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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Seg Mar 22, 2010 6:44 pm
por Ilya Ehrenburg
Marino escreveu:Correio Brasiliense:
NAS ENTRELINHAS
No cenário pacífico, democrático e plural, a liderança do Brasil é indisputável. No outro, não é. A
Alemanha conseguiu em meio século de paz o que não obtivera em um século de grandes
guerras: mandar na Europa. E Berlim não tem a bomba
Por Alon Feuerwerker
Enquanto é tempo
As guerras são sempre produto de ações incrementais, um processo “químico”. Todos os
reagentes são necessários. Se faltar unzinho que seja, não tem reação. É como acidente de avião. Um
monte de coisa tem que dar errado junto. E de modo aparentemente imperceptível, antes do desastre.
Isso entretanto não elimina a necessidade de tentar identificar retrospectivamente, em cada
processo, os primeiros passos. Quando no futuro a América Latina estiver em plena corrida nuclear será
interessante analisar como ela começou.
Uns responsabilizarão a Venezuela, por recorrer à bomba como suposto meio de defesa contra
os Estados Unidos. Outros culparão os Estados Unidos, pelas ameaças à soberania da Venezuela.
Outros olharão para o que fez o Brasil. Nós tínhamos duas opções: intervir decisivamente para
demover nossos vizinhos ou pegar uma carona na instabilidade, para reavivar as brasas das nossas
próprias ambições.
O Brasil está vocacionado para liderar a América do Sul, pelo peso geopolítico. Mas essa
liderança não será exercida sem levar em conta a existência dos Estados Unidos, pelo peso geopolítico
deles. Como conduzir a contradição?
O lógico seria cuidar preliminarmente da nossa soberania. É nosso principal ativo. Sem ela, o
projeto de liderança vira fumaça. Todos os discursos incendiários de Sadam Hussein, bem como os
vídeos e fotos dele empunhando armas, ou saudado pelas multidões, dormem num arquivo empoeirado
e esquecido. Pois o Iraque deixou, na prática, de existir como nação independente.
Sadam está para o Iraque como Solano López esteve para o Paraguai. Se o objetivo era passar
à História como heroi derrotado, mártir do império, tudo bem. Se era construir um grande país, deu
errado.
Como defender melhor a soberania? Como calibrar as doses de confronto e cooperação com os
Estados Unidos para o resultado final ser um Brasil mais forte? E não mais subordinado, ou isolado (no
fim dá na mesma)? A nuclearização da América do Sul vai nos conduzir à hegemonia ou dará a
Washington a legitimidade e o argumento necessários para construir um cordão sanitário?
Difícil acreditar que o Brasil vá deixar a Venezuela ter a bomba antes. E como reagirá a Colômbia
a uma eventual bomba brasileira ou venezuelana? Neste caso ela vai ver a novidade como risco decisivo
a sua soberania, dado o potencial desequilíbrio interno de forças em favor da guerrilha.
E a Argentina, com quem construímos lá atrás uma paz baseada precisamente na renúncia
mútua a armas nucleares? Aceitará deixar o destino dela nas nossas mãos, sob o nome de fantasia de
“Conselho de Defesa Sul-Americano”? Ou vai chamar gente de fora para a festa?
Os defensores do Brasil nuclearizado têm um argumento, recorrente. Os Estados Unidos
invadiram o Afeganistão e o Iraque, mas não invadiram a Coreia do Norte.
É um lado da verdade. O outro? A bomba protege o establishment político norte-coreano, mas a
República Democrática e Popular da Coreia é um país completamente isolado, desprovido de relações
estáveis com os vizinhos e cada vez mais dependente do poderio chinês para contrabalançar as
pressões de Washington.
As vantagens de uma América do Sul desnuclearizada são evidentes. Diminuem os motivos para
a ingerência extracontinental. Fica mais tranquilo e natural construir um mercado comum. Continua
aberto o caminho para a ampla cooperação coletiva. Elimina-se uma barreira à política comum de
Defesa, o meio mais eficaz de garantir a soberania regional.
No cenário pacífico, democrático e plural, a liderança do Brasil é indisputável. No outro, não é. A
Alemanha conseguiu em meio século de paz o que não obtivera em um século de grandes guerras:
mandar na Europa. E Berlim não tem a bomba.
Os defensores do artefato brasileiro gostam de falar por códigos. Escondem-se atrás de
comportamentos enigmáticos e sofismas. São os especialistas do “deixa comigo que eu sei o que estou
fazendo”, ou do “vocês não têm moral para nos criticar”.
Seria bom se viessem a público defender suas posições abertamente.
Para que o país possa se defender delas a tempo.






A mania de querer atacar o governo de todas as formas e jeitos, leva ao descrédito, colunistas tidos como respeitáveis. O artigo acima de Alon Feuerwerker é um exemplo cabal.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Mar 24, 2010 10:35 am
por Marino
Extrato de notícia do Globo:
Brasil resiste a permitir ampliação de inspeções
O encontro acontece em meio a um recrudescimento das relações da AIEA com Teerã após a
troca de comando na agência, em dezembro, depois de 12 anos de gestão do egípcio ElBaradei.
Em fevereiro, Amano emitiu seu primeiro relatório sobre o Irã sugerindo, desta vez de uma forma
mais explícita, que o país estaria construindo bombas nucleares.
O Irã respondeu furioso à mudança de tom, acusando Amano de ser um novato sem chances de
sucesso.
A visita de dois dias também foi permeada pela proposta de que o governo permita a ampliação
das inspeções da agência às usinas brasileiras. Amano chegou a visitar a usina de Resende e se
encontrar com membros da Comissão de Energia Nuclear, mas foi evasivo sobre o chamado protocolo
adicional. Num clima cordial, Amano agradeceu a cooperação do Brasil na área de medicina nuclear e
disse que o país precisa de tempo para analisar o documento.
Acho que (o protocolo) é uma ferramenta muito importante para aumentar a capacidade de
verificação da agência, mas leva tempo para que os estados membros reflitam sobre essa questão
afirmou.
O governo alega querer preservar oculta a tecnologia nacional, além de defender o
desarmamento de grandes nações. A questão será tratada em Nova York em maio, quando o Tratado de
Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) passa por uma revisão internacional.
Amorim também voltou a negar haver proximidade especial entre Brasil e Irã e respondeu a
críticas de que o governo é ingênuo por defender o programa nuclear civil de Teerã. O presidente
Mahmoud Ahmadinejad insiste em usar urânio apenas para energia e maquinário médico.
Citando o erro da CIA sobre armas de destruição em massa no Iraque, Amorim disse ser
possível cair em ingenuidade ao acreditar demais tanto no Irã, quanto em agências de inteligência e
outros países.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Mar 24, 2010 2:47 pm
por jumentodonordeste
Está certo.
Não podemos mais dar espaço para mais vistorias enquanto não houver resposta equivalente das outra potências.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 11:13 am
por GustavoB
Cartada Nuclear

Brasília-DF
Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai endurecer o jogo na 8ª Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em maio, na sede da ONU, em Nova York, considerada decisiva. O Brasil aderiu ao tratado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, depois de 30 anos de resistência dos militares, que desenvolveram pesquisas para transformar o país numa potência nuclear. Lula concorda com a tese de militares e de diplomatas de que foi um erro assinar o tratado. E não pretende corroborar com o novo aditivo que está sendo proposto para a nova rodada de revisão do TNP.

Ligado à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o documento foi concluído em 1968, com a participação de mais de 130 países. A conferência do tratado ocorre a cada cinco anos. No encontro de 1995, o TNP foi prorrogado de forma indeterminada. Em 2000, foram estabelecidos 13 pontos para o desarmamento. Mas, durante o governo Bush, as negociações empacaram. A rodada de 2005 fracassou. Agora, para reforçar o tratado, os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Dimitri Medvedev, negociam um espetacular acordo de redução de mísseis nucleares. Mesmo assim, nos respectivos arsenais, manterão 1.500 mísseis nucleares cada.

O presidente Lula anda dizendo que os Estados Unidos e a Rússia não têm moral para impor restrições aos programas nucleares para fins pacíficos dos países emergentes. Opõe-se às retaliações aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU ao Irã, por causa do programa nuclear do regime dos aiatolás. Mais do que o desejo de fornecer urânio enriquecido ao Irã, por trás dessa posição está a intenção de não permitir que novas restrições do TNP venham a prejudicar o programa nuclear brasileiro. O Brasil construirá seu submarino nuclear em parceria com a França, mas já domina todo o ciclo nuclear, inclusive a tecnologia para produzir a bomba. A Constituição de 1988, porém, veda esse objetivo.


E não o contrário

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 11:31 am
por Sávio Ricardo
jumentodonordeste escreveu:Está certo.
Não podemos mais dar espaço para mais vistorias enquanto não houver resposta equivalente das outra potências.
X2 :mrgreen:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 1:19 pm
por Quiron
Lula deveria era começar a tocar publicamente no assunto de se retirar do TNP. A CN proíbe termos armas nucleares isso já basta. Se terceiros não acham o suficiente, que chorem e esperneiem o quanto quiserem.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 3:13 pm
por Sterrius
Por enquanto nao vale a pena Quiron. Se nao a necessidade da bomba não a porque sair quebrando o acordo e gerando +desconfiança do nosso programa nuclear.

Melhor ficar "invisivel" e esperar o momento certo. Que não é agora.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 5:55 pm
por alexmabastos
Estou postando de novo aqui para um adendo grifado. O texto realmente disso isso? Acho que o jornal devia se retratar pois ninguem afirmou que não se pretende permanecer, apenas não aderir a novos protocolos.


Cartada nuclear
Relações Exteriores
Escrito por Defesa Brasil
Qui, 25 de Março de 2010 14:10
Governo não pretende permanecer no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.





Norma Moura

(Correio Braziliense) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai endurecer o jogo na 8ª Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em maio, na sede da ONU, em Nova York, considerada decisiva. O Brasil aderiu ao tratado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, depois de 30 anos de resistência dos militares, que desenvolveram pesquisas para transformar o país numa potência nuclear.

Lula concorda com a tese de militares e de diplomatas de que foi um erro assinar o tratado. E não pretende corroborar com o novo aditivo que está sendo proposto para a nova rodada de revisão do TNP.

Ligado à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o documento foi concluído em 1968, com a participação de mais de 130 países. A conferência do tratado ocorre a cada cinco anos. No encontro de 1995, o TNP foi prorrogado de forma indeterminada. Em 2000, foram estabelecidos 13 pontos para o desarmamento. Mas, durante o governo Bush, as negociações empacaram. A rodada de 2005 fracassou. Agora, para reforçar o tratado, os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Dimitri Medvedev, negociam um espetacular acordo de redução de mísseis nucleares. Mesmo assim, nos respectivos arsenais, manterão 1.500 mísseis nucleares cada.

O presidente Lula anda dizendo que os Estados Unidos e a Rússia não têm moral para impor restrições aos programas nucleares para fins pacíficos dos países emergentes. Opõe-se às retaliações aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU ao Irã, por causa do programa nuclear do regime dos aiatolás. Mais do que o desejo de fornecer urânio enriquecido ao Irã, por trás dessa posição está a intenção de não permitir que novas restrições do TNP venham a prejudicar o programa nuclear brasileiro.

O Brasil construirá seu submarino nuclear em parceria com a França, mas já domina todo o ciclo nuclear, inclusive a tecnologia para produzir a bomba. A Constituição de 1988, porém, veda esse objetivo.

Fonte: Correio Braziliense

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 8:46 pm
por Ilya Ehrenburg
Jornal Brasileiro se retratar por uma manchete falaciosa, que não se reproduz na matéria? E quando isto se dá contra um governo que atende aos interesses populares?

Isto nunca acontecerá!

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 9:16 pm
por Francoorp
Agora, para reforçar o tratado, os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Dimitri Medvedev, negociam um espetacular acordo de redução de mísseis nucleares. Mesmo assim, nos respectivos arsenais, manterão 1.500 mísseis nucleares cada.


Misseis ou ogivas Nucleares..... sabemos todos que um único missel pode transportas dezenas de ogivas.... Creio que queria dizer Ogivas, mas se um elemento mal informado pega este texto pra ler fica iludido que os misseis acabaram e estamos salvos! :|

Eita jornalismo chinfrin esse brasileiro!! :lol:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 9:29 pm
por Vinicius Pimenta
Ilya Ehrenburg escreveu:Jornal Brasileiro se retratar por uma manchete falaciosa, que não se reproduz na matéria? E quando isto se dá contra um governo que atende aos interesses populares?

Isto nunca acontecerá!
Olha, por incrível que pareça, se a manchete fosse a opinião do governo, ganharia muitos adeptos aqui, inclusive eu. Não tem que continuar mesmo em palhaçada nenhuma que só vale para um lado. Se o Brasil quiser se retirar do TNP, tem meu apoio.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 9:47 pm
por Enlil
Nunca deveríamos ter assinado essa hipocrisia. Não ganhamos nada com isso, a não ser o atestado de vassalo.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 9:50 pm
por Ilya Ehrenburg
Vinicius Pimenta escreveu:
Ilya Ehrenburg escreveu:Jornal Brasileiro se retratar por uma manchete falaciosa, que não se reproduz na matéria? E quando isto se dá contra um governo que atende aos interesses populares?

Isto nunca acontecerá!
Olha, por incrível que pareça, se a manchete fosse a opinião do governo, ganharia muitos adeptos aqui, inclusive eu. Não tem que continuar mesmo em palhaçada nenhuma que só vale para um lado. Se o Brasil quiser se retirar do TNP, tem meu apoio.
Concordo. No entanto, como não há, inclusive, dotação orçamentária para efetuarmos o início de um arsenal nuclear, não vejo motivo para mexer no vespeiro. De qualquer forma, fica nos olhos a percepção, de que os dirigentes civis desta nação compreenderam a absurda atitude tomada no passado pelo Sr. Fernando Henrique e asseclas, que na época, lembro bem, obtiveram amplo apoio da imprensa para a capitulação, chamando aqueles que se opunham como "jurássicos", "fantasmas do passado" e outras besteiras do tipo. Alimento minha raiva pela mídia nacional desde há muito, e não sem motivo.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 9:51 pm
por Túlio
Tá, mas notem a discrepância entre a manchete e o texto. Lembram daquele outro tópico? :wink:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qui Mar 25, 2010 9:52 pm
por Ilya Ehrenburg
Enlil escreveu:Nunca deveríamos ter assinado essa hipocrisia. Não ganhamos nada com isso, a não ser o atestado de vassalo.
Para mim foi uma capitulação, Enlil. O que é mais vergonhoso... Infelizmente.