Muchísimo más...manuel.liste escreveu:cabeça de martelo escreveu:Quando eu disse "tropa em quadricula" era um forma de dizer, ou seja, ao contrário do contigente Português que vai para onde são precisos (Quick Reaction Forces), os Espanhóis têm uma área que é sua e têm de a patrulhar todos os dias. São essas tropas que estão mais expostas aos IED. Já morreram muitos Espanhóis por causa dos IED, Portugueses só faleceu 1 (e nem esse devia ter falecido)!
Tú mismo lo estás diciendo: son tropas diferentes con misiones diferentes.
Si sólo ha fallecido un soldado portugués me alegro. Pero los italianos o canadienses no pueden decir lo mismo.
Lo bueno es que los talibanes mueren más
AFEGANISTÃO
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Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.
Barack Obama se espelha em George Bush
O postulante à candidatura democrata para a corrida presidencial nos Estados Unidos, Barack Obama disse hoje que mandaria tropas americanas para o Paquistão a fim de caçar terroristas mesmo contra a vontade do presidente paquistanês, general Pervez Musharraf.
Senador pelo estado de Illinois, Obama alertou o presidente Musharraf que ele precisa aumentar esforços para acabar com as operações terroristas no país, expulsar combatentes estrangeiros e lutar contra os taleban que usam o território paquistanês para se esconder.
Do contrário, num governo Obama, o Paquistão correria o risco de ser invadido por forças americanas e de perder milhões de dólares de ajuda de Washington. “Vou deixar bem claro: existem terroristas entrincheirados naquelas montanhas que mataram 3 mil americanos. Eles estão planejando atacar novamente. Foi um erro terrível não termos agido quando tivemos a chance de atacar uma reunião da liderança da Al-Qaeda em 2005. Se tivermos informação de inteligência sobre alvos terroristas e o presidente Musharraf não agir, nós agiremos”.
O discurso parece ter sido uma tentativa de demonstrar firmeza diante de críticas de sua principal adversária na disputa pela candidatura democrata, a senadora por Nova York Hillary Clinton, que considerou que Obama era “inocente” em questões de política externa.
Obama havia dito que estava disposto a se encontrar sem precondições com líderes de países considerados párias, como Coréia do Norte, Irã e Cuba. Obama reagiu dizendo que Hillary, ao ter apoiado a guerra do Iraque, era um “Bush-Cheney light”.
Segundo o senador, o conflito no Iraque colocou os americanos em perigo maior do que antes do atentado de 11 de setembro de 2001. Obama também não poupou Bush, que teria transformado o povo iraquiano em inimigo dos EUA, colocando-o numa guerra civil ao invés de buscar pelos responsáveis pelo atentado às torres gêmeas.
O postulante à candidatura democrata para a corrida presidencial nos Estados Unidos, Barack Obama disse hoje que mandaria tropas americanas para o Paquistão a fim de caçar terroristas mesmo contra a vontade do presidente paquistanês, general Pervez Musharraf.
Senador pelo estado de Illinois, Obama alertou o presidente Musharraf que ele precisa aumentar esforços para acabar com as operações terroristas no país, expulsar combatentes estrangeiros e lutar contra os taleban que usam o território paquistanês para se esconder.
Do contrário, num governo Obama, o Paquistão correria o risco de ser invadido por forças americanas e de perder milhões de dólares de ajuda de Washington. “Vou deixar bem claro: existem terroristas entrincheirados naquelas montanhas que mataram 3 mil americanos. Eles estão planejando atacar novamente. Foi um erro terrível não termos agido quando tivemos a chance de atacar uma reunião da liderança da Al-Qaeda em 2005. Se tivermos informação de inteligência sobre alvos terroristas e o presidente Musharraf não agir, nós agiremos”.
O discurso parece ter sido uma tentativa de demonstrar firmeza diante de críticas de sua principal adversária na disputa pela candidatura democrata, a senadora por Nova York Hillary Clinton, que considerou que Obama era “inocente” em questões de política externa.
Obama havia dito que estava disposto a se encontrar sem precondições com líderes de países considerados párias, como Coréia do Norte, Irã e Cuba. Obama reagiu dizendo que Hillary, ao ter apoiado a guerra do Iraque, era um “Bush-Cheney light”.
Segundo o senador, o conflito no Iraque colocou os americanos em perigo maior do que antes do atentado de 11 de setembro de 2001. Obama também não poupou Bush, que teria transformado o povo iraquiano em inimigo dos EUA, colocando-o numa guerra civil ao invés de buscar pelos responsáveis pelo atentado às torres gêmeas.
O Parlamento e a Guerra
Nesta sexta-feira o Parlamento alemão decidiu manter a presença de tropas germânicas no Afeganistão. Há dois anos atrás, quando do envio dos soldados, 60 % da população apoiou a medida. Agora, a maioria é contra.
Flávio Aguiar
Nesta sexta-feira, 12 de outubro, o Parlamento alemão decidiu manter a presença das tropas do país no Afeganistäo, mesmo contra a opinião pública. De todos os partidos, só Die Linke, A Esquerda, votou maciçamente contra essa presenca. Além de votar pela permanência, o Parlamento selou uma desigualdade brutal. Nos próximos tempos, a presenca alemã no Afeganistão vai custar mais de 500 milhões de euros. Destes, só 100 milhões seräo destinados a operacões civis. O resto terá destinação militar.
O Partido Verde, também importante, está dividido em todos os sentidos. A direção do partido majoritariamente apóia a presença das tropas. A base, majoritariamente, é contra. Tanto que recente convenção do partido decidiu pela rejeição do mandato. Mas os membros do Parlamento, segundo comentários da imprensa, deveriam se dividir. O Partido Democrático Livre deve apoiar a presença. Contra mesmo, só votaram em peso os membros do novo Die Linke, A Esquerda, partido recém fundado por dissidentes do SPD e remanescentes do antigo Partido Comunista da Alemanha Oriental que não aderiram à louvação do capitalismo triunfante depois do fim da Guerra Fria.
Quando do envio das tropas, até dois anos atrás, 60 % da população apoiava a medida. Mas agora pesquisas mais recentes, de acordo com Der Spiegel, têm demonstrado que a maioria da população alemã prefere a retirada das tropas. São 3 mil soldados, encarregados de tarefas de defesa e de uma que fracassou redondamente, a formação de um sistema de segurança (Polícia e Exército) param o combalido Estado do Afeganistão.
As descrições do território afegão são devastadoras para os ocupantes. Elas dão conta de que a ocupação termina, na prática, nos muros e cercas que protegem os quartéis onde estão as tropas da OTAN. O resto do país é descrito como um país ocupado sim, mas pelos talebãs, que osw norte-americanos derrubaram do governo, por bandos que agem por conta própria, entre algum tipo de resistência e o banditismo, ou por um Estado mal e mal posto de pé pelos ocupantes europeus e norte-americanos, tomado pela corrupção e pela ineficiência.
A violência campeia: só neste ano, de janeiro a setembro registraram-se cinco mil mortes, tanto em combate como por resultado indireto deles. Aliás, os maciços bombardeios aéreos realizados pelos Estados Unidos quando da caçada a Osama Bin Laden e depois, espraiando o medo e o terror, foram decisivos para jogar a população de volta, em grande parte, ao apoio aos talebãs.
No começo, a ação dos alemães foi descrita como parte de um plano da OTAN para trazer o Afeganistão “de volta à civilização” (palavras do ex-primeiro ministro Wilhelm Schröder). Agora fala-se num objetivo mais pragmático, mas não menos ambicioso: impedir que o Afeganistão sirva de base para a preparação de ataques contra alvos estratégicos no Ocidente, como o de 11 de setembro de 2003.
21 soldados alemães já perderam a vida por lá. A cifra é pesada para um país que desde o fim da Segunda Guerra Mundial não participava de qualquer ação militar fora de suas fronteiras. Além disso a impossibilidade de chegar ao objetivo de formar um aparelho de segurança para o estado afegão é tão dramática que os norte-americanos, ainda segundo a Der Spiegel, resolveram agir por conta própria. Enviaram 2.500 especialistas para formar esses quadros afegãos, acompanhados por centenas de mercenários de uma empresa privada de segurança, a Dyon Corporation, que, como a Blackwater no Iraque, é encarregada de fazer a segurança da segurança...
A decisão desta sexta-feira ganhou ainda em dramaticidade devido à libertação do engenheiro Rudolf Blechschmidt, de 62 anos, que estava detido como refém pelos talebãs há alguns meses. Seqüestrado com um de seus colegas alemães, Rüdiger Dietrich, Blechschmidt teve mais sorte do que ele. Dietrich foi morto alguns dias depois do seqüestro, por razões ainda não de todo esclarecidas.
Se a libertação foi boa notícia para Rudolf, seus familiares e amigos, houve quem visse com preocupação o modo como se deu esse desenlace. Comenta-se que ele se deu depois de negociações entre o governo alemão e os talebãs, através de autoridades do governo afegão. O preço pode ter sido a libertação de alguns talebãs prisioneiros, mas se fala até em pagamento pecuniário. O processo levantou uma maior insegurança para a presença de alemães naquele país, uma vez que, se negociação houve, ela abriu um precedente aqui e ali descrito como perigoso.
De todo modo, esse desenvolvimento mostra os impasses que estão se criando para a presença alemã na missão da OTAN. Sempre se insistiu por aqui que a presença alemã se prenderia mais a aspectos de “reconstrução” de um país devastado pelo terrorismo, por uma ditadura fundamentalista e, embora nisto se insista menos por aqui, pela ação predatória das potências do Ocidente uma vez que os talebãs deixaram de ser os desejáveis parceiros para combater os soviéticos e se tornaram os perigosos aliados de gente que os próprios Estados Unidos alimentaram e prestigiaram, como o próprio Osama.
Essa verdadeira rusga entre a opinião pública majoritária (contra a permanência dos alemães na missão da OTAN) e a provável maioria no Parlamento (a favor) se dá num contexto também difícil quanto à política “interna” da Europa. Nas últimas semanas e meses têm-se a impressão de se estar diante de um “renascimento”, em novos termos e numa nova moldura internacional, de um fantasma que parecia pertencer ao passado: a Guerra Fria.
O Afeganistão é uma peça importante no jogo geopolítico para “murar” o Irã. Mas na última reunião do G-8 (EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Rússia, Canadá e Japão), em junho na Alemanha, ficou claro que subsiste uma tensão militar entre a OTAN e a Rússia. Também é impensável que uma força militar treinada durante 50 anos (pelo menos duas gerações de militares, tecnocratas e proximidades) para enfrentar e cercar um inimigo (a antiga União Soviética) vá se esquecer de repente de seus objetivos, e vice-versa.
Em maio a Rússia de Vladimir Putin reagiu energicamente, ainda que por debaixo do pano, contra a proposta dos Estados Unidos de construir novas bases de mísseis e de apoio a eles na Polônia e na República Tcheca. Disse o governo norte-americano que o objetivo das bases era o Irã. Mas elas estão, de qualquer modo, em face da Rússia. Ao mesmo tempo em que Putin manifestava seu desagrado nos bastidores da reunião do G-8, em Rostok, ele propunha, em cima da mesa, que se utilizasse uma base da antiga USSR na Geórgia, em face do Afeganistão, para alocar tais mísseis.
A proposta choveu no molhado ou semeou no deserto, porque nada interessa menos aos Estados Unidos, sobretudo o de George Bush e Condoleeza Rice (que sobrevive nos escombros do governo norte-americano), do que uma base em comum com a Rússia. Mas ela serviu de sinal para mostrar que há divergências profundas que continuam marcando as posições dos novos “donos do mundo”, ou que assim se vêem.
