Re: NOTÍCIAS
Enviado: Dom Dez 20, 2009 1:22 pm
Leandro, não sei e nem quero me meter no resto... Mas no caso dos submarinos, este não se aplica ao seu exemplo. Até porque neste caso expecífico, é necessário escala de produção para viabilizar a capacitação nacional. E convenhamos 4 submarinos não é nada grandioso..LeandroGCard escreveu:A diferença não é tanto de competência, mas de conceitos.Luiz Bastos escreveu:Galera.
Adorei o novo helicóptero indu. Design futurista muito marcante e bonito. Porque a Índia pode e aqui não se consegue? Somos tão incompetentes assim ? Esta parceria com a Helibras nos proporcionará um projeto semelhante ou vão ensinar a gente a fabricar helicópteros de radio controle? Aguardo comentarios. Fui
Quando países como a Índia, Coréia do Sul, China, etc... tem alguma necessidade de equipamento (militar ou não), eles vem isso não apenas como uma lacuna a ser preenchida, e sim como uma oportunidade de crescimento da sua base tecnológica/industrial. Isto porque nestes países existe a cultura de que a real capacidade (mais que a capacitação) no desenvolvimento de produtos industriais é uma condição para o desenvolvimento em geral. Assim, a cada programa que iniciam eles verificam a possibilidade de projeto e construção local, e se não for possível importam algum projeto para construção no país mas fazem um grande investimento para absorver não apenas as técnicas de fabricação (know-how) mas também os conceitos de projeto por trás do produto que está sendo fabricado (know-why). Assim, aos poucos eles vão mais que absorvendo tecnologia, eles vão criando a sua própria, e assim que possível desenvolvem novos equipamentos utilizando seus próprios conceitos (mesmo que inicialmente eles não sejam tão bons como poderiam se fossem trazidos projetos de fora).
Já no Brasil, quando é identificada alguma necessidade ela é vista apenas como isso, uma necessidade, e não como uma oportunidade de aprendizado. Raramente se inicia algum desenvolvimento, a tendência é sempre pela aquisição de um projeto pronto importado (a desculpa é sempre o custo e o risco elevados do desenvolvimento de um novo projeto), e apenas a produção local é considerada importante (para gerar empregos e se possível reduzir custos, ou para minimizar o impacto na balança comercial), mas geralmente há pouca preocupação com a real capacidade de projeto/desenvolvimento (embora vez por outra se busque capacitação). Considera-se suficiente aprender a produzir o ítem (know-how), mas o esforço para absorver a capacidade de desenvolvimento (know-why) é mínimo ou inexistente. Por isso, ao invés de utilizar o projeto importado apenas até que se considere que se aprendeu o suficiente para desenvover um local, ele sempre que possível é produzido em grande quantidade para atender a todas as necessidades atuais e futuras, eliminando assim a necessidade daquele ítem por um longo tempo, o que fecha a janela de oportunidade de desenvolvimento local.
Exemplos clássicos deste comportamneto tupiniquim são os submarinos e navios da marinha, sempre adquiridos no maior número possível de unidades iguais, o Urutu-III, que prevê milhares de veículos com o mesmo chassi, e o FX, que em princípio será o avião de combate padrão (ou seja, único) da FAB . Outra situação similar é a dos helis, em que um projeto (importado) será produzido aqui (EC-735), ao mesmo tempo que outros helis (BH, Mi-35) são comprados para preencher todos os outros nichos nas FA's. Com projetos importados (ou desenvolvidos por empresas estrangeiras, como é o caso do Urutu-III) produzidos (ou adquiridos) em grande número não há oportidades para equipes de engenharia brasileiras colocarem em prática os conhecimentos em projeto/desenvolvimento que porventura adquirirem na implantação destes mesmos projetos, e assim estes conhecimentos acabam sendo perdidos com o tempo.
Existem é claro excessões a esta regra, como é o caso da Embraer, que está sempre desenvolvendo projetos novos (por iniciativa própria), mas são muito mais raros por aqui do que em outros países até menos avançados em termos industriais que o nosso.
Leandro G. Card