e os parceiros trabalham sob sua orientação.

Mas quantas Embraer existem atualmente no país, com tantas décadas em experiência de projeto? E quem garante que esta experiência poderá ser adquirida, se os projetos estão todos sendo comprados já prontos ou desenvolvidos pelos parceiros tecnológicos sob encomenda, e até agora não se falou nada sobre os projetos sucessores que deveriam ser desenvolvidos aqui? Haverá verbas para arriscar em projetos novos depois que todos os itens dos projetos que constam na lista da MB forem iniciados (lembrando que nem todos seriam necessariamente bem sucedidos, pois errar faz parte do aprendizado)?

Na minha opinião existem sim motivos, e muito fortes, para se preocupar com o sucesso das transferências de tecnologia. Estaremos realmente PAGANDO por algo, mas será que vamos mesmo aproveitá-lo?


Leandro G. Card

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 10:18 am
por brisa
O Sideshow..... voce foi promovido porque ficou bastante tempo sem postar (apenas lendo) e esse afastamento se não me engano foi um atrito com o Don Armisael :mrgreen: ..... acharam que voce se regenerou [003]

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 11:48 am
por faterra
LeandroGCard escreveu:
faterra escreveu:Que o Serra odeia os militares, é público e notório.
Até onde ele se meteria com a END e com a reconstrução das FA's no sentido de desmantelá-los, tenho minhas dúvidas. Afinal, acredito que ele seja uma pessoa normal, dotada da capacidade de discernir e, por isso, não creio que vá bater de frente com estas ações na medida que ela esteja cumprindo com o prometido - criação e manutenção de empregos.
Agora, tudo tem que já estar definido. Se deixarem alguma decisão para ele - um abraço - as FA's estarão na rua da amargura.
Bom, isto tudo levando em conta acontecer o indesejável - a sua eleição! (Cruz credo :shock:). Há uma corrente tão forte achando que esta eleição vai acontecer, que já está até me dando arrepios!
Tenho notado que boa parte dos foristas tem se mostrado reticentes e, em muitos casos, até descrentes, em relação à transferência de tecnologia. Por quê?
Os detentores de tecnologia que participam das licitações militares brasileiras são conhecedores das exigências no que se refere à estas transferências, e se mostraram dispostos a repassá-las - pelo menos dentro das propostas apresentadas. Ao definir a proposta vencedora, o Brasil JÁ ESTARÁ PAGANDO POR ESTA TRANSFERÊNCIA junto com o financiamento do vetor. O país já possui , caso contrário, não vejo lógica na expectativa da indústria em recebê-la de imediato. No mínimo, estariam gritando pela inexistência desta mão-de-obra. Por outro lado, à medida que a demanda por esta mão-de-obra for surgindo pressionará naturalmente pela sua criação e melhoria. Lógico, o governo e, principalmente, a iniciativa privada deverão se antecipar, criando mecanismos e condições para que isto aconteça. E, para nosso alívio, já existem escolas de alta qualidade espalhadas pelo país, embora não na quantidade desejável.
É o que penso.
Caro amigo,
A grande preocupação com a efetividade da transferência de tecnologia é que ao contrário do que se pensa não existe no nosso país "pessoal altamente capacitado e pronto para receber esta tecnologia" como você menciona.
Por diversos motivos históricos, sócio-culturais e econômicos (estou até pensando em escrever um livro a respeito) a indústria brasileira em geral, com as pouquíssimas exceções bem conhecidas, tem enfoque absoluto na produção, e não em projeto/desenvolvimento. O resultado é que na sua grande maioria os engenheiros e técnicos da indústria estão muito bem preparados para receber os arquivos CAD, desenhos e folhas de processo dos mais diversos componentes e sistemas, e então partir para produzí-los aqui (nacionalização), mas não para entender porque aquelas informações de projeto são como são, e muito menos para gerar informações para um novo projeto diferente.
Se não me engano o Walter já descreveu esta situação aqui, décadas atrás a MB comprou dos EUA uma fábrica completa para a produção de torpedos ligeiros AS e a instalou em Niterói, e após produzir todos os torpedos que a marinha precisava ela ficou inativa por muito tempo. Aí, anos depois tiveram a idéia de utilizá-la para fazer um novo torpedo mais moderno, mas o que aconteceu? Ninguém sabia como gerar os projetos para este novo torpedo, e os projetos fornecidos pelos EUA simplesmente não podiam ser produzidos na fábrica como estava, exigiriam grandes alterações e novos equipamentos caríssimos. Então se compraram os novos torpedos de prateleira, e ficou por isso mesmo até hoje.
Alguns parecem pensar que envolver as universidades e centros de pesquisa nacionais, mandando alunos fazer mestrado e doutorado lá fora, pode resolver a questão como em um passe de mágica. Ledo engano, os cursos de pós-graduação em engenharia ensinam a fazer ciência básica e pesquisa teórica, e não projetos. Um doutor aprende por exemplo a elaborar sofisticadas equações diferenciais que descrevem o comportamento do fluído lubrificante em um mancal de eixo operado a 1000m de profundidade, mas não sabe como especificar as tolerâncias para a fabricação deste mesmo eixo, esta não é a função dele.
Em vinte anos atuando como engenheiro de projetos e consultor na área, só conheci uma única forma de aprender a desenvolver projetos, que é fazê-los, construí-los e testá-los na prática, e ainda repetir este ciclo algumas vezes. A Embraer não é um sucesso na área de projetos aeronáuticos porque emprega doutores, ou porque vive absorvendo tecnologias de parceiros, mas porque realiza um projeto atrás do outro já há 40 anos. O primeiro projeto sério da Embraer foi gerenciado por um francês, mas já feito dentro da própria empresa (não foi comprado nenhum “projeto pronto e já provado e em uso no país de origem”, como exige a MB por exemplo), e depois disso a equipe de brasileiros que executou o projeto nunca mais parou de gerar projetos novos. Por isso hoje a Embraer lidera os projetos, e os parceiros trabalham sob sua orientação.
Mas quantas Embraer existem atualmente no país, com tantas décadas em experiência de projeto? E quem garante que esta experiência poderá ser adquirida, se os projetos estão todos sendo comprados já prontos ou desenvolvidos pelos parceiros tecnológicos sob encomenda, e até agora não se falou nada sobre os projetos sucessores que deveriam ser desenvolvidos aqui? Haverá verbas para arriscar em projetos novos depois que todos os itens dos projetos que constam na lista da MB forem iniciados (lembrando que nem todos seriam necessariamente bem sucedidos, pois errar faz parte do aprendizado)?
Na minha opinião existem sim motivos, e muito fortes, para se preocupar com o sucesso das transferências de tecnologia. Estaremos realmente PAGANDO por algo, mas será que vamos mesmo aproveitá-lo?

Leandro G. Card
Bom dia, Leandro
Tomo como exemplo, nossa parceria com os sul-africanos. O Brasil já tinha pessoal capacitado e tentando desenvolver um míssil. Foi o país fazer parceria com eles e olhe o ganho na nossa capacidade de desenvolvimento. Outros mísseis já estão sendo desenvolvidos, alguns já foram até vendidos para outros países (considero significativa sim as vendas feitas ao Paquistão não tanto pela quantidade, mas, sim pelo reconhecimento de nossa capacidade). Isto é inegável e uma irrefutável prova de nossa capacidade.
Sempre defendi aqui a pesquisa e o desenvolvimento pelo país de suas próprias soluções. Nem que para isto tenham que "reinventar a roda" - como muitos gostam de enfatizar. Sempre defendi o investimento em P&D tanto por parte do governo, quanto por parte da iniciativa privada. Mas, infelizmente, sempre foi difícil, com um lado sempre basculando para o outro a responsabilidade para isto. Sempre com a desculpa de problemas financeiros para que isto não acontecesse.
Nas décadas de 70 e 80, muito foi feito neste campo, por empresas privadas e públicas, mas, quando os resultados começaram a aparecer, começaram os obstáculos para não se continuar pelo caminho aberto. Hoje estaríamos ocupando uma posição invejável nesta área. Sempre colocaram o problema financeiro na frente. O engraçado que este problema nunca existiu para satisfazer as necessidades de promessas de campanha tão díspares quanto, muitas vezes, desnecessárias, sem falar nas "outras necessidades" sempre presentes.
Ficamos parados no tempo por uns 20 anos.
Hoje temos mais uma oportunidade para nos colocarmos em igualdade aos demais países desenvolvidos. Será que vamos perdê-la, desta vez com a desculpa de que "não temos pessoal capacitado"?
Quem quer, faz a hora.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 11:58 am
por Guerra
DELTA22 escreveu: Lembrando que o cara é funcionário do MinDef argentino (CITEFA) e fã incondicional da ministra Garré! :mrgreen:

Saludos... digo... []'s. :lol:
Rapaz, se você soubesse como tem militar argentino aplaudindo esse governo. O Argentino é muito orgulhoso para adimitir que esta no caminho errado.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 12:06 pm
por Guerra
LeandroGCard escreveu:
Na verdade minha preocupação com a Argentina é até inversa do que você parece achar. Eu gostaria muito que eles tivessem até ganho posição com relação a nós, e agora pudéssemos estar trabalhando juntos em projetos comuns sem problemas de dor-de-cotovêlo e rivalidades sem sentido. Juntos poderíamos fazer muito mais do que separados.

Eu tb penso assim, mas eles não. Fazer o que?
Mas meu comentário se referia mesmo ao que acontece aqui dentro do Brasil. Planos de grandes marinhas com montes de submarinos e navios de superfície eu vejo desde garoto, e agora estou vendo mais um. Mas não tenho nenhuma segurança de que estes planos de agora irão seguir um caminho diferente dos outros (poder podem, mas quem é que garante?), daí não questiono o que disse o argentino.
Eu sou um critico da END. Tb já vi um monte de plano no Brasil. Mas nunca vi um plano igual a esse. Vindo da iniciativa dos civis, com apoio do governo e da sociedade e numa epoca de economia favoravel...eu nunca vi. Não vi aqui. Não sei se a Argentina já passou por isso. Eu acho que não. Penso até que na américa latina nenhum pais passou por algum assim.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 12:52 pm
por LeandroGCard
faterra escreveu:Bom dia, Leandro
Tomo como exemplo, nossa parceria com os sul-africanos. O Brasil já tinha pessoal capacitado e tentando desenvolver um míssil. Foi o país fazer parceria com eles e olhe o ganho na nossa capacidade de desenvolvimento. Outros mísseis já estão sendo desenvolvidos, alguns já foram até vendidos para outros países (considero significativa sim as vendas feitas ao Paquistão não tanto pela quantidade, mas, sim pelo reconhecimento de nossa capacidade). Isto é inegável e uma irrefutável prova de nossa capacidade.
Sempre defendi aqui a pesquisa e o desenvolvimento pelo país de suas próprias soluções. Nem que para isto tenham que "reinventar a roda" - como muitos gostam de enfatizar. Sempre defendi o investimento em P&D tanto por parte do governo, quanto por parte da iniciativa privada. Mas, infelizmente, sempre foi difícil, com um lado sempre basculando para o outro a responsabilidade para isto. Sempre com a desculpa de problemas financeiros para que isto não acontecesse.
Nas décadas de 70 e 80, muito foi feito neste campo, por empresas privadas e públicas, mas, quando os resultados começaram a aparecer, começaram os obstáculos para não se continuar pelo caminho aberto. Hoje estaríamos ocupando uma posição invejável nesta área. Sempre colocaram o problema financeiro na frente. O engraçado que este problema nunca existiu para satisfazer as necessidades de promessas de campanha tão díspares quanto, muitas vezes, desnecessárias, sem falar nas "outras necessidades" sempre presentes.
Ficamos parados no tempo por uns 20 anos.
Hoje temos mais uma oportunidade para nos colocarmos em igualdade aos demais países desenvolvidos. Será que vamos perdê-la, desta vez com a desculpa de que "não temos pessoal capacitado"?
Quem quer, faz a hora.
Olá Faterra,

Como eu disse no meu post, existem alguns exemplos conhecidos de empresas e grupos de engenharia no Brasil que estão de fato capacitados a receber tecnologia estrangeira, por já estarem trabalhando com ela antes mesmo de qualquer acordo ter sido feito com um parceiro tecnlógico. A Embraer é com certeza o mais famoso, mas temos também a Mectron, a Avibrás, o grupo da marinha envolvido com o desenvolvimento do MAN-1, o grupo do CTA que está trabalhando com turbinas, etc... .

Mas infelizmente está não é uma realidade disseminada em nossas empresas, e nem o governo parece ser capaz de compreender que não basta lançar um programa qualquer, alocar verba (mesmo que ilimitada), contratar um parceiro internacional e mandar estudantes fazer cursos fora para que a realidade mude.

Muito mais importante é adotar uma política que gere de alguma forma demanda constante por novos desenvolvimnetos e novos produtos na área que se deseja realmente desenvolver, garantindo a continuidade dos trabalhos de engenharia ao longo do tempo. Para isto é imprescindível que se garantam as comendas internas (das FA's, de outros ministérios e até de empresas privadas nacionais através de subsídios, dependendo da tecnologia de que se tratar em cada caso), ou obtenha encomendas externas através da facilitação de financiamento, do fornecimento de apoio militar, etc... (como a França está fazendo conosco agora, para preservar sua capacitação em aviões de combate).

Ajudar ou mesmo bancar totalmente o desenvolvimento de programas como o MSS-1.2, MAN-1, Piranha, A-Darter, MAA-1, Corvetas Inhaúma, AMX, submarinos classe Tupi etc... e depois de entregue o primeiro lote inicial esquecer do assunto pelos próximos 10 ou 20 anos não ajudará em nada, apenas criará uma história repleta de Engesas, Bernardinis e D.F. Vasconcelos da vida, que são ótimas lembranças de iniciativas que na época deram muito certo na área de tecnologia militar e correlatas, mas que hoje são só isso, lembranças. E não conheço nenhum programa hoje no Brasil em que esta continuidade esteja garantida, muito pelo contrário. Quantos MAA-1 a FAB já comprou por exemplo? E mais importante, para quando está prevista a entrada em serviço do modelo mais aperfeiçoado (que se um dia irá existir teria que estar sendo desenvolvido agora)?

Além disso, existem também programas que evidentemente estão indo para o lado errado, seja por falta de gerência ou por falta de apoio, e cujo prognóstico é no mínimo sombrio. O programa espacial é o caso mais típico, mas também não me sinto nem um pouco seguro com relação ao Urutu-III, ao F-X, ao F-X naval, ao pro-sub, etc... . Em todos eles vejo uma empolgação muito grande com relação ao objetivo inicial do programa, mas absoluta falta de informações sobre o que acontecerá depois, que é o que realmente importa do ponto de vista da capacitação e da absorção de tecnologia. E em todos estes casos estamos dispostos a pagar mais caro do que se limitássemos a compra apenas ao que realmente poderemos aproveitar de útil.

Mas todos estes programas estão apenas no início, vamos ver se ao longo do tempo o panorama fica mais claro e eu até descubro que estou errado. Torço muito para isso. Mas já assisto a este mesmo filme há 30 anos ou mais, e fico meio triste ao perceber que terei que esperar mais 20 anos para ver se agora realmente vão mudar o final.

Um abração,


Leandro G Card

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 2:14 pm
por Guerra
LeandroGCard escreveu:
Mas todos estes programas estão apenas no início, vamos ver se ao longo do tempo o panorama fica mais claro e eu até descubro que estou errado. Torço muito para isso. Mas já assisto a este mesmo filme há 30 anos ou mais, e fico meio triste ao perceber que terei que esperar mais 20 anos para ver se agora realmente vão mudar o final.
Apesar de tb ter lá minhas duvidas, eu discordo como voc~e diz que é igual.
Vou dar como exemplo a FT 90 que eu vi na tropa. Tinha tudo para dar errado, como todo projeto da epoca. Primeiro que era um programa do EB. O governo nem sabia que existia.
O que se espera de um projeto? Que ele tenha inicio, fim e de onde vem o dinheiro. A FT 90 não tinha nada disso.
Na mesma epoca veio o projeto da aviação do EB. Lembram como o projeto inicial era modesto? Não tinha dinheiro tb, mas além de ter sido um projeto bem elaborado, tinha vontade politica. O resultado tai, a aviação voando para todo lado, com padrão de primeiro mundo.
O projeto URUTU III até onde eu sei as primeiras unidades já estão pagas. Só se a empresa der o cano para ter inicio. Se ele vai chegar ao seu objetivo que é 3600 (se não falha a memória) é outros quinhetos. Ninguém sabe o dia de amanha. Mas ao contrário dos projetos da epoca do governo militar, por exemplo, que não tiveram que sobreviver só a uma transição de governo, eles tiveram que passar por uma transição politica, social e economica, não é o nosso caso atual. É outra situação totalmente diferente.

Podemos não chegar onde queremos. Ou até mesmo se chegarmos não vai ser o ideal (que é a minha critica). Mas dai comparar com aqueles projetos de mendigo do passado que ocorreram aqui na america dos sul, ou de algum atual como da Argentina que esta no fundo do poço, é muito diferente.

O Brasil não esta delirando, ou querendo provar para o mundo que somos europeus. Nós só estamos dando um passo do tamanho da nossa perna.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 3:34 pm
por LeandroGCard
Guerra escreveu: Apesar de tb ter lá minhas duvidas, eu discordo como voc~e diz que é igual.
Vou dar como exemplo a FT 90 que eu vi na tropa. Tinha tudo para dar errado, como todo projeto da epoca. Primeiro que era um programa do EB. O governo nem sabia que existia.
O que se espera de um projeto? Que ele tenha inicio, fim e de onde vem o dinheiro. A FT 90 não tinha nada disso.
Na mesma epoca veio o projeto da aviação do EB. Lembram como o projeto inicial era modesto? Não tinha dinheiro tb, mas além de ter sido um projeto bem elaborado, tinha vontade politica. O resultado tai, a aviação voando para todo lado, com padrão de primeiro mundo.
O projeto URUTU III até onde eu sei as primeiras unidades já estão pagas. Só se a empresa der o cano para ter inicio. Se ele vai chegar ao seu objetivo que é 3600 (se não falha a memória) é outros quinhetos. Ninguém sabe o dia de amanha. Mas ao contrário dos projetos da epoca do governo militar, por exemplo, que não tiveram que sobreviver só a uma transição de governo, eles tiveram que passar por uma transição politica, social e economica, não é o nosso caso atual. É outra situação totalmente diferente.

Podemos não chegar onde queremos. Ou até mesmo se chegarmos não vai ser o ideal (que é a minha critica). Mas dai comparar com aqueles projetos de mendigo do passado que ocorreram aqui na america dos sul, ou de algum atual como da Argentina que esta no fundo do poço, é muito diferente.

O Brasil não esta delirando, ou querendo provar para o mundo que somos europeus. Nós só estamos dando um passo do tamanho da nossa perna.
Olá amigo Guerra,

Só para esclarecer, o que estou discutindo com o Faterra é a questão da absorção da tecnologia e conseqüente criação de uma base tecnológica nacional, e não a obtenção dos meios e equipamentos em si. Não tenho nenhuma dúvida de que os Scorpène e o casco do SNA serão entregues, que os URUTU-III chegarão às unidades, etc... . O que não tenho absolutamente certeza é se depois deles poderemos projetar (se desejado, o que cito agora são apenas exemplos) um submarino convencional oceânico de 3.000 ton, ou um veículo 4x4 altamente móvel e totalmente blindado de reconhecimento e ataque, sem que de novo tenhamos que contratar os projetos de empresas estrangeiras como a DCNS e a Iveco, pagando alto preço por isso.

O que me incomoda é que vira e mexe neste país vem uma moda de se desenvolver a indústria bélica nacional, e uma quantidade muito grande de verbas é gasta neste sentido, mas depois de adquiridos os equipamentos que se julgavam necessários as sementes desta indústria que por acaso tenham sido plantadas são deixadas para murchar à mingua. Estando os soldados, marinheiros e pilotos equipados e felizes, os engenheiros são esquecidos até pelo menos a década seguinte, senão por mais tempo. E aí, quando são necessários de novo, já não estão em condições de entregar o que se espera deles, e aí vamos de novo sair por aí exigindo transferências de tecnologia e gastando os tubos com isso.

Então porque fazer este gasto afinal? Vamos comprar de prateleira como o Chile e economizar o dinheiro, ou adquirir lotes maiores com a mesma grana, ou treinar mais!

Veja o programa da aviação do exército que você citou como sucesso: Desde o início tinha planejamento, vontade política, objetivos definidos, etc... . E no final ficou uma maravilha, temos um monte de Esquilos, Panteras e Pumas voando com gente treinada, equipamento e etc... não é? Mas para equipar o EB, a MB e a FAB com novos helis de transporte, navais e de ataque fomos de novo comprar dos EUA, da França e da Rússia, ninguém em nosso país aprendeu sequer a adaptar os componentes de um Pantera ou Puma para construir um heli armado para a FAB caçar traficantes, ou um anti-sub para a MB, ou uma versão compacta e protegida do Puma que atuasse como um BH. Muitos outros países bem menos industrializados do que nós fizeram coisas assim, mas nós não fomos capazes, por que? Porque não houve nenhuma absorção de tecnologia no programa (a menos que você considere que apertar parafusos aqui é absorver de tecnologia, eu não defino assim), e tudo bem, qual o trauma? EB não está feliz? A FAB e a MB não vão ficar? E ninguém criou empecilhos porque o fornecedor “A” cobrava mais caro porém fornecia mais tecnologia, etc... .

O que acho que devemos fazer é identificar com muito cuidado as áreas onde a transferência de tecnologia é realmente interessante e possível para nós, e nestes casos seguir o receituário da END. E temos que fazer isso pensando no longo prazo, não apenas na urgência das necessidades atuais. Nos demais casos é fazer como o Chile e procurar resolver as questões rápido e pelo melhor preço, e tocar pra frente. Esta mistura de uma coisa com a outra acabar atrasando programas que poderiam sair muito mais rapidamente, e nos fazer gastar “comprando tecnologia” justamente a verba que poderia garantir a sobrevivência no longo prazo da tecnologia que realmente temos como aproveitar.

Um grande abraço,

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Nov 04, 2009 4:13 pm
por Guerra
O que acho que devemos fazer é identificar com muito cuidado as áreas onde a transferência de tecnologia é realmente interessante e possível para nós, e nestes casos seguir o receituário da END. E temos que fazer isso pensando no longo prazo, não apenas na urgência das necessidades atuais. Nos demais casos é fazer como o Chile e procurar resolver as questões rápido e pelo melhor preço, e tocar pra frente. Esta mistura de uma coisa com a outra acabar atrasando programas que poderiam sair muito mais rapidamente, e nos fazer gastar “comprando tecnologia” justamente a verba que poderia garantir a sobrevivência no longo prazo da tecnologia que realmente temos como aproveitar.
Pior que nesse ponto eu concordo com vc :lol: