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Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Mai 04, 2010 1:52 pm
por P44
os especuladores estão de parabéns
Bolsas
Europa anula ganhos de 2010

Margarida Vaqueiro Lopes
04/05/10 16:50

A 'tragédia grega' continua a pressionar os mercados.

As bolsas europeias anularam hoje os ganhos conquistados em 2010 ao caírem quase 3%.

O índice que reúne 600 cotadas europeias resvalou hoje 2,89%, apresentando agora um saldo anual negativo de 0,3%.

Isto porque os receios sobre a saúde dos países do sul da zona euro continuam a pesar no sentimento dos investidores e a afastá-los dos mercados accionistas. Rumores já desmentidos de que Espanha se preparava para pedir ajuda e notícias que dão conta de que os 110 mil milhões de euros disponibilizados a Atenas são, dentro da própria Comissão Europeia, considerados insuficientes, também alavancam o pessimismo dos investidores.

"O pacote de ajuda financeira dá algum espaço de manobra à Grécia, mas na verdade não altera o cenário no longo-prazo", explicava um especialista à Bloomberg.

A liderar as quedas na Europa estiveram as praças de Atenas (6,68%), Madrid (5,41%) e também Lisboa (4,21%), com a banca sob forte pressão. O índice da Bloomberg que reúne os principais bancos europeus liderou as perdas sectoriais ao desvalorizar 5,02%. É a maior queda desde 4 de Fevereiro.

Com o desempenho negativo de hoje os mercados europeus anularam os ganhos conseguidos desde o início de 2010, ao mesmo tempo que a moeda comunitária vai perdendo cada vez mais terreno para o dólar. Perante as dúvidas que circundam a UE, o euro cede hoje mais de 1,2% para cotar em 1,3032 dólares.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Mai 04, 2010 4:39 pm
por delmar
O horror! o horror! o horror! As bolsas caindo no mundo todos. Aonde vamos terminar nesta lenta e firme marcha rumo a insolvência. Minha carteira de ações está um lixo, só prejuizos e mais prejuizos. Espero que os juros venham a subir muito, para compensar estas perdas em ações com os ganhos de capitais. Aqui no Brasil as ações da Petrobras, PETR4, caindo 3,78 e da Vale, VALE5, caindo 5,07%, que são as principais do mercado. Todas mineradoras estão mal. Também os bancos BBAS está caindo 4,64%. Todos querendo vender.
Um dia negro na bolsa de valores, culpa dos europeus. :lol: :lol:

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Mai 04, 2010 4:56 pm
por Sterrius
Ja vi noticia que a bolsa da china ta pra passar por reajustes (pra baixo). Algo parecido com o que houve no Brasil quando caiu de 70 pra 50-50mil pontos.

Deram prazo de até 9 meses pra ocorrer. Se preparem pra bomba :lol: :lol:

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Mai 04, 2010 5:01 pm
por delmar
Sterrius escreveu:Ja vi noticia que a bolsa da china ta pra passar por reajustes (pra baixo). Algo parecido com o que houve no Brasil quando caiu de 70 pra 50-50mil pontos.

Deram prazo de até 9 meses pra ocorrer. Se preparem pra bomba :lol: :lol:
No período mais negro da crise a bolsa do Brasil baixou até 30 mil pontos. Quando isto acontece é hora de congelar tuas ações e só tirar do congelador um ano depois. Quem fica apavorada perde muito dinheiro.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Mai 04, 2010 7:34 pm
por Enlil
Atualizado em 4 de maio, 2010 - 07:45 (Brasília) 10:45 GMT

Crise na Europa reabre debate sobre poder de agências de risco

A crise da dívida da Grécia, que ameaça se alastrar por outros países da Europa, reacendeu o debate sobre o poder de influência das agências classificadoras de risco internacionais. Autoridades vêm pedindo maior controle sobre as instituições, enquanto especialistas entrevistados pela BBC defendem a "independência" delas.


Na semana passada, a Standard & Poor’s (S&P) baixou a classificação da Grécia, de Portugal e da Espanha, o que levou a uma acentuada desvalorização do euro e afundou temporariamente os mercados.

Dessa vez, em vez de serem vítimas de críticas por excesso de indulgência, como aconteceu no início da crise das hipotecas subprime nos Estados Unidos, a S&P e suas concorrentes Moody's e Fitch, as três principais agências de risco do mundo, foram atacadas por suposto rigor excessivo.

"É preciso controlá-las mais, assegurar que respeitem as regras", afirmou a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, nesta segunda-feira.

"Não se pode rebaixar um país 15 minutos antes do fechamento (dos mercados), para precipitar as compras ou as vendas em condições de pressão."

O trabalho destas agências consiste em avaliar os papéis de dívida emitidos por países, empresas e instituições financeiras e, então, classificá-las de acordo com o nível de confiança de que cumprirão estes compromissos.

Grupo seleto

Essa classificação varia de A triplo a D, para que os investidores tenham uma referência sobre os riscos de moratória que seriam assumidos ao comprar papéis ou aplicar em fundos.

Para a Fitch e a S&P a nota mais baixa de todas é D e a mais alta é AAA. Já a classificação da Moody's vai de A triplo (menor risco) e C (risco mais alto).

"Para justificar a confiança nela própria, a agência deve ser vista como independente e isto significa ter um histórico de muitos anos", afirma Paul Goldschmidt, ex-diretor de finanças da Comissão Europeia e da Goldman Sachs Internacional.

Goldschmidt, que atualmente trabalha no centro de estudos Thomas More, afirmou à BBC que só há três agências dominantes no mundo, todas elas americanas.

"É muito difícil entrar neste mercado".

Para ele, as agências devem ser usadas como fonte de consulta antes da tomada de decisões de investimentos, mas "nunca devem ser usadas como critério único".

Uma das críticas mais comuns ao poder das agências é a capacidade que têm de surpreender o mercado com anúncios inesperados.

Foi o que aconteceu, por exemplo, quando a Moody's deu grau de investimento ao México e à Rússia, que "abriu represas de dinheiro" aos dois países, de acordo com Arturo Porzecanski, analista financeiro internacional com mais de três décadas de experiência em Wall Street.

As agências dividem as notas em dois grandes grupos: grau de investimento (de AAA a BBB- na Fitch e S&P) e grau especulativo (de BB+ a D).

Na terça-feira passada, quando a S&P rebaixou a classificação da dívida da Grécia em três pontos (para BB+), o que significa risco de moratória, muitos ficaram surpresos.

No mesmo dia, Portugal foi rebaixado para A- e no dia seguinte, foi a vez da Espanha, que ficou com AA. Os rebaixamentos significam que empréstimos para estes países ficarão mais caros.

'Maiores que Deus'

A atitude irritou algumas autoridades europeias. O governo espanhol chegou a pedir explicações e funcionários da União Europeia, em Bruxelas, criticaram o rebaixamento da Grécia no momento em que um pacote de socorro era discutido pelo bloco e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

As capacidades de sanção das agências são "maiores que de Deus", nas palavras do presidente do Banco Central da Áustria, Ewald Nowotny.

Consequência disso foi a decisão, nesta segunda-feira, do Banco Central Europeu (BCE) de mudar uma regra que exigia que seus empréstimos tivessem como garantia papeis de países com determinado nível de confiança segundo as agências de classificação.

Dessa forma, o BCE driblou a possibilidade incômoda de ter que recusar papeis gregos como aval para futuros empréstimos.

A polêmica em torno do poder das agências de classificação de risco não é nova, mas a declaração recente da ministra francesa mostra que agora alguns voltam a defender mudanças neste sistema.

Nos Estados Unidos, há poucos dias, o Senado também acusou as agências de ter atuado de forma incorreta às vésperas da crise econômica mundial.

Em nota, os senadores acusam a S&P e a Moody's de ter ajudado os bancos a esconder os riscos de investimentos de alguns bancos, enquanto cobravam comissões dos mesmos bancos.

Essa situação teria criado um "conflito de interesses", segundo o senador Carl Levin.

A Casa Branca também estuda formas de vigiar e até regular as agências. Na Europa, espera-se a aprovação de um novo código de conduta para o setor a partir de dezembro.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... oebc.shtml

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Mai 04, 2010 11:04 pm
por WalterGaudério
delmar escreveu:O horror! o horror! o horror! As bolsas caindo no mundo todos. Aonde vamos terminar nesta lenta e firme marcha rumo a insolvência. Minha carteira de ações está um lixo, só prejuizos e mais prejuizos. Espero que os juros venham a subir muito, para compensar estas perdas em ações com os ganhos de capitais. Aqui no Brasil as ações da Petrobras, PETR4, caindo 3,78 e da Vale, VALE5, caindo 5,07%, que são as principais do mercado. Todas mineradoras estão mal. Também os bancos BBAS está caindo 4,64%. Todos querendo vender.
Um dia negro na bolsa de valores, culpa dos europeus. :lol: :lol:
NÃO venda. mantenha posição. Confio no ataque do Obama ao Irã, e na quebra da PDVESA.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Mai 04, 2010 11:34 pm
por Bourne
soultrain escreveu:Olhem, não há mocinho nessa história, os maiores salvadores vão ser os principais beneficiados, foram uns dos principais culpados e nós vamos ser fod...

A falta de ética, de valores, o egoísmo primário que foi muito bem vendido por Reagan e os seus seguidores, são a causa disto tudo.

Tenho tido pouco tempo, quem não compreendeu, vou tentar explicar melhor depois.

[[]]'s
Está falando de agora ou de todas as crises financeiras e fiscais desde o século XIV????

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Mai 05, 2010 5:08 am
por P44
05-05-2010 08:59 - Europa "está na encruzilhada" e tem de sair do círculo vicioso



A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou hoje, na apresentação no Parlamento da lei sobre os créditos de emergência à Grécia, que a Europa "está numa encruzilhada e não deve ter ilusões sobre a gravidade da sua situação".

Na opinião da chefe do Governo alemão, "chegou o momento" de a União Europeia e a Zona Euro "decidirem se querem trilhar o rumo do passado, em que muitas vezes não enfrentaram os problemas e não os resolveram, ou fazer uma "análise implacável" da sua situação e tirar as devidas consequências.

"Só assim sairemos do círculo vicioso de problemas e serviremos o bem-estar da Europa e da Alemanha", advertiu.

Merkel lembrou depois que a Alemanha só concordou com a ajuda financeira à Grécia depois de cumpridas quatro condições, nomeadamente a falta de acesso da Grécia ao mercado de capitais, a adopção por Atenas de um rigoroso programa de austeridade, a inclusão do Fundo Monetário Internacional (FMI) nas negociações do programa de apoio e, sobretudo, a necessidade de defender a estabilidade da moeda única.

A chanceler lembrou ainda que a decisão de admitir a Grécia no Euro, tomada em 2000 pelo anterior executivo de sociais-democratas e verdes, "foi uma decisão política", garantindo, no entanto, não querer entrar em polémica com a oposição sobre esta matéria.

Merkel reiterou perante o hemiciclo que a Alemanha fará propostas para punir mais duramente os países que violarem o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), e os chamados critérios de Maastricht, incluindo o corte de fundos europeus e a retirada temporária do direito de voto.

A chefe do Governo alemão defendeu também que uma das lições a tirar da crise grega é a necessidade de rever o pacto que liga os países da zona euro.

"Deve ser reformado de tal maneira que não possa ser violado", frisou, salientando a "responsabilidade particular" da Alemanha neste processo.

Simultaneamente, afirmou que é preciso "continuar a fazer o possível para combater a especulação" nos mercados de capitais e repor o primado da política sobre os referidos mercados.

Berlim irá exigir também dos bancos e dos credores da Grécia que assumam as suas responsabilidades, "de que não poderão esquivar-se", mesmo que se disponham a participar financeiramente no pacote de ajudas a Atenas, sublinhou Angela Merkel.

O líder da bancada social democrata (SPD), Frank-walter Steinmeier, acusou, por seu turno, a chanceler federal de ter agido de forma hesitante durante a crise, afirmando que os respectivos custos não podem voltar a ser pagos pelos mais desfavorecidos.

A lei sobre os créditos de 22,4 mil milhões de euros à Grécia a conceder pela Alemanha, até 2012, como parte da ajuda de 110 mil milhões de euros negociada com Atenas pelo FMI e pela UE, será votada na sexta feira no parlamento alemão.

A oposição social-democrata e ambientalista já sinalizou que votará a favor do diploma ao lado do Governo democrata cristão e liberal, embora exija um maior comprometimento dos bancos.




Jornal de Negócios - Lusa

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Mai 05, 2010 7:53 am
por P44
Notícias: Portugal a caminho do défice externo mais alto da Zona Euro. Se as novas previsões da Comissão Europeia se confirmarem, Portugal prepara-se para trocar de lugar com a Grécia e passar a ser, em 2011, o país da Zona Euro com maior défice externo.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Mai 05, 2010 8:19 am
por delmar
WalterGaudério escreveu:
delmar escreveu:O horror! o horror! o horror! As bolsas caindo no mundo todos. Aonde vamos terminar nesta lenta e firme marcha rumo a insolvência. Minha carteira de ações está um lixo, só prejuizos e mais prejuizos. Espero que os juros venham a subir muito, para compensar estas perdas em ações com os ganhos de capitais. Aqui no Brasil as ações da Petrobras, PETR4, caindo 3,78 e da Vale, VALE5, caindo 5,07%, que são as principais do mercado. Todas mineradoras estão mal. Também os bancos BBAS está caindo 4,64%. Todos querendo vender.
Um dia negro na bolsa de valores, culpa dos europeus. :lol: :lol:
NÃO venda. mantenha posição. Confio no ataque do Obama ao Irã, e na quebra da PDVESA.
Então poderemos ver se o fundo do poço realmente tem um sub solo e se lá serão enterradas as ações por um looooongo tempo.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Mai 05, 2010 8:34 am
por P44
Imagem

8-]

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Mai 05, 2010 8:35 am
por soultrain
P44 escreveu:Notícias: Portugal a caminho do défice externo mais alto da Zona Euro. Se as novas previsões da Comissão Europeia se confirmarem, Portugal prepara-se para trocar de lugar com a Grécia e passar a ser, em 2011, o país da Zona Euro com maior défice externo.
Calma lá, onde é que isso está?

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Mai 05, 2010 12:33 pm
por P44
soultrain escreveu:
P44 escreveu:Notícias: Portugal a caminho do défice externo mais alto da Zona Euro. Se as novas previsões da Comissão Europeia se confirmarem, Portugal prepara-se para trocar de lugar com a Grécia e passar a ser, em 2011, o país da Zona Euro com maior défice externo.
Calma lá, onde é que isso está?
http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=423843


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Três mortos em protesto violento na Grécia
Pelo menos três pessoas morreram em Atenas, enquanto os manifestantes da greve geral incendiavam um banco, durante o protesto contra as medidas de austeridade gregas.
Ana Margarida Luís


Pelo menos três pessoas morreram em Atenas, enquanto os manifestantes da greve geral incendiavam um banco, durante o protesto contra as medidas de austeridade gregas.


O serviço de bombeiros disse que foram encontrados três corpos dentro do banco Marfin em Atenas. Outros dois bancos também se encontram em chamas, confirma a BBC.

Os manifestantes estão revoltados com os cortes na despesa e com os aumentos de impostos previstos. O parlamento deverá votar estas medidas até ao final desta semana.

As medidas incluem o congelamento de salários, cortes nas pensões e aumentos de impostos. Visam a redução do défice público para menos de 3% do PIB até 2014, que está actualmente em 13,6%.

A raiva dos manifestantes é dirigida aos “símbolos do capitalismo”, diz Malcolm Barbant, correspondente da BBC em Atenas.

Entretanto o parlamento alemão começou a debater o plano de ajudas à Grécia.

A União Europeia concordou em conceder 80 mil milhões de euros no financiamento, dos quais cerca de 22 mil milhões de euros vêm da Alemanha. O restante virá do Fundo Monetário Internacional.
http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=423941

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Mai 05, 2010 9:18 pm
por WalterGaudério
delmar escreveu:
WalterGaudério escreveu: NÃO venda. mantenha posição. Confio no ataque do Obama ao Irã, e na quebra da PDVESA.
Então poderemos ver se o fundo do poço realmente tem um sub solo e se lá serão enterradas as ações por um looooongo tempo.
Olha conterrâneo, Sub, tu bem sabes é comigo mesmo. Mas eu digo a vc que estou esperando apenas as ações da PETROBRAS chegarem a menos de R$ 30,00, para que eu compre mais um lote.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Mai 05, 2010 9:58 pm
por Penguin
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COLUNA NO GLOBO
Riscos cruzados

O maior perigo da Europa é a exposição cruzada de riscos. O maior carregador da dívida grega são os bancos europeus. Aliás, os bancos das maiores economias, Alemanha e França, são exatamente os que mais emprestaram aos países que hoje estão em risco. E até os que estão em dificuldade também devem uns aos outros. O pacote de resgate não é o fim da crise da zona do euro.

Quando a Alemanha e a França emprestam para a Grécia, estão na verdade ajudando seus próprios bancos. O mundo está vendo o início de um segundo salvamento de bancos em dois anos. Se a Grécia decreta moratória, os bancos da Europa estariam em grande dificuldade. A situação é tão intrincada que a Espanha, que é um dos países-alvo dessa crise, está sendo forçada a participar do rateio emprestando 9,8 bilhões para a Grécia, quando a própria Espanha não sabe como vai pagar seus empréstimos de curto prazo. No país, há uma reação contrária ao empréstimo, até porque os espanhóis vivem os rigores de um avassalador desemprego. Para piorar: os países em crise têm dívida cruzada: a Espanha é grande credora da dívida de Portugal, que é o segundo país da lista dos encrencados.

Por isso é que a economista Monica Baumgarten de Bolle, da Galanto Consultoria, acha que a notícia mais tranquilizadora do fim de semana não foi nem o pacote em si, mas uma decisão do Banco Central Europeu (BCE):

— O BCE decidiu aceitar como colateral para empréstimos bancários os títulos da dívida grega. A regra era não aceitar papéis de países que não têm grau de investimento. A Grécia acabou de ser rebaixada e portanto os bancos que têm títulos da dívida grega não poderiam, nos empréstimos juntos ao BCE, usar os títulos gregos.

No gráfico abaixo, note a confusão. De um lado, estão os bancos dos grandes países (Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos, Holanda) e o quanto eles emprestaram para os países em crise. No outro lado, estão os países com maiores dificuldades financeiras no momento (Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda) e o tamanho total da dívida deles só com os bancos dos grandes países. Os empréstimos dos bancos da Alemanha e da França são mais concentrados em Espanha e Irlanda. Há tanta confusão que nem cabe num gráfico. É só para dar uma pálida ideia dos riscos cruzados. Se a Grécia não for salva, derruba Portugal, que derruba a Espanha, que derruba todos porque apenas com esses países do gráfico ela tem uma dívida de US$ 781 bilhões. E a Itália, que tem uma dívida maior ainda, também tem credores por toda a Europa.

O pacote ajuda a Grécia a continuar honrando seus pagamentos, mas não afasta a sombra de o país ter que fazer uma reestruturação de dívida, chamando os bancos para dar mais prazo e descontos. Isso levará os bancos europeus a terem perdas. E essas perdas acabarão sendo cobertas pelos próprios governos.

— Se a Grécia chamar uma reestruturação no futuro, isso pode provocar uma nova onda de insegurança dos credores em relação aos outros países — disse Monica.

O grande problema está nas contas do governo grego, que em 2009 teve déficit de 14% do PIB. Trazer essa taxa para a casa dos 3% em 2014 é uma tarefa praticamente impossível para um país em recessão. O governo estima que o PIB cairá 4% este ano, mas há previsões piores, como a do Morgan Stanley, que prevê um mergulho de 5%. A pior contração da Grécia aconteceu em 1983, quando o PIB caiu 2,3%. Com isso, a dívida grega, que hoje está em 115% do PIB, chegará a 140%, antes de começar a cair.

“Claramente, não se pode ter uma estabilização da dívida em um ano ou em um curto período. O risco de longo prazo permanece”, afirma o Morgan Stanley.

O economista Sérgio Vale, da MB Associados, acredita que essa crise tem potencial para trazer de volta o pânico no sistema financeiro.

“O problema de um default grego é que imediatamente outros países teriam suas avaliações de risco elevadas. O contágio pode ser muito maior do que em crises no passado, como a asiática ou a russa, pois trata-se de uma mesma moeda que interliga o sistema financeiro europeu e uma série de países potencialmente em crise”, disse.

É preciso ainda combinar com os gregos, os alemães, os franceses, os espanhóis e todos os outros. A União era aceita quanto tudo estava dando certo. Agora, tudo está dando errado. É o grande teste do euro.

http://oglobo.globo.com/economia/miriam/