América Latina - Latin America
DEFESA@NET 23 Julho 2008
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VENEZUELA
As tensas relações entre Caracas e Moscou
Nelson Düring
Editor Chefe Defesa@Net
DEFESA@NET - Este artigo da agência Interfax é o mais detalhado da agenda russa-venezuelana
Russian-Venezuelan high-level talks in Moscow might result in military-technical, oil deals - sources
http://www.defesanet.com.br/al1/ven_arms_20.htm
Chávez oferece base militar a Moscou - Reuters 23 Julho 2008-
http://www.defesanet.com.br/al1/ven_arms_21.htm
As tensas relações entre Caracas e Moscou - Defesa@Net - 23 Julho 2008
http://www.defesanet.com.br/al1/ven_arms_22.htm
A visita do presidente Hugo Chavez à Rússia, a sexta, desde que assumiu a presidência da Venezuela, tem inúmeros significados. Enquanto era esperado por círculos industriais que poderia ser assinado um pré-contrato para equipamentos avançados como o caça Su-35, e até uma cifra de US$ 30 bilhões, na verdade nada aconteceu. Aliás, bem ao contrário mostrou uma série grande de divergências entre Caracas e Moscou.
A Rússia o recebeu de forma fria e segundo fontes da imprensa ligadas ao governo, que não foram apresentadas pelas grandes agências noticiosas internacionais há efeitos ainda dos computadores de Raul Reyes.
O governo russo tem receio que o apoio mais que formal dado por Chavez às FARC e comprovado pelas mensagens transcritas do computadores capturados pelas forças colombianas no ataque à Raul Reyes a envolva no conflito, estremeça mais as relações com Wasghington e prejudique a sua imagem na região..
A Rússia deseja impor estritos controles das armas que irão compor os novos contratos de fornecimento assim como de alguma maneira as armas já fornecidas. Um item para lá de incomodo pois a escolha do fuzil AK-103 tinha como a melhor qualidade usar a mesma munição do AK-47, o calibre 7,62mm, arma padrão da guerrilha colombiana. Protocolos formais que impeçam o repasse das armas a terceiros foram discutidos, porém é inaceitável ao governo chavista.
Importante que a Colômbia também é cliente de armas russas, adquirindo helicópteros Mi-17V e produzindo localmente o blindado BTR-80A. Os helicópteros Mi-17V inclusive forma usados no regate de franco-colombiana Ingrid Bettancourt.
Mais importante em junho passado o presidente russo Dmitriy Medvedev reuniu-se com o vice- president da Colômbia, Francisco Santos, e discutiram a possibilidade de novas vendas de armamentos à Colômbia, que tem como maior adversário a Venezuela.
Há possibilidades de que o México e Argentina adquiram equipamentos bélicos russos e principalmente, agora que o Brasil reabriu oficialmente o programa de aquisição de caça F-X2, Moscou está mais cuidadosa.
Assim nos últimos meses as relações entre Moscou e Caracas estão mais geladas. É claro que a origem do estremecimento é exatamente a área de armamentos. A Venezuela é o mais importante cliente de equipamento bélicos russos na América Latina (a soma dos contratos já realizados alcança mais de US$ 4 bilhões). Moscou e Caracas discutiram novos contratos, que poderiam adicionar mais US$ 2 bilhões. Entre os equipamentos discutidos: 20 baterias do sistema de defesa Thor-M1 e Thor-M2E, três ou quarto submarinos do Projeto 636, 12 aviões de transporte militar Il-76 e Il-78 para reabastecimento aéreo. Poderia incluir ainda mais 24 caças Sukhoi.
Entretanto, Alexander Fomin, vice-diretor do Departamento Federal para colaboração Técnica Militar declarou “neste momento nenhuma assinatura de contratos está prevista."
Outras fontes mencionam que o contrato para os aviões Il-76 podem ser assinados no fim de 2008.
Para o mesmo período é prevista a assinatura do contrato de aquisição de novos caças. A Venezuela até o momento não definiu que modelo adquirirá. O modelo a ser escolhido dependerá do prazo de entrega. Poderá ser novamente o Su-30MK2V, com entregas possivelmente já no ano seguinte, mas se o escolhido for o novo caça Su-35, as entregas serão após 2011.
Outro ponto de atrito entre Moscou e Caracas é a solicitação do governo chavista para que as novas compras sejam financiadas com créditos a serem abertos pelo governo russo. Negociações foram iniciadas na visita do vice-presidente venezuelano Ramon Carrisales, em junho de 2008. A resposta russa é uma pergunta :"
por qual razão um país produtor de petróleo e membro da OPEP, com o preço a U$130 o barril, necessita de créditos para adquirir armamentos".
Na reunião de Hugo Chávez com Vladimir Putin a temática dos armamentos foi tratada. A Rússia procura outros campos para investimento como a Rusal, na criação de um complexo de alumínio. Também a parceria entre as estatais Gazprom e PDVSA na extração, processamento e distribuição de gás.
O futuro
Porém a Venezuela deverá permanecer ligada à Rússia como maior e talvez única fornecedora de armas.
"Qualquer que seja a conjuntura do mercado mundial de material bélico, Hugo Chávez seguirá comprando armamento na Rússia e poderá gastar até cinco bilhões de dólares na próxima década", afirmou o especialista em entrevista para a agência RIA Novosti.
A Venezuela comprará da Rússia armamentos no valor de cinco bilhões de dólares nos próximos dez anos, afirma Ruslán Puhkov, diretor do Centro Russo para Analise de Estratégias e Tecnologias (CAST).
O mercado europeu de defesa, na opinião Puhkov, está "praticamente fechado para Caracas, primeiro, porque os equipamentos são muito caros e segundo, porque vários componentes são produzidos nos Estados Unidos, que tem impedido que este material seja vendido à Venezuela".
"É claro que as compras com pagamentos “cash” dos equipamentos militares russos é coisa do passado”. O analista pensa que os futuros contratos de armas entre Caracas e Moscou serão concluídos "com o uso de créditos, esquemas de offset, transferência de tecnologia e licenças de produção".
Em uma entrevista com a imprensa Chavez não confirmou os rumores de que a Venezuela poderia gastar até U$ 30 bilhões em armamentos russos nos próximos 4 anos.
"Eu não sei de onde estes número estão saindo: U$30 bilhões em 4 anos? Os valores (dos contratos) diferem , isto é um processo dinâmico," comentou Chávez.