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Enviado: Qua Mar 29, 2006 10:40 pm
por Clermont
NATURAL DE LONG ISLAND, NEW YORK, USA A MOTIVAÇÃO PARA LIDERAR FUZILEIROS NAVAIS E SALVAR VIDAS.

Submetida por: 2º Grupamento Logístico de Fuzileiros Navais.

Escrito pelo cabo Matthew K. Hacker


BASE DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS DE CAMP LEJEUNE, Carolina do Norte (8 de março de 2006) – “No início foi duro, porque eles não olhavam para mim como um fuzileiro naval,” diz a cabo Christine DeCaprio, uma escrevente administrativa, sobre se encaixar dentro de um grupo de polícia totalmente masculino, no Iraque. “Mas, quando eu peguei ela [a metralhadora pesada cal .50) eles mudaram de idéia.”

Esse evento deu o tom para os próximos dez meses para DeCaprio, no deserto com a Companhia “B”, 2º Batalhão de Polícia Militar de Fuzileiros Navais, 2º Grupamento Logístico.

Ser a única mulher num pelotão totalmente masculino, se mostrou difícil nos estágios iniciais do desdobramento, mas a determinação de DeCaprio, em breve, lhe rendeu o respeito que ela merecia quando seu grupo de polícia a escolheu como líder de esquadra, na graduação de cabo-arvorado (Lance-Corporal).

Ser líder de esquadra significava que ela tinha um papel modelar. Alguém que a esquadra olhava em busca de direção. Alguém que seus fuzileiros navais precisavam para ter confiança durante as operações, quer elas fossem humanitárias, ou de combate.

Uma situação que se motrou um teste para as habilidades de DeCaprio e a obediência dos fuzileiros navais dela, foi um ataque com dispositivo explosivo improvisado contra um comboio, fora de Camp Taqaddum, Iraque.

“Eu viajava na segunda viatura de reconhecimento com um motorista e um atirador na torreta, quando, repentinamente, a viatura na nossa frente explodiu,” disse DeCaprio. “Imediatamente, disse para o meu motorista para tomar a posição deles. Uma vez que chegamos, ordenei ao meu atirador para fornecer segurança e meu motorista para monitorar o rádio, enquanto eu corria para ver se os navais estavam bem.”

Dois dos navais pareciam bem, apenas sofrendo cortes e contusões menores, mas DeCaprio notou que o outro fuzileiro naval parecia muito desorientado, de acordo com ela. Ela correu para eles e providenciou primeiros-socorros para os navais, mas logo compreendeu que o fuzileiro desorientado precisava de evacuação médica.

“Eu corri de volta para minha viatura e agarrei o rádio,” continua. “Eu chamei pelo MEDEVAC (Evacuação Médica, ou Medical Evacuation) e eles foram bem rápidos. Eu os ajudei a levar o fuzileiro à salvo para o helicóptero, enquanto os outros dois entravam em nossa viatura. Uma vez que o helo se foi, nós aceleramos através da zona de abate e lideramos o resto do comboio para fora da área de perigo.”

Suas ações durante o ataque, logo chamaram a atenção de vários membros de seu pelotão de polícia, incluindo sua oficial-comandante, capitão Lisa M. Souders.

“DeCaprio possui uma conduta tranqüila e modos incrivelmente calmos, mas ela vai atrás do que ela quer,” disse a capitão Souders. “Alguns podem confundir seu comportamento calmo com passividade, mas eles estão enganados.”

Ela também demonstrou adaptabilidade, uma prontidão para aprender e, acima de tudo, profissionalismo, de acordo com Souders. Devido ao elevado tempo operacional da unidade, eles estão sempre em constante necessidade de reforços.

“DeCaprio preencheu uma de nossas muitas lacunas e o fez muito bem,” adicionou Souders. “E embora ela estivesse conosco por alguns meses, ela era um membro integral de nossa companhia.”

Em adição ao seu voluntariado para o desdobramento, ela também levantou a mão quando indagada sobre assumir vários deveres adicionais no Iraque. Um exemplo foi quando sua companhia precisou de uma mulher para guardar e tratar uma prisioneira *.

“Eu fui para Camp Al Asad para atender essa prisioneira, porque ela não estava respondendo aos fuzileiros navais homens,” disse DeCaprio. “Eu tive de preparar uma área privativa para ela, lhe trazer comida e impedi-la de se ferir, por três ou quatro semanas. Definitivamente, foi uma experiência.”

Em setembro de 2005, DeCaprio foi condecorada com uma Medalha de Feitos do Corpo de Fuzileiros Navais e da Marinha por sua ações no Iraque. Ela também foi promovida, por mérito, para sua graduação atual.

No todo, DeCaprio exibiu dedicação física e moral para seu pelotão e sua companhia. Ela não era uma polícia militar de campanha por especialização, mas aprendeu rapidamente as exigências e tornou-se uma líder, o que fica aparente por sua promoção meritória. Ela usou suas habilidades de liderança e valores íntimos para ajudá-la a passar por várias ocasiões difíceis.

A natural de New York está planejando se realistar e permanecer no campo da polícia militar. Ela sempre desejou perseguir uma carreira em criminologia ou imposição da lei e espera, mais tarde, utilizar no setor civil, o que ela aprender na Polícia Militar dos Fuzileiros Navais.

Atualmente, ela está tentando transferência para a 26ª Unidade Expedicionária dos Fuzileiros Navais, de modo a voltar para o Iraque, para servir e apoiar a Operação “Iraqi Freedom”, mais uma vez.


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* Aliás, não deixa de ser interessante saber por que as Forças Armadas brasileiras ainda não incluem mulheres em suas unidades de polícia. Aparentemente, é um dos locais em que elas teriam mais utilidade, devido as atuais e futuras necessidades de operações de paz. Sem contar, eventualidades de ações internas, como ocupação de favelas.

Enviado: Qui Mar 30, 2006 2:47 pm
por cabeça de martelo
Oiçam a voz da 1ª Rosa, a mulher só mesmo na imposição da boina é que moderava um pouco. Acho que houve muita machão a ficar pelo caminho por causa dela...

http://tvtel.pt/paraque/video20.wmv

http://tvtel.pt/paraque/video22.wmv

Enviado: Sáb Abr 01, 2006 12:20 pm
por Clermont
Rapaz, que mulher braba, hein?

Mas acho que deve ser a única forma de impedir que os novatos virem extrato de tomate quando atingirem o chão.

À propósito, já passados vários anos, se pode mesmo dizer que foi a idéia correta, retirar a Arma Pára-quedista do controle da Força Aérea Portuguesa e integrá-la ao Exército?

Por um lado pode ser perigoso a criação de "exércitos paralelos" dentro de outras corporações (Marinha e Força Aérea), quando não se exerce um controle rígido sobre sua expansão e equipamento, e não se impõe, claramente, a predominância operacional da Força Terrestre (Exército) sobre a conduta em campanha dessas formações. Mas, por outro lado, pode ser importante a existência desse tipo de tropa de elite, mantida à parte do Exército Nacional. Muitas vezes, um certo grau de "rivalidade" pode ser mutuamente benéfico, levando a maiores esforços de todas as corporações.

Evidentemente, não conheço minúcias da organização militar portuguesa, mas parece que, em certo momento, Portugal teve três formações de elite, uma em cada corporação:

1) Os Fuzileiros Navais da Marinha.

2) Os "Comandos" do Exército.

3) Os Pára-quedistas da Força Aérea.

Esse não era um bom arranjo?

Enviado: Seg Abr 03, 2006 2:40 pm
por cabeça de martelo
Era um excelente arranjo!
A única razão para os Páras terem saido da FAP, foram razões politicas. Os Oficiais Pára-quedistas começaram-se logo a ver como Comandantes do Exército, a FAP foi subornada com os F-16, os Comandos foram queimados por causa das mortes durante os cursos (3 de uma vez em 1988),etc.
A rivalidade era excelente para aumentar ainda mais o Espirito de Corpo, nesse tempo era vulgar cenas de pancadaria entre militares de unidades de elite (especialmente entre os Comandos e todas as outras unidades).


PS: no entanto eu e os meus camaradas ainda andamos à porrada com a PE... :twisted:

Enviado: Dom Mai 07, 2006 1:28 pm
por Clermont
FDI: GUERRA TOTAL CONTRA AS CINTURAS BAIXAS - Dúzias de soldados mulheres que abaixaram as "não-atraentes" cinturas altas de suas calças de dotação do Exército, receberam multas e foram ordenadas a trocar suas cáquis de corte baixo por aquelas que se conformem aos padrões das FDI.

Hagai Einav

A linha de cintura da zona setentrional: as bases das FDI no Norte decidiram lutar contra o fenômeno das linhas de cintura baixas nas calças das soldados mulheres, que se tornou um fenômeno cada vez mais popular entre as garotas do Exército, lá.

Soldados mulheres tem sido pegas ultimamente, entrando nas Colinas de Golan e nas bases da Galiléia trajadas com calças de cintura especialmente baixa, em violação das normas do Exército, o que rendeu a 120 delas, um encontro com a corte marcial.

As soldados mulheres lamentam-se com seus comandantes de que o corte das calças de dotação do Exército é "não-atraente" para suas figuras. Mas a defesa de nada adiantou: umas poucas foram confinadas nas bases por alguns dias, como punição, e o restante recebeu multas pecuinárias.

Um oficial superior no Comando Setentrional disse ao YNET que, recentemente, tem havido um aumento acentuado no número de incidentes nos quais soldados mulheres tem rebaixado a linha de cintura de suas calças do Exército.

"Você precisa ver a situação de dois ângulos: primeiro e mais importante, isso é um golpe severo nas normas e um desrespeito aos uniformes do Exército. De outro lado, nós não podemos nos esquecer que essas jovens, que até recentemente se trajavam seguindo a moda das adolescentes, vão para áreas de entretenimento em jeans de cintura muito baixa e camisetas reveladoras," disse ele.

"Esse é um processo de assimilação importante para nós, como exército, e eu creio que as explicações adequadas e punições em casos extremos, irão prevenir tais incidentes de se repetirem num grau muito elevado no futuro."

Muitos das soldados expressam pesar durante o julgamentos e clamam que abaixaram a cintura "inocentemente". Oficiais em comando vêem evidência disso nos últimos dias quando mais de 500 calças do Exército, cujas cinturas haviam sido rebaixadas, serem devolvidas aos depósitos da logística para serem trocadas por calças em conformação com os padrões das FDI.

"Elas terão de deixar os shows de moda para os fins de semana e suas vidas civis," o oficial superior comentou.

Um porta-voz das FDI emitiu um comentário sobre o caso, dizendo, "Como parte da política de disciplina das FDI, foi decidido no Comando Norte ser mais estrito em tornar a aparência conforme os padrões e à disciplina. Assim, soldados que rebaixaram suas calças terão de trocá-las, e ações disciplinares serão tomadas."

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SNIF, SNIF, BUÁÁÁÁÁ!!! :( :( :( :( :( :( :( :( :(

(agora, que missãozinha chata essa hein? Ter de parar todas as soldados ne entrada das bases, com uma fita métrica para medir a cintura de suas calças! Algum voluntário?)


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Enviado: Sáb Ago 12, 2006 10:55 pm
por Clermont
MULHERES RESERVISTAS QUE ASSUSTAM O HEZBOLLAH.

Aparentemente essa é a primeira guerra na qual mulheres são convocadas para deveres de reserva de combate - a redatora de YNET conversa com duas instrutoras de unidades de morteiros que se encontraram na fronteira setentrional sem aviso prévio, disparando bombas contra o inimigo. "De início, os homens nos degradavam, mas logo compreenderam que estávamos exatamente na mesma situação," disseram.

Por Miri Chason - YNET.com


Os chamados de emergência recebidos por muitos cidadãos israelenses não deixaram de atingir centenas de mulheres que foram convocadas para a guerra no norte. Nos últimos quatro anos, as FDI começaram a integrar mulheres nas reservas. Na guerra atual, há mulheres ocupando posições tais como oficiais anti-aéreos, oficiais de resgate, atiradoras em unidades de artilharia, tocaieiros e a lista continua.

De todas as mulheres convocadas para o serviço nesses dias, cerca de metade estão em batalhões de combate e o restante na inteligência. Na fronteira setentrional, uma redatora para YNET encontrou Anat Bershkovsky e Efrat Kaufman, praças graduadas numa unidade de morteiros que está disparando contra o Líbano. As duas iniciaram seu dever de reserva como instrutoras para soldados da reserva numa base de treinamento, mas muito rapidamente se acharam na fronteira libanesa disparando morteiros.

Bershkovsky fala da aguda transição do treinamento para o campo de batalha: "Nos vimos dirigindo para o norte, para o norte, e mais para o norte, quase até o fim, e atirando - atirando contra o Líbano e participando no combate. Por todo o meu serviço inteiro no Exército, eu nunca pensei que iria estar atirando no Líbano."

As reservistas contam que a participação delas na luta foi, no começo, recebida com pilhérias por seus colegas homens, mas rapidamente elas ganharam o respeito deles. Kaufman relembra que seus primeiros dias na fronteira foram acompanhadas por muitos comentários sexistas: "No começo, eles nos perguntavam, nos diminuindo - 'oh, vocês são reservistas: Quando você foi desincorporada, um ano atrás?' E, então, quando eles ficavam sabendo que tinhamos 26 anos de idade, começavam a dizer - 'O quê? Vocês não estão casadas? Não tem filhos? Vocês são lésbicas?"

"No instante que sabiam que estávamos há seis anos e meio fora do exército, eles nos apreciavam um pouco mais. Nós estamos aqui para dar nossa ênfase profissional e eles sabem que precisam disso. Eles pedem ajuda e também sabem dizer 'obrigado', ela conta. Bershkovsky explica que os reservistas compreendem que as mulheres e homens aqui, estão na mesma situação: "Eles sabem que nós, também, fomos repentimente extraídas de nossas vidas normais e que estamos aqui para ajudar na luta, exatamente como eles."

Um dos reservistas, Nimrod Ratner, louva a participação das mulheres no esforço de guerra: "Não treinávamos há seis anos. Não lembramos mais como operar esses morteiros. É certo que fomos profissionais uma vez e fazíamos isso no nosso serviço do exército, mas se elas não estivessem aqui, alguns de nós não saberíamos o que fazer.

Além de suas capacidades profissionais, Ratner enfatiza benefícios adicionais em ter as garotas em campanha: "Quando você termina o treinamento, todo suado e cheio de areia e, de repente, do nada, elas oferecem a você, uma toalha molhada, o que poderia ser melhor do que isso? Só por isso é importante alistar mulheres no exército."

A última semana, foi passada em casa, por Bershkovsky e Kaufman - no domingo elas retornam a fronteira. Elas, definitivamente, são gratas pelo curto descanso em casa: "Por um lado, toda solenidade de uma missão que as pessoas depositaram em mim, mas, por outro lado, eu queria um banho! Em alguns momentos, eu me perguntava o que estava fazendo aqui, e o que é esse preto debaixo das minhas unhas. Mas eu penso que, enquanto o pessoal me convocar para voltar, eu vou, mesmo se estiver na manicure," conta Kaufman.

Bershkovsky também fantasia sobre um completo tratamento de beleza - mas apenas depois da guerra: "Eu não tenho problema algum em estar aqui, enquanto eles precisarem de mim. É uma sensação boa saber que você está tomando parte de algo importante, que você está fazendo algo para o sucesso no combate, contribuindo. Onde quer que eles precisem de mim, estarei lá. Depois, eu faço um meticuloso tratamento e volto a ser uma mulher."

Enviado: Sáb Ago 12, 2006 11:06 pm
por Túlio
Clermont escreveu:
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Depois de ver umas fotos dessas aí, tão generosamente ofertadas pelo amigo Clermont, me respondam:

:arrow: DÁ OU NUM DÁ VONTADE DE ENCHER DE COICE O PRIMEIRO ANTI-SEMITA QUE APARECER NA ÁREA? :evil:

Enviado: Dom Ago 13, 2006 1:25 am
por Einsamkeit
Depende, se for uma anti-semita gostosa a gente pode bater um bom papo

:D

Enviado: Dom Ago 13, 2006 6:50 pm
por cabeça de martelo

Enviado: Dom Ago 13, 2006 10:53 pm
por 3rdMillhouse
tulio escreveu:
Clermont escreveu:
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Depois de ver umas fotos dessas aí, tão generosamente ofertadas pelo amigo Clermont, me respondam:

:arrow: DÁ OU NUM DÁ VONTADE DE ENCHER DE COICE O PRIMEIRO ANTI-SEMITA QUE APARECER NA ÁREA? :evil:


Apoiadíssimo!!!!! :twisted:

Enviado: Dom Ago 13, 2006 11:07 pm
por Einsamkeit
cabeça de martelo escreveu:E enquanto isso os homens:
http://www.youtube.com/watch?v=RHj-A_myxbA



Mas que Viadagem

:twisted:


Boa iniciativa a dos israelenses

Enviado: Qua Ago 30, 2006 8:37 am
por cabeça de martelo
Uma reportagem bastante interessante a uma cadete da Arma de Infantaria:
http://www.exercito.pt/portal/exercito/ ... N%2006.pdf

PS: a entrevista começa na pág.6

Enviado: Sáb Nov 18, 2006 3:49 pm
por cabeça de martelo
ENFERMEIRAS PÁRA-QUEDISTAS
Maria Ivone Quintino Reis

. As nossas directivas eram só para evacuação. Não podíamos sair do helicóptero, até por normas de segurança. Era um fiasco muito grande se fôssemos apanhadas. E toda a tropa ficava preocupada com uma mulher no meio dos combates".

ENFERMEIRAS PÁRA-QUEDISTAS
Maria Ivone Quintino Reis

O que estava a aconteccer no Ultramar despertou muito as mulheres. Houve cerca de 150 concorrentes, no total dos nove cursos, mas foram brevetadas 46, e das onze concorrentes do primeiro grupo foram brevetadas seis. A nossa vida era muito dura. Nunca sabíamos onde acordávamos, nem quando é que íamos dormir, nem onde estávamos. Durante o último ano que passei em Moçambique, o máximo de noites seguidas que dormi foram cinco. O nosso quadro era de vinte e uma enfermeiras- nove oficiais e nove sargentos- mas nunca esteve completo. O máximo de efectivos que existiu foram catorze. Éramos sempre escassas para cobrir as três províncias. Umas não aguentavam o curso, que era um teste de resistência, capacidade, audácia e coragem, e outras, ao fim de um ano, desistiam porque aquilo não dava para se fazerem projectos de vida; fazíamos directas, não havia folgas, nem fins-de-semana. Depois, eles confessaram que, no princípio, tinham achado muito mal que nós fôssemos para África, até porque não éramos especialmente elegantes, diziam que parecíamos assistentes sociais. Mas, por exemplo, uma vez, na Guiné, no fim da parada de uma cerimónia oficial, eu estava fardada e apareceu um soldado do Exército que se perfilou diante de mim, fez-me a continência com enorme rigor e afastou-se. Depois, disse-me: "Minha senhora, eu senti necessidade de ir bater a pala a uma mulher portuguesa." Naquele tempo havia a ideia da coragem e da audácia de nos destinarmos para os outros, e isso reflectia-se no acolhimento que tínhamos. As nossas directivas eram só para evacuação. Não podíamos sair do helicóptero, até por normas de segurança. Era um fiasco muito grande se fôssemos apanhadas. E toda a tropa ficava preocupada com uma mulher no meio dos combates".

PS: mesmo assim houve uma Enfermeira-Páraquedista que morreu durante mais uma missão de evacuação de feridos na Guiné-Bissau. :roll:

Enviado: Ter Nov 21, 2006 10:40 am
por cabeça de martelo
ENFERMEIRAS PÁRA-QUEDISTAS EM ACÇÃO NO PORTUGAL COLONIAL: testemunhos- 2

Retomamos a edição de posts respeitantes às enfermeiras pára-quedistas. Na sequência do editado a 30 de Novembro, apresentamos mais um excerto de testemunho de Maria Ivone Quintino Reis. Nele, recorda-se trabalho desenvolvido quer no contexto de acontecimentos na Índia Portuguesa, quer nas colónias africanas. Maria Ivone sublinha as condições de trabalho por que passou, extensíveis, também, às suas companheiras.
ENFERMEIRAS PÁRA-QUEDISTAS
Maria Ivone Quintino Reis (2ª Parte)


"Houve depois a visita a África do ministro do Ultramar, Adriano Moreira, e nomearam-me para ir na comitiva, como forma de motivar raparigas enfermeiras a tornarem-se pára-quedistas. Fui para o Ultramar em Setembro e voltei em Novembro. Meses depois, a Maria do Céu, uma colega nossa, foi com o general Kaúlza de Arriaga, secretário de Estado da Aeronáutica, às diferentes províncias. Quando cheguei da visita do ministro do Ultramar surgiu a questão da Índia e fomos quatro para Carachi, em 13 de Dezembro, para dar apoio às famílias que eram repatriadas da Índia, porque os militares ficaram em campos de concentração. Estávamos as quatro em Carachi quando Goa foi invadida, no dia 18 de Dezembro. A missão era para dar apoio ao transbordo dos militares que vinham na companhia aérea francesa contratada para ir buscá-los a Goa- porque não podiam ir aviões portugueses a Goa, nem sequer a Carachi. Depois, os militares iam em jipes para os barcos que estavam atracados em Carachi: o Vera Cruz, o Pátria e o Moçambique. Nós dávamos apoio à chegada dos militares, que estavam com seis meses de cativeiro. Eles chegavam ao Vera Cruz, que era fresquinho e onde se ouvia cantar o fado. Eu e a Zulmira estávamos lá mais por uma questão de equipa, com o comandante Solano de Almeida e o jornalista Urbano Carrasco. Estávamos numa ligação de comunicação com Lisboa- foi essa a causa maior que nos levou lá, porque não havia muito tempo no transbordo entre o avisão e os barcos. Voltámos de Carachi no Natal. A experiência lá foi dolorosa, a nível humano. Os aviões dos Transportes Aéreos da Índia Portuguesa (TAIP) vinham pôr as famílias em Carachi para as acomodarmos nos aviões da TAP, que estavam no Paquistão, porque não podiam ir à Índia, devido à expectativa de invasão. Acomodávamos aquelas mães, aquelas crianças, as bonecas, apinhadas dentro de um avião. Eram as famílias de três mil militares que ficaram lá presos. Houve uma que ficou internada na maternidade de Carachi porque estava à espera de bebé. A criança nasceu e nós fomos visitá-la. Ela veio connosco no último avião da TAIP, pilotado pelo comandante Solano de Almeida. Viemos no último avião que saiu de Goa, já depois da invasão, em voo baixo para não ser visto nem atingido pelos bombardeiros, em condições precárias, com destino a Carachi. Para lá tínhamos ido num avião da TAP.
O que estava a aconteccer no Ultramar despertou muito as mulheres. Houve cerca de 150 concorrentes, no total dos nove cursos, mas foram brevetadas 46, e das onze concorrentes do primeiro grupo foram brevetadas seis. A nossa vida era muito dura. Nunca sabíamos onde acordávamos, nem quando é que íamos dormir, nem onde estávamos. Durante o último ano que passei em Moçambique, o máximo de noites seguidas que dormi foram cinco. O nosso quadro era de vinte e uma enfermeiras- nove oficiais e nove sargentos- mas nunca esteve completo. O máximo de efectivos que existiu foram catorze. Éramos sempre escassas para cobrir as três províncias. Umas não aguentavam o curso, que era um teste de resistência, capacidade, audácia e coragem, e outras, ao fim de um ano, desistiam porque aquilo não dava para se fazerem projectos de vida; fazíamos directas, não havia folgas, nem fins-de-semana. Depois, eles confessaram que, no princípio, tinham achado muito mal que nós fôssemos para África, até porque não éramos especialmente elegantes, diziam que parecíamos assistentes sociais. Mas, por exemplo, uma vez, na Guiné, no fim da parada de uma cerimónia oficial, eu estava fardada e apareceu um soldado do Exército que se perfilou diante de mim, fez-me a continência com enorme rigor e afastou-se. Depois, disse-me: "Minha senhora, eu senti necessidade de ir bater a pala a uma mulher portuguesa." Naquele tempo havia a ideia da coragem e da audácia de nos destinarmos para os outros, e isso reflectia-se no acolhimento que tínhamos. As nossas directivas eram só para evacuação. Não podíamos sair do helicóptero, até por normas de segurança. Era um fiasco muito grande se fôssemos apanhadas. E toda a tropa ficava preocupada com uma mulher no meio dos combates".

Enviado: Sex Dez 01, 2006 12:32 pm
por Clermont
FLORISBELA.

Vamos falar de uma heroína.

Quem no exército não conheceu a intrépida soldada que no 29º Corpo de Voluntários da Pátria armava-se com a carabina do primeiro homem que era ferido, e entrava em seu lugar na fileira, sustentando o combate até o fim da luta, largando então a arma agressiva, para tomar as da caridade, e dirigir-se aos hospitais de sangue?

Quem não se recorda dos atos de heroísmo dessa dedicada mulher que, devendo fugir a uma morte certa, ao contrário, chegou certo dia a dizer a um homem que – tomasse suas saias e lhe entregasse as armas – e isso no mais encarniçado do ataque malogrado de Curupaiti, a 22 de setembro de 1866?

E, no entanto... quem hoje fala em Florisbela, ignorada, desconhecida, quando merecia uma epopéia?

Sempre nos hospitais de sangue marcava seu lugar à cabeceira dos doentes. Ela adotou o uniforme de vivandeira militar; único, com que a vimos durante todo o nosso tirocínio de cinco anos de guerra.

E... com mágoa o diremos: outras passaram por heroínas, cantadas em romances e poesias variadas. E ela... nem numa simples menção viu figurar seu nome!

Todo o II Corpo de Exército, às ordens do Conde de Porto Alegre, viu-a, admirou-a, invejou-a. A Pátria esqueceu-a.

Florisbela tinha a desventura de ser uma transviada, sem nome, nem família; mas se alguma mereceu o nome de heroína, ela deveria de figurar também no 1o plano – cum laude.

Era o valor, a temeridade, o heroísmo personificado, a abnegação, a virtude marcial, a imagem da Pátria em suma, desgrenhada no calor da luta!

Quanto desalento não confundiu, quanta bravura não inspirou!

Disse um filósofo: Tirai da sociedade a mulher, e aquela será um vácuo! – Florisbela ali representava o amor da Pátria.

Vê-la com os lábios enegrecidos pela ação de morder o cartucho, era o mesmo que ter diante de si o anjo da vitória. Ela entusiasmava-nos!

A essa heroína do Paraguai também cabe a honra de figurar na história.

D. Ana Néri, em cenário diferente, exercia a nobre missão seu sexo. Era a caridade e a paz. Era a viúva honrada que espargia pelos necessitados tudo quanto a bondade de um coração maternal é capaz de fazer por um filho. Muitas vidas salvou com seus desvelos e carinhos. Estava envelhecida no serviço da Pátria.

A Pátria, porém, cobriu-a com o manto de sua gratidão.

Pagou a dívida, e ela, sem nada exigir, sempre heróica, manteve-se na altura de seu caráter. Sempre bondosa e digna, como brasileira ilustre que era.

Não tinha a virtude de Ana Néri, é verdade, nem os recursos de sua valente educação; mas sobrava-lhe o valor varonil, e disputou-o, braço a braço, com os inimigos da Pátria, a cuja glória fê-los sucumbir, sempre que se mediram com ela!

Como a Madalena da Bíblia, merecia achar um Cristo que penhorado por tamanha dedicação a amasse e venerasse!

Coube a honra e a glória de ver nascer tão grande filha à heróica província do Rio Grande do Sul. Essa mulher, se tivesse tido a ventura de nascer na França ou na Alemanha, talvez figurasse em estátua na melhor praça de suas grandes cidades; mas no Brasil, nem de leve se tomou em consideração o ato de seu espontâneo e magnífico desprendimento e bravura.


MARIA CURUPAITI.

O Brasil teve uma heroína na maior extensão do vocábulo. Chamava-se Maria Francisca da Conceição.

Casada com um cabo-de-esquadra do Corpo de Pontoneiros do Exército, seu marido teve de embarcar com as forças ao mando do Tenente-General Conde de Porto Alegre com destino ao assalto glorioso do forte de Curuzu.

O chefe proibiu terminantemente que as casadas acompanhassem seus maridos naquela expedição, devendo todas ficar sob a proteção do grande exército de Tuiuti.

Maria não desanimou. Tinha treze anos e amava soberanamente o consorte.

Dotada de ânimo varonil, de resoluções prontas, decidiu-se a acompanhá-lo a todo transe.

O embarque seria na madrugada do dia 1º de setembro de 1866.

Recorreu a um cabeleireiro do acampamento, voltando com suas madeixas destruídas. Estava com o cabelo reduzido à escova!

Despiu os ornatos femininos, deu pregas em uma calça do marido, vestiu a blusa dos uniformes e arranjou um boné.

Insinuou-se no meio das fileiras na ocasião do embarque. Era um soldadinho imberbe, de pequenina estatura.

Ninguém deu pelo disfarce.

Entra com o batalhão em fogo. Do primeiro ferido que cai, ela toma as armas – carabina, cinturão, cartucheira etc.

Avançam as tropas. Troa a artilhara, confundindo-se seus trovões com o crepitar das armas portáteis. O chão cobre-se de mortos e nada detém a fúria dos brasileiros atacantes, que tomam de assalto o forte com seus treze canhões, em renhido combate.

Na refrega, uma bala dá em cheio na fronte do marido, que cai morto.

Maria engole as lágrimas, jurando, sobre o peito quente do consorte, vingá-lo.

Trava-se dentro do recinto da fortaleza horrível intervelo; medonha luta de arma branca.

Ela embebe raivosa a sua baioneta no peito amplo do paraguaio que lhe ficara mais próximo: abate-o. E outro, e outro.

Terminada a refrega, vem chorar, então, e dar sepultura ao corpo do seu amado. Aí, entre soluços, repete a jura.

A 22 de setembro a jovem viúva avança contra Curupaiti. Toma lugar nas primeiras filas dos assaltantes; bate-se nelas, penetrando no formidável baluarte juntamente com os poucos que ali podem entrar. É repelida com eles e, na faina de matar, adianta-se.

Um paraguaio de cavalaria, reparando no esforço do rapazito, de estatura abaixo da mediana, investe-o de espada em punho.

A pobre rapariga cruza a arma contra o cavaleiro inimigo: defende-se mal então. A ponta da espada deste atinge-lhe a graciosa cabeça de moça. Maria resvala ensangüentada e vai cair fora da trincheira!

Os companheiros acodem-na, e ela é salva da fúria do agressor que, não podendo ultrapassar a trincheira, pára junto à banqueta de do parapeito.

Só no hospital conhecem-lhe o sexo. Espanto geral de todos.

Cada qual refere às suas proezas na luta, acrescidas com as vivas cores da simpatia, da admiração e do pasmo.

Chamaram-na Maria Curupaiti. Tornou-se venerada. Era moça. E era bonita.

Na batalha de 3 de novembro de 1867, em Tuiuti, irrompe Conceição nas fileiras do 42º Corpo de Voluntários da Pátria – seus patrícios: - e aí trava-se combate contra as numerosas forças do adversário. O seu exemplo arrebata os homens, aos quais não cessam de dizer, com o sorriso das heroínas nos lábios – Aqui está Maria Curupaiti! Avante!


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Extraído de PIMENTEL, Joaquim S. de Azevedo .- Episódios Militares. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército, 1978.