GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
29/03/2010
Sarkozy e a França esperam por visita aos Estados Unidos
Herald Tribune
Brian Knowlton
Em Washington (EUA)
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, viaja aos Estados Unidos nesta segunda-feira para uma visita de dois dias que visa ressaltar sua cooperação estreita com o presidente Barack Obama no Afeganistão, Irã e outras questões, e aparentemente para passar a ideia de um relacionamento pessoal entre eles.
A viagem, que culminará em uma coletiva de imprensa na terça-feira e depois em um jantar privado na Casa Branca, ocorre em um momento crucial para ambos.
Obama acabou de obter duas grandes vitórias –a aprovação histórica da legislação para reforma da saúde e um acordo com a Rússia a respeito de um novo tratado para controle de armas estratégicas– e se prepara para um período de intenso engajamento internacional.
Sarkozy, por sua vez, está vendo sua popularidade cair e seu partido sofrer derrotas dolorosas nas eleições regionais. Ao mesmo tempo, ele está se preparando para um período crucial no palco internacional, com a França assumindo a liderança tanto do Grupo dos Oito quanto do Grupo dos Vinte.
Como colocou o jornal “Le Parisien”, “este encontro não poderia ter ocorrido em um momento melhor” para Sarkozy.
A proximidade do relacionamento Sarkozy-Obama –assim como o de Obama com outros líderes europeus– tem sido questionada, com base em situações como a decisão de Obama, em fevereiro, de não participar do encontro de cúpula anual de americanos e europeus.
Mas em uma entrevista na semana passada para o “International Herald Tribune” e três correspondentes franceses, o conselheiro de segurança nacional, James L. Jones Jr., rejeitou repetidamente a ideia de qualquer tensão.
Ele chamou Sarkozy de “um aliado firme e de muita ajuda” em relação ao Irã e “um forte conselheiro e defensor no Oriente Médio”. Se Sarkozy às vezes pede ao presidente americano para atuar mais fortemente em ambas as áreas, disse o general, Obama aprecia a “troca honesta de pontos de vista”.
O general Jones, um ex-comandante aliado supremo na Europa, disse que Obama apreciou em particular a decisão de Sarkozy de conduzir a França de volta à ala militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o “forte apoio” de Paris no Afeganistão.
Os Estados Unidos estão pressionando seus aliados da Otan a fornecer mais treinadores militares para o Afeganistão. As autoridades francesas foram citadas como tendo dito que não enviarão mais, mas o general Jones pareceu deixar aberta a possibilidade de que Sarkozy faria esse gesto durante a visita.
Apesar de o general ter reconhecido que, como comandante da Otan, ele ficou frustrado com a contribuição dos aliados no Afeganistão, ele disse que nunca viu melhor cooperação dentro da Otan. “Nós conseguimos um grande avanço na forma como pensamos a respeito do Afeganistão e Paquistão”, ele disse, “e há uma nova sensação de que podemos ser bem-sucedidos”.
Ele minimizou duas áreas de atrito. O anúncio de que a França concordou em vender quatro navios de guerra da classe Mistral para a Rússia poderia, no passado, ter enfurecido os americanos. Mas o general Jones pareceu inabalado. “Isso não foi motivo de nenhuma disputa séria”, ele disse, acrescentando que os Estados Unidos também querem relações melhores com Moscou.
Os europeus ficaram profundamente descontentes quando o Pentágono, durante a licitação para um enorme contrato de fornecimento de aviões-tanque de reabastecimento aéreo, mudou as especificações do avião de uma forma que foi interpretada como dando vantagem à principal concorrente americana, a Boeing, em detrimento do grupo aeroespacial europeu EADS.
O general Jones afirmou que, na condição de ex-diretor da Boeing, ele não podia comentar. Mas ele disse que o secretário de Defesa, Robert M. Gates, “assegurou ao presidente que o Departamento de Defesa deseja que a concorrência seja justa e igual para todas as partes”.
Os presidentes também deverão discutir algumas diferenças: a França quer que os Estados Unidos instituam regulamentações financeiras mais duras e atue de modo mais resoluto em relação à mudança climática.
Sarkozy iniciará sua viagem com um discurso na segunda-feira, na Universidade de Colúmbia, em Nova York. Ele então se encontrará com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Em Washington, na terça-feira, ele planeja se encontrar com vários senadores antes de os presidentes realizarem uma coletiva de imprensa no final da tarde.
Eles então farão um intervalo, com Michelle Obama e Carla Sarkozy, para um jantar privado que funcionários franceses estão chamando de “testemunho de uma amizade particularmente estreita”.
Tradução: George El Khouri Andolfato
Sarkozy e a França esperam por visita aos Estados Unidos
Herald Tribune
Brian Knowlton
Em Washington (EUA)
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, viaja aos Estados Unidos nesta segunda-feira para uma visita de dois dias que visa ressaltar sua cooperação estreita com o presidente Barack Obama no Afeganistão, Irã e outras questões, e aparentemente para passar a ideia de um relacionamento pessoal entre eles.
A viagem, que culminará em uma coletiva de imprensa na terça-feira e depois em um jantar privado na Casa Branca, ocorre em um momento crucial para ambos.
Obama acabou de obter duas grandes vitórias –a aprovação histórica da legislação para reforma da saúde e um acordo com a Rússia a respeito de um novo tratado para controle de armas estratégicas– e se prepara para um período de intenso engajamento internacional.
Sarkozy, por sua vez, está vendo sua popularidade cair e seu partido sofrer derrotas dolorosas nas eleições regionais. Ao mesmo tempo, ele está se preparando para um período crucial no palco internacional, com a França assumindo a liderança tanto do Grupo dos Oito quanto do Grupo dos Vinte.
Como colocou o jornal “Le Parisien”, “este encontro não poderia ter ocorrido em um momento melhor” para Sarkozy.
A proximidade do relacionamento Sarkozy-Obama –assim como o de Obama com outros líderes europeus– tem sido questionada, com base em situações como a decisão de Obama, em fevereiro, de não participar do encontro de cúpula anual de americanos e europeus.
Mas em uma entrevista na semana passada para o “International Herald Tribune” e três correspondentes franceses, o conselheiro de segurança nacional, James L. Jones Jr., rejeitou repetidamente a ideia de qualquer tensão.
Ele chamou Sarkozy de “um aliado firme e de muita ajuda” em relação ao Irã e “um forte conselheiro e defensor no Oriente Médio”. Se Sarkozy às vezes pede ao presidente americano para atuar mais fortemente em ambas as áreas, disse o general, Obama aprecia a “troca honesta de pontos de vista”.
O general Jones, um ex-comandante aliado supremo na Europa, disse que Obama apreciou em particular a decisão de Sarkozy de conduzir a França de volta à ala militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o “forte apoio” de Paris no Afeganistão.
Os Estados Unidos estão pressionando seus aliados da Otan a fornecer mais treinadores militares para o Afeganistão. As autoridades francesas foram citadas como tendo dito que não enviarão mais, mas o general Jones pareceu deixar aberta a possibilidade de que Sarkozy faria esse gesto durante a visita.
Apesar de o general ter reconhecido que, como comandante da Otan, ele ficou frustrado com a contribuição dos aliados no Afeganistão, ele disse que nunca viu melhor cooperação dentro da Otan. “Nós conseguimos um grande avanço na forma como pensamos a respeito do Afeganistão e Paquistão”, ele disse, “e há uma nova sensação de que podemos ser bem-sucedidos”.
Ele minimizou duas áreas de atrito. O anúncio de que a França concordou em vender quatro navios de guerra da classe Mistral para a Rússia poderia, no passado, ter enfurecido os americanos. Mas o general Jones pareceu inabalado. “Isso não foi motivo de nenhuma disputa séria”, ele disse, acrescentando que os Estados Unidos também querem relações melhores com Moscou.
Os europeus ficaram profundamente descontentes quando o Pentágono, durante a licitação para um enorme contrato de fornecimento de aviões-tanque de reabastecimento aéreo, mudou as especificações do avião de uma forma que foi interpretada como dando vantagem à principal concorrente americana, a Boeing, em detrimento do grupo aeroespacial europeu EADS.
O general Jones afirmou que, na condição de ex-diretor da Boeing, ele não podia comentar. Mas ele disse que o secretário de Defesa, Robert M. Gates, “assegurou ao presidente que o Departamento de Defesa deseja que a concorrência seja justa e igual para todas as partes”.
Os presidentes também deverão discutir algumas diferenças: a França quer que os Estados Unidos instituam regulamentações financeiras mais duras e atue de modo mais resoluto em relação à mudança climática.
Sarkozy iniciará sua viagem com um discurso na segunda-feira, na Universidade de Colúmbia, em Nova York. Ele então se encontrará com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Em Washington, na terça-feira, ele planeja se encontrar com vários senadores antes de os presidentes realizarem uma coletiva de imprensa no final da tarde.
Eles então farão um intervalo, com Michelle Obama e Carla Sarkozy, para um jantar privado que funcionários franceses estão chamando de “testemunho de uma amizade particularmente estreita”.
Tradução: George El Khouri Andolfato
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA
Como corroer uma aliança
Partido no poder no Japão aliou-se a dois menores, históricos opositores ao tratado com os EUA.
Por Yuriko Koike
Este ano marca o 50º aniversário da assinatura do Tratado de Segurança Japão-Estados Unidos.
Em vez de celebrar-se o acordo que ajudou a estabilizar o Leste da Ásia por meio século, agora corre-se
sério risco de ver o tratado ameaçado, tanto pela falta de tomada de decisões como por um
antiamericanismo instintivo.
Em agosto de 2009, a população votou pela "mudança". O Partido Liberal-Democrata (PLD), que
governou o Japão na maior parte das décadas do pós-guerra, perdeu as eleições parlamentares para o
Partido Democrata do Japão (PDJ). O principal motivo para a vitória do PDJ foi o fato de que os eleitores
estavam fartos do PLD.
Essa sensação vinha crescendo no país há algum tempo. Na eleição de 2005, o PLD reteve o
poder apenas porque o primeiro-ministro Junichiro Koizumi posicionou o PLD como um agente de
mudança. Depois da saída de Koizumi, no entanto, os primeiros-ministros japoneses Shinzo Abe, Yasuo
Fukuda e Taro Aso chegaram e se foram com tanta rapidez que a liderança de nosso país parecia ser
como uma "soup du jour", a sopa do dia. Com tão pouco respeito pelos líderes do PLD não é de
surpreender que os eleitores tenham perdido a pouca paciência que tinham com o partido e suas práticas
antiquadas.
O PDJ, portanto, assumiu o poder e formou um governo de coalizão com dois partidos menores,
o Partido Social-Democrata (PSD) e o Novo Partido do Povo (NPP). A única razão de ser do PDJ,
contudo, é sua posição anti-PLD; o PSD é opositor de longa data do Tratado de Segurança Japão-EUA e
o NPP é um forte crítico das privatizações da era Koizumi. Isso não configura um programa de governo
coerente e o governo do primeiro-ministro do país, Yukio Hatoyama, rapidamente revelou a falta básica
de ideias do PDJ.
O maior problema do governo Hatoyama, no entanto, é que o PDJ assumiu o poder sem ter uma
política de segurança nacional consistente. Isso não deveria ter surpreendido ninguém. O PDJ foi criado
em 1998 como um partido "jambalaia", uma mistura de diversos elementos, formado por pessoas que
abandonaram o PLD, como o próprio Hatoyama, e membros do antigo Partido Socialista.
Uma das principais promessas de campanha do PDJ foi a "mudança", que basicamente
significava qualquer coisa que não fosse o PLD. Será, no entanto, que opor-se ao PLD significa
realmente desfazer 50 anos de trabalho na segurança nacional? Embora isso agora pareça ser o caso,
em seu programa eleitoral o PDJ havia adiantado apenas algumas poucas linhas sobre segurança
nacional, evitando disputas internas entre a ala esquerdista do partido, crítica ao Tratado de Segurança
Japão-EUA, e a direitista, favorável.
Um bom número de membros do gabinete ministerial de Hatoyama está sendo tão "anti-Japão"
quanto "anti-EUA". Por exemplo, Yoshito Sengoku, ministro de Revitalização do Governo, foi membro da
Shaseidou, grupo jovem de esquerda inerentemente antiamericano, assim como Hirotaka Akamatsu,
ministro de Agricultura, Silvicultura e Pesca. Como resultado, o governo de Hatoyama parece estar
tentando emular o antigo governo de Roh Moo-hyun na Coreia do Sul, que tolamente buscou distanciar o
país de seu principal parceiro militar, os EUA. De fato, muitos integrantes do gabinete do PDJ são
"boomers" (da geração nascida no pós-guerra) influenciados pelos grupos de estudantes radicais que se
opuseram ao Tratado de Segurança Japão-EUA há 50 anos.
É claro, há divergências nas relações entre Japão e EUA. O realinhamento das forças militares
dos EUA no Japão é necessário, com prioridade para o translado da base Futenma dos fuzileiros navais
dos EUA, em Okinawa, que abriga metade dos 47 mil soldados no Japão. Não faz sentido manter essa
base no meio de uma cidade densamente povoada, tornando-a um dos alvos mais visíveis e tentadores
do mundo.
O problema é que Hatoyama está voltando atrás sem dispor de uma alternativa viável para
oferecer. Um dia sugere transferir a base militar para fora do Japão, talvez em Guam, e no outro, sugere
tirá-la apenas de Okinawa, dando ao mundo a impressão de uma estratégia de segurança nacional
irresponsável.
Em novembro, quando o presidente dos EUA, Barack Obama, visitou o Japão, Hatoyama
balbuciou as palavras "confie em mim" para tentar resolver a questão. No dia seguinte, disse coisas que
contradisseram o que havia dito a Obama, surpreendendo tanto o governo dos EUA como os japoneses
em geral. Desde então, a aprovação de seu governo caiu de 80% para 50%. A população está
descobrindo que Hatoyama é incapaz de tomar - e manter - uma decisão.
Certamente, encontrar um local alternativo para a base dos EUA é difícil, uma vez que os
japoneses são tão propensos como quaisquer outros a reações do tipo "Nimby" (sigla em inglês para, "no
meu quintal não"). Mudar a base para o distrito de Henoko, menos povoado, na parte norte de Okinawa -
a solução acertada pelos dois governos - é a única escolha realista. Hatoyama, no entanto, hesita,
minando o pilar mais importante da paz e segurança no Pacífico, a aliança Japão-EUA. Não é uma
situação favorável nem para o Japão, nem EUA e nem para o mundo.
Yuriko Koike primeira mulher a ser ministra da Defesa do Japão, foi assessora de Segurança
Nacional e atualmente é integrante da oposição no Congresso. Copyright: Project Syndicate, 2010.
Podcast no link: http://media.blubrry.com/ps/ media.libsyn.com/media/ps/koike1.mp3 www.projectsyndicate.
org
Partido no poder no Japão aliou-se a dois menores, históricos opositores ao tratado com os EUA.
Por Yuriko Koike
Este ano marca o 50º aniversário da assinatura do Tratado de Segurança Japão-Estados Unidos.
Em vez de celebrar-se o acordo que ajudou a estabilizar o Leste da Ásia por meio século, agora corre-se
sério risco de ver o tratado ameaçado, tanto pela falta de tomada de decisões como por um
antiamericanismo instintivo.
Em agosto de 2009, a população votou pela "mudança". O Partido Liberal-Democrata (PLD), que
governou o Japão na maior parte das décadas do pós-guerra, perdeu as eleições parlamentares para o
Partido Democrata do Japão (PDJ). O principal motivo para a vitória do PDJ foi o fato de que os eleitores
estavam fartos do PLD.
Essa sensação vinha crescendo no país há algum tempo. Na eleição de 2005, o PLD reteve o
poder apenas porque o primeiro-ministro Junichiro Koizumi posicionou o PLD como um agente de
mudança. Depois da saída de Koizumi, no entanto, os primeiros-ministros japoneses Shinzo Abe, Yasuo
Fukuda e Taro Aso chegaram e se foram com tanta rapidez que a liderança de nosso país parecia ser
como uma "soup du jour", a sopa do dia. Com tão pouco respeito pelos líderes do PLD não é de
surpreender que os eleitores tenham perdido a pouca paciência que tinham com o partido e suas práticas
antiquadas.
O PDJ, portanto, assumiu o poder e formou um governo de coalizão com dois partidos menores,
o Partido Social-Democrata (PSD) e o Novo Partido do Povo (NPP). A única razão de ser do PDJ,
contudo, é sua posição anti-PLD; o PSD é opositor de longa data do Tratado de Segurança Japão-EUA e
o NPP é um forte crítico das privatizações da era Koizumi. Isso não configura um programa de governo
coerente e o governo do primeiro-ministro do país, Yukio Hatoyama, rapidamente revelou a falta básica
de ideias do PDJ.
O maior problema do governo Hatoyama, no entanto, é que o PDJ assumiu o poder sem ter uma
política de segurança nacional consistente. Isso não deveria ter surpreendido ninguém. O PDJ foi criado
em 1998 como um partido "jambalaia", uma mistura de diversos elementos, formado por pessoas que
abandonaram o PLD, como o próprio Hatoyama, e membros do antigo Partido Socialista.
Uma das principais promessas de campanha do PDJ foi a "mudança", que basicamente
significava qualquer coisa que não fosse o PLD. Será, no entanto, que opor-se ao PLD significa
realmente desfazer 50 anos de trabalho na segurança nacional? Embora isso agora pareça ser o caso,
em seu programa eleitoral o PDJ havia adiantado apenas algumas poucas linhas sobre segurança
nacional, evitando disputas internas entre a ala esquerdista do partido, crítica ao Tratado de Segurança
Japão-EUA, e a direitista, favorável.
Um bom número de membros do gabinete ministerial de Hatoyama está sendo tão "anti-Japão"
quanto "anti-EUA". Por exemplo, Yoshito Sengoku, ministro de Revitalização do Governo, foi membro da
Shaseidou, grupo jovem de esquerda inerentemente antiamericano, assim como Hirotaka Akamatsu,
ministro de Agricultura, Silvicultura e Pesca. Como resultado, o governo de Hatoyama parece estar
tentando emular o antigo governo de Roh Moo-hyun na Coreia do Sul, que tolamente buscou distanciar o
país de seu principal parceiro militar, os EUA. De fato, muitos integrantes do gabinete do PDJ são
"boomers" (da geração nascida no pós-guerra) influenciados pelos grupos de estudantes radicais que se
opuseram ao Tratado de Segurança Japão-EUA há 50 anos.
É claro, há divergências nas relações entre Japão e EUA. O realinhamento das forças militares
dos EUA no Japão é necessário, com prioridade para o translado da base Futenma dos fuzileiros navais
dos EUA, em Okinawa, que abriga metade dos 47 mil soldados no Japão. Não faz sentido manter essa
base no meio de uma cidade densamente povoada, tornando-a um dos alvos mais visíveis e tentadores
do mundo.
O problema é que Hatoyama está voltando atrás sem dispor de uma alternativa viável para
oferecer. Um dia sugere transferir a base militar para fora do Japão, talvez em Guam, e no outro, sugere
tirá-la apenas de Okinawa, dando ao mundo a impressão de uma estratégia de segurança nacional
irresponsável.
Em novembro, quando o presidente dos EUA, Barack Obama, visitou o Japão, Hatoyama
balbuciou as palavras "confie em mim" para tentar resolver a questão. No dia seguinte, disse coisas que
contradisseram o que havia dito a Obama, surpreendendo tanto o governo dos EUA como os japoneses
em geral. Desde então, a aprovação de seu governo caiu de 80% para 50%. A população está
descobrindo que Hatoyama é incapaz de tomar - e manter - uma decisão.
Certamente, encontrar um local alternativo para a base dos EUA é difícil, uma vez que os
japoneses são tão propensos como quaisquer outros a reações do tipo "Nimby" (sigla em inglês para, "no
meu quintal não"). Mudar a base para o distrito de Henoko, menos povoado, na parte norte de Okinawa -
a solução acertada pelos dois governos - é a única escolha realista. Hatoyama, no entanto, hesita,
minando o pilar mais importante da paz e segurança no Pacífico, a aliança Japão-EUA. Não é uma
situação favorável nem para o Japão, nem EUA e nem para o mundo.
Yuriko Koike primeira mulher a ser ministra da Defesa do Japão, foi assessora de Segurança
Nacional e atualmente é integrante da oposição no Congresso. Copyright: Project Syndicate, 2010.
Podcast no link: http://media.blubrry.com/ps/ media.libsyn.com/media/ps/koike1.mp3 www.projectsyndicate.
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"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
EEUU y América Latina
Carlos Malamud y Carlota García Encina
Tema: Este ARI estudia la intensidad y el compromiso de las relaciones
entre EEUU y América Latina, con especial hincapié en el primer año de
presidencia de Barack Obama.
Resumen: Si la Administración Bush fue acusada de abandonar su “patio
trasero” tras los atentados del 11-S, a pesar de unos prometedores
comienzos que apuntaban a una estrecha relación con América Latina,
Barack Obama parece más preocupado por la economía y Afganistán que
por el hemisferio sur. Sin embargo, algunas acciones y varios
proyectos podrían dar un impulso a una relación que no hay que olvidar
es bidireccional. Los Estados latinoamericanos deben también aportar
su parte de responsabilidad si quieren revitalizar la relación, de la
que ambos saldrían beneficiados.
Análisis: La política de EEUU respecto a América Latina siempre fue
objeto de las más variadas críticas. O se acusa a Washington de
interferir en las cuestiones internas latinoamericanas o de descuidar
el continente, pero siempre observando el fenómeno desde la
perspectiva de Washington y no como un fenómeno de doble dirección.
Con la llegada a la Casa Blanca de cada nuevo presidente se reabre el
debate sobre la naturaleza e intensidad que tomarán las relaciones de
EEUU con América Latina. Esto se vivió con mayor trascendencia tras el
final de la Guerra Fría, cuando EEUU quedó como la única superpotencia
mundial, a la vez que el continente americano permanecía en la
periferia de los asuntos estadounidenses de seguridad nacional. Fue
entonces cuando empezó a disminuir la ayuda norteamericana, la
presencia militar y los proyectos de revitalización económica. La
Administración Clinton apenas alteró las tendencias.
El legado de Bush
Al comenzar George W. Bush su primer mandato imperaba la idea de
mantener una relación estrecha con América Latina. Durante su campaña
presidencial, Bush prometió hacer de la región una prioridad de su
administración y ayudar a que los siguientes años constituyeran el
“siglo de las Américas” (discurso en la Universidad Internacional de
Florida, 25/VIII/2000). Para materializar su compromiso, Bush se
desplazó a México con motivo de su primera visita internacional como
presidente, y en los primeros seis meses de su mandato se reunió con
siete mandatarios latinoamericanos. En su visión lo más importante era
promover el libre comercio como el principal pilar para consolidar los
procesos democráticos regionales, junto con otros objetivos como la
cooperación en la lucha contra el narcotráfico, la presión para una
transición hacia la democracia en Cuba, y la mejora de la situación
migratoria y la lucha contra el crimen en México. Hasta Hugo Chávez
sucumbió a los encantos de Bush y, en la tercera Cumbre de las
Américas (Québec, abril de 2001), dijo: “Se ve que es un hombre de
corazón. Es un texano, casi un latinoamericano y habla español”.
Sin embargo, la ruta que apenas empezaba a trazarse se bloqueó nueve
meses después, tras los atentados terroristas del 11-S. Con la
aparición de esta nueva amenaza la política exterior estadounidense se
concentró en la lucha global contra el terrorismo. América Latina
quedó encuadrada marginalmente en esta agenda y al no representar
ningún riesgo apreciable para la seguridad de EEUU dejó de ser una
prioridad para su gobierno. A partir del 11-S, el terrorismo y la
seguridad fueron los temas más repetidos en los discursos y
comunicados de la Oficina para Asuntos del Hemisferio Occidental del
Departamento de Estado.
De las prioridades trazadas por la Administración Bush antes del 11-S,
el gobierno sólo mantuvo aquellas que consideró enmarcadas en su nueva
agenda internacional y encaminadas a prevenir y neutralizar cualquier
amenaza contra la estabilidad del continente y su propia seguridad. Se
intensificó la cooperación en la lucha contra el narcotráfico en
Colombia, se aumentó la presión contra el régimen de Fidel Castro, se
desplegaron tropas en Haití –aunque sólo el tiempo necesario para
entregarle la responsabilidad a Brasil y Chile en el marco de una
misión de paz de la ONU–, se puso atención a los posibles efectos del
gobierno de Hugo Chávez y se fortaleció la frontera con México para
neutralizar su permeabilidad. El ALCA (Área de Libre Comercio de las
Américas), ante las dificultades encontradas y el rechazo de algunos
gobiernos, quedó en segundo plano y se privilegiaron las negociaciones
bilaterales o regionales de libre comercio (negociaciones con
Colombia, Perú, Panamá y América Central más República Dominicana –DR-
CAFTA en sus siglas inglesas–).
Al inicio del segundo mandato de Bush se volvieron a poner sobre la
mesa los temas de la agenda regional de EEUU, especialmente por la
importancia creciente del electorado de origen latino o hispano, que
se mostraría decisivo en las elecciones presidenciales de 2008. Sin
embargo, desde la perspectiva del Departamento de Estado, América
Latina seguía siendo un tema secundario, al existir otros objetivos
más importantes para su política exterior. De este modo, se
mantuvieron como prioridades hacia el continente la preocupación por
el mantenimiento de un ambiente de seguridad y el sostenimiento de las
democracias.
No obstante, Bush quiso proclamar a 2007 como el “año del compromiso”
con América Latina. Algunas razones podrían ser las “alarmas”
encendidas por el llamado “giro a la izquierda” en América Latina, la
guerra asimétrica de Chávez y el acercamiento de otros actores
extrarregionales como China e Irán. Bush inició un largo viaje por la
región en marzo de 2007 casi al mismo tiempo que el Comando Sur de
EEUU publicaba un nuevo plan estratégico para América Latina con el
horizonte temporal de 2016. El plan definía los vínculos con las
Américas –demográficos, económicos, sociales y políticos– y los
desafíos a los que hay que hacer frente –pobreza y desigualdad,
corrupción, terrorismo y crimen–.
Pese a sus esfuerzos, y tras ocho años de gestión, la Administración
Bush fue acusada insistentemente de abandonar su “patio trasero” tras
los atentados del 11-S. Un descuido que alimentó, según los más
críticos, el sentimiento antiamericano en el continente. Sin embargo,
ningún presidente de EEUU viajó más a América Latina que George W.
Bush, ni firmó más tratados de libre comercio. También renovó las
preferencias arancelarias (ATPDEA) concedidas a Colombia, Ecuador,
Perú y Bolivia en el marco del Plan Colombia y el combate contra el
narcotráfico. Pese a ello, fracasó en su intento de convertir a las
Américas en un solo mercado a través del ALCA.
Bush dejó la presidencia sin haber concedido una entrevista a Chávez
ni a Evo Morales, Rafael Correa, Cristina Fernández de Kirchner o
Daniel Ortega. Dejó la Casa Blanca con Fidel Castro todavía mandando
en Cuba –aunque no en las máximas funciones gubernamentales–, sin
embajadores en Venezuela ni Bolivia, y se fue diciendo a Álvaro Uribe
que el TLC de Colombia con EEUU sería finalmente aprobado por el
Congreso estadounidense. También dejó en el aire el viejo proyecto de
crear un área de libre comercio en Asia-Pacífico. Finalmente, escuchó
el anuncio del cierre de la base militar que EEUU tenía en la
localidad ecuatoriana de Manta, uno de los puntos estratégicos en la
lucha antidroga de EEUU, especialmente en Colombia.
Obama
Según el Latinobarómetro de 2008, seis de cada 10 latinoamericanos no
tenían interés o les parecía irrelevante quien ganaría las elecciones
presidenciales de EEUU en noviembre de ese año. A pesar de que los
comicios fueron calificados de emblemáticos por el resto del mundo, y
pese a la importancia del voto latino, no se creía que la elección
produciría cambio alguno. Sin embargo, los presidentes
latinoamericanos alabaron el triunfo de Barack Obama, mientras
esperaban una mejora sustancial en la relación con EEUU, aunque a la
vista de lo ocurrido con anteriores administraciones demócratas, se
dejaban entrever ciertas muestras de escepticismo. Este hecho
respondía a las experiencias previas de que con los demócratas no se
produjeron avances sustanciales en las relaciones hemisféricas,
especialmente en el terreno comercial, dado el proteccionismo que los
caracterizaba.
A Obama también se le achacaba un gran desconocimiento de la región,
que nunca había visitado. Durante la campaña electoral sus
declaraciones sobre las relaciones entre EEUU y América Latina fueron
escasas. La crisis financiera y la economía fueron en su principal
preocupación y su prioridad. Sin olvidar que Irak, Afganistán o Irán
seguían siendo los mayores desafíos de su política exterior, algunos
creían que un “aire de cambio” podía llegar de la nueva
administración. Sus intenciones se plasmaron en su campaña electoral
en el documento New Partnership for the Americas, de mayo de 2008. El
escrito se basaba en tres pilares: (1) defensa de la democracia y del
Estado de Derecho; (2) mejora de la seguridad y lucha contra las
amenazas comunes, como el tráfico de drogas, las guerrillas y el
terrorismo; y (3) impulso del bienestar regional combatiendo la
pobreza, el hambre y el cambio climático. A pesar de estas ideas,
durante la campaña electoral Barak Obama y John McCain aludieron muy
poco a América Latina.
Durante la campaña, Obama dijo estar dispuesto a dialogar con el
gobierno de Cuba y a aliviar la subsistencia de sus habitantes, pero
sin levantar el bloqueo. También dijo que estaría dispuesto a hablar
con Chávez, aunque criticó su estilo agresivo y poco democrático. La
otra cara de la moneda fue Colombia, hasta entonces el más fiel aliado
de EEUU en la región. Obama afirmó que seguiría apoyando la lucha
contra el narcotráfico y la guerrilla, aunque mostró sus reticencias
sobre el TLC. Su afirmación de que revisaría el Tratado de Libre
Comercio de América del Norte (TLCAN o NAFTA) y su reiterada
afirmación de la necesidad de frenar la salida de compañías
estadounidenses a otros países para crear empleos hacía intuir un
cambio respecto a la promoción de los TLC de Bush. También anunció
condonaciones de deudas, ayuda financiera y la promesa de reinstaurar
el cargo de enviado especial para las Américas, creado por Clinton y
eliminado por Bush en 2004. Otro proyecto innovador fue el anuncio de
una Alianza Energética de las Américas, destinada a la producción
conjunta de combustibles alternativos.
Obama llegó a la Casa Blanca con EEUU todavía como el actor principal
en América Latina, aunque con menos peso que en el pasado y más
limitado por el ascenso de algunos países dispuestos a asumir
responsabilidades diplomáticas en proporción a su estatus económico,
como Brasil y Chile. Estos países diversificaron sus relaciones
internacionales más allá de EEUU y estrecharon lazos con la UE y la
APEC (Foro de Cooperación Económica Asia-Pacífico). Su política
también se vio limitada por la influencia del ALBA (Alianza
Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América), liderada por
Venezuela, y la creciente presencia de actores extrarregionales (Irán,
Rusia y China), en busca de recursos latinoamericanos para nutrir su
propio crecimiento económico o de apoyo político para sus proyectos.
La idea de la nueva administración era borrar la imagen legada por
Bush, dejando atrás el unilateralismo y el intervencionismo. Con Obama
le sería más difícil a Chávez convencer a sus seguidores de que una
“invasión gringa” era inminente.
Durante los primeros meses en la Casa Blanca, Obama demostró un
interés activo por la región reuniéndose con Felipe Calderón –todavía
como presidente electo–, Lula, Michelle Bachelet y Álvaro Uribe. El
primer encuentro de su secretaria de Estado con un presidente
extranjero fue con el haitiano René Préval, mientras Joseph Biden
visitó Chile y Costa Rica en marzo de 2009. Varios altos cargos de
distintos departamentos visitaron también México con anticipación al
viaje de Obama en abril del mismo año.
“Debemos trabajar con la región para avanzar en objetivos comunes,
pero tiene que quedar claro que los EEUU no están para dar cátedra”,
dijo Arturo Valenzuela antes de ser nombrado responsable para América
Latina del Departamento de Estado. Con el mismo talante “multilateral”
llegó Obama, ya presidente, a la V Cumbre de las Américas, en Trinidad
y Tobago, en abril de 2009, su acción más visible hacia la región
hasta entonces: “No senior or junior partner to this engagement”. En
otras palabras, EEUU quería construir una política con América Latina
y no para América Latina y por eso sería un actor más en el hemisferio
y no la potencia hegemónica. En esa ocasión mencionó algunas de sus
intenciones, avaladas por haber levantado muy poco antes las
restricciones sobre viajes y remesas a Cuba. Su gesto no evitó que en
la Cumbre se produjeran serias discusiones sobre Cuba y los derechos
humanos, mientras otros temas incluidos en la agenda, como la
seguridad energética y el desarrollo sostenible, al final no
estuvieron sobre la mesa.
Pese a sus buenas palabras de construir una política con y no para
América Latina, las intenciones de Obama no fueron seguidas por los
presidentes latinoamericanos que, de una forma más o menos consciente,
habían decidido hacer de Cuba el punto central de las relaciones entre
EEUU y América Latina. Esto ocurrió en la Cumbre del Grupo de Río en
Costa do Sauípe (diciembre de 2008), antes de que Obama iniciara su
gobierno. En esa ocasión, a consecuencia de una iniciativa mexicana,
se admitió el ingreso de Cuba en el Grupo de Río y en el sistema
latinoamericano. Posteriormente, tanto en la V Cumbre de las Américas,
con Obama presente, y en la XXXIX Asamblea General de la OEA en
Honduras, en junio de 2009, siendo Manuel Zelaya presidente de la
república hondureña, se volvió a insistir en el tema, a tal punto que
en Honduras se aprobó eliminar la sanción contra el régimen de Fidel
Castro, aunque sin permitir su regreso a la organización.
En la última cumbre del Grupo de Río, que anunció la creación de la
Comunidad de Estados Latinoamericanos y del Caribe, Cuba, representada
por Raúl Castro, fue un protagonista destacado. Por eso no se
entienden las palabras de Cristina Fernández de Kirchner, tras la
Cumbre, de que Obama no había cumplido con las expectativas de América
Latina. Dijo la presidenta que “nadie esperaba que… fuera un príncipe
en un corcel blanco”, pero sí “un realismo en serio y las necesidades
que América Latina tuvo y tiene de una política en la región”. Ni
Cristina Fernández, ni Lula ni la mayor parte de los restantes
mandatarios latinoamericanos hicieron mucho por mejorar las relaciones
con EEUU, más allá de protestar por el papel desempeñado por el
gobierno Obama en la crisis hondureña.
Cuba tampoco facilitó las cosas. Los movimientos iniciales de Obama
fueron seguidos de buenas palabras por Raúl Castro, pero tras las
quejas de su hermano Fidel en su columna de opinión, desde donde dicta
las líneas maestras de la política nacional, se volvió a fojas cero y
al discurso antiimperialista de siempre, que alcanzó uno de sus picos
máximos con las acusaciones de Raúl Castro contra EEUU después de la
muerte del preso opositor en huelga de hambre Orlando Zapata Tamayo.
Este hecho, con toda probabilidad, dificultará las relaciones futuras
entre Washington y La Habana porque ha recortado el margen de maniobra
que ha tenido Obama para abrir o relajar la relación bilateral.
La crisis hondureña fue otro punto álgido en las relaciones
hemisféricas, que comenzó con el golpe contra Zelaya del 28 de junio
de 2009, pocos días después de la Asamblea General de la OEA. La
posición y las acciones de la administración estadounidense en la
crisis tuvieron graves consecuencias para su relación con América
Latina, por más que desde la Casa Blanca y el Departamento de Estado
se condenara el golpe. Tras la expulsión de Zelaya, la OEA, con el
voto de EEUU, denunció el golpe, y sus miembros votaron expulsar al
nuevo gobierno de la organización. Sin embargo, algunos presidentes,
especialmente del ALBA, pero no sólo, lanzaron ciertas acusaciones,
veladas unas, más abiertas y directas otras, sobre la responsabilidad
de EEUU.
La resolución de la crisis también fue fuente de conflictos con
Brasil, Venezuela y otros países de América del Sur. Las gestiones del
presidente de Costa Rica, Oscar Arias, terminaron en un punto muerto y
para desatascar al Pacto de San José hubo que recurrir al liderazgo de
EEUU. Brasil, que se vio metido de lleno en el problema tras la
inopinada entrada de Zelaya en su embajada, reaccionó frente a la
crisis con gran rigidez e inflexibilidad, que no sólo evidenciaba el
deseo de su gobierno de no enfrentarse con Venezuela sino también
cierto desconocimiento de la realidad centroamericana.
Tampoco favoreció el buen entendimiento entre EEUU y América Latina el
acuerdo de colaboración militar entre Washington y Bogotá, anunciado
en agosto de 2009 y ratificado pocos meses después. Según el documento
firmado por ambas partes, Colombia facilita a EEUU el acceso a siete
instalaciones militares. A cambio, el Pentágono proporciona aviones y
tecnología para apoyar a las fuerzas de seguridad colombianas en su
lucha contra el narcotráfico y la guerrilla. Las negociaciones las
inició EEUU después de que Ecuador no renovara la concesión de 10 años
de la base de Manta. Aunque el gobierno colombiano informó de que el
acuerdo reafirmaba el compromiso de las partes en la lucha contra el
narcotráfico y el terrorismo, y la Administración Obama manifestaba
que era un asunto estrictamente bilateral, no opinaron de la misma
manera los vecinos de Colombia, como Venezuela y Ecuador.
Brasil también expresó sus dudas en varias ocasiones, según apuntaron
el presidente Lula y el canciller Amorin. Éste consideró insuficientes
las garantías dadas por Colombia y EEUU de que el acuerdo bilateral se
restringiría únicamente a operaciones en territorio colombiano, sin
afectar a otros países de la región. El tema fue incluso abordado en
una reunión extraordinaria de la Unión de Naciones Suramericanas
(Unasur) el 28 de agosto en Bariloche, y luego en otra cita en Quito,
el 15 de septiembre. Sirvió además como excusa al presidente
venezolano para justificar la compra de armas al decir que su vecino
será la plataforma de EEUU para lanzar un ataque contra su país.
El episodio más reciente que ha marcado las relaciones en el
hemisferio fue el terremoto de Haití y la rápida respuesta de EEUU,
que en pocas horas decidió enviar miles de soldados, un portaaviones y
un buque hospital. Para la administración Obama Haití era un terreno
idóneo para demostrar su nueva política hacia América Latina y esa
oportunidad quiso ser aprovechada tras la catástrofe. Un día después
del terremoto sus Fuerzas Aéreas operaban el aeropuerto de Puerto
Príncipe para acelerar el suministro de la ayuda. El esfuerzo
humanitario realizado en Haití es el mayor efectuado por EEUU en su
historia reciente. Sin embargo, el Pentágono y el Departamento de
Estado tuvieron que confirmar que su presencia en Haití se debía a una
solicitud directa de su presidente, René Préval. El motivo fueron las
acusaciones de otros países, en especial Venezuela y Nicaragua, de
acusar a EEUU de “ocupar” militarmente el país aprovechando la
tragedia.
Dónde está el interés de EEUU
La Cumbre de las Américas, el golpe de Honduras, las bases colombianas
y el terremoto de Haití han marcado las relaciones hemisféricas
durante el primer año de Obama. Sin embargo, ningún país de la región,
ni siquiera Venezuela, es una amenaza inminente para la seguridad
nacional de EEUU. Tampoco ningún asunto latinoamericano figura entre
los temas urgentes y prioritarios de la agenda de Washington, aunque
la guerra abierta contra el narcotráfico en México va creciendo en
importancia. La sensación de preocupación al norte de la frontera
común se ha incrementado tras los enfrentamientos con los carteles de
narcotraficantes desde fines de 2008 y durante 2009. La Administración
Obama ha prestado un especial interés a México por encima del resto de
asuntos hemisféricos, además de ser una prioridad para la opinión
pública estadounidense.
Parece claro que la actual administración ha querido mirar a América
Latina bajo otro prisma, abordando la relación con la región desde el
punto de vista de crecimiento económico, igualdad, seguridad
ciudadana, energía, migración, buen gobierno y Estado de Derecho:
quizá tras un cansancio generalizado por la prioridad de los asuntos
del libre comercio y la lucha contra el narcotráfico. Sobre este
último tema Obama ya dio indicios durante su campaña electoral de
albergar dudas, sobre todo con el resultado del Plan Colombia. Este
acercamiento más diversificado hacia la región es, en muchos casos,
continuación de algunos cambios introducidos en la administración
anterior por Thomas Shannon, subsecretario de Estado para América
Latina desde octubre de 2005 hasta la segunda mitad de 2009, con Obama
como presidente. De hecho, actualmente existen visiones similares de
republicanos y demócratas de cómo abordar las relaciones con América
Latina.
El tema energético, por ejemplo, sería fundamental –como afirmó la
secretaria de Estado– para abrir una nueva senda en las relaciones con
el continente. La anunciada y planeada alianza energética de las
Américas significaría para EEUU reducir su dependencia del petróleo de
Oriente Medio, y debilitaría la influencia de los petrodólares
venezolanos en la región, además de fortalecer los lazos con Brasil,
quien sería su principal socio. Es un proyecto que ayudaría a cambiar
el eje de la política estadounidense para Latinoamérica. Sin embargo,
es una intención que, aunque anunciada, parece que está en un impasse.
Se dice que existen ciertas reticencias por parte de Brasil que no
quiere participar en una alianza interamericana que no incluya a
Venezuela y Cuba.
La paralización de este proyecto no es el único que alimenta el
escepticismo sobre el impulso de las relaciones con América Latina de
la actual administración. Sobre la promesa de reinstaurar el cargo de
enviado especial todavía no se sabe nada y en lo relativo al
compromiso de una amplia reforma migratoria como prioridad para el
primer año, sólo hubo algunas consultas. Tras haber mostrado primero
sus reticencias a los TLC con Colombia y Panamá, y después una postura
más favorable, el tema ha quedado pospuesto.
Tras un año gobierno, y las especulaciones sobre el verdadero
compromiso de Obama con el hemisferio, el momento era oportuno para
que la secretaria de Estado se embarcara en una gira por cinco países
latinoamericanos, tres de ellos con nuevos presidentes electos –Chile,
Uruguay y Costa Rica–, que además tienen buenas relaciones con EEUU.
También está la visita a Guatemala, que adquiere una dimensión
regional, al ser punto de reunión con otros líderes centroamericanos.
Su etapa brasileña reafirma la importancia de la potencia regional y
de las relaciones bilaterales, así como el deseo de Washington de
potenciar las relaciones con países que están en sintonía en
detrimento de mantener una política más global. En el último momento
se incluyó a Argentina en la gira. Cristina Kirchner y Hillary Clinton
se encontraron tras unas polémicas declaraciones de la presidenta
argentina, que dijo que Obama no había satisfecho las expectativas de
América Latina. Le respondió Arturo Valenzuela, quien señaló que Obama
“es probablemente la figura más popular en todos los países de
América”.
El encuentro en el último momento ha calmado las relaciones entre
Buenos Aires y Washington, en parte porque Argentina necesita el apoyo
de EEUU para reinsertarse en los mercados internacionales y en el
conflicto con el Reino Unido por las Islas Malvinas, incluyendo las
exploraciones de petróleo. Dados sus problemas internos, Cristina
Kirchner busca ansiosamente una foto con Obama, quizá en abril. Por su
parte, EEUU quiere que Argentina siga cooperando en la lucha el
terrorismo y el narcotráfico y mantenga su firme posición contra Irán,
mientras el respaldo de Brasil ha contrariado a EEUU. Además, el
Departamento de Estado está tratando de conseguir el apoyo del máximo
número de países para el reingreso de Honduras a la OEA.
Argentina fue uno de los primeros lugares que pisó Arturo Valenzuela
tras su designación como secretario de Estado adjunto para Asuntos
Hemisféricos, en noviembre de 2009. Cuando llegó a Buenos Aires no fue
recibido ni por la presidenta ni por el canciller Jorge Taina, quien
estaba en la Cumbre del cambio climático en Copenhague. No ocurrió lo
mismo con su antecesor, Thomas Shannon, siempre recibido por Néstor
Kirchner y su esposa. Uno de los motivos pudiera ser el hecho de que
Obama aún no había concedido una reunión bilateral a Argentina, como
sí hizo con Brasil y Chile. También hay que recordar que Valenzuela
afirmó en 2006, cuando era profesor en Georgetown, que “es un peligro
que Kirchner haga la política del caudillo”.
Valenzuela acaba de comenzar su nueva andadura, pero en su
presentación ante el Congreso manifestó que “no se puede mirar a
Latinoamérica dividiéndola en buenos y malos, es necesario entender
sus complejidades y sus propios retos”. Y terminó su exposición
retomando una frase de Obama: “Lo que es bueno para las Américas, es
bueno para EEUU”.
Conclusión: A pesar de las iniciales buenas intenciones de la
Administración Obama, los problemas de la economía estadounidense y
los conflictos en Afganistán e Irak han mantenido a Obama bastante
ocupado durante su primer año de gobierno. También es verdad que, con
la crisis económica, tampoco ha sido fácil disponer de dinero para
avanzar en nuevos proyectos en América Latina. Por eso, Obama se ha
movido más con acciones simbólicas y con el mensaje de que no está
eludiendo a la región. La reciente gira de la secretaria de Estado por
América Latina quiere demostrar que el gobierno estadounidense desea
reforzar los vínculos hemisféricos con algo más que buena voluntad. La
gira, sin embargo, ha estado precedida por una nueva iniciativa de
integración latinoamericana que recibirá el nombre de Comunidad de
Naciones de América Latina y el Caribe, integrada por todos los países
de la región menos EEUU y Canadá. Los mensajes contradictorios que
lanzan los Estados latinoamericanos con respecto a su relación o la
visión que tienen de EEUU no ayudan a reforzar los vínculos. La
bidireccionalidad de la relación debe prevalecer si ambas partes
quieren recoger los beneficios que se desprenderían de ella.
Carlos Malamud
Investigador principal de América Latina, Real Instituto Elcano
Carlota García Encina
Ayudante de Investigación, Real Instituto Elcano
Real Instituto Elcano (España)
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Carlos Malamud y Carlota García Encina
Tema: Este ARI estudia la intensidad y el compromiso de las relaciones
entre EEUU y América Latina, con especial hincapié en el primer año de
presidencia de Barack Obama.
Resumen: Si la Administración Bush fue acusada de abandonar su “patio
trasero” tras los atentados del 11-S, a pesar de unos prometedores
comienzos que apuntaban a una estrecha relación con América Latina,
Barack Obama parece más preocupado por la economía y Afganistán que
por el hemisferio sur. Sin embargo, algunas acciones y varios
proyectos podrían dar un impulso a una relación que no hay que olvidar
es bidireccional. Los Estados latinoamericanos deben también aportar
su parte de responsabilidad si quieren revitalizar la relación, de la
que ambos saldrían beneficiados.
Análisis: La política de EEUU respecto a América Latina siempre fue
objeto de las más variadas críticas. O se acusa a Washington de
interferir en las cuestiones internas latinoamericanas o de descuidar
el continente, pero siempre observando el fenómeno desde la
perspectiva de Washington y no como un fenómeno de doble dirección.
Con la llegada a la Casa Blanca de cada nuevo presidente se reabre el
debate sobre la naturaleza e intensidad que tomarán las relaciones de
EEUU con América Latina. Esto se vivió con mayor trascendencia tras el
final de la Guerra Fría, cuando EEUU quedó como la única superpotencia
mundial, a la vez que el continente americano permanecía en la
periferia de los asuntos estadounidenses de seguridad nacional. Fue
entonces cuando empezó a disminuir la ayuda norteamericana, la
presencia militar y los proyectos de revitalización económica. La
Administración Clinton apenas alteró las tendencias.
El legado de Bush
Al comenzar George W. Bush su primer mandato imