Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Enviado: Qui Out 01, 2009 11:14 pm
gaitero escreveu: Quando estamos faando das desvantágens do Gripen C, então o NG esta em desenvolvimento e a transerência de X % de tecnologia, e o caça será totalmente novo e será um caça braisleiro e bla bla bla...
Gaitero, meus comentários em azul, ok?
O que eu sei.
O custo de desenvolvimento do NG ultrapassará a casa dos bilhões. O custo de aquisição somado ao custo de contrução exigirá uma grande quantidade de encomendas para deixa-lo competitivo no mercado externo. Ou seja, o pepino passa do governo Suéco, que não aguenta mais comprar Gripen, e passa ao governo Brasileiro, que terá de adquerir uma grande quantidade, no mínimo 160. É bom para quem, para o Brasil? Ou para a Suécia?
Gaitero, poucos aqui lembram que já existe comprometimento do governo sueco no desenvolvimento do Gripen NG. Acham que o Gripen Demo materializou-se por geração espontânea? Não, houve investimento por parte do governo sueco, por meio da FMV, para que a aeronave se transformasse em realidade. Então, boa parte dos bilhões do desenvolvimento do caça já tem origem conhecida.
Concordo que, por hora, a Força Aérea Sueca não se interessou em ter o Gripen NG, por não julgá-lo necessário. Lembro que, quando o Su35BM ainda estava no páreo, todo mundo que o defendia considerava ridículos os argumentos de outros que apontavam que essa aeronave não era operada pela Força Aérea Russa, o que acabou acontecendo somente recentemente e de forma limitada. Achar que o Brasil, para justificar o Gripen NG terá que adquirir 160 unidades, no mínimo, é pura especulação. Muitos aqui também defendiam que o Brasil mergulhasse de cabeça num caça que tem muito menos evidências de que exista do que o Gripen NG. Estou me referindo, obviamente, ao PAK-FA. Ah, tá! Ele voa em 2008, ou melhor, em agosto de 2009, em setembro de 2009, em outubro de 2009, ou melhor, em 2010... Sei lá, meu!
Outra coisa: num post anterior, você dizia que os 60% de comunalidade do Gripen C com o NG são a parte sueca do caça. E que os 40% restantes seriam a parte fabricada no Brasil. A coisa não é assim. Veja que o Gripen DM foi feito a partir de um Gripen D. Então, é óbvio que essa comunalidade já existe. A proposta da Saab é que parte do Gripen NG seja feita no Brasil. E que essas partes não serão construídas em nenhum outro lugar. As partes feitas aqui serão usadas tanto nos caças eventualmente montados na Suécia como nos montados no Brasil, do mesmo modo que hoje é feito no contrato com a África do Sul, que fabrica partes que são usadas em seus próprios Gripen C/D como em todos os demais. Não seremos "exportadores de Gripen NG", mas fabricaremos partes de todos os Gripen NG eventualmente produzidos. E os caças para a FAB poderão ter itens produzidos no Brasil e também desenvolvidos aqui. Algum problema nisso? Pode ser mais caro desenvolver um display LCD específico para o Gripen NG na AEL, do que comprar um pronto de outro fornecedor. Mas ao menos geramos empregos aqui.
Depois, terá o Brasil de exporta-lo, a esta parte já diz respeito ao Brasil, tudo o que ele conseguir vender, mas é claro a SAAB deverá ter a maioria do lucro, se não sua totalidade, repassando apenas os custos de produção, então teria a SAAB redução de preços, afinal o Real frente o Euro daria uma grande vantagem, e os Suécos sairiam sorrindo de orelha a orelha.
Do mesmo modo que os sul-africanos participam do lucro de cada Gripen produzido e vendido. Não me consta que estejam insatisfeitos com essa condição. A menos que seja melhor montar Rafales com peças feitas totalmente na França e depois vendê-los no competitivo mercado de caças da América do Sul, onde todos os principais possíveis clientes já delinearam suas estratégias de aquisição. Só a Argentina ainda não o fez, mas está numa situação de que se doássemos nossos Mirage 2000C/B ficariam muito felizes.. Olha a esperteza dos franceses aí...
O Brasil. Bem o que a SAAB pode nos oferecer; Radar não, Engine não, control system não, fuel system não, hydraulic system também não, probe system não, gun system não, flight control system não, emergence power não, eletronic warfare não. Ora, mas para que tanto risco? Qual o Benefício que compensaria todo este risco e investimento?
Quem foi que disse que a Saab não pode oferecer Radar? O radar é sueco, usando algumas partes fornecidas pela Selex Galileo (nossa parceira no SCP-01 Scipio do A-1M). O software (códigos-fonte, como está na moda dizer) do radar do Gripen NG será totalmente sueco e, portanto, pode ser repassado ao Brasil, para modificação e integração de nossas futuras armas (A-Darter, futuro BVR, MAR-1, bombas diversas, etc).
Esse argumento de motor não sueco ou não brasileiro no Gripen NG é o mais ridículo, pois eu gostaria de saber uma única aeronave da FAB ou produzida no Brasil pela Embraer que tenha um motor que não seja de origem estrangeira. Isso coloca a FAB no chão? Só se faltar grana para as revisões. Então, isso é mais uma questão de planejamento do que de dependência.
O mesmo se aplica a outros componentes citados. Qual o problema de APU estrangeiro? O do A-1 também é! Ele também tem APU, sabia?
Eletronic Warfare, Datalink, Fusão de dados e todo tipo de tecnologia-chave do caça sueco, é de origem sueca ou dominada pelos suecos. Então, o que eles garantem é que tudo o que o Brasil quiser integrar no caça, terá o poder de fazê-lo. Não haverá recusa em transmitir informações sobre o comportamento aerodinâmico, por exemplo, para a integração de um míssil nos wingtips do Gripen. Então, o benefício de todo esse investimento é a independência do Brasil e o domínio da integração de novos sistemas e armas no caça. Quando a Embraer diz que o Gripen NG é o concorrente que agrega maior valor para ela, em termos de absorção de tecnologia, embora discorde da maneira como ela divulgou isso, não sou capaz de discordar do diretor da Embraer que, no mínimo, sabe sobre o que fala.
Falam sobre a impossibilidade de se calcular o valor do Gripen NG, já que ele não existe. Ora, o valor será colocado em contrato e já inclui esse desenvolvimento. Além disso, vários itens tem sue custo conhecido, como o motor que, segundo o VP de Marketing da Gripen é 20% mais barato do que o Volvo RM 12. O mesmo se refere ao desenvolvimento de vários outros itens, como o Radar AESA. Pode haver aumentos indesejáveis? Claro que sim! Mas tenho certeza que o governo sueco absorverá isso, do mesmo modo que o governo francês se propõe a bancar a diferença de preço na operação do Rafale na FAB. Claro que a integração futura de novas armas e sistemas de origem brasileira ou de origem estrangeira (mas que seja de nosso interesse) que sejam integrados ao Gripen NG gerarão custos extras. Mas isso também vale para o Rafale e o Super Hornet. Ou não? Então, por mais que haja necessidade de investimento brasileiro no programa Gripen NG, tenho certeza absoluta de que, no final, ele ainda sairá muitas vezes mais barato do que o Rafale, e agregando muito mais conhecimento à FAB e nossa indústria.
Grande abraço!