ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

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Carlos Mathias

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1816 Mensagem por Carlos Mathias » Ter Jun 08, 2010 1:05 am

Valdemort, uma coisa é o que aconteceu coma VARIG, outra coisa é o momento do Brasil como um todo.
Não posso julgar o todo pelo detalhe.
Se para a VARIG foi o fim, para as outras foi o oposto. E assim foi para a PanAir, Real, CRUZEIRO...
Todas as empresas lucraram com o fim forçado da VARIG.
É assim que as coisas são, infelizmente ou felizmente.
Eu estou até hoje na merda, mas creio ser mais devido a uma profissão especializadíssima, com um mercado muito restrito. E ainda tive minha carteira caçada pelo CEMAL!

Se eu fosse um trabalhador da área técnica industrial, hoje não me faltariam oportunidades de trabalho.

A gente não pode julgar o todo pelo nosso mundinho, e nós da aviação temos um mundinho à parte.




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1817 Mensagem por Matheus » Ter Jun 08, 2010 12:59 pm

A Varig não era mal administrada e com grandes dívidas com o governo?




Carlos Mathias

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1818 Mensagem por Carlos Mathias » Ter Jun 08, 2010 1:30 pm

Também, mas não foi só isso.




Anton
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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1819 Mensagem por Anton » Ter Jun 08, 2010 2:54 pm

Parece que a varig devia muito pro governo e quis apostar na política.
Dançou...




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1820 Mensagem por Valdemort » Qua Jun 09, 2010 6:53 am

Anton escreveu:Parece que a varig devia muito pro governo e quis apostar na política.
Dançou...
So que o governo devia mais a Varig do que a Varig ao governo , ganhou em todas as estancias mas nao levou ate agora .

Sem contar que foi sumariamente sufocada por ordem do Jose Dirceu .
A Petrobras passou a exigir pagamento cash de combustivel , a infraero idem com tarifas e " otraz cozitas mas ".

Sem contar que CIAs estrangeras noa pagavam COFINS sobre combustivel e nos sim abastecendo no mesmo lugar , em media uma passagem da Varig era tarifada mais que de uma estrangeira , isso sem contar a necessidade de um almoxarifado bem maior por conta do custo Brasil , enquanto as estrangeiras pricipalmente as Americanas mantem um almoxarifado perto de zero pois conseguem material em questao de hs .

Cara dessa novela vc nao faz ideia nem de 1/10 . O diretor de operacoes da epoca voa comigo, na mesma empresa agora e eh meu vizinho tb . Desde que entrou o Collor ate o Lula a Varig so levou ...

Claro que teve a parte administrativa tb mas quantas empresas brasileiras privadas tambem nao padece ? E a Varig era privada mas administrada por uma fundacao , o pior dos mundos .

Ate a Gol com fama de enxuta levou um sufoco ano em 2008/2009 . Sem contar que se deu muito mal com o nome Varig que agora tenta relancar .




"O comunismo é a filosofia do fracasso, o credo da ignorância e o evangelho da inveja. Sua virtude inerente é a distribuição equitativa da miséria".
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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1821 Mensagem por Valdemort » Qua Jun 09, 2010 7:50 am

Carlos Mathias escreveu:Valdemort, uma coisa é o que aconteceu coma VARIG, outra coisa é o momento do Brasil como um todo.
Não posso julgar o todo pelo detalhe.
Se para a VARIG foi o fim, para as outras foi o oposto. E assim foi para a PanAir, Real, CRUZEIRO...
Todas as empresas lucraram com o fim forçado da VARIG.
É assim que as coisas são, infelizmente ou felizmente.
Eu estou até hoje na merda, mas creio ser mais devido a uma profissão especializadíssima, com um mercado muito restrito. E ainda tive minha carteira caçada pelo CEMAL!

Se eu fosse um trabalhador da área técnica industrial, hoje não me faltariam oportunidades de trabalho.

A gente não pode julgar o todo pelo nosso mundinho, e nós da aviação temos um mundinho à parte.
Mathias

A Real e a Cruzeiro do Sul foram compradas pela Varig . A PanAir foi "cassada" pela ditadura , ela foi assumida pela Varig pois era a unica na ocasiao que teria condicoes de assumir a PanAir . O governo cacou (nao tenho cidilha nesse teclado) mas nao queria deixar um vazio , tanto que o presidente da PanAir passou a ser o vice da Varig assumindo depois da morte do Ruben Berta . Eric de Carvalho , grande administrador. Nenhum funcionario da PanAir ficou desempregado .

No caso Varig PT , havia uma disposicao do governo em favorecer a TAM ( Jose Dirceu ) que aproveitando da fragilidade da Varig , provocada principalmente por servir aos governos anteriores . Como , mantendo linhas deficitarias em nome de integracao nacional e relacoes exteriores , planos Cruzado , Collor e etc ... congelamento de tarifas sem contrapartida do governo com a suas ( combustivel , taxas aeroportuarias etc. ). E principalmente taxas nao iguais comparado com empresas estrangeiras .

Quem lucrou com a quebra da Varig ? Soh a TAM e a Gol , essa entao tb trabalhou nos bastidores para que nunca se resolvesse a pendenga judiciaria que resolveria de vez todos os problemas tornando a CIA enxuta . Elas sabiam que a sobrevivencia da Varig seria a morte delas . Os passageiros tinham clara preferencia em voar Varig . A Varig morreu com todos os voos lotados .

O que o governo esta fazendo com os aposentados do Aerus e um crime , faz vista de mercador( misturei ) mas nos holofotes diz que se preocupa com o caso, mas nunca paga .

O Aerus quebrou por culpa tambem do governo , a associacao de pilotos denunciou varias vezes as falcatruas e o orgao fiscalizador fazia vista grossa . Quando finalmente seu Odilon Junqueira ( amigo intimo do presidente do orgao fiscalizador dos fundos de pensao ) foi sacado do Aerus e um novo presidente anunciou uma completa auditoria , ai o Aerus foi interditado e liquidado , engracado que com dinheiro em caixa . O interditor correu e vendeu todas as propriedades do erus , que eram muitas , inclusive hoteis de luxo

Vc deve ter perdido a sua licenca medica por stress como muitos que nao tiveram como sair do Brasil tiveram. Vc deve se lembrar do Tilio que teve um infarte em Miami e tb varios aposentados que morreram talvez por desgosto
desiluzao apos contribuir a vida inteira por uma aposentadoria e descobrir que nao tinha mais a mesma e sem condicoes de se reestabelecer no mercado de trabalho pois a velhice chegou .

Nao estou te criticando , de forma alguma , torco pra que vc se restabeleca numa area que alem de financeiramente tambem te de prazer em trabalhar .

O governo Lula teve seus meritos em manter a politica economica vigente , mas tb foi beneficiado pela alta valorizacao das Commodities , nossa base que alavancaram nossas exportacoes . Hoje o pais cresce e aparece , isso eh verdade , mas poderia estar bem melhor tambem.

Isso que expresso nao e recalque mas "indiguinacao" . Eu como muitos dos meus colegas sai antes do barco afundar totalmente e fui trabalhar no exterior com condicoes de trabalho bem mais vantajosas , mas muitos tb nao sairam por varios outros motivos .
Varios pilotos estranjeiros ja me disseram que houviu dizer que era muito bom trabalhar na Varig .

Mas passado eh passado .

Valeu ... Abcs ...




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1822 Mensagem por rodrigo » Qua Jun 09, 2010 3:03 pm

mantendo linhas deficitarias em nome de integracao nacional e relacoes exteriores
Offtopic, mas muito interessante se o colega se dispussese a comentar mais sobre o assunto em um tópico específico: as linhas deficitárias da VARIG não eram cobertas, em termos de $$, pela exclusividade dos vôos internacionais?




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1823 Mensagem por Valdemort » Qui Jun 10, 2010 10:30 am

rodrigo escreveu:
mantendo linhas deficitarias em nome de integracao nacional e relacoes exteriores
Offtopic, mas muito interessante se o colega se dispussese a comentar mais sobre o assunto em um tópico específico: as linhas deficitárias da VARIG não eram cobertas, em termos de $$, pela exclusividade dos vôos internacionais?
Sem problemas , so dizer aonde ...




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1824 Mensagem por Carlos Mathias » Qui Jun 10, 2010 12:13 pm

Valdemort...

Eu sei de tudo o que você falou. Acompanhei isso tudo, a queda da VARIG bem de perto, pois eu conhecia pessoas tanto do Sindicato quanto da ACVAR, que estavam por dentro desses rolos todos.

Sinto a mesmíssima indignação, pois eu também perdi tudo, além da minha profissão, e hoje amargo o desemprego sem perspectiva de futuro.

Como eu respondi ao colega, a VARIG quebrou por má administração e outras coisas.
Eu só não quantifiquei quem pesou mais no processo.

Um grave erro, por exemplo, foi terem apostado na candidatura do Serra (era ele que disputava como Lula na época????), quando todos sabiam que o Lula ia ganhar.
Grave erro estratégico.

E por aí vai.

Infelizmente somos um grão de areia num a praia de Copacabana.
Essa semana mesmo estive no CTO, dá pena de ver tudo aquilo acabado, sabendo-se que ra um centro de excelência.

Um grande abraço, meu amigo de asas !!!!!




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1825 Mensagem por xatoux » Sex Jun 11, 2010 3:05 pm

Enquanto o IBOPE/DATAFOLHA nao coloca o Serra de novo na dianteira, após o programa do PPS, um texto para reflexão:




Impostos, imposturas e impostores: o debate sobre a carga tributária no Brasil

Há um movimento coordenado no país para dotar a direita de algo que hoje lhe falta: uma bandeira ampla e poderosa o suficiente para fazê-la voltar a ganhar eleições presidenciais .

Antonio Lassance

Há algo de estranho, mas também algo de novo no debate sobre os tributos pagos no Brasil. É possível perceber um realinhamento em torno desse tema que, no futuro, pode tornar-se uma grande bandeira no campo conservador. A tendência é a de que a questão tributária assuma o antigo posto que já foi ocupado pela inflação: o de buraco negro do debate nacional, que absorve tudo à sua volta, relegando problemas essenciais a uma atenção e esforço menores. O dragão se foi; é a vez do leão ocupar o posto de vilão.

Note-se que, todo ano, a agenda sobre o tema é trazida à tona por duas ações promovidas pela Associação Comercial de São Paulo. Com destaque cada vez maior na imprensa, estão se tornando tão tradicionais quanto um Dia de Finados. O primeiro é o "dia da liberdade dos impostos", que neste ano caiu em 28 de maio. É a data a partir da qual se estima que os brasileiros começariam a embolsar seus rendimentos, livres da mordida do leão do Imposto de Renda. O segundo dia, também "comemorado" em espírito de Finados, se dá quando um medidor que estima o volume de impostos arrecadados, apelidado de impostômetro, marca alguma cifra extraordinária. No 2 de junho, ele cravou meio trilhão de reais que se supõe terem sido arrecadados por União, Estados, Municípios e Distrito Federal, desde o início do ano. O número gigantesco fica estampado em um luminoso sobre a sede da Associação Comercial paulista.

O espírito do capitalismo sentiu-se diretamente provocado quando o presidente Lula saiu em defesa da arrecadação de impostos e tocou no xis da questão: o debate de fundo sobre o quanto se paga diz respeito ao que se quer do Estado e a quem ele beneficia.

O estranho é que ninguém gosta da carga tributária brasileira, mas todos a carregam nas costas, certo? Errado. A maioria que paga tributos é aquela a que não tem escapatória, sendo que os mais pobres arcam proporcionalmente mais que os ricos.

Então, quem mais reclama contra o sistema atual são os mais penalizados, certo? Errado. Os que mais reclamam são os que pagam relativamente menos tributos e repassam seus custos aos consumidores de produtos e serviços.

Será que a grande reclamação dos que pagam o custo do Estado é a de que não recebem serviços públicos adequados, em especial em saúde e educação? Nada disso. Essas duas áreas são bem avaliadas pela população de usuários de seus serviços; sua imagem é pior entre aqueles que não os utilizam.

Mas, pelo menos, os que reclamam da pesada carga imposta são ávidos defensores da reforma tributária, certo? Também não. Eles estão politicamente ligados aos que bloquearam a proposta de reforma encaminhada pelo governo Lula ao Congresso, em 2008.

O que há de novo no Brasil é que, até então, o debate econômico esteve concentrado em inflação e, por tabela, em juros. Uma tentativa de redirecionar a agenda conservadora e retomar a ofensiva perdida desde o governo Lula se deu pela crítica ao tamanho do Estado e ao volume (considerado baixo) de investimentos em infraestrutura. Tal ofensiva foi dificultada pela transformação do PAC em eixo do segundo mandato, pela elevação significativa dos investimentos em infraestrutura, pela estabilidade na relação dívida/PIB, pela retomada do crescimento e até por um risco de apagão de mão-de-obra em certos setores superdemandados. O xeque mate veio quando a crise internacional demonstrou a diferença que um Estado robustecido faz quando a especulação financeira ameaça levar países ao fundo do poço, empresas à bancarrota e empregos à estagnação.

Derrotada, essa agenda tende a ser substituída por outra, focada no combate sem trégua à ação arrecadatória do Estado. Tem gente se esforçando muito para fazer com que o ódio aos impostos ganhe ares de mobilização voltada a conquistar a opinião pública.

Em várias cidades, coincidentemente, nos Estados mais ricos, as organizações empresariais ou a elas associadas (como ongs) promoveram atividades voltadas a chamar a atenção dos consumidores sobre quanto eles pagariam sem a incidência de impostos. O alvo preferencial foi o preço da gasolina. No papel de Judas a ser malhado, a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, um verdadeiro palavrão para o liberalismo). O curioso é que, no preço da gasolina, a CIDE não é o principal tributo. Aliás, a soma de todos os tributos federais sobre a gasolina (CIDE, PIS/PASEP e Cofins) é de 15%, pouco mais da metade do ICMS, imposto estadual que abocanha 28% do que cada cidadão paga na bomba. O ICMS sobre a gasolina chega a ser a principal fonte de receita de alguns governos estaduais.

Mas a vilanização dos impostos, mesmo que estaduais, deve ser analisada com cuidado. Para se tomar um outro exemplo, mais que o dobro do valor pago em tributos sobre o botijão de gás de cozinha é estadual (mais de R$5,00), comparado aos pouco mais de R$2,00 de impostos federais. No ano passado, o presidente Lula empreendeu negociações com alguns governadores de Estado, no Norte e Nordeste, para encontrar uma solução de comum acordo para a redução do preço do botijão de gás, que esbarrou na dificuldade alegada por muitos de reduzir suas alíquotas de ICMS. De todo modo, embora os impostos sobre o gás cheguem a quase 20%, mesmo que fossem retirados todos os eles, o botijão ainda assim seria caro para famílias de baixa renda.

As pessoas sabem que não existe solução mágica. Do contrário, já teria sido eleito presidente da República o candidato que, a cada eleição, defende a proposta de imposto único de 1% sobre transações de débito e crédito.

Mesmo assim, a agenda da redução de impostos pode ganhar mais fôlego do que no passado, empurrada pela intensificação do combate à sonegação. Muitos dentre os mais ricos passaram a pagar impostos pra valer “pela primeira vez na História do País”, graças à ação mais agressiva da Receita Federal, das procuradorias responsáveis pelas ações judiciais contra os sonegadores, do Coaf (o Conselho de Controle das Atividades Financeiras) e do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (criado em 2004, no âmbito do Ministério da Justiça). Em 2005, legislação federal instituiu a nota fiscal eletrônica, que Estados e municípios passaram a tornar obrigatória. Indústrias de bebidas passaram a ter sua produção monitorada por medidores de vazão; empresas de ônibus, por tacógrafos; as de tabaco, por contadores de cigarros. Parte do rastreamento de operações financeiras, antes proporcionado pela CPMF (extinta em 31 de dezembro de 2007), passou a ser feito por duas novas instruções normativas baixadas pela Receita, para tentar compensar a perda das informações antes obtidas com a CPMF. Medidas como essas têm reduzido paulatinamente a quantidade de impostores, ou seja, dos que usam subterfúgios para não pagar impostos, mas aumenta o ódio à carga tributária e a grita por sua redução - o que atrai os que pagam seus impostos rigorosamente.

O sistema tributário tem problemas que podemos chamar de estruturais, com todas as letras. Seu debate pode se tornar ideologicamente polarizado por dois extremos: de um lado, os que acham que o mais importante é ter uma carga tão baixa quanto a dos Estados Unidos; de outro, os que propõem serviços públicos tão bons quanto os da Suécia. É possível um meio termo, mas não se pode defender as duas coisas ao mesmo tempo – a conta não fecha.

O assunto tende a ganhar dimensão política mais ampla também por uma razão benéfica e, curiosamente, gerada pela política social do governo Lula. Um dos avanços mais marcantes dos últimos anos tem sido a redução acelerada da miséria e a elevação de amplos contingentes de pessoas pobres a patamares de classe média. São pessoas que passaram a comprar fogões, geladeiras e, agora, automóveis e residências – portanto, começaram a pagar uma carga razoável de impostos, taxas e contribuições. Têm carteira assinada e desconto de imposto retido na fonte, informado em contracheque. Doravante, terão que fazer a enfadonha e pouco amigável declaração anual de imposto de renda.

Com isso, reclamar de impostos passará a ter uma audiência cada vez mais ampla. É um aspecto positivo que demonstra a transição do País para um novo patamar e abre uma disputa política e ideológica sobre esta nova classe média. É isso que pode dar um substrato social mais amplo ao pensamento conservador, a depender da estratégia sobre o tema (ou da falta dela) por parte da esquerda e da direita .

Ou seja, há sinais de que estamos diante de um realinhamento sobre o tema capaz de produzir consequências políticas e ideológicas de grande relevância. Por enquanto, o grande problema para o pensamento conservador brasileiro continua sendo que ele ainda não ganhou referência política clara. Um tema dessa magnitude, que lhes poderia dar “liga” ideológica e programática, tem diante de si duas grandes pedras no meio do caminho.

A menor delas é que uma parte do atual sistema tributário foi montada por esses partidos, quando compunham a antiga coalização governante. Os criadores teriam que rejeitar sua própria criatura – o que não chega a ser um grande problema, basta ver o caso da CPMF. Mais importante é o fato de que uma das mudanças de peso da proposta de reforma encaminhada pelo Governo Lula afeta os Estados mais ricos, muitos deles hoje governados pela oposição. Trata-se da transferência da cobrança do ICMS dos Estados produtores, locais de origem das mercadorias, para os Estados consumidores, de destino para o consumo.

São dois obstáculos que podem desorganizar essa agenda do campo conservador.

De todo modo, é preciso ficar atento, pois há um movimento coordenado para dotar a direita de algo que hoje lhe falta: uma bandeira ampla e poderosa o suficiente para fazê-la voltar a ganhar eleições presidenciais.



Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política.




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1826 Mensagem por Valdemort » Sáb Jun 12, 2010 6:51 am

Carlos Mathias escreveu:Valdemort...

Eu sei de tudo o que você falou. Acompanhei isso tudo, a queda da VARIG bem de perto, pois eu conhecia pessoas tanto do Sindicato quanto da ACVAR, que estavam por dentro desses rolos todos.

Sinto a mesmíssima indignação, pois eu também perdi tudo, além da minha profissão, e hoje amargo o desemprego sem perspectiva de futuro.

Como eu respondi ao colega, a VARIG quebrou por má administração e outras coisas.
Eu só não quantifiquei quem pesou mais no processo.

Um grave erro, por exemplo, foi terem apostado na candidatura do Serra (era ele que disputava como Lula na época????), quando todos sabiam que o Lula ia ganhar.
Grave erro estratégico.

E por aí vai.

Infelizmente somos um grão de areia num a praia de Copacabana.
Essa semana mesmo estive no CTO, dá pena de ver tudo aquilo acabado, sabendo-se que ra um centro de excelência.

Um grande abraço, meu amigo de asas !!!!!
Caro Carlos

O FHC tb foi horrivel .
Foi no seu governo que comecou essa escalada de impostos abusivos e foi ele quem iniciou a desregulamentacao do setor abrindo os ceus e enchendo o Brasil de CIAs estrangeiras poderosas , somente aqui que foi autorizado as 5 maiores empresas dos EUA de uma so vez.

Agora Dilma nao da pra engulir "sorry" . Porque nao vieram de Mercadante , seria beeeemmm mais rasoavel .

Houvi dizer que Dilma foi condenada nos EUA pelo sequestro de um embaixador e nao pode pisar la . Como seria no caso dela ( deus me livre) como presidente sem poder ir aos EUA . Nao sei juridicamente como funciona essas coisas com chefe de estado ,mas o Gabeira nao pode ir la .

Grande abraco e boa sorte .


Pra matar a saudade .




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1827 Mensagem por Pedro Gilberto » Sáb Jun 12, 2010 11:16 am

Valdemort escreveu: Houvi dizer que Dilma foi condenada nos EUA pelo sequestro de um embaixador e nao pode pisar la . Como seria no caso dela ( deus me livre) como presidente sem poder ir aos EUA .
Ow, condenada pode dar uma palestra em NY?
Dilma passa por NY com discrição

Petista não recebeu cobertura e passou em branco nos principais jornais norte-americanos
24 de maio de 2010 | 21h 59
CORRESPONDENTE / NOVA YORK - O Estado de S.Paulo

A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, passou por Nova York sem chamar a atenção dos americanos. Longe do circuito do poder, se restringiu ao meio de investidores e funcionários do mercado financeiro especialistas em Brasil, sem receber cobertura dos principais jornais dos EUA.

A falta de impacto na visita de Dilma se deve acima de tudo à distância da votação, segundo afirmou Marcello Halacke, um dos brasileiros com mais experiência em Wall Street e sócio do escritório de advocacia Thompson & Knight. "Os investidores começarão a prestar mais atenção depois das férias de verão no Hemisfério Norte, em agosto."

Além disso, nos EUA, os investidores não se preocupam muito com a economia brasileira. O Brasil, apesar de recente reportagem da revista da The Economist com críticas à política econômica, é visto como estável em um momento de grave crise na Europa. Agências de risco político baseadas em Nova York não preveem grandes mudanças em relação ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, caso Dilma ou seu rival, José Serra, do PSDB, sejam eleitos.

Atualmente, tanto na imprensa como no meio acadêmico, as críticas ao Brasil, antes focadas na economia, se voltaram para a política externa, com artigos negativos sobre o tema no Miami Herald e no Wall Street Journal na semana da visita da petista – ela não foi citada em nenhum.

Na viagem, o objetivo de Dilma era prestigiar a premiação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, escolhido junto com o CEO da GE, Jeffrey Robert Immelt, como personalidade do ano pela Câmara do Comércio Brasil-EUA, e para fazer uma apresentação em evento organizado pela BM&F-Bovespa.

Os investidores que ouviram Dilma na palestra não fizeram objeções ao que a pré-candidata disse. "Foi uma apresentação balanceada, com enfoque nos pontos fortes da administração de Lula, bem como o comprometimento com as políticas macroeconômicas", avaliou Lisa Schineller, diretora da Standard&Poor’s.

Público. Os presentes eram, em sua maioria, funcionários de escritórios de direito, de bancos e fundos de investimento nos EUA. Muitas delas são brasileiras ou de algum país latino-americano. Isso facilitou a vida de Dilma nas conversas com os investidores, que falam português.

Sem um inglês fluente, na entrevista coletiva Dilma recorreu a intérpretes quando respondeu a um dos raros jornalistas estrangeiros. Segundo a sua assessora, a petista entende inglês. Uma de suas intérpretes disse que a pré-candidata não se expressa muito bem na língua.

COLABOROU LUCIANA XAVIER, DA AGÊNCIA ESTADO

http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 6148,0.htm
[/quote][/quote]

[]´s




"O homem erra quando se convence de ver as coisas como não são. O maior erro ainda é quando se persuade de que não as viu, tendo de fato visto." Alexandre Dumas
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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1828 Mensagem por Valdemort » Sáb Jun 12, 2010 1:13 pm

Pedro Gilberto escreveu:
Valdemort escreveu: Houvi dizer que Dilma foi condenada nos EUA pelo sequestro de um embaixador e nao pode pisar la . Como seria no caso dela ( deus me livre) como presidente sem poder ir aos EUA .
Ow, condenada pode dar uma palestra em NY?
Dilma passa por NY com discrição

Petista não recebeu cobertura e passou em branco nos principais jornais norte-americanos
24 de maio de 2010 | 21h 59
CORRESPONDENTE / NOVA YORK - O Estado de S.Paulo

A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, passou por Nova York sem chamar a atenção dos americanos. Longe do circuito do poder, se restringiu ao meio de investidores e funcionários do mercado financeiro especialistas em Brasil, sem receber cobertura dos principais jornais dos EUA.

A falta de impacto na visita de Dilma se deve acima de tudo à distância da votação, segundo afirmou Marcello Halacke, um dos brasileiros com mais experiência em Wall Street e sócio do escritório de advocacia Thompson & Knight. "Os investidores começarão a prestar mais atenção depois das férias de verão no Hemisfério Norte, em agosto."

Além disso, nos EUA, os investidores não se preocupam muito com a economia brasileira. O Brasil, apesar de recente reportagem da revista da The Economist com críticas à política econômica, é visto como estável em um momento de grave crise na Europa. Agências de risco político baseadas em Nova York não preveem grandes mudanças em relação ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, caso Dilma ou seu rival, José Serra, do PSDB, sejam eleitos.

Atualmente, tanto na imprensa como no meio acadêmico, as críticas ao Brasil, antes focadas na economia, se voltaram para a política externa, com artigos negativos sobre o tema no Miami Herald e no Wall Street Journal na semana da visita da petista – ela não foi citada em nenhum.

Na viagem, o objetivo de Dilma era prestigiar a premiação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, escolhido junto com o CEO da GE, Jeffrey Robert Immelt, como personalidade do ano pela Câmara do Comércio Brasil-EUA, e para fazer uma apresentação em evento organizado pela BM&F-Bovespa.

Os investidores que ouviram Dilma na palestra não fizeram objeções ao que a pré-candidata disse. "Foi uma apresentação balanceada, com enfoque nos pontos fortes da administração de Lula, bem como o comprometimento com as políticas macroeconômicas", avaliou Lisa Schineller, diretora da Standard&Poor’s.

Público. Os presentes eram, em sua maioria, funcionários de escritórios de direito, de bancos e fundos de investimento nos EUA. Muitas delas são brasileiras ou de algum país latino-americano. Isso facilitou a vida de Dilma nas conversas com os investidores, que falam português.

Sem um inglês fluente, na entrevista coletiva Dilma recorreu a intérpretes quando respondeu a um dos raros jornalistas estrangeiros. Segundo a sua assessora, a petista entende inglês. Uma de suas intérpretes disse que a pré-candidata não se expressa muito bem na língua.

COLABOROU LUCIANA XAVIER, DA AGÊNCIA ESTADO

http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 6148,0.htm
[/quote]

[]´s[/quote]

Ok

Entao e boato ...




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1829 Mensagem por GustavoB » Sáb Jun 12, 2010 1:26 pm

Sim, boatos...




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#1830 Mensagem por pafuncio » Dom Jun 13, 2010 5:30 am

Na realidade eh o Gabeira, envolvido no sequestro do embaixador americano, o que quica tenha descartado sua candidatura a prsidencia (sorry teclado Alien)




"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
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