GEOPOLÍTICA

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Marino
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Re: GEOPOLÍTICA

#1756 Mensagem por Marino » Sáb Abr 17, 2010 9:30 am

Papel ainda dúbio no clube dos trilhões

Para "Economist", Bric tem força econômica, mas falta coerência histórica



A revista britânica “Economist” traz esta semana um extenso artigo sobre o Bric, o grupo de grandes emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China. A matéria ressalta a importância do bloco na conjuntura internacional, mas afirma que ainda não está claro o seu papel histórico, no sentido do estabelecimento de uma nova ordem econômica e política mundial. A “Economist” batiza o Bric como o “clube dos trilhões de dólares”, em referência ao Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) de cada país, mas destaca que a importância individual de cada “gigante emergente” ainda supera o seu papel como grupo.

No lado econômico, a revista compara a forma como os Bric entraram e saíram da crise financeira global com a dos países ricos, sobretudo os da União Europeia. Politicamente, o papel de cada nação nas discussões do clima, por exemplo, reforçaram o prestígio e a importância do bloco no debate sobre questões centrais, permitindo inclusive o pleito de maior representatividade dos organismos multilaterais, loteados pelas nações do chamado G-7. A formação do G-20 seria o resultado prático desse reconhecimento internacional.

A revista também menciona a segunda reunião de cúpula do Bric, realizada em Brasília e encerrada na quinta-feira, destacando ainda a presença da África do Sul, em um encontro paralelo.

Se a primeira cúpula, na Rússia, não produziu resultados concretos, ela serviu para pavimentar um caminho que culminou no encontro de Brasília, marcado por reuniões paralelas entre representantes comerciais, presidentes de bancos centrais e ministros de Finanças e Relações Exteriores. A “Economist” menciona a proposta de criação de um banco de fomento do bloco, um “BNDES do Bric”.



O artigo indaga, porém, que diferença poderá fazer o bloco.

E responde analisando aspectos econômico e políticos dos quatro países. “Estará o Bric criando um momento próprio? Se a resposta for positiva, que diferença isso fará?”.

Poder do bloco está na influencia sobre países ricos A revista lembra que o bloco é relevante sobretudo por seu peso econômico. E o sinal mais conspícuo desse peso é o tamanho das reservas soberanas.

Brasil, Rússia, Índia e China estão entre as dez nações com maiores reservas, representando, juntos, 40% das reservas totais do mundo.

Só a China, lembra o artigo, tem impressionantes US$ 2,4 trilhões. E a Rússia, US$ 420 bilhões.

Esses volumes criaram colchões contra as turbulências e ajudaram a fortalecer o Bric como potência econômica.

O artigo cita Mathias Spektor, da Fundação Getulio Vargas, afirmando que os Bric “não são exatamente uma alternativa ao Consenso de Washington, mas o bloco oferece outros modelos e estão efetivamente expressando algo distinto no campo econômico”.

A “Economist” conclui afirmando que os Bric não têm coerência “legal, histórica e geográfica, da mesma forma que a União Europeia”. Talvez seu maior papel seja o de pressionar os países ricos a mudarem suas formas de administrar a economia global.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1757 Mensagem por Sterrius » Sáb Abr 17, 2010 11:24 am

Para "Economist", Bric tem força econômica, mas falta coerência histórica
Se paises fossem depender de coerência historica pra serem bem sucedidos nos ainda estariamos em Roma como centro do mundo. E não um país novo na america do norte com apenas 200 anos que antes da primeira guerra era apenas um "país que incomoda mas que não sairá disso".

Tb é irreal querer que o BRIC tenha um papel sequer parecido com o da União Europeia! Mas não é nada irreal pensar em um futuro "G4" onde os 4 paises tentam adequar seus discursos e acordos para o G20, aumentando assim em muito suas chances de terem seus interesses protegidos.




Carlos Mathias

Re: GEOPOLÍTICA

#1758 Mensagem por Carlos Mathias » Sáb Abr 17, 2010 2:23 pm

Perfeito, Sterrius. :)




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Re: GEOPOLÍTICA

#1759 Mensagem por Marino » Seg Abr 19, 2010 10:51 am

Época:
O acerto da aposta do Brasil nos Brics
FERNANDO ABRUCIO é doutor em Ciência Política pela USP, professor da Fundação Getúlio Vargas (SP) e escreve quinzenalmente em ÉPOCA
A inovação mais positiva da política externa do presidente Lula é sua aposta nos chamados Brics, o bloco que congrega o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, com a possibilidade cada vez maior de a letra S final significar África do Sul, por conta de sua grafia em inglês (South Africa). Nem sempre concordaremos com esses países, mas nossos interesses nacionais, de um modo ou de outro, passarão pela articulação com tais nações no século XXI. A novidade começa pela ausência de tradição de relacionamento com esses países. Nossos interlocutores principais sempre foram a Europa, os Estados Unidos e, com mais força no período recente, a América do Sul. Houve, é verdade, tentativas anteriores de fazer uma política externa independente, aumentando o diálogo com nações fora de nossa área de influência e que não tinham alinhamento automático com as grandes potências. Mas geraram poucos frutos. Talvez porque este terceiro-mundismo fosse resultado da dificuldade de ascensão internacional, ao passo que os Brics nascem hoje da emergência econômica e política de seus componentes. O que dá identidade aos Brics é ter, ao mesmo tempo, posição privilegiada no plano regional e influência internacional mais ampla. Esse fenômeno não é igual para todos os participantes. É por isso que se hesita tanto em colocar a África do Sul na lista, dada sua pequena ascendência para além do continente africano. Ao se aliar com tais países, o Brasil ganha duas vezes: realça sua força regional na América do Sul e ganha parceiros em outras partes do planeta, seja onde sempre teve pouca conexão, como na Ásia, seja onde quer ampliar seu poderio, como na África. A opção estratégica por esse bloco também reforça a posição brasileira em fóruns mais amplos e de cunho multilateral. O Brasil não teria fortalecido sua posição no FMI sem se aliar com a China e com a Índia. A reivindicação de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança na ONU só poderá ser feita em parceria com essas “grandes baleias”, como tais países eram chamados na década de 1990. No entanto, há divergências entre os Brics nas relações internacionais. Será difícil chegar a um acordo completo entre eles na Organização Mundial do Comércio, pois o interesse brasileiro de haver maior abertura agrícola se choca com a posição indiana. O Brasil ganha duas vezes: realça sua força regional e ganha parceiros em outras partes do planeta Trata-se de uma aliança com geometria política variável, uma vez que poderão se unir todos para atuar em certos fóruns internacionais, enquanto noutras ocasiões haverá tabelinhas mais pontuais. Independentemente das divergências, o bloco ganha um sentido comum por duas razões. A primeira deve-se ao fato de representarem a parcela do mundo que tem o maior potencial de crescimento econômico, obtendo a capacidade de influenciar regras em vários setores da economia mundial. Além disso, suas características sociodemográficas, ambientais e políticas os favorecem a exercer o papel de ímã no plano geopolítico regional e global. Em outras palavras, podem estabelecer contrapontos mais efetivos à Europa e aos Estados Unidos, juntando outros a esse novo polo. Para o Brasil, ademais, essas nações oferecem complementaridades e oportunidades. Por exemplo, teremos um papel central na alimentação de bilhões de indianos, chineses e russos, mas também poderemos juntar nossas empresas ou obter investimentos desses países. Claro que há o perigo de nos especializarmos como “fazenda” ou fornecedor de minérios, comprando os bens de maior valor agregado dos chineses. Mas esse não é o único caminho dessa relação, pois podemos atuar para que façamos mais coisas juntos do que separados. A aposta nos Brics não reduzirá a atenção que o Brasil dá a seus parceiros tradicionais, como a América do Sul ou os Estados Unidos. Ao contrário, poderá nos fortalecer nesses âmbitos, pois seremos mais respeitados em virtude do crescimento de nossa influência. Temos a necessidade de jogar em vários tabuleiros nessa ordem global. Só não podemos escolher o lado errado, como estamos fazendo no caso do Irã.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1760 Mensagem por Bender » Seg Abr 19, 2010 1:50 pm

O Presidente Lula tem viajem marcada para a Russia no mes que vem,leva junto séquito de empresários.

Sds.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1761 Mensagem por soultrain » Seg Abr 19, 2010 8:18 pm

Do Europe and Asia Free Ride On American Military Power?

A vigorous conversation is underway over at The Economist ‘s American politics blog over whether or not much of Europe and East Asia “free ride” on the back of American military power.

Touching off the debate was this post by right-leaning AEI’s Michael Auslin, warning that the decline of America’s global presence and strategic influence, brought about by burgeoning national debt, will lead to “decades, if not centuries, of global instability, increased conflict, and depressed economic growth and innovation.”

That claim led to a counter-argument that Russia and China, the potentially destabilizing powers, have as much interest as anybody else in maintaining the free flow of goods and capital. Expanding further along this line of debate, The Economist said the free rider argument is a spurious one, citing relatively high levels of defense spending in South Korea and Taiwan and asking: “What is the threat to Singapore, Malaysia, Indonesia, or (apart from tussles with China over undersea mineral rights in the Yellow Sea) Japan?”

As for Europe, the most frequently cited free riding offender, The Economist says: “1. The major European powers spend a healthy 2%-plus of GDP on defense, and 2. No major European country faces any serious military threat.”

I’d be curious to hear what readers think on two issues raised here: Is the prevailing global power balance so fragile that marginal changes in certain nation’s weapons portfolios can upend the entire order? Is the global “just-in-time” trade flow conveyor belt self policing?

Read more: Defense Tech | The future of the Military, Law Enforcement and National Security





"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento" :!:


NJ
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Re: GEOPOLÍTICA

#1762 Mensagem por Sterrius » Seg Abr 19, 2010 9:24 pm

will lead to “decades, if not centuries, of global instability


Chegar a pensar em 1 ou 2 decadas até que da pra se pensar. Agora séculos? EUA deve ta achando que é o imperio ocidental de roma :lol: :lol: . A I e II Guerra mais que provaram que os periodos de recuperação dos paises esta se dando cada vez mais rapido devido a globalização que permite paises fora de conflitos de rapidamente substituirem os que estão decaindo. E dessa vez os paises não estarão destruidos sob toneladas de detritos e ruinas.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1763 Mensagem por Marino » Ter Abr 20, 2010 10:09 am

Jeito 'amoroso' do Brasil é obstáculo para estar entre os grandes, diz jornal

Foto: Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (esq.), cumprimenta o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Diplomacia e estilo paz e amor de Lula é obstáculo para o país ingressar no grupo de países influentes, diz o Financial Times

Artigo publicado nesta terça-feira (20) pelo jornal britânico Financial Times afirma que o jeito "amoroso" do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional.

O texto assinado pelo jornalista John Paul Rathbone afirma que, após a crise financeira global, o Brasil "tornou-se importante na comédia das nações, quase sem ninguém perceber".

Há seis anos, o Brasil participava apenas pela primeira vez como convidado de uma reunião do G8, grupo que reúne as maiores economias industrializadas do planeta, e tinha mil diplomatas espalhados pelo mundo. Hoje, segundo o jornal, o Brasil tem 1,4 mil diplomatas e sua voz, ao lado da Turquia e China, é importante em questões internacionais, como as sanções nucleares ao Irã.

Política de 'arco-íris'
No entanto, segundo o texto, "a política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça".

"Gafes recentes mudaram a imagem açucarada do Brasil e do seu presidente também", afirma o Financial Times.
Entre os episódios citados pelo jornal estão a crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à greve de fome ativista cubano Orlando Zapata e os comentários do presidente sobre protestos da oposição após as eleições no Irã – quando Lula disse que as manifestações eram "choro de perdedores".

O jornal também destaca o fato de que o Brasil condenou a instalação de bases militares americanas na Colômbia, mas ignorou a compra de armas russas feita pela Venezuela ou o suposto apoio do governo de Caracas às milícias das Farc.

"Para os críticos, essa é uma política externa irritante – narcisista e ingênua. Mas como todos os países poderosos, o Brasil está perseguindo o que acredita que sejam seus interesses. Se ele está fazendo isso bem é outro assunto", diz o texto.

Para o jornal, o Brasil tem diplomatas de competência reconhecida, sobretudo na área comercial, mas o país não tem institutos de pesquisa capazes de abastecê-los com informações sobre o mundo, como Moscou e Washington, o que levaria o país a cometer "erros" e não se acostumar "aos holofotes da opinião internacional".

"Isso custou pouco ao Brasil até agora", diz o Financial Times.
"Ainda assim, muitos sentem que se o Brasil vai se sentar na principal mesa, ele terá de tomar decisões difíceis", afirma o jornal, citando a posição do país sobre propriedade intelectual na Rodada Doha.

Outro desafio do Brasil, segundo o artigo, acontecerá após as eleições, quando o país perderá o "charme de Lula".
"A imagem do império carinhoso pode não durar mais", conclui o texto.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1764 Mensagem por EDSON » Ter Abr 20, 2010 9:56 pm

20/04/2010 - 21h23
EUA vão rever controle para exportações bélicas
Por Phil Stewart e Doug Palmer

WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, anunciou na terça-feira planos para reformular regras da época da Guerra Fria para a exportação de tecnologia e equipamentos militares, alegando que elas podem ameaçar a segurança nacional, prejudicar as indústrias bélicas e causar atritos com aliados.

As medidas têm apoio das empresas, mas devem enfrentar resistência no Congresso. Para Gates, o atual marco regulatório do setor é "um amálgama bizantino de autoridades, papéis e missões".

"O sistema da América, velho de décadas, burocraticamente labiríntico, não serve às nossas necessidades ou interesses econômicos do século 21", disse ele a executivos em Washington.

"Está claro que as nossas atuais limitações nessa área abalam nossa capacidade de trabalhar com e por meio de parceiros para confrontar ameaças e desafios compartilhados - do terrorismo aos Estados párias e às potências ascendentes", acrescentou.

Ele disse que no novo sistema "muros mais altos serão erguidos em torno de menos itens, porém mais críticos", e que haverá uma só lista de controle de exportações, uma só agência licenciadora e uma só agência fiscalizadora.

Gates acrescentou que o governo Obama vai começar a preparar as reformas nos próximos meses, e "adoraria" aprová-las ainda neste ano. "Precisamos de um sistema que dispense 95 por cento dos casos 'fáceis' e nos permita concentrar nossos recursos nos restantes 5 por cento", afirmou.

Tentativas anteriores de promover essa reforma focavam não na segurança nacional, e sim nos interesses econômicos. Um estudo do Instituto Milken para a Associação Nacional das Indústrias estimou que a modernização dos controles de exportação poderia agregar 64 bilhões de dólares ao PIB nacional, criando 160 mil empregos industriais.

Executivos elogiaram a iniciativa, mas questionaram se Gates não estava prometendo muito em muito pouco tempo, já que o Congresso tem pela frente uma pauta abarrotada, que inclui a reforma da regulamentação financeira.

Muitos parlamentares relutam em relaxar os controles sobre tecnologias desejadas por adversários dos EUA. Mas a reação inicial de republicanos e democratas foi positiva, ainda que cautelosa.

"Precisamos assegurar que isso resulte em uma maior proteção e monitoramento de importantes itens e tecnologias de defesa", disse Howard McKeon, líder da oposição republicana na Comissão de Serviços Armados do Congresso.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1765 Mensagem por Penguin » Ter Abr 20, 2010 10:31 pm

20/04/2010
Amabilidade do Brasil é obstáculo para país ingressar no grupo dos líderes mundiais

Financial Times
John Paul Rathbone

Imagem
Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (esq.), cumprimenta o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Diplomacia e estilo "paz e amor" de Lula é obstáculo para o país ingressar no grupo de países influentes, diz o Financial Times Hillary Clinton, tentando conter aquilo que ela teme ser uma rota de guerra no Oriente Médio, está ela própria engajada em um curso belicoso.

A secretária de Estado dos Estados Unidos está lutando para convencer países em dúvida dos méritos das sanções propostas contra o Irã. Entre os céticos estão a Turquia (vizinha do Irã), a China (uma descrente tradicional) e o Brasil.

O Brasil? Tendo suportado bem a crise financeira global, o país tornou-se importante na comédia das nações, quase sem que ninguém percebesse. Na semana passada, Brasília recebeu os líderes da China, da Rússia e da Índia, na segunda reunião de cúpula dos “Brics” - tendo convidado também a África do Sul por cortesia.

Ainda mais notável tem sido a velocidade da ascensão do Brasil. O país participou da primeira reunião do G8 há apenas seis anos, como observador. Naquela época, ele contava com mil diplomatas espalhados pelo mundo. Hoje há 1.400, e o Brasil chegou até a abrir uma embaixada em Pyongyang.

“Brasil, Rússia, Índia e China têm um papel fundamental na criação de uma nova ordem internacional”, declarou na semana passada o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Esse tipo de linguagem imperial seria de se esperar da Rússia ou da China. No caso de Lula da Silva, o ex-líder trabalhista de 64 anos de idade, no entanto, as palavras são adoçadas pela sua imagem global de homem comum – ou “o cara”, conforme Barack Obama certa vez o chamou.

Certamente, o líder brasileiro não sentiu nenhum desconforto ao abraçar Hillary Clinton em um dia de março e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, no dia seguinte – conforme ele pretende fazer novamente durante uma visita a Teerã no mês que vem.

“Eu estou infectado pelo vírus da paz”, disse certa vez Lula da Silva. E o ministro da Defesa do Brasil chegou a frisar que o país não tem inimigos.

No entanto, essa política do arco-íris adotada pelo Brasil pode estar chegando a um limite, e ela poderia até mesmo ameaçar a cadeira permanente no Conselho de Segurança na Organização das Nações Unidas (ONU) que o país cobiça.

Gafes recentes prejudicaram a imagem lapidada do Brasil, e a do seu presidente também. “Um gigante político, mas um pigmeu moral”, afirmou recentemente Moisés Naím, editor da revista “Foreign Policy”.

Houve um momento em fevereiro quando Orlando Zapata, um ativista dos direitos humanos de Cuba, morreu, após uma greve de fome de 86 dias. “Greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para libertar pessoas”, comentou Lula da Silva, apesar do fato de ele próprio ter feito greve de fome durante a ditadura militar brasileira.

Além disso há a vizinha Colômbia, que o Brasil tem criticado devido ao acordo de Bogotá com os Estados Unidos referente a bases militares, embora Brasília ignore o apoio da Venezuela ao movimento guerrilheiro colombiano Farc, bem como a aquisição de armas russas por parte de Caracas.

Finalmente, há o Irã. No ano passado, Lula da Silva cumprimentou Ahmadinejad pela sua contestada vitória eleitoral. Após comparar os manifestantes iranianos a maus perdedores de uma partida de futebol, ele convidou Ahmadinejad para visitar o Brasil. A iniciativa fez parte do papel que Brasília adotou, de pacificador de todos, e que neste caso consiste em apoiar o direito do Irã à energia nuclear, mas não a armas nucleares.

Os diplomatas brasileiros são amplamente reconhecidos como negociadores habilidosos, especialmente na área comercial. Mas o país carece de uma rede de pesquisa que lhe informe sobre as visões de mundo conforme as estruturas de, digamos, Washington ou Moscou. Ele não está acostumado aos holofotes da opinião internacional. E, inevitavelmente, o Brasil tem cometido erros.

Isso até o momento tem custado pouco para o Brasil. O comércio representa apenas um quinto da economia do país, de forma que a necessidade de cultivar a boa vontade comercial do Ocidente não é um fator decisivo. E o Brasil também não enfrenta problemas imediatos nas suas fronteiras. O Brasil é menos pressionado do que a maioria dos países por problemas de segurança, necessidades econômicas ou políticas domésticas. Ele pode se dar ao luxo de dizer o que deseja – em relação ao Irã ou qualquer outro assunto.

Mesmo assim, muitos acreditam que se o Brasil quiser sentar-se à mesa internacional mais importante do mundo ele terá que fazer algumas escolhas difíceis. O Brasil poderia ajudar a fazer com que a rodada Doha de negociações sobre o comércio internacional fosse reativada – com a possibilidade de se beneficiar com isso. Mas isso significaria fazer pressões quanto a certas questões, como a da propriedade intelectual, que poderiam desagradar os seus atuais amigos.

Um desafio maior terá início após a eleição presidencial de outubro deste ano, quando o Brasil terá que se virar sem o charme de Lula da Silva. A imagem de império da amabilidade característica pelo país poderá não durar.

Tradução: UOL




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Re: GEOPOLÍTICA

#1766 Mensagem por marcelo l. » Ter Abr 20, 2010 10:54 pm

"Os diplomatas brasileiros são amplamente reconhecidos como negociadores habilidosos, especialmente na área comercial :shock: . Mas o país carece de uma rede de pesquisa que lhe informe sobre as visões de mundo conforme as estruturas de, digamos, Washington ou Moscou. Ele não está acostumado aos holofotes da opinião internacional. E, inevitavelmente, o Brasil tem cometido erros".

Primeiro shock, o Itamaraty sempre foi criticado pela sua falta visão comercial.

Sobre o Irã, os EUA só tem até o momento 5 votos do conselho certos para sanções duras. O texto esqueceu India e África do Sul que estiveram no Brasil e são contras, a India e África do Sul.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1767 Mensagem por suntsé » Ter Abr 20, 2010 11:15 pm

marcelo l. escreveu:"Os diplomatas brasileiros são amplamente reconhecidos como negociadores habilidosos, especialmente na área comercial :shock: . Mas o país carece de uma rede de pesquisa que lhe informe sobre as visões de mundo conforme as estruturas de, digamos, Washington ou Moscou. Ele não está acostumado aos holofotes da opinião internacional. E, inevitavelmente, o Brasil tem cometido erros".

Primeiro shock, o Itamaraty sempre foi criticado pela sua falta visão comercial.

Sobre o Irã, os EUA só tem até o momento 5 votos do conselho certos para sanções duras. O texto esqueceu India e África do Sul que estiveram no Brasil e são contras, a India e África do Sul.
Isto me cheira a inconformismo por parte dos americanos, eles não se conformam de ver o Brasil ter uma ponto de vista conflitante com o deles.




Carlos Mathias

Re: GEOPOLÍTICA

#1768 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Abr 21, 2010 12:57 am

E é deles que vamos depender estrategicamente através da compra de armas caixa-preta????

Depois perguntam o porque de certas coisas. 8-]




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Re: GEOPOLÍTICA

#1769 Mensagem por Penguin » Qua Abr 21, 2010 12:41 pm

Carlos Mathias escreveu:E é deles que vamos depender estrategicamente através da compra de armas caixa-preta????

Depois perguntam o porque de certas coisas. 8-]
Claro que não! Vamos depender de um certo país que segue e defende*, "por coincidência", diga-se de passagem, as mesmas políticas globais dos EUA. Mas isso é um pequeno detalhe que merece ser esquecido. Deixa pra lá.

[]s

* com a única excessão (depois da Guerra Fria) da Invasão ao Iraque de Saddan na segunda Guerra do Golfo (2003).




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Re: GEOPOLÍTICA

#1770 Mensagem por marcelo l. » Qua Abr 21, 2010 1:38 pm

Santiago escreveu:
Carlos Mathias escreveu:E é deles que vamos depender estrategicamente através da compra de armas caixa-preta????
Depois perguntam o porque de certas coisas. 8-]
Claro que não! Vamos depender de um certo país que segue e defende*, "por coincidência", diga-se de passagem, as mesmas políticas globais dos EUA. Mas isso é um pequeno detalhe que merece ser esquecido. Deixa pra lá.
[]s
* com a única excessão (depois da Guerra Fria) da Invasão ao Iraque de Saddan na segunda Guerra do Golfo (2003).
As nossas também são bem parecidas com as dos EUA, a diferença é só olhar na balança comercial, tirando o caso Cuba tudo é facilmente explicado. Por projeções até Cuba entra, coisa que haja otimismo.

A parceria Brasil e França mais é um desses fatos de capacitar o país até 2030 criando aos poucos uma "indústria nacional", quando aí sim o orçamento militar estará livre de partes das amarras atuais.

Agora o dinheiro do Irã é parte importante dessa equação, Washington tem que começar a fazer mais parcerias e parar com o protecionismo.




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