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Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 11:31 am
por marcelo l.
Outro texto ligando o discurso de Lula e do atual governo ao regime militar e o desenvolvimento, esse é de um membro do PSDB

http://terramagazine.terra.com.br/inter ... razao.html

A índia Tuíra tem razão
Fabio Feldmann

Essa semana é impossível não comentar o leilão sobre a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará.

Acompanho o assunto há mais de 20 anos e estava na reunião em Altamira, quando a índia Tuíra se manifestou dramaticamente sobre o assunto, dirigindo-se à mesa da qual eu fazia parte, e passou um facão no rosto do atual presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz Lopes. Na época, Belo Monte se chamava Kararaô, que na língua dos índios Kayapós representa um grito de guerra.

De lá para cá, o projeto foi modificado em termos da área a ser inundada, com adoção de novas tecnologias, mas não tenho dúvida de que o mesmo ainda terá grande impacto na região, na maior parte irreversível, afetando as populações que ali vivem, especialmente as comunidades de ribeirinhos e indígenas, que têm se manifestado contra o projeto, a exemplo do documento publicado no jornal Valor Econômico, no dia 21 de abril de 2010, "Nós indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte".

O grande argumento a favor de Belo Monte seria a produção de energia para assegurar o crescimento econômico do país nos próximos anos, como se estivéssemos diante de uma situação de vida e morte em relação a esse último. Nos debates havidos pela imprensa, o governo, através de seus representantes, insiste nessa tecla, desqualificando a posição daqueles que questionam o empreendimento, chegando mesmo a argumentar que "interesses estrangeiros" conspiram contra o crescimento do Brasil, por medo da concorrência de nossos bens de exportação. A Advocacia Geral da União, através de seu advogado geral, Luís Inácio Adams, ameaça promover processos contra os autores de ações judiciais que questionam no Poder Judiciário o empreendimento.

Estranho tudo isso. Se estivéssemos vivendo os tempos sombrios do regime autoritário, não haveria o que por ou tirar do figurino das autoridades governamentais. O mesmo discurso, do Brasil grande, do Brasil potência, e a mesma ladainha dos interesses estrangeiros e da "conspiração" contra o nosso crescimento. Que se dane os impactos socioambientais porque o Brasil precisa crescer.

Pessoalmente, entendo a necessidade de aumento da oferta de energia para o Brasil, bem como uma opção de hidroeletricidade ao invés de térmicas, que geram gases efeito estufa contribuindo para o aquecimento global. Até aí nada de novo. Todos acreditamos que o país precisará de novas fontes de energia e também melhor administrar a demanda. Entretanto, essas premissas não autorizam a construção de Belo Monte. O projeto está sendo implantado no final de um governo, com enorme participação de investimento do contribuinte, através da Eletrobrás e do BNDES, com custos questionáveis.

Muitos daqueles que são a favor de empreendimentos dessa natureza questionam o preço do megawatt (MW) a ser gerado em Belo Monte e da sua capacidade de geração: calcula-se que a usina gerará apenas 40% da capacidade instalada de 11.200 MW. Ou seja, Belo Monte corre o risco de se tornar uma nova Balbina, usina símbolo de mau planejamento energético do Brasil.

Enfim, por que empurrar goela abaixo da sociedade um projeto tão polêmico e com tanta controvérsia?

O processo de licenciamento não atendeu requisitos de transparência, pesando sobre o mesmo suspeita de açodamento por se tratar de iniciativa prioritária para o governo Lula. Os próprios ganhadores do leilão ameaçam desistir exatamente pelas incertezas que pesam sobre o empreendimento, ou seja, diante de tantos riscos.

Como tenho dito diversas vezes nessa coluna, Belo Monte significa o Brasil atrasado e o desenvolvimento do século XX. Da mesma maneira, revogar as conquistas do Código Florestal e implantar um Porto em Ilhéus, mais precisamente na Área de Preservação Ambiental da Lagoa Encantada, para exportação de minério de ferro, também são símbolos desse mesmo desenvolvimento atrasado.

Empreendimentos dessa envergadura e com impactos tão grandes sobre o Xingu deveriam ser postergados até que pudéssemos esgotar definitivamente todas as outras alternativas menos impactantes e polêmicas. Caso isso não ocorra, quem pagará a conta será o contribuinte brasileiro e as futuras gerações.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 11:39 am
por Tupi
Se a Dilma assumir publicamente que o regime militar tinha o melhor projeto para desenvolvimento e manutenção de um estado soberano. Eu me comprometo a fazer campanha pra ela. Mas até este momento eu não vi qualquer declaração dela favoravel ao regime militar. Só vi argumentações de que ela defendia o povo e que foi vitima. :?

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 11:39 am
por suntsé
Foi no governo do PSDB, que ouve um dos grandes apagões da historia moderna do Brasil né?

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 11:41 am
por Tupi
suntsé escreveu:Foi no governo do PSDB, que ouve um dos grandes apagões da historia moderna do Brasil né?
Depende de que tipo de apagão vc esta se referindo!

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 11:52 am
por suntsé
Tupi escreveu:
suntsé escreveu:Foi no governo do PSDB, que ouve um dos grandes apagões da historia moderna do Brasil né?
Depende de que tipo de apagão vc esta se referindo!
Apagão Energico é claro, qual outro apagão poderia ser. :lol:

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 2:54 pm
por Tupi
suntsé escreveu:
Tupi escreveu: Depende de que tipo de apagão vc esta se referindo!
Oi desculpe. Minha internet caiu depois que terminei de responder. Vou tentar completar.
No Sistema Elétrico Brasileiro - SEB, há o apagão energético e contratual.
Imagino que vc se refere sobre o apagão de 2001, que ao contrario do que muitos pensam não se deveu a falta de energia hidráulica, pois havia ENA (energia natural de afluência) nos submercados norte e sul. E escassez no sudeste e nordeste.
Desta forma podemos atribuir a falta de dinheiro, falta de planejamento e restrição na malha de transmissão os motivos determinantes do apagão da época.

Como estes componentes de infraestrutura, são advindo de obras e planejado com antecedencia de 5 e 10 anos. Podemos supor que a falha característica que provocou o apagão ocorreu entre 1995 e 1990. Se considerarmos este período de tempo veremos que foi justamente no ápice da crise de captais do Brasil que deflagrou o plano Real. E depois deste posto, a prioridade do governo era a sanitização econômica, com o corte de todas as despesas inclusive de investimentos do GF, que dariam como conseqüência obtenção de superávits sobre superávits. O que de certa forma mudou a forma como o captal financeiro mundial passou a visualizar a economia brasileira e trouxe a estabilidade econômica.
Sendo assim acusar o Gov de FHC de ter gerado um apagão em 2001 é uma acusação de pouca consistência. Apesar deste governo ter sim várias culpas no cartório. Essa não é uma delas.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 4:43 pm
por Francoorp
Editado por mim !

Peço desculpas aos colegas foristas pelo meu comportamento pouco educado em postar a mesma mensagem em varios tópicos.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 9:31 pm
por Hezekiah
O governo deveria esquecer esta usina de Belo Monte e investir em usinas nucleares mais próximas do consumidor, pois o custo desta hidreletrica é questionavel e o desgaste politico acabara não compensando.
Apesar dela gerar energia qdo o resto do pais estara no periodo de seca, tem que pensar bem se realmente vai valer o preço.
Alem disto deveriamos incentivar a energia eolica e solar trazendo empresas pro Brasil em joint ventures e beneficios fiscais , teriamos tecnologia de ponta e não perderiamos arrecadação como a Fazenda fala tda vez que desonera algum setor ja que não se arrecada aquilo que ainda não existe.
Td que não precisamos é de uma Balbina 2.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 9:50 pm
por WalterGaudério
Hezekiah escreveu:O governo deveria esquecer esta usina de Belo Monte e investir em usinas nucleares mais próximas do consumidor, pois o custo desta hidreletrica é questionavel e o desgaste politico acabara não compensando.
Apesar dela gerar energia qdo o resto do pais estara no periodo de seca, tem que pensar bem se realmente vai valer o preço.
Alem disto deveriamos incentivar a energia eolica e solar trazendo empresas pro Brasil em joint ventures e beneficios fiscais , teriamos tecnologia de ponta e não perderiamos arrecadação como a Fazenda fala tda vez que desonera algum setor ja que não se arrecada aquilo que ainda não existe.
Td que não precisamos é de uma Balbina 2.
Não será uma Balbina 2. Pode ficar tranqüilo.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Abr 23, 2010 10:06 pm
por marcelo l.
É muito dificil ocorrer balbina 2, mas usina nuclear os mesmos grupos que são contra a Belo Monte vão brigar mais ainda contra uma usina dessas na amazônia.

O que pode se tentar e é caro claro, com Belo Monte a toda, diminuir o lago de Balbina e trocar as turbinas que são tipo francis para tipo bulb.

Aqui dá para entender por que apesar dos custos o lago seria significativamente menor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Turbina_hidr%C3%A1ulica

Apesar de ter dados idendicos este artigo é bem mais técnico, se alguém ler a página 23 que tem a tabela das 10 maiores hidrelétricas do Brasil...vai ver que ou faz Belo Monte ou vamos ter problemas sérios, isso que é para seca é para agora, no futuro próximo provavelmente usará toda energia e "a reserva" será a de Usina Hidrelétrica São Luiz do
Tapajós que está apenas projetada.

http://www.dee.ufc.br/~rleao/GTD/Geraca ... etrica.pdf

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Abr 24, 2010 4:34 am
por Bolovo
Não tenho muito opinião formada, mas quem serão os consumidores da Usina de Belo Monte? Quero respostas precisas e não "O Brasil", "Boa parte do Brasil" e etc.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Abr 24, 2010 8:05 am
por Tupi
Bolovo escreveu:Não tenho muito opinião formada, mas quem serão os consumidores da Usina de Belo Monte? Quero respostas precisas e não "O Brasil", "Boa parte do Brasil" e etc.
A usina terá opção de vender toda sua energia em leilões A-5 para o ACR (mercado cativo), nos quais as concessionárias(CPFL, CEMIG, CELESC, COPEL, CELPE, COELBA...) adquirem energia para suprir os consumidores residenciais e os demais cativos do Brasil inteiro. Ou vender parte de sua energia no ACL (mercado livre).

Se a usina fosse de propriedade apenas da Chesf eu arriscaria um palpite no comprometimento de 70 a 80% da potencia assegurada na primeira modalidade de venda (mercado cativo) e 20 a 30% no mercado livre(ACL).
Mas como tem a participação de empreiteiras privadas. Este percentual pode ser invertido.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Abr 24, 2010 9:40 am
por Centurião
Ao contrário do que alguns pensam, não acho que Belo Monte desgastará o governo. Acho que será bom para a Dilma, pois vai traçar claramente um linha que separa os dois candidatos. A usina é imprescindível para continuarmos crescendo, além disso é importante para afirmamos que formamos nosso próprio pensamento sem ter medo ou receio de artistas ou organizações estrangeiras. O PSDB, mais uma vez, mostra que seus quadros não possuem pessoas com fibra, com coragem, o que mostra que não são a melhor solução para o Brasil. Ao evidenciar essa discussão, a oposição fortalece a Dilma, e o povo conseguirá enxergar isso.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Abr 25, 2010 10:49 am
por Marino
Globo:
Bofetada brasileira

CARLOS LARREÁTEGUI



O acordo de cooperação militar subscrito entre o Brasil e os Estados Unidos representa uma dura bofetada nos países da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba, a organização capitaneada pela Venezuela e integrada por Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua, Dominica, San Vicente e Granadinas, Antigua e Barbuda).

É, também, um sério revés para a nascente União de Nações Sul-Americanas (Unasul, criada pelo Brasil com o objetivo de um dia constituir uma zona livre de comércio na América do Sul).

Embora o Itamaraty tenha procurado baixar o tom da repercussão, assinalando tratar-se de um mero acordo de "cooperação e diálogo" e que, de nenhuma forma, poderia ser comparado ao controvertido convênio entre Bogotá e Washington, esta aproximação provocará profundas fissuras na Unasul.

Isso na mesma época em que os Estados Unidos redobram suas ações diplomáticas para fortalecer seus laços militares com aliados como Peru, Chile e Colômbia. O isolamento dos países da Alba vai se tornando patético.

Em julho de 2009, Colômbia e os EUA subscreveram um acordo militar que desatou uma tormenta sem precedentes no hemisfério. "Têm planos para nos invadir (EUA)", declarou Hugo Chávez. E o ministro de Segurança do Equador, Miguel Carvajal, disse que não se podia descartar "uma escalada militar entre Colômbia e Equador".

Os discursos anti-imperialistas dos anos 60 ressoaram com força entre consultas e protestos no continente. A Venezuela procurou atiçar o fogo interrompendo até as trocas comerciais com a Colômbia e congelando as relações com seu vizinho.

O acordo aceito pelo Brasil prevê, entre outras coisas, a cooperação em segurança tecnológica, apoio logístico, pesquisa e parâmetros para a compra e venda de arsenal militar. Não há dúvida de que este país, fiel à sua tradição pragmática em política exterior, subscreveu o acordo com a intenção de que sua crescente indústria militar penetre no gigantesco mercado norte-americano; empresas como Embraer poderiam estruturar negócios sem precedentes com o Departamento de Defesa dos EUA. Por tudo isso, fontes do Pentágono disseram que se trata de "algo enorme" que os Estados Unidos vinham buscando há muito e que estreitará as relações militares de maneira significativa.

É verdade que o acordo militar assinado pelo Brasil, ao contrário do feito por Bogotá e Washington, não contempla a utilização de bases nem a presença permanente de pessoal militar em seu território. Há que anotar, no entanto, que os dois acordos militares são um "Defense Cooperation Agreement" (DCA), muito similares na sua natureza e conceito. Com isto, o Brasil deixou os países da Alba sem chão.

CARLOS LARREÁTEGUI é jornalista.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Abr 25, 2010 10:55 am
por Marino
ESP:
''EUA e Rússia deviam ter escudo contra o Irã''

Henry Kissinger, Ex-secretário de Estado americano (1973-1977)

Nathan Gardels, Global Viewpoint



Como o sr. vê o novo tratado nuclear entre EUA e Rússia, a reformulação da estratégia americana para o uso de armas atômicas e a recente reunião com líderes mundiais sobre a segurança nuclear, em Washington?

O Start (acrônimo em inglês para Tratado Estratégico para a Redução de Armas) é um passo significativo para um recomeço nas relações entre Rússia e EUA. As reduções anunciadas são marginais em sua substância e serão realizadas, em parte, por meio de alterações nas regras de contagem. Trata-se de um passo útil que merece a ratificação. Também concordo com as novas diretrizes para o uso de armas nucleares nos EUA. Entretanto, a declaração de que os EUA não responderiam com armas nucleares a ataques biológicos e químicos é demasiadamente explícita. Certa ambiguidade deveria ser mantida nessa questão. Quanto à recente reunião de cúpula entre líderes mundiais, é fundamental controlar o material físsil em todo o mundo, especialmente com a difusão do uso civil da energia nuclear.

Os EUA já propuseram no passado compartilhar um sistema de defesa antimísseis com a Rússia na Europa. É uma proposta realista? Será uma boa ideia?

Sou a favor do desenvolvimento de um sistema conjunto de defesa antimísseis contra o Irã em parceria com a Rússia. Mas os EUA precisam também de sistemas de defesa controlados pelos americanos contra ataques estratégicos vindos de outras direções. Assim, devemos cooperar com a Rússia no caso do Irã, mas não podemos abrir mão de sistemas antimísseis destinados à contenção de outras ameaças.

Como lidar com a China hoje?

Esse é o grande desafio ainda sem solução na geopolítica atual. Há perspectivas para uma abordagem construtiva em relação a uma série de novos interesses comuns que nunca foram enfrentados no âmbito global - mudança climática, proliferação nuclear - que exigirão da política externa de ambos os países um alcance sem precedentes.

A China apoiará sanções contra o Irã?

A questão é como definir as sanções. A ideia não é estabelecer sanções por si mesmas, mas determinar o impacto que elas terão no Irã. Acredito que a China tenha consciência do perigo da proliferação nuclear.

Como o sr. avalia o Bric? Qual será o papel desempenhado por esse bloco no palco mundial?

A pergunta é se os Brics serão capazes de alinhar suas políticas em um bloco coerente. China, Rússia, India e Brasil não são candidatos à formação de um grupo que exclua os EUA, e muito menos que os confronte. Eles são diferentes do movimento não-alinhado dos anos 70 e 80 porque não são mais países em desenvolvimento. Além disso, o movimento não-alinhado tentava se colocar entre os EUA e a União Soviética. Quem são as potências entre as quais o Bric pretende se situar?

Eles se opõem aos EUA e ao FMI, por exemplo.

É retórica. Eu ficaria surpreso se eles chegassem a uma posição política comum e coerente.

TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL