Honduras barra entrada de vice-cônsul do Brasil
Vizinhos de embaixada querem remoção da representação diplomática e buscam indenização
TEGUCIGALPA. As autoridades da imigração hondurenha impediram ontem a entrada no país da vice-cônsul brasileira em Tegucigalpa, Francisca Francinete de Melo, por ter um visto recusado pelo governo anterior, de Roberto Micheletti. O fato irritou o novo governo de Porfirio Pepe Lobo, que demitiu o diretor de Imigração, Nelson Willy Mejía, na noite de ontem.
Constrangido, o novo governo, empossado esta semana, ainda tentou permitir a entrada da diplomata, mas seu avião já decolava para os Estados Unidos. Uma fonte brasileira acredita que a disposição do governo em consertar o incidente poderá acelerar a retomada das relações diplomáticas entre os dois países.
O governo de Honduras pediu desculpas ao Brasil após o incidente, que qualificou como “um erro grave”, segundo Africo Madrid, ministro da Justiça local.
Nos arredores da Embaixada do Brasil em Honduras, a vida começava a retomar o ritmo normal poucos dias após o ex-presidente Manuel Zelaya ter deixado a representação diplomática, onde passara os últimos quatro meses. O Exército do país retirou os bloqueios que interditavam os acessos. A embaixada reabre na segunda-feira. Muitos vizinhos, porém, queixam-se de sua permanência no local. Segundo a BBC, donos de estabelecimentos na área estudam processar o governo brasileiro ou o hondurenho por prejuízos sofridos no tempo em que Zelaya ali ficou abrigado.
Comerciantes se queixam da queda de movimento
Na segunda-feira, esperam-se manifestações de repúdio de vizinhos contra a reabertura.
- Desde que Zelaya chegou à embaixada, a clientela caiu cerca de 70% – disse à BBC a dentista Jacqueline Rittenhouse. – Isso nos afetou muito economicamente. Esperamos que talvez, por meio do governo, poderemos entrar com uma ação legal para conseguir uma indenização pelos danos que tivemos.
Na quinta-feira e ontem, funcionários da embaixada trabalhavam num mutirão de limpeza para sua reabertura.
- Os serviços consulares serão retomados normalmente na segunda-feira, como emissão de vistos e passaportes – afirmou José Wilson Batista, assistente de chancelaria.
A rotina política na representação, porém, continuará congelada até que o governo brasileiro retome as relações diplomáticas com Honduras, reconhecendo a Presidência de Porfirio “Pepe” Lobo. Ontem, Marco Aurélio Garcia, assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a comentar que a normalização das relações com Honduras será discutida na reunião da Cúpula do Rio, em Cancún (México), no fim de fevereiro. O Brasil busca uma saída para reconhecer o novo governo hondurenho.
– Evidentemente, estamos avaliando a situação e esperando iniciativas do novo governo – disse Garcia.
Fonte: CCOMSEX