As divergências mostram terreno fértil para os rearranjos. Da França, o conservador Sarkozy busca aproximação com Putin, cujo maior alvo no momento é sair do isolamento e garantir a continuidade de seu poder na Rússia. Tal movimento não agrada à Alemanha da também conservadora Merckel (embora, para uma conservadora, ela mostre um discurso ambientalista e social um pouco mais livre do que seria de se esperar), que se vê espremida entre o neo-nacionalismo de direita do governo francês e o neo-czarismo de Putin...
Enfim, a Europa se vê diante de um tabuleiro que lembra mais o que antecedeu a Primeira Guerra do que o campo ideológico onde se batalhou a Segunda. É nesse quadro que se dá a crise da presença da OTAN no Afeganistão.
Uma retirada da Alemanha, é verdade, como dizem os conservadores, seria uma derrota política de tal monta, que poderia fazer ruir a nessa altura frágil moldura da aliança que garante a sensação, pelos grandes do G-8, de que eles continuam de fato não só grandes, mas partícipes de uma grandeza comum e compartilhada, e não são os recobertos por uma colcha de retalhos, ou decididamente em frangalhos.
Nesta sexta-feira o Parlamento alemão decidiu manter a presença de tropas germânicas no Afeganistão. Há dois anos atrás, quando do envio dos soldados, 60 % da população apoiou a medida. Agora, a maioria é contra.
Flávio Aguiar
Nesta sexta-feira, 12 de outubro, o Parlamento alemão decidiu manter a presença das tropas do país no Afeganistäo, mesmo contra a opinião pública. De todos os partidos, só Die Linke, A Esquerda, votou maciçamente contra essa presenca. Além de votar pela permanência, o Parlamento selou uma desigualdade brutal. Nos próximos tempos, a presenca alemã no Afeganistão vai custar mais de 500 milhões de euros. Destes, só 100 milhões seräo destinados a operacões civis. O resto terá destinação militar.
O Partido Verde, também importante, está dividido em todos os sentidos. A direção do partido majoritariamente apóia a presença das tropas. A base, majoritariamente, é contra. Tanto que recente convenção do partido decidiu pela rejeição do mandato. Mas os membros do Parlamento, segundo comentários da imprensa, deveriam se dividir. O Partido Democrático Livre deve apoiar a presença. Contra mesmo, só votaram em peso os membros do novo Die Linke, A Esquerda, partido recém fundado por dissidentes do SPD e remanescentes do antigo Partido Comunista da Alemanha Oriental que não aderiram à louvação do capitalismo triunfante depois do fim da Guerra Fria.
Quando do envio das tropas, até dois anos atrás, 60 % da população apoiava a medida. Mas agora pesquisas mais recentes, de acordo com Der Spiegel, têm demonstrado que a maioria da população alemã prefere a retirada das tropas. São 3 mil soldados, encarregados de tarefas de defesa e de uma que fracassou redondamente, a formação de um sistema de segurança (Polícia e Exército) param o combalido Estado do Afeganistão.
As descrições do território afegão são devastadoras para os ocupantes. Elas dão conta de que a ocupação termina, na prática, nos muros e cercas que protegem os quartéis onde estão as tropas da OTAN. O resto do país é descrito como um país ocupado sim, mas pelos talebãs, que osw norte-americanos derrubaram do governo, por bandos que agem por conta própria, entre algum tipo de resistência e o banditismo, ou por um Estado mal e mal posto de pé pelos ocupantes europeus e norte-americanos, tomado pela corrupção e pela ineficiência.
A violência campeia: só neste ano, de janeiro a setembro registraram-se cinco mil mortes, tanto em combate como por resultado indireto deles. Aliás, os maciços bombardeios aéreos realizados pelos Estados Unidos quando da caçada a Osama Bin Laden e depois, espraiando o medo e o terror, foram decisivos para jogar a população de volta, em grande parte, ao apoio aos talebãs.
No começo, a ação dos alemães foi descrita como parte de um plano da OTAN para trazer o Afeganistão “de volta à civilização” (palavras do ex-primeiro ministro Wilhelm Schröder). Agora fala-se num objetivo mais pragmático, mas não menos ambicioso: impedir que o Afeganistão sirva de base para a preparação de ataques contra alvos estratégicos no Ocidente, como o de 11 de setembro de 2003.
21 soldados alemães já perderam a vida por lá. A cifra é pesada para um país que desde o fim da Segunda Guerra Mundial não participava de qualquer ação militar fora de suas fronteiras. Além disso a impossibilidade de chegar ao objetivo de formar um aparelho de segurança para o estado afegão é tão dramática que os norte-americanos, ainda segundo a Der Spiegel, resolveram agir por conta própria. Enviaram 2.500 especialistas para formar esses quadros afegãos, acompanhados por centenas de mercenários de uma empresa privada de segurança, a Dyon Corporation, que, como a Blackwater no Iraque, é encarregada de fazer a segurança da segurança...
A decisão desta sexta-feira ganhou ainda em dramaticidade devido à libertação do engenheiro Rudolf Blechschmidt, de 62 anos, que estava detido como refém pelos talebãs há alguns meses. Seqüestrado com um de seus colegas alemães, Rüdiger Dietrich, Blechschmidt teve mais sorte do que ele. Dietrich foi morto alguns dias depois do seqüestro, por razões ainda não de todo esclarecidas.
Se a libertação foi boa notícia para Rudolf, seus familiares e amigos, houve quem visse com preocupação o modo como se deu esse desenlace. Comenta-se que ele se deu depois de negociações entre o governo alemão e os talebãs, através de autoridades do governo afegão. O preço pode ter sido a libertação de alguns talebãs prisioneiros, mas se fala até em pagamento pecuniário. O processo levantou uma maior insegurança para a presença de alemães naquele país, uma vez que, se negociação houve, ela abriu um precedente aqui e ali descrito como perigoso.
De todo modo, esse desenvolvimento mostra os impasses que estão se criando para a presença alemã na missão da OTAN. Sempre se insistiu por aqui que a presença alemã se prenderia mais a aspectos de “reconstrução” de um país devastado pelo terrorismo, por uma ditadura fundamentalista e, embora nisto se insista menos por aqui, pela ação predatória das potências do Ocidente uma vez que os talebãs deixaram de ser os desejáveis parceiros para combater os soviéticos e se tornaram os perigosos aliados de gente que os próprios Estados Unidos alimentaram e prestigiaram, como o próprio Osama.
Essa verdadeira rusga entre a opinião pública majoritária (contra a permanência dos alemães na missão da OTAN) e a provável maioria no Parlamento (a favor) se dá num contexto também difícil quanto à política “interna” da Europa. Nas últimas semanas e meses têm-se a impressão de se estar diante de um “renascimento”, em novos termos e numa nova moldura internacional, de um fantasma que parecia pertencer ao passado: a Guerra Fria.
O Afeganistão é uma peça importante no jogo geopolítico para “murar” o Irã. Mas na última reunião do G-8 (EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Rússia, Canadá e Japão), em junho na Alemanha, ficou claro que subsiste uma tensão militar entre a OTAN e a Rússia. Também é impensável que uma força militar treinada durante 50 anos (pelo menos duas gerações de militares, tecnocratas e proximidades) para enfrentar e cercar um inimigo (a antiga União Soviética) vá se esquecer de repente de seus objetivos, e vice-versa.
Em maio a Rússia de Vladimir Putin reagiu energicamente, ainda que por debaixo do pano, contra a proposta dos Estados Unidos de construir novas bases de mísseis e de apoio a eles na Polônia e na República Tcheca. Disse o governo norte-americano que o objetivo das bases era o Irã. Mas elas estão, de qualquer modo, em face da Rússia. Ao mesmo tempo em que Putin manifestava seu desagrado nos bastidores da reunião do G-8, em Rostok, ele propunha, em cima da mesa, que se utilizasse uma base da antiga USSR na Geórgia, em face do Afeganistão, para alocar tais mísseis.
A proposta choveu no molhado ou semeou no deserto, porque nada interessa menos aos Estados Unidos, sobretudo o de George Bush e Condoleeza Rice (que sobrevive nos escombros do governo norte-americano), do que uma base em comum com a Rússia. Mas ela serviu de sinal para mostrar que há divergências profundas que continuam marcando as posições dos novos “donos do mundo”, ou que assim se vêem.
As divergências mostram terreno fértil para os rearranjos. Da França, o conservador Sarkozy busca aproximação com Putin, cujo maior alvo no momento é sair do isolamento e garantir a continuidade de seu poder na Rússia. Tal movimento não agrada à Alemanha da também conservadora Merckel (embora, para uma conservadora, ela mostre um discurso ambientalista e social um pouco mais livre do que seria de se esperar), que se vê espremida entre o neo-nacionalismo de direita do governo francês e o neo-czarismo de Putin...
Enfim, a Europa se vê diante de um tabuleiro que lembra mais o que antecedeu a Primeira Guerra do que o campo ideológico onde se batalhou a Segunda. É nesse quadro que se dá a crise da presença da OTAN no Afeganistão.
Uma retirada da Alemanha, é verdade, como dizem os conservadores, seria uma derrota política de tal monta, que poderia fazer ruir a nessa altura frágil moldura da aliança que garante a sensação, pelos grandes do G-8, de que eles continuam de fato não só grandes, mas partícipes de uma grandeza comum e compartilhada, e não são os recobertos por uma colcha de retalhos, ou decididamente em frangalhos.
- Pablo Maica
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Major Anders Johan Stæhr Storrud, head of the Mechanised Infantry Company in the danish Battlegroup died this morning in a fieldhospital in Camp Bastion.
Major Anders Storrud was wounded monday afternoon in an offensive operation that lasted several hours.
Early in the operation an amored vehicle hit a mine but no soldiers where hurt. Later - under the finishing stages of the operation and recovering of the damaged vehicle, part of the danish unit came under mortar and possible rocket fire. During this engagement Major Anders Storrud was seriously injured.
He was quickly brought to the fieldhospital in Camp Bastion with helicopter for medical treatment but despite intensive surgery he died tuesday morning.
Anders Storrud leaves behind a wife and two small children.
http://forsvaret.dk/
Um abraço e t+
Major Anders Storrud was wounded monday afternoon in an offensive operation that lasted several hours.
Early in the operation an amored vehicle hit a mine but no soldiers where hurt. Later - under the finishing stages of the operation and recovering of the damaged vehicle, part of the danish unit came under mortar and possible rocket fire. During this engagement Major Anders Storrud was seriously injured.
He was quickly brought to the fieldhospital in Camp Bastion with helicopter for medical treatment but despite intensive surgery he died tuesday morning.
Anders Storrud leaves behind a wife and two small children.
http://forsvaret.dk/
Um abraço e t+
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cabeça de martelo escreveu:Quando eu disse "tropa em quadricula" era um forma de dizer, ou seja, ao contrário do contigente Português que vai para onde são precisos (Quick Reaction Forces), os Espanhóis têm uma área que é sua e têm de a patrulhar todos os dias. São essas tropas que estão mais expostas aos IED. Já morreram muitos Espanhóis por causa dos IED, Portugueses só faleceu 1 (e nem esse devia ter falecido)!
Isso só pode ser resultado da experiência portuguesa nas guerras coloniais.
sds
Walter
Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...
Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.
Os sábios PENSAM
Os Inteligentes COPIAM
Os Idiotas PLANTAM e os
Os Imbecis FINANCIAM...
Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.
Os sábios PENSAM
Os Inteligentes COPIAM
Os Idiotas PLANTAM e os
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- Clermont
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O OCIDENTE NÃO VAI GANHAR A GUERRA DO AFEGANISTÃO DIZ ASHDOWN, EX-ENVIADO DA ONU.
Por Darren Ennis - http://www.reuters.com/article/featured ... USL1758817
BRUXELAS, 17 de outubro de 2007 (Reuters) – É improvável que as Forças internacionais ganhem sua batalha contra o Taliban no Afeganistão, arriscando um conflito regional que pode competir em magnitude com as guerras mundiais anteriores, disse um antigo alto enviado da ONU na quarta-feira. Lord Paddy Ashdown – antigo alto-representante das Nações Unidas e representante especial da União Européia para a Bósnia-Herzegovina – disse que um fracasso pela força liderada pela OTAN poderá ter repercussões mais amplas do quaisquer perdas no Iraque.
Ele pediu pela nomeação de um coordenador de alto-nível para liderar a missão estrangeira no Afeganistão.
“Eu penso que estamos perdendo no Afeganistão, neste momento, nós perdemos penso eu e o sucesso é agora improvável,” ele contou a Reuters numa entrevista.
“Eu creio que perder no Afeganistão é pior que perder no Iraque. Isso irá significar que o Paquistão cairá e isso terá sérias implicações internamente para a segurança de nossos próprios países e irá instigar uma ampla guerra regional xiita, sunita e em grande escala.”
“Algumas pessoas se referem às Primeira e Segunda guerras mundiais como guerras civis européias e eu penso que uma similar guerra civil regional poderá ser iniciada por esse fracasso e irá se comparar a esta magnitude,” acrescentou Ashdown.
O número de ataques suicidas Talibans no Afeganistão – mais de 100 só neste ano – irá ultrapassar o recorde de 123 do último ano, dizem as Nações Unidas, e a maioria das vítimas é de civis.
O Taliban tem aumentado o número de ataques suicidas após sofrer pesadas baixas em choques convencionais com forças estrangeiras e o exército afegão, dizem os analistas de segurança.
COORDENADOR DE ALTO-NÍVEL.
Enquanto as forças ocidentais, em conjunto com o exército afegão, tem clamado vitórias contra os rebeldes Taliban no sul, muitas áreas remotas e algumas comunas permanecem sob controle rebelde e os ataques insurgentes tem se espraiado para o norte, em regiões previamente consideradas seguras.
Frustração com o governo sobre o passo lento do desenvolvimento, corrupção oficial e falta de lei e ordem tem feito o jogo dos rebeldes.
Ashdown, um antigo líder do Partido Liberal britânico, disse que lá existe uma “desesperada necessidade para alguém coordenar os esforços internacionais” e pediu pela nomeação de alguém para liderar a missão estrangeira no Afeganistão.
“A menos que alguém tenha poder genuíno para coordenar e unificar a aproximação internacional, nós iremos perder e eu penso que isso está acontecendo,” ele disse.
“Não se trata sobre quem faz o trabalho, mas qual é o trabalho e se a comunidade internacional tem a vontade de unificar um posto que tenha a autoridade, incluindo sobre os americanos, então precisa fazer isso agora, se pretende ter qualquer chance.”
Mas Ashdown, que agora encabeça o grupo de formação de idéias Centro Rússia-UE, tem sido indicado em alguns círculos para um tal papel, mas descarta para si mesmo a função.
“Eu nunca falei sobre aproximações, mas o que eu irei dizer é que eu tenho muitas funções de alto-nível e não estou buscando por nenhum grande trabalho no momento. Estou feliz com o que estou fazendo agora, com a Rússia,” ele disse.
Por Darren Ennis - http://www.reuters.com/article/featured ... USL1758817
BRUXELAS, 17 de outubro de 2007 (Reuters) – É improvável que as Forças internacionais ganhem sua batalha contra o Taliban no Afeganistão, arriscando um conflito regional que pode competir em magnitude com as guerras mundiais anteriores, disse um antigo alto enviado da ONU na quarta-feira. Lord Paddy Ashdown – antigo alto-representante das Nações Unidas e representante especial da União Européia para a Bósnia-Herzegovina – disse que um fracasso pela força liderada pela OTAN poderá ter repercussões mais amplas do quaisquer perdas no Iraque.
Ele pediu pela nomeação de um coordenador de alto-nível para liderar a missão estrangeira no Afeganistão.
“Eu penso que estamos perdendo no Afeganistão, neste momento, nós perdemos penso eu e o sucesso é agora improvável,” ele contou a Reuters numa entrevista.
“Eu creio que perder no Afeganistão é pior que perder no Iraque. Isso irá significar que o Paquistão cairá e isso terá sérias implicações internamente para a segurança de nossos próprios países e irá instigar uma ampla guerra regional xiita, sunita e em grande escala.”
“Algumas pessoas se referem às Primeira e Segunda guerras mundiais como guerras civis européias e eu penso que uma similar guerra civil regional poderá ser iniciada por esse fracasso e irá se comparar a esta magnitude,” acrescentou Ashdown.
O número de ataques suicidas Talibans no Afeganistão – mais de 100 só neste ano – irá ultrapassar o recorde de 123 do último ano, dizem as Nações Unidas, e a maioria das vítimas é de civis.
O Taliban tem aumentado o número de ataques suicidas após sofrer pesadas baixas em choques convencionais com forças estrangeiras e o exército afegão, dizem os analistas de segurança.
COORDENADOR DE ALTO-NÍVEL.
Enquanto as forças ocidentais, em conjunto com o exército afegão, tem clamado vitórias contra os rebeldes Taliban no sul, muitas áreas remotas e algumas comunas permanecem sob controle rebelde e os ataques insurgentes tem se espraiado para o norte, em regiões previamente consideradas seguras.
Frustração com o governo sobre o passo lento do desenvolvimento, corrupção oficial e falta de lei e ordem tem feito o jogo dos rebeldes.
Ashdown, um antigo líder do Partido Liberal britânico, disse que lá existe uma “desesperada necessidade para alguém coordenar os esforços internacionais” e pediu pela nomeação de alguém para liderar a missão estrangeira no Afeganistão.
“A menos que alguém tenha poder genuíno para coordenar e unificar a aproximação internacional, nós iremos perder e eu penso que isso está acontecendo,” ele disse.
“Não se trata sobre quem faz o trabalho, mas qual é o trabalho e se a comunidade internacional tem a vontade de unificar um posto que tenha a autoridade, incluindo sobre os americanos, então precisa fazer isso agora, se pretende ter qualquer chance.”
Mas Ashdown, que agora encabeça o grupo de formação de idéias Centro Rússia-UE, tem sido indicado em alguns círculos para um tal papel, mas descarta para si mesmo a função.
“Eu nunca falei sobre aproximações, mas o que eu irei dizer é que eu tenho muitas funções de alto-nível e não estou buscando por nenhum grande trabalho no momento. Estou feliz com o que estou fazendo agora, com a Rússia,” ele disse.
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FORA DA FRIGIDEIRA.
William Lind – 16 de outubro de 2007.
O Pentágono, na última semana, fez flutuar um balão de ensaio sugerindo que todos os Fuzileiros Navais americanos poderiam ser retirados do Iraque e rumarem para o Afeganistão, enquanto o Exército faria o oposto e se concentraria no Iraque. A razão seria mera eficiência administrativa ou ordenamento, o que dificilmente justificaria o tumulto que a proposta iria causar. Eu ficaria pessoalmente feliz ao ver meus amigos fuzileiros navais deixaram o Iraque antes que o teto lá caia, mas trocar o Iraque pelo Afeganistão é pouco mais do que pular da frigideira para o fogo.
Se, entretanto, uma tomada da guerra no Afeganistão pelo Corpo de Fuzileiros Navais for utilizada como uma oportunidade para mudar o modo como temos travado a guerra, então isso seria mais do que justificado. O que poderia envolver mudança significativa?
Primeiro, nós teríamos de adotar um objetivo estratégico realista, um que pudesse ser atingível. O presente objetivo estratégico de transformar o Afeganistão em um estado capitalista, secular e moderno com “direitos iguais para as mulheres” e similares mentiras para o auditório jaz no reino da fantasia. O máximo que o Afeganistão pode se tornar é o Afeganistão em seus melhores períodos, o que quer dizer um país com um governo central fraco, fortes senhores da guerra locais, endêmica guerra civil tribal, uma economia baseada nas drogas e uma cultura e sociedade islâmicas tradicionais. A tribo dominante, controlando o governo central em Cabul, irá ser os Pasthun, porque sempre tem sido.
Há duas possíveis estratégias para atingir esse objetivo, nenhuma das quais garante o sucesso, mas ambas as quais tem um potencial para o sucesso, ao contrário do que nós e a OTAN estamos fazendo agora. A primeira é separar os Pashtun do Taliban, tornando os Pasthun nossos aliados ao invés de nossos inimigos. Já que os Pashtun sempre ganham no fim, nós precisamos estar aliados com eles se não quisermos perder.
A segunda possível estratégia é separar os Talibans da al-Qaeda e entidades similares de Guerra de 4ª Geração, etnicamente árabes e fazer um acordo pelo qual eles ganhariam de novo Cabul e o governo. Esse governo central irá, como sempre na história afegã, ser fraco, portanto não estaríamos cedendo muita coisa. Essa estratégia tem a vantagem de que iria reduzir a pressão sobre o Paquistão, que permanece de fato aliado do Taliban. Se o Paquistão cair, e está caindo, nossa posição na região entrará em colapso da noite para o dia.
Das duas opções estratégicas, eu penso que a segunda é mais provável de funcionar. Ela nos dá uma autoridade central para negociar; outro que não o Taliban, quem pode levar os Pashtun à aliança que precisamos? A mesma falta de uma autoridade legítima alternativa – o governo Karzai não é uma – torna separar os Pashtun do Taliban um empreendimento formidável. Muito provavelmente, tentar fazê-lo iria nos deixar entranhados em infidáveis políticas locais que nem podemos compreender nem levar a qualquer espécie de conclusão útil. Embora nós tenhamos de engolir um pouco de nosso (avassalador) orgulho para dar Cabul de volta ao Taliban, este não é, em si mesmo, qualquer ameaça para a América, enquanto não estiver na cama com a al-Qaeda.
Ambas as opções estratégicas exigem uma radical mudança nas táticas americanas, de “vencer batalhas” definidas por “mortes” para táticas de desescalada. O FMFM-IA [Fleet Marine Field Manual] dispõe em detalhes o que as táticas de desescalada significam. Basta dizer aqui que isso inclui um fim aos ataques aéreos, tentando capturar antes do que matar esses Pashtun que temos de enfrentar (e tratar os prisioneiros muito bem, como futuros aliados), e substituir o vício americano em poder de fogo com boas táticas de infantaria ligeira.
Se a administração Bush for capaz de adotar essas recomendações estratégicas, então passar o Afeganistão para os Fuzileiros Navais faz sentido. O Corpo de Fuzileiros Navais tem generais que podem pensar em termos estratégicos (se o Exército tem algum, não mandou para o Afeganistão). Ele é, talvez um pouco menos viciado em poder de fogo do que o Exército, embora a aviação dos Fuzileiros Navais possa ser um problema. Enquanto a infantaria dos Fuzileiros Navais seja um pouco, se tanto, melhor que a do Exército, seria mais fácil retreinar a infantaria dos Fuzileiros em autênticas táticas de infantaria ligeira, se não apenas porque o Corpo de Fuzileiros Navais é menor. Talvez, mais importante, os Fuzileiros Navais tem aprendido alguma coisa das táticas de desescalada na província de Anbar no Iraque. Não tivessem eles feito isso, Anbar ainda seria uma fortaleza da al-Qaeda.
O ponto focal, como sempre, é a administração Bush. O Corpo de Fuzileiros Navais por sua própria conta não pode mudar nossa estratégia no Afeganistão. Ele pode advogar por mudanças. Talvez ele possa alinhar o Departamento de Defesa e o Departamento de Estado por trás de uma tal mudança. Mas no fim, apenas a Casa Branca pode fazer a mudança. Ela fará? Apenas se ela aprender da experiência, o que até agora ela não mostrado habilidade alguma para fazer.
William Lind – 16 de outubro de 2007.
O Pentágono, na última semana, fez flutuar um balão de ensaio sugerindo que todos os Fuzileiros Navais americanos poderiam ser retirados do Iraque e rumarem para o Afeganistão, enquanto o Exército faria o oposto e se concentraria no Iraque. A razão seria mera eficiência administrativa ou ordenamento, o que dificilmente justificaria o tumulto que a proposta iria causar. Eu ficaria pessoalmente feliz ao ver meus amigos fuzileiros navais deixaram o Iraque antes que o teto lá caia, mas trocar o Iraque pelo Afeganistão é pouco mais do que pular da frigideira para o fogo.
Se, entretanto, uma tomada da guerra no Afeganistão pelo Corpo de Fuzileiros Navais for utilizada como uma oportunidade para mudar o modo como temos travado a guerra, então isso seria mais do que justificado. O que poderia envolver mudança significativa?
Primeiro, nós teríamos de adotar um objetivo estratégico realista, um que pudesse ser atingível. O presente objetivo estratégico de transformar o Afeganistão em um estado capitalista, secular e moderno com “direitos iguais para as mulheres” e similares mentiras para o auditório jaz no reino da fantasia. O máximo que o Afeganistão pode se tornar é o Afeganistão em seus melhores períodos, o que quer dizer um país com um governo central fraco, fortes senhores da guerra locais, endêmica guerra civil tribal, uma economia baseada nas drogas e uma cultura e sociedade islâmicas tradicionais. A tribo dominante, controlando o governo central em Cabul, irá ser os Pasthun, porque sempre tem sido.
Há duas possíveis estratégias para atingir esse objetivo, nenhuma das quais garante o sucesso, mas ambas as quais tem um potencial para o sucesso, ao contrário do que nós e a OTAN estamos fazendo agora. A primeira é separar os Pashtun do Taliban, tornando os Pasthun nossos aliados ao invés de nossos inimigos. Já que os Pashtun sempre ganham no fim, nós precisamos estar aliados com eles se não quisermos perder.
A segunda possível estratégia é separar os Talibans da al-Qaeda e entidades similares de Guerra de 4ª Geração, etnicamente árabes e fazer um acordo pelo qual eles ganhariam de novo Cabul e o governo. Esse governo central irá, como sempre na história afegã, ser fraco, portanto não estaríamos cedendo muita coisa. Essa estratégia tem a vantagem de que iria reduzir a pressão sobre o Paquistão, que permanece de fato aliado do Taliban. Se o Paquistão cair, e está caindo, nossa posição na região entrará em colapso da noite para o dia.
Das duas opções estratégicas, eu penso que a segunda é mais provável de funcionar. Ela nos dá uma autoridade central para negociar; outro que não o Taliban, quem pode levar os Pashtun à aliança que precisamos? A mesma falta de uma autoridade legítima alternativa – o governo Karzai não é uma – torna separar os Pashtun do Taliban um empreendimento formidável. Muito provavelmente, tentar fazê-lo iria nos deixar entranhados em infidáveis políticas locais que nem podemos compreender nem levar a qualquer espécie de conclusão útil. Embora nós tenhamos de engolir um pouco de nosso (avassalador) orgulho para dar Cabul de volta ao Taliban, este não é, em si mesmo, qualquer ameaça para a América, enquanto não estiver na cama com a al-Qaeda.
Ambas as opções estratégicas exigem uma radical mudança nas táticas americanas, de “vencer batalhas” definidas por “mortes” para táticas de desescalada. O FMFM-IA [Fleet Marine Field Manual] dispõe em detalhes o que as táticas de desescalada significam. Basta dizer aqui que isso inclui um fim aos ataques aéreos, tentando capturar antes do que matar esses Pashtun que temos de enfrentar (e tratar os prisioneiros muito bem, como futuros aliados), e substituir o vício americano em poder de fogo com boas táticas de infantaria ligeira.
Se a administração Bush for capaz de adotar essas recomendações estratégicas, então passar o Afeganistão para os Fuzileiros Navais faz sentido. O Corpo de Fuzileiros Navais tem generais que podem pensar em termos estratégicos (se o Exército tem algum, não mandou para o Afeganistão). Ele é, talvez um pouco menos viciado em poder de fogo do que o Exército, embora a aviação dos Fuzileiros Navais possa ser um problema. Enquanto a infantaria dos Fuzileiros Navais seja um pouco, se tanto, melhor que a do Exército, seria mais fácil retreinar a infantaria dos Fuzileiros em autênticas táticas de infantaria ligeira, se não apenas porque o Corpo de Fuzileiros Navais é menor. Talvez, mais importante, os Fuzileiros Navais tem aprendido alguma coisa das táticas de desescalada na província de Anbar no Iraque. Não tivessem eles feito isso, Anbar ainda seria uma fortaleza da al-Qaeda.
O ponto focal, como sempre, é a administração Bush. O Corpo de Fuzileiros Navais por sua própria conta não pode mudar nossa estratégia no Afeganistão. Ele pode advogar por mudanças. Talvez ele possa alinhar o Departamento de Defesa e o Departamento de Estado por trás de uma tal mudança. Mas no fim, apenas a Casa Branca pode fazer a mudança. Ela fará? Apenas se ela aprender da experiência, o que até agora ela não mostrado habilidade alguma para fazer.
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27/10/2007
O Afeganistão pode ser salvo?
O Ocidente está lutando contra o Taleban há anos no Afeganistão. Porém, parece difícil perceber qualquer progresso. O país pode estar muito fragmentado para que possa ser pacificado, e pode também haver falta de liderança
Susanne Koelbl
Em Bagram
O que é o Taleban? A imagem comum é a de uma horda de fanáticos religiosos barbudos espalhados pelo Afeganistão e prontos para retalhar qualquer infiel que cruzar o seu caminho. Um movimento que ganha adeptos a cada dia. E um movimento que está transformando as tentativas do Ocidente de pacificar o país em uma tarefa de Sísifo, face à violência extremista em ascensão.
Mas a verdade parece ser bem diferente. A realidade é que o Taleban - pelo menos como um amplo movimento popular - simplesmente não existe.
A liderança extremista sob o comando do mulá Omar consiste de um pequeno círculo de umas poucas dezenas de homens que raramente são vistos. Os seus seguidores de confiança são uns poucos milhares de fanáticos religiosos doutrinados, sempre prontos para prestar os seus serviços como soldados assim que for necessário.
Soldado afegão diante de base policial em uma vila próxima a Kandahar
O restante do chamado Taleban pouco tem a ver com os estudantes do Alcorão religiosamente doutrinados. Ex-mujahedeen (combatentes da resistência afegã durante a ocupação soviética), líderes de milícias locais e comandantes de campo que emprestam os seus serviços aos guerreiros religiosos compõem a força de combate do grupo. E a religião é pouco mais que um pretexto. Ela não só ajuda a motivar aldeões empobrecidos a pegar em armas, mas também oculta os verdadeiros desejos por poder e influência - e por uma parcela dos impostos alfandegários que são uma das principais fontes de receitas no Afeganistão.
Essa é uma motivação na qual se encontra a chave para a pacificação do país. Então, ao que parece, tudo o que se teria a fazer seria garantir que os combatentes obtivessem a sua fatia de poder como garantia de que colheriam alguns benefícios advindos de uma futura recuperação econômica. No entanto, conforme os últimos anos demonstraram claramente, isso é algo mais fácil de dizer do que de colocar em prática.
O Afeganistão é um país que conta com uma miríade de indivíduos competindo pela sua parcela de poder. Além disso, um homem da dinastia Durrani - Hamid Karzai - reservou a presidência para si. A antiga dinastia Durrani reinou suprema por mais de dois séculos - mas a tribo rival Ghilzai, que há muito compete com os Durrani, agora luta para recuperar o poder que perdeu no sul do país. O mulá Omar é membro da tribo Ghilzai, assim como diversos dos seus seguidores. Em outras palavras, grande parte da insurreição é na realidade uma disputa tribal.
Uma guerra sangrenta por território
O irmão mais novo de Karzai, Ahmed Wali, está contribuindo pouco para acabar com essa briga sangrenta. Detentor de um cargo-chave no sul do Afeganistão, Wali tem excluído os Ghilzai dos potencialmente lucrativos contratos e privilégios governamentais.
Porém, essa luta não é provocada apenas por interesses econômicos, já que a política regional também desempenha um papel vital. Afinal de contas, o Taleban jamais teria sido capaz de voltar tão rapidamente ao cenário, após ter sido escorraçado em 2001, se não contasse com apoiadores influentes.
Vejamos o Paquistão, por exemplo. Embora o presidente paquistanês, general Pervez Musharraf, afirme estar ajudando os Estados Unidos e o Ocidente, o Taleban - que recebe apoio fundamental da Agência de Inteligência Inter-Serviços paquistanesa (ISI) - sempre pode contar com o Paquistão como um abrigo. Até hoje, a conexão entre o Taleban e o seu vizinho do leste ainda é mantida. O Paquistão não tem a intenção de perder uma influência que demorou a conquistar entre os pashtuns no sul e no leste do Afeganistão. Estão em jogo o acesso à economia, acordos de contrabando e litígios de fronteiras. Além do mais, o Paquistão teme um Afeganistão altamente pró-americano, que poderia acabar formando uma aliança hostil com a Índia, a arqui-rival do Paquistão.
A nova estratégia do Irã
Enquanto isso, o Taleban pode estar também recebendo apoio do vizinho a oeste do Afeganistão. Os xiitas iranianos são tradicionalmente inimigos dos sunitas talebans, e apoiaram até o momento o governo Karzai. Mas o presente geopolítico está vagarosamente superando o passado sunitas-versus-xiitas na região, e a presença de tropas norte-americanas no Afeganistão está tornando-se cada vez mais um espinho doloroso cravado no Irã - especialmente ao se levar em conta a retórica belicosa vinda de Washington nos dias de hoje.
Certos grupos iranianos estariam fornecendo sistematicamente armamentos de alta tecnologia ao Taleban. O chefão do terrorismo Gulbuddin Hekmatyar - um ex-líder mujahedeen no Afeganistão que já viveu no exílio no Irã e que é apontado como o mentor de diversos ataques suicidas - estaria mantendo novos e estreitos contatos com o Irã. Os russos, também, insatisfeitos com a forte presença ocidental na sua fronteira sul estão fornecendo apoio maciço aos afegãos do norte interessados em uma mudança de regime.
De fato, os atores ocultos dirigidos pelos vizinhos do Afeganistão estão atuando em toda parte. Eles podem ser encontrados no campo de batalha, mas também na Wolesi Jirga (Casa do Povo), a casa inferior da Assembléia Nacional bicameral do Afeganistão, na qual atuam como bem instruídos - e bem pagos - parlamentares. Muitos em Cabul suspeitam até que eles têm trabalhado junto ao gabinete do presidente Karzai. E isso faz com que surja a questão: o Taleban é tão difícil de se derrotar militarmente porque os seus membros estão na verdade lutando a serviço de outros?
"Bucha de canhão"
No verão de 2006, segundo estimativas de relatórios de segurança britânicos, haveria mil combatentes talebans na província de Helmand, no sul do país. Desde abril de 2006, pelo menos 600 combatentes foram mortos, segundo estimativas de soldados enviados para a área - mas a frente inimiga nem por isso entrou em colapso. A reserva de "bucha de canhão" inspirada religiosamente parece inesgotável na área.
Então, as negociações com o Taleban são inevitáveis? O Ocidente deveria aceitar um governo afegão que incluísse assassinos extremistas e inimigos da democracia? O presidente Karzai recentemente propôs exatamente isto, chegando a oferecer negociações diretas a Gulbuddin Hekmatyar e ao mulá Omar - uma oferta feita apenas algumas horas depois que o Taleban desfechou o mais devastador ataque em Cabul em anos.
A rejeição sumária da proposta não chegou a surpreender. O verdadeiro Taleban, com as suas shuras (conselhos) em Quetta, no Paquistão, e no território ancestral do Waziristão, não está preparado para negociar. O futuro igualmente promete pouco a este respeito. Por que eles deveriam contentar-se com um terço da torta quando poderiam, no fim das contas, contar com a torta inteira?
Com os seus cofres de guerra abarrotados com dinheiro do tráfico de drogas, e com grupos fortes de apoiadores tanto nos Estados vizinhos do Afeganistão quanto nos países do Golfo Pérsico, eles ainda podem resistir por muito tempo. Essa é uma mistura perigosa que alimenta o terrorismo internacional.
Hostilidade contra estrangeiros
O cálculo do Taleban é cínico: o desencanto popular com o governo Karzai e com a presença de potências estrangeiras no Afeganistão continua a aumentar enquanto o conflito militar prossegue. Os motivos pelos quais os jovens pashtuns apóiam o Taleban são vários - como a pobreza, as convicções religiosas e a simples falta de alternativas. Mas quando um filho ou um irmão morre em um ataque ocidental com bombas, a família inteira torna-se imediatamente hostil à presença das tropas estrangeiras.
As forças da coalizão vêm, portanto, se concentrando na perseguição dos líderes da "insurreição". E houve um grande número de sucessos. O mais poderoso comandante de campo - o mulá Dadullah, uma espécie de ministro da Guerra do Taleban - foi morto, assim como um outro comandante graduado, o mulá Osmani.
Mas embora a liderança do Taleban tenha sido enfraquecida, existe agora um número maior de subcomandantes de menor importância, o que torna as estruturas da organização bem mais complicadas. E os grandes nomes, como o mulá Omar ou Sirajuddin Haqqani, são intocáveis; eles estão todos no Paquistão, segundo fontes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Tem ficado difícil precisar o que promove a paz e o que alimenta a guerra no Afeganistão. Houve uma época na qual as forças dos Estados Unidos que integravam a Operação Liberdade Duradoura (OEF, na sigla em inglês) eram as responsáveis pelo trabalho duro, enquanto as tropas associadas à Força Internacional de Assistência de Segurança (ISAF) se focava mais na reconstrução do país. Mas essa época acabou há muito tempo. Hoje em dia a OEF e a ISAF cooperam estreitamente. De fato, a maior parte das baixas civis não é mais provocada pelas operações da OEF. Os bombardeios vinculados às operações da ISAF se tornaram bem mais perigosos.
"Estamos todos fazendo a mesma coisa. A OEF e a ISAF fazem o mesmo trabalho. Todo mundo tem o mesmo objetivo", afirma o porta-voz da ISAF, David Accetta, na Base Aérea de Bagram, uma base militar dos Estados Unidos que fica 50 quilômetros ao norte de Cabul. Accetta é um homem calmo de pouco mais de 40 anos, de porte médio e de cabelos negros e espessos. Ele sabe como os europeus são sensíveis quanto às operações militares, mas Accetta também diz que os norte-americanos não querem mais ser os bodes expiatórios toda vez que algo sair errado no Afeganistão. De fato, o ponto de vista norte-americano é de que eles são os únicos que estão de fato fazendo frente ao terrorismo - enquanto os europeus estão apenas pegando uma carona gratuita.
Caças a jato a qualquer momento
À noite, caças F15 e bombardeiros A-10 trovejam no céu sobre Bagram. Os pilotos dos Estados Unidos estão constantemente atendendo a pedidos de apoio aéreo feitos pela ISAF. Apenas alguns poucos países contam com os seus próprios helicópteros de combate e veículos de carga. A maioria é como os alemães: totalmente dependentes das forças armadas dos Estados Unidos em um país como o Afeganistão.
O general Dan McNeill, 61, é o comandante supremo da ISAF. O general norte-americano de quatro estrelas, com o seu cabelo louro repartido e os ossos da face proeminentes, tem a reputação de ser duro. Ele atuou na Guerra do Vietnã e também passou uma temporada anterior no Afeganistão. McNeill não gosta de perder.
Já em 2002, ele reclamou que pouco auxílio para reconstrução estava sendo fornecido e que o Ocidente estava deixando o Afeganistão de lado. Então, a guerra no Iraque deslocou o Afeganistão para o rodapé da lista de prioridades - durante três longos, e em grande parte perdidos, anos.
Mas desde o início deste ano, os norte-americanos acordaram do seu torpor. O Iraque, assim entenderam muitos, é uma causa perdida. Até mesmo os britânicos retiraram mais de mil soldados de Basra - o mesmo número de soldados que agora está sendo enviado como reforço para o Afeganistão. Muitos estão fazendo tudo o que podem para garantir que a missão no Afeganistão torne-se um sucesso.
Os Estados Unidos, também, estão enviando ajuda a Cabul. Mais recentemente, o congresso norte-americano aprovou uma verba de US$ 2,5 bilhões para ajudar a implementar uma força policial efetiva no país. Washington também enviou 2.500 soldados e centenas de instrutores da companhia de segurança DynCorp para atuarem como instrutores de polícia. Desde a primavera, eles estão treinando policiais em Cabul e em outras cidades - uma admissão tácita de uma falha grave. A força policial débil e corrupta do país é um dos principais motivos para a descrença dos afegãos no governo Karzai.
O desenvolvimento da força policial deveria ser tarefa dos alemães. Mas, apesar do seu status de "nação líder", a Alemanha não tem liderado. Agora os norte-americanos assumiram o controle.
A Alemanha desapontou os Estados Unidos
Berlim despachou apenas 42 instrutores de polícia para o Afeganistão. Seria necessário um número cem vezes maior. Até recentemente, os alemães só treinavam os futuros policiais em Cabul. Mas os policiais afegãos nas províncias não têm nem os veículos nem a gasolina para viajar até Cabul para participarem dos cursos de treinamento. E, o mais importante, nenhum policial pode se dar ao luxo de ficar semanas, ou até meses, longe da família que precisa ser sustentada.
A Alemanha - a chamada "nação líder" - gastou 12 milhões de euros (US$ 17 milhões) por ano com o programa de polícia e treinou 19 mil policiais em cinco anos. O objetivo para o ano que vem é 82 mil. Agora o governo alemão quer dobrar o orçamento para o programa.
Para que a missão no Afeganistão seja bem sucedida serão necessários esforços bem superiores ao que tem sido discutido. Recentemente o general McNeill disse aos seus colegas militares em uma reunião exclusiva no quartel-general da ISAF em Cabul que necessita de 160 mil soldados a fim de tornar o país seguro. Os colegas ficaram atônitos - mas ele estava falando sério.
Mas é preciso mais do que apenas força militar adicional. O Afeganistão precisa de milhares de engenheiros, instrutores de polícia, economistas e especialistas em agricultura. E talvez também seja necessário o reconhecimento de que, por mais desagradável que isso seja, não haverá progresso sem a cooperação dos vizinhos do Afeganistão: o Irã, a Rússia e também a China.
Tradução: UOL
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O Afeganistão pode ser salvo?
O Ocidente está lutando contra o Taleban há anos no Afeganistão. Porém, parece difícil perceber qualquer progresso. O país pode estar muito fragmentado para que possa ser pacificado, e pode também haver falta de liderança
Susanne Koelbl
Em Bagram
O que é o Taleban? A imagem comum é a de uma horda de fanáticos religiosos barbudos espalhados pelo Afeganistão e prontos para retalhar qualquer infiel que cruzar o seu caminho. Um movimento que ganha adeptos a cada dia. E um movimento que está transformando as tentativas do Ocidente de pacificar o país em uma tarefa de Sísifo, face à violência extremista em ascensão.
Mas a verdade parece ser bem diferente. A realidade é que o Taleban - pelo menos como um amplo movimento popular - simplesmente não existe.
A liderança extremista sob o comando do mulá Omar consiste de um pequeno círculo de umas poucas dezenas de homens que raramente são vistos. Os seus seguidores de confiança são uns poucos milhares de fanáticos religiosos doutrinados, sempre prontos para prestar os seus serviços como soldados assim que for necessário.
Soldado afegão diante de base policial em uma vila próxima a Kandahar
O restante do chamado Taleban pouco tem a ver com os estudantes do Alcorão religiosamente doutrinados. Ex-mujahedeen (combatentes da resistência afegã durante a ocupação soviética), líderes de milícias locais e comandantes de campo que emprestam os seus serviços aos guerreiros religiosos compõem a força de combate do grupo. E a religião é pouco mais que um pretexto. Ela não só ajuda a motivar aldeões empobrecidos a pegar em armas, mas também oculta os verdadeiros desejos por poder e influência - e por uma parcela dos impostos alfandegários que são uma das principais fontes de receitas no Afeganistão.
Essa é uma motivação na qual se encontra a chave para a pacificação do país. Então, ao que parece, tudo o que se teria a fazer seria garantir que os combatentes obtivessem a sua fatia de poder como garantia de que colheriam alguns benefícios advindos de uma futura recuperação econômica. No entanto, conforme os últimos anos demonstraram claramente, isso é algo mais fácil de dizer do que de colocar em prática.
O Afeganistão é um país que conta com uma miríade de indivíduos competindo pela sua parcela de poder. Além disso, um homem da dinastia Durrani - Hamid Karzai - reservou a presidência para si. A antiga dinastia Durrani reinou suprema por mais de dois séculos - mas a tribo rival Ghilzai, que há muito compete com os Durrani, agora luta para recuperar o poder que perdeu no sul do país. O mulá Omar é membro da tribo Ghilzai, assim como diversos dos seus seguidores. Em outras palavras, grande parte da insurreição é na realidade uma disputa tribal.
Uma guerra sangrenta por território
O irmão mais novo de Karzai, Ahmed Wali, está contribuindo pouco para acabar com essa briga sangrenta. Detentor de um cargo-chave no sul do Afeganistão, Wali tem excluído os Ghilzai dos potencialmente lucrativos contratos e privilégios governamentais.
Porém, essa luta não é provocada apenas por interesses econômicos, já que a política regional também desempenha um papel vital. Afinal de contas, o Taleban jamais teria sido capaz de voltar tão rapidamente ao cenário, após ter sido escorraçado em 2001, se não contasse com apoiadores influentes.
Vejamos o Paquistão, por exemplo. Embora o presidente paquistanês, general Pervez Musharraf, afirme estar ajudando os Estados Unidos e o Ocidente, o Taleban - que recebe apoio fundamental da Agência de Inteligência Inter-Serviços paquistanesa (ISI) - sempre pode contar com o Paquistão como um abrigo. Até hoje, a conexão entre o Taleban e o seu vizinho do leste ainda é mantida. O Paquistão não tem a intenção de perder uma influência que demorou a conquistar entre os pashtuns no sul e no leste do Afeganistão. Estão em jogo o acesso à economia, acordos de contrabando e litígios de fronteiras. Além do mais, o Paquistão teme um Afeganistão altamente pró-americano, que poderia acabar formando uma aliança hostil com a Índia, a arqui-rival do Paquistão.
A nova estratégia do Irã
Enquanto isso, o Taleban pode estar também recebendo apoio do vizinho a oeste do Afeganistão. Os xiitas iranianos são tradicionalmente inimigos dos sunitas talebans, e apoiaram até o momento o governo Karzai. Mas o presente geopolítico está vagarosamente superando o passado sunitas-versus-xiitas na região, e a presença de tropas norte-americanas no Afeganistão está tornando-se cada vez mais um espinho doloroso cravado no Irã - especialmente ao se levar em conta a retórica belicosa vinda de Washington nos dias de hoje.
Certos grupos iranianos estariam fornecendo sistematicamente armamentos de alta tecnologia ao Taleban. O chefão do terrorismo Gulbuddin Hekmatyar - um ex-líder mujahedeen no Afeganistão que já viveu no exílio no Irã e que é apontado como o mentor de diversos ataques suicidas - estaria mantendo novos e estreitos contatos com o Irã. Os russos, também, insatisfeitos com a forte presença ocidental na sua fronteira sul estão fornecendo apoio maciço aos afegãos do norte interessados em uma mudança de regime.
De fato, os atores ocultos dirigidos pelos vizinhos do Afeganistão estão atuando em toda parte. Eles podem ser encontrados no campo de batalha, mas também na Wolesi Jirga (Casa do Povo), a casa inferior da Assembléia Nacional bicameral do Afeganistão, na qual atuam como bem instruídos - e bem pagos - parlamentares. Muitos em Cabul suspeitam até que eles têm trabalhado junto ao gabinete do presidente Karzai. E isso faz com que surja a questão: o Taleban é tão difícil de se derrotar militarmente porque os seus membros estão na verdade lutando a serviço de outros?
"Bucha de canhão"
No verão de 2006, segundo estimativas de relatórios de segurança britânicos, haveria mil combatentes talebans na província de Helmand, no sul do país. Desde abril de 2006, pelo menos 600 combatentes foram mortos, segundo estimativas de soldados enviados para a área - mas a frente inimiga nem por isso entrou em colapso. A reserva de "bucha de canhão" inspirada religiosamente parece inesgotável na área.
Então, as negociações com o Taleban são inevitáveis? O Ocidente deveria aceitar um governo afegão que incluísse assassinos extremistas e inimigos da democracia? O presidente Karzai recentemente propôs exatamente isto, chegando a oferecer negociações diretas a Gulbuddin Hekmatyar e ao mulá Omar - uma oferta feita apenas algumas horas depois que o Taleban desfechou o mais devastador ataque em Cabul em anos.
A rejeição sumária da proposta não chegou a surpreender. O verdadeiro Taleban, com as suas shuras (conselhos) em Quetta, no Paquistão, e no território ancestral do Waziristão, não está preparado para negociar. O futuro igualmente promete pouco a este respeito. Por que eles deveriam contentar-se com um terço da torta quando poderiam, no fim das contas, contar com a torta inteira?
Com os seus cofres de guerra abarrotados com dinheiro do tráfico de drogas, e com grupos fortes de apoiadores tanto nos Estados vizinhos do Afeganistão quanto nos países do Golfo Pérsico, eles ainda podem resistir por muito tempo. Essa é uma mistura perigosa que alimenta o terrorismo internacional.
Hostilidade contra estrangeiros
O cálculo do Taleban é cínico: o desencanto popular com o governo Karzai e com a presença de potências estrangeiras no Afeganistão continua a aumentar enquanto o conflito militar prossegue. Os motivos pelos quais os jovens pashtuns apóiam o Taleban são vários - como a pobreza, as convicções religiosas e a simples falta de alternativas. Mas quando um filho ou um irmão morre em um ataque ocidental com bombas, a família inteira torna-se imediatamente hostil à presença das tropas estrangeiras.
As forças da coalizão vêm, portanto, se concentrando na perseguição dos líderes da "insurreição". E houve um grande número de sucessos. O mais poderoso comandante de campo - o mulá Dadullah, uma espécie de ministro da Guerra do Taleban - foi morto, assim como um outro comandante graduado, o mulá Osmani.
Mas embora a liderança do Taleban tenha sido enfraquecida, existe agora um número maior de subcomandantes de menor importância, o que torna as estruturas da organização bem mais complicadas. E os grandes nomes, como o mulá Omar ou Sirajuddin Haqqani, são intocáveis; eles estão todos no Paquistão, segundo fontes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Tem ficado difícil precisar o que promove a paz e o que alimenta a guerra no Afeganistão. Houve uma época na qual as forças dos Estados Unidos que integravam a Operação Liberdade Duradoura (OEF, na sigla em inglês) eram as responsáveis pelo trabalho duro, enquanto as tropas associadas à Força Internacional de Assistência de Segurança (ISAF) se focava mais na reconstrução do país. Mas essa época acabou há muito tempo. Hoje em dia a OEF e a ISAF cooperam estreitamente. De fato, a maior parte das baixas civis não é mais provocada pelas operações da OEF. Os bombardeios vinculados às operações da ISAF se tornaram bem mais perigosos.
"Estamos todos fazendo a mesma coisa. A OEF e a ISAF fazem o mesmo trabalho. Todo mundo tem o mesmo objetivo", afirma o porta-voz da ISAF, David Accetta, na Base Aérea de Bagram, uma base militar dos Estados Unidos que fica 50 quilômetros ao norte de Cabul. Accetta é um homem calmo de pouco mais de 40 anos, de porte médio e de cabelos negros e espessos. Ele sabe como os europeus são sensíveis quanto às operações militares, mas Accetta também diz que os norte-americanos não querem mais ser os bodes expiatórios toda vez que algo sair errado no Afeganistão. De fato, o ponto de vista norte-americano é de que eles são os únicos que estão de fato fazendo frente ao terrorismo - enquanto os europeus estão apenas pegando uma carona gratuita.
Caças a jato a qualquer momento
À noite, caças F15 e bombardeiros A-10 trovejam no céu sobre Bagram. Os pilotos dos Estados Unidos estão constantemente atendendo a pedidos de apoio aéreo feitos pela ISAF. Apenas alguns poucos países contam com os seus próprios helicópteros de combate e veículos de carga. A maioria é como os alemães: totalmente dependentes das forças armadas dos Estados Unidos em um país como o Afeganistão.
O general Dan McNeill, 61, é o comandante supremo da ISAF. O general norte-americano de quatro estrelas, com o seu cabelo louro repartido e os ossos da face proeminentes, tem a reputação de ser duro. Ele atuou na Guerra do Vietnã e também passou uma temporada anterior no Afeganistão. McNeill não gosta de perder.
Já em 2002, ele reclamou que pouco auxílio para reconstrução estava sendo fornecido e que o Ocidente estava deixando o Afeganistão de lado. Então, a guerra no Iraque deslocou o Afeganistão para o rodapé da lista de prioridades - durante três longos, e em grande parte perdidos, anos.
Mas desde o início deste ano, os norte-americanos acordaram do seu torpor. O Iraque, assim entenderam muitos, é uma causa perdida. Até mesmo os britânicos retiraram mais de mil soldados de Basra - o mesmo número de soldados que agora está sendo enviado como reforço para o Afeganistão. Muitos estão fazendo tudo o que podem para garantir que a missão no Afeganistão torne-se um sucesso.
Os Estados Unidos, também, estão enviando ajuda a Cabul. Mais recentemente, o congresso norte-americano aprovou uma verba de US$ 2,5 bilhões para ajudar a implementar uma força policial efetiva no país. Washington também enviou 2.500 soldados e centenas de instrutores da companhia de segurança DynCorp para atuarem como instrutores de polícia. Desde a primavera, eles estão treinando policiais em Cabul e em outras cidades - uma admissão tácita de uma falha grave. A força policial débil e corrupta do país é um dos principais motivos para a descrença dos afegãos no governo Karzai.
O desenvolvimento da força policial deveria ser tarefa dos alemães. Mas, apesar do seu status de "nação líder", a Alemanha não tem liderado. Agora os norte-americanos assumiram o controle.
A Alemanha desapontou os Estados Unidos
Berlim despachou apenas 42 instrutores de polícia para o Afeganistão. Seria necessário um número cem vezes maior. Até recentemente, os alemães só treinavam os futuros policiais em Cabul. Mas os policiais afegãos nas províncias não têm nem os veículos nem a gasolina para viajar até Cabul para participarem dos cursos de treinamento. E, o mais importante, nenhum policial pode se dar ao luxo de ficar semanas, ou até meses, longe da família que precisa ser sustentada.
A Alemanha - a chamada "nação líder" - gastou 12 milhões de euros (US$ 17 milhões) por ano com o programa de polícia e treinou 19 mil policiais em cinco anos. O objetivo para o ano que vem é 82 mil. Agora o governo alemão quer dobrar o orçamento para o programa.
Para que a missão no Afeganistão seja bem sucedida serão necessários esforços bem superiores ao que tem sido discutido. Recentemente o general McNeill disse aos seus colegas militares em uma reunião exclusiva no quartel-general da ISAF em Cabul que necessita de 160 mil soldados a fim de tornar o país seguro. Os colegas ficaram atônitos - mas ele estava falando sério.
Mas é preciso mais do que apenas força militar adicional. O Afeganistão precisa de milhares de engenheiros, instrutores de polícia, economistas e especialistas em agricultura. E talvez também seja necessário o reconhecimento de que, por mais desagradável que isso seja, não haverá progresso sem a cooperação dos vizinhos do Afeganistão: o Irã, a Rússia e também a China.
Tradução: UOL
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Battle 'kills dozens of Taleban'
About 80 Taleban fighters have been killed in clashes with forces from the US-led coalition in Afghanistan's Helmand province, officials say.
A six-hour battle took place near the Taleban-controlled town of Musa Qala, a coalition statement said.
A joint coalition-Afghan patrol called in air strikes after it came under fire from rockets and gunfire, with bombs hitting a trench full of Taleban.
There has been no independent confirmation of the numbers killed.
The BBC's Alastair Leithead in Kabul says the figures are rough estimates made by troops on the ground directly after the battle.
While the coalition has high-tech air surveillance equipment, the area is covered with lush vegetation close to a river, so accurate battle damage assessments, as the military call them, are not totally reliable.
And establishing the number of casualties later is often impossible, as the bodies of insurgents are usually either buried soon after the battle or taken away, our correspondent says.
There were also reports from one of the villages where fighting took place that 15-to-20 local people were killed.
Again, there was no independent confirmation.
The coalition said it had no reports of "non-combatant injuries or damage to property".
Major battles
Coalition forces came under ambush near Musa Qala, an area which has seen fierce fighting between Taleban and coalition or Nato forces in recent months.
"The combined patrol immediately returned fire, manoeuvred, and employed close air support, resulting in almost seven dozen Taleban fighters killed during a six-hour engagement," a coalition statement said.
In September, international forces launched a major offensive in Helmand province to push out the Taleban.
The coalition has claimed more than 200 militants have been killed in fighting around Musa Qala since then.
British troops left the town late last year following an agreement that handed over security to the town's elders.
The Taleban took over the town in February.
But British troops have been gradually pushing back up the main Helmand river valley, forcing the Taleban out of some of their strongholds.
The area is the centre of Afghanistan's illegal opium poppy cultivation.
FONTE: http://news.bbc.co.uk/2/hi/south_asia/7065984.stm
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22/11/2007 - 10h55
Relatório indica que talibãs estão voltando ao controle do Afeganistão
Londres, 22 nov (EFE) - Os talibãs já têm presença permanente em 54% do território do Afeganistão e o país corre sério risco de cair totalmente nas mãos dos rebeldes.
Estas são as conclusões de um relatório do Senlis Council, um centro de estudos independente que faz parte da Rede de Fundações Européias e possui experiência na região.
Apesar dos milhares de soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e dos bilhões de dólares investidos no país, os talibãs controlam cada vez mais partes do território, "incluindo zonas rurais, algumas capitais de distrito e comunicações importantes".
Segundo o relatório, os combatentes exercem um "significativo controle psicológico e ganham cada vez mais legitimidade aos olhos dos afegãos, povo com um longo histórico de mudanças de aliança e de regime".
Segundo o Senlis Council, o território controlado pelos talibãs não parou de crescer e a linha de fronteira está cada vez mais perto da capital, Cabul.
A questão, de acordo com o relatório, não é se os talibãs chegarão a Cabul, mas "quando (...) e de que forma".
Seu objetivo de reconquistar a capital em 2008, muitas vezes declarado, parece "mais viável do que nunca". Os autores do relatório advertem também que cabe à comunidade internacional "pôr em prática uma nova estratégia antes que seja tarde demais".
O grupo ressalta que a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), dirigida pela Otan e formada atualmente por 40 mil soldados, deveria no mínimo dobrar.
Seria preciso ainda incluir na força conjunta militares de nações muçulmanas, assim como de países-membros da Otan que se negaram até agora a contribuir para este esforço comum contra os talibãs.
O relatório do Senlis Council vai ao encontro de outro da organização humanitária Oxfam enviado ao Parlamento britânico. De acordo com a entidade, a situação de segurança no Afeganistão piorou de modo significativo e a corrupção tanto do Governo central quanto da administração local apenas agrava os problemas.
A Oxfam afirma que são necessárias medidas urgentes para impedir que milhões de pessoas enfrentem um desastre humanitário como o registrado na África Subsaariana.
Apesar de o Afeganistão ter recebido mais de US$ 15 bilhões em ajuda desde 2001, o dinheiro não seria destinado a projetos que contribuam para melhorar a vida dos cidadãos, critica a Oxfam.
Segundo a organização, ao menos 1.200 afegãos morreram este ano, a metade deles em operações internacionais ou das forças do Governo de Cabul.
O Afeganistão sofre quatro vezes mais ataques aéreos por parte das forças internacionais que o Iraque, diz a organização.
Relatório indica que talibãs estão voltando ao controle do Afeganistão
Londres, 22 nov (EFE) - Os talibãs já têm presença permanente em 54% do território do Afeganistão e o país corre sério risco de cair totalmente nas mãos dos rebeldes.
Estas são as conclusões de um relatório do Senlis Council, um centro de estudos independente que faz parte da Rede de Fundações Européias e possui experiência na região.
Apesar dos milhares de soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e dos bilhões de dólares investidos no país, os talibãs controlam cada vez mais partes do território, "incluindo zonas rurais, algumas capitais de distrito e comunicações importantes".
Segundo o relatório, os combatentes exercem um "significativo controle psicológico e ganham cada vez mais legitimidade aos olhos dos afegãos, povo com um longo histórico de mudanças de aliança e de regime".
Segundo o Senlis Council, o território controlado pelos talibãs não parou de crescer e a linha de fronteira está cada vez mais perto da capital, Cabul.
A questão, de acordo com o relatório, não é se os talibãs chegarão a Cabul, mas "quando (...) e de que forma".
Seu objetivo de reconquistar a capital em 2008, muitas vezes declarado, parece "mais viável do que nunca". Os autores do relatório advertem também que cabe à comunidade internacional "pôr em prática uma nova estratégia antes que seja tarde demais".
O grupo ressalta que a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), dirigida pela Otan e formada atualmente por 40 mil soldados, deveria no mínimo dobrar.
Seria preciso ainda incluir na força conjunta militares de nações muçulmanas, assim como de países-membros da Otan que se negaram até agora a contribuir para este esforço comum contra os talibãs.
O relatório do Senlis Council vai ao encontro de outro da organização humanitária Oxfam enviado ao Parlamento britânico. De acordo com a entidade, a situação de segurança no Afeganistão piorou de modo significativo e a corrupção tanto do Governo central quanto da administração local apenas agrava os problemas.
A Oxfam afirma que são necessárias medidas urgentes para impedir que milhões de pessoas enfrentem um desastre humanitário como o registrado na África Subsaariana.
Apesar de o Afeganistão ter recebido mais de US$ 15 bilhões em ajuda desde 2001, o dinheiro não seria destinado a projetos que contribuam para melhorar a vida dos cidadãos, critica a Oxfam.
Segundo a organização, ao menos 1.200 afegãos morreram este ano, a metade deles em operações internacionais ou das forças do Governo de Cabul.
O Afeganistão sofre quatro vezes mais ataques aéreos por parte das forças internacionais que o Iraque, diz a organização.
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Ataques a zonas tribais ameaçam a unidade do Paquistão
O radicalismo islâmico e a repressão de Musharraf ativam as forças contrárias à união do país
Georgina Higueras
Enviada especial a Islamabad
Em seu escritório em Islamabad, vestido à ocidental e em um inglês aperfeiçoado durante seus estudos em Oxford, o letrado Iftijar adverte que os bombardeios indiscriminados do exército paquistanês contra as zonas tribais fronteiriças com o Afeganistão e povoadas por pashtuns acabarão por destruir o país.
"Não estamos dispostos a nos transformar no bode expiatório da aliança contra o terror dos EUA com Pervez Musharraf. A vingança é um dos quatro pilares do código pashtun, e a paciência do nosso povo tem um limite", afirma.
O 11 de Setembro deslocou o foco de tensão desse país conflituoso de sua fronteira oriental para a ocidental. Desligada por motivos religiosos da Índia quando ambos se tornaram independentes em 1947, a disputada região da Caxemira provocou duas guerras e alimentou a terceira (1971), na qual nasceu Bangladesh, o antigo Paquistão Ocidental.
Membros da etnia pashtun se preparam para atravessar a fronteira com o Afeganistão
Os 2.912 quilômetros que separam a Índia do Paquistão -dois Estados nucleares desde 1998- continuam sendo, apesar do cessar-fogo estabelecido em 2004, a região mais militarizada do mundo. Por isso os especialistas temem que possa voltar a se incendiar por uma faísca do fogo que alimenta o extremismo islâmico e suas conexões com as máfias da droga e do tráfico de armas.
Hoje a situação tornou-se explosiva na chamada Província Fronteiriça do Noroeste (NWFP na sigla em inglês), uma das quatro que formam o Paquistão, junto com Baluchistão, Punjab e Sind. A maioria da população da NWFP é pashtun, etnia que representa 15,9% dos 165 milhões de paquistaneses.
Os pashtun nunca reconheceram a Linha Durand, fronteira de 2.430 quilômetros que separa o Paquistão do Afeganistão e que os taleban e a Al Qaeda transformaram em um dos maiores focos de tensão do mundo. Traçada pelo Império Britânico em 1893 depois de duas guerras contra o Afeganistão que acabaram em empate, a Linha Durand divide os pashtun: 27 milhões no Paquistão (além de 2 milhões de refugiados afegãos) e 12 milhões no Afeganistão, onde representam 42% da população.
Enquanto a Assembléia da NWFP pediu que o governo central mude o nome da província para Pajtunjua (enclave pashtun), o estado de exceção decretado pelo presidente Musharraf no último dia 3 é utilizado para bombardear o vale de Swat, onde se fortaleceram membros da Al Qaeda e militantes da ilegal Aliança para a Imposição da Lei Islâmica (TNSM). Esta, dirigida pelo religioso pró-taleban Fazlulah, proíbe o urdu -a língua nacional do Paquistão- e defende um Pashtunistão independente governado pela lei islâmica.
O advogado, que prefere que não se mencione seu sobrenome, afirma que "a honra, a hospitalidade e a submissão do vencido ao vencedor" são os outros princípios que governam essa etnia, milhares de anos antes de abraçar o islamismo. Acrescenta que os pashtun são os "mais democráticos do Paquistão", pelo menos no que se refere aos homens -as mulheres não contam-, porque suas decisões são tomadas por unanimidade do Conselho de Respeitáveis (Loya Yirga). Esse código moral, muito respeitado pelas tribos, contém o avanço das tropas de Musharraf pelas Fata (Áreas Tribais de Administração Federal), zonas nas quais nunca entraram nem o exército paquistanês nem o do Império Britânico.
As Fata, com cerca de 3,5 milhões de habitantes, são historicamente um território indômito de guerreiros, bandoleiros e contrabandistas, que cavalgaram entre a civilização persa e a Índia. Na atualidade, a marginalização imposta pelos chefes tribais em relação ao governo, as instituições e inclusive o desenvolvimento econômico do Paquistão -82% da população é analfabeta-, transformou essas áreas em caldo de cultura do integralismo islâmico, que nas décadas de 70 e 80 ajudou os EUA a combater a invasão soviética do Afeganistão.
Os bombardeios aéreos do exército paquistanês exacerbaram o sentimento de separação e serviram principalmente -segundo o jornalista Shamin ur Rehman, do prestigioso jornal "Dawn"- para "impermeabilizar" outras áreas da NWFP e do Punjab. A infiltração de grupos armados na província mais rica do Paquistão e sua eventual tentativa de desestabilizar o Punjab -que já sofre tensões entre os agricultores e os proprietários de terra- são um dos maiores medos do governo.
Essa ameaça de talebanização é o que Musharraf usa para defender sua mão de ferro contra os militantes. No entanto, o exército está dominado pelos punjabis, assim como a administração, o que agrava o mal-estar de pashtuns, beluchis e sindis e alimenta as aspirações independentistas de seus movimentos nacionalistas.
O general aposentado Masud Talal, que defende a democratização do Paquistão para conter a violência que deixou cerca de mil mortos nos últimos seis meses, afirma que as forças contrárias à unidade do país se alimentam da repressão.
Para o antropólogo Adam Nayar, porém, o que detonou a instabilidade atual não é a divisão étnica do Paquistão, mas a "ruptura do sistema tradicional imposta pela globalização, um fenômeno que o Paquistão ainda não digeriu". Nayar afirma que "os valores tradicionais se romperam pela influência do dinheiro" e que este, "mais que a violência religiosa", exacerba as relações entre as diversas comunidades e especialmente dos baluchis com o resto do país.
O Baluchistão, a maior província paquistanesa, conta com apenas 10 milhões de habitantes -60% baluchis e os demais pashtuns-, mas guarda em seu subsolo enormes reservas de gás. Com 909 km de fronteira com o Irã e o resto com o Afeganistão, os nacionalistas baluchis sempre estiveram isolados e têm uma longa lista de agravos contra o poder central paquistanês.
Na década de 1970, as tentativas do então primeiro-ministro Zulfikar Ali Bhutto de povoar as terras baluchis com panjabis e hindis provocou uma revolta armada baluchi, brutalmente esmagada. A derrota dos taleban, cujo feudo era Kandahar, a cerca de 500 km de Queta, a capital baluchi, fez que centenas de dirigentes do antigo regime e da Al Qaeda fugissem para esta província paquistanesa.
O general Musharraf aproveitou a conjuntura para se empenhar na limpeza da região, tanto de militantes procedentes do Afeganistão como das diversas guerrilhas separatistas baluchis. O ano mais conflituoso foi 2005, quando o governo paquistanês sitiou o povoado de Dera Bugti para acabar com o chefe guerrilheiro Nawab Akbar Jan Bugti e provocou um banho de sangue. Na última quarta-feira foi decretado o toque de recolher em Queta para evitar uma chacina depois da morte em circunstâncias estranhas do líder do ilegal Exército de Libertação do Baluchistão (BLA), Nawabzada Balach Marri.
Sind é a província mais multiétnica do país. Nela estão amplamente representadas todas as nacionalidades, além dos mohairs, que são de origem indiana e língua urdu. Os sindis não chegam a 60% dos 57 milhões de habitantes. O movimento independentista se alimenta dos freqüentes choques entre sindis e mohairs. Os primeiros são proprietários de terras e agricultores, enquanto os segundos são majoritários nas cidades -incluindo a capital financeira, Karachi- e com suas conquistas econômicas deixaram para trás os sindis, o que cria um enorme mal-estar.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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O radicalismo islâmico e a repressão de Musharraf ativam as forças contrárias à união do país
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"Não estamos dispostos a nos transformar no bode expiatório da aliança contra o terror dos EUA com Pervez Musharraf. A vingança é um dos quatro pilares do código pashtun, e a paciência do nosso povo tem um limite", afirma.
O 11 de Setembro deslocou o foco de tensão desse país conflituoso de sua fronteira oriental para a ocidental. Desligada por motivos religiosos da Índia quando ambos se tornaram independentes em 1947, a disputada região da Caxemira provocou duas guerras e alimentou a terceira (1971), na qual nasceu Bangladesh, o antigo Paquistão Ocidental.
Membros da etnia pashtun se preparam para atravessar a fronteira com o Afeganistão
Os 2.912 quilômetros que separam a Índia do Paquistão -dois Estados nucleares desde 1998- continuam sendo, apesar do cessar-fogo estabelecido em 2004, a região mais militarizada do mundo. Por isso os especialistas temem que possa voltar a se incendiar por uma faísca do fogo que alimenta o extremismo islâmico e suas conexões com as máfias da droga e do tráfico de armas.
Hoje a situação tornou-se explosiva na chamada Província Fronteiriça do Noroeste (NWFP na sigla em inglês), uma das quatro que formam o Paquistão, junto com Baluchistão, Punjab e Sind. A maioria da população da NWFP é pashtun, etnia que representa 15,9% dos 165 milhões de paquistaneses.
Os pashtun nunca reconheceram a Linha Durand, fronteira de 2.430 quilômetros que separa o Paquistão do Afeganistão e que os taleban e a Al Qaeda transformaram em um dos maiores focos de tensão do mundo. Traçada pelo Império Britânico em 1893 depois de duas guerras contra o Afeganistão que acabaram em empate, a Linha Durand divide os pashtun: 27 milhões no Paquistão (além de 2 milhões de refugiados afegãos) e 12 milhões no Afeganistão, onde representam 42% da população.
Enquanto a Assembléia da NWFP pediu que o governo central mude o nome da província para Pajtunjua (enclave pashtun), o estado de exceção decretado pelo presidente Musharraf no último dia 3 é utilizado para bombardear o vale de Swat, onde se fortaleceram membros da Al Qaeda e militantes da ilegal Aliança para a Imposição da Lei Islâmica (TNSM). Esta, dirigida pelo religioso pró-taleban Fazlulah, proíbe o urdu -a língua nacional do Paquistão- e defende um Pashtunistão independente governado pela lei islâmica.
O advogado, que prefere que não se mencione seu sobrenome, afirma que "a honra, a hospitalidade e a submissão do vencido ao vencedor" são os outros princípios que governam essa etnia, milhares de anos antes de abraçar o islamismo. Acrescenta que os pashtun são os "mais democráticos do Paquistão", pelo menos no que se refere aos homens -as mulheres não contam-, porque suas decisões são tomadas por unanimidade do Conselho de Respeitáveis (Loya Yirga). Esse código moral, muito respeitado pelas tribos, contém o avanço das tropas de Musharraf pelas Fata (Áreas Tribais de Administração Federal), zonas nas quais nunca entraram nem o exército paquistanês nem o do Império Britânico.
As Fata, com cerca de 3,5 milhões de habitantes, são historicamente um território indômito de guerreiros, bandoleiros e contrabandistas, que cavalgaram entre a civilização persa e a Índia. Na atualidade, a marginalização imposta pelos chefes tribais em relação ao governo, as instituições e inclusive o desenvolvimento econômico do Paquistão -82% da população é analfabeta-, transformou essas áreas em caldo de cultura do integralismo islâmico, que nas décadas de 70 e 80 ajudou os EUA a combater a invasão soviética do Afeganistão.
Os bombardeios aéreos do exército paquistanês exacerbaram o sentimento de separação e serviram principalmente -segundo o jornalista Shamin ur Rehman, do prestigioso jornal "Dawn"- para "impermeabilizar" outras áreas da NWFP e do Punjab. A infiltração de grupos armados na província mais rica do Paquistão e sua eventual tentativa de desestabilizar o Punjab -que já sofre tensões entre os agricultores e os proprietários de terra- são um dos maiores medos do governo.
Essa ameaça de talebanização é o que Musharraf usa para defender sua mão de ferro contra os militantes. No entanto, o exército está dominado pelos punjabis, assim como a administração, o que agrava o mal-estar de pashtuns, beluchis e sindis e alimenta as aspirações independentistas de seus movimentos nacionalistas.
O general aposentado Masud Talal, que defende a democratização do Paquistão para conter a violência que deixou cerca de mil mortos nos últimos seis meses, afirma que as forças contrárias à unidade do país se alimentam da repressão.
Para o antropólogo Adam Nayar, porém, o que detonou a instabilidade atual não é a divisão étnica do Paquistão, mas a "ruptura do sistema tradicional imposta pela globalização, um fenômeno que o Paquistão ainda não digeriu". Nayar afirma que "os valores tradicionais se romperam pela influência do dinheiro" e que este, "mais que a violência religiosa", exacerba as relações entre as diversas comunidades e especialmente dos baluchis com o resto do país.
O Baluchistão, a maior província paquistanesa, conta com apenas 10 milhões de habitantes -60% baluchis e os demais pashtuns-, mas guarda em seu subsolo enormes reservas de gás. Com 909 km de fronteira com o Irã e o resto com o Afeganistão, os nacionalistas baluchis sempre estiveram isolados e têm uma longa lista de agravos contra o poder central paquistanês.
Na década de 1970, as tentativas do então primeiro-ministro Zulfikar Ali Bhutto de povoar as terras baluchis com panjabis e hindis provocou uma revolta armada baluchi, brutalmente esmagada. A derrota dos taleban, cujo feudo era Kandahar, a cerca de 500 km de Queta, a capital baluchi, fez que centenas de dirigentes do antigo regime e da Al Qaeda fugissem para esta província paquistanesa.
O general Musharraf aproveitou a conjuntura para se empenhar na limpeza da região, tanto de militantes procedentes do Afeganistão como das diversas guerrilhas separatistas baluchis. O ano mais conflituoso foi 2005, quando o governo paquistanês sitiou o povoado de Dera Bugti para acabar com o chefe guerrilheiro Nawab Akbar Jan Bugti e provocou um banho de sangue. Na última quarta-feira foi decretado o toque de recolher em Queta para evitar uma chacina depois da morte em circunstâncias estranhas do líder do ilegal Exército de Libertação do Baluchistão (BLA), Nawabzada Balach Marri.
Sind é a província mais multiétnica do país. Nela estão amplamente representadas todas as nacionalidades, além dos mohairs, que são de origem indiana e língua urdu. Os sindis não chegam a 60% dos 57 milhões de habitantes. O movimento independentista se alimenta dos freqüentes choques entre sindis e mohairs. Os primeiros são proprietários de terras e agricultores, enquanto os segundos são majoritários nas cidades -incluindo a capital financeira, Karachi- e com suas conquistas econômicas deixaram para trás os sindis, o que cria um enorme mal-estar.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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Jornal britânico denuncia corrupção no Afeganistão
A corrupção, os subornos em todos os níveis e o narcotráfico se transformaram em um verdadeiro câncer no Afeganistão, denuncia hoje o jornal britânico "The Times".
O jornal cita um general afegão a quem seus superiores disseram que sua nomeação como novo chefe da Polícia em uma província do norte rica em droga custaria "150 mil", quantidade que ele supôs era em moeda local.
Ele entregou a quantia correspondente a um intermediário no mercado de tapetes de Cabul para, dias depois, o general Azzam, então chefe de gabinete do Ministério do Interior, o expulsar de seu escritório entre gritos e insultos.
O primeiro tinha cometido o "erro" de pagar 150 mil afganis, em vez da mesma quantia em dólares, como tinha sido requerido.
"Todo mundo no Ministério do Interior é corrupto", disse o general em questão ao jornal britânico.
A corrupção governamental no Afeganistão se tornou "endêmica", e os subornos são moeda corrente para conseguir cargos administrativos nas rotas provinciais dominadas pelo tráfico de drogas, afirma o jornal.
"A opinião pública do Reino Unido se revoltaria se soubesse que as nomeações no sul, onde morrem soldados britânicos, têm o único objetivo de proteger as rotas da droga", disse um analista ao "Times".
De acordo com Shukria Barazkai, um deputado pashtun que se define como mais amigo que crítico do presidente afegão, Hamid Karzai, este está cercado de "um pequeno grupo mafioso que apóia a destruição do sistema".
Alguns funcionários da Polícia indicam o general Azzam, nomeado recentemente chefe de operações, e seu adjunto, o general Reshad, como os principais receptores de subornos.
A corrupção, os subornos em todos os níveis e o narcotráfico se transformaram em um verdadeiro câncer no Afeganistão, denuncia hoje o jornal britânico "The Times".
O jornal cita um general afegão a quem seus superiores disseram que sua nomeação como novo chefe da Polícia em uma província do norte rica em droga custaria "150 mil", quantidade que ele supôs era em moeda local.
Ele entregou a quantia correspondente a um intermediário no mercado de tapetes de Cabul para, dias depois, o general Azzam, então chefe de gabinete do Ministério do Interior, o expulsar de seu escritório entre gritos e insultos.
O primeiro tinha cometido o "erro" de pagar 150 mil afganis, em vez da mesma quantia em dólares, como tinha sido requerido.
"Todo mundo no Ministério do Interior é corrupto", disse o general em questão ao jornal britânico.
A corrupção governamental no Afeganistão se tornou "endêmica", e os subornos são moeda corrente para conseguir cargos administrativos nas rotas provinciais dominadas pelo tráfico de drogas, afirma o jornal.
"A opinião pública do Reino Unido se revoltaria se soubesse que as nomeações no sul, onde morrem soldados britânicos, têm o único objetivo de proteger as rotas da droga", disse um analista ao "Times".
De acordo com Shukria Barazkai, um deputado pashtun que se define como mais amigo que crítico do presidente afegão, Hamid Karzai, este está cercado de "um pequeno grupo mafioso que apóia a destruição do sistema".
Alguns funcionários da Polícia indicam o general Azzam, nomeado recentemente chefe de operações, e seu adjunto, o general Reshad, como os principais receptores de subornos.
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NATO estabiliza o Afeganistão ou perde a guerra, diz Austrália
O primeiro-ministro australiano Kevin Rudd disse hoje que é imperativo que os países da NATO se mobilizem para estabilizar o Afeganistão ou arriscam-se a perder a guerra.
Respondendo a uma notícia do jornal The Australian que cita o ministro da Defesa, Joel Fitzgibbon, que terá dito que as forças da NATO estão «a ganhar batalhas e não a guerra» no Afeganistão, Rudd disse que são necessários mais esforços para evitar que a situação entre numa espiral de descontrolo.
«Isto é bastante crítico, particularmente devido a ressurgimento da cultura do ópio, da economia ilícita e do volume das narcofinanças que giram naquela parte do mundo», disse Rudd aos jornalistas em Camberra. «A não ser que estabilizemos a situação, teremos problemas ainda maiores do que aqueles que enfrentamos neste momento.»
Diário Digital / Lusa
Triste sina ter nascido português
- Rui Elias Maltez
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Ainda não vi nenhuma derrota militar no Iraque Rui. Os Americanos estão a passar as regiões que tinham sobre seu controle para as mãos dos militares Iraquianos (tal como tinha sido planeado). Não queiras pensar que o Iraque é como o Vietname, há ainda uma boa parcela da população a favor da intervenção nesse país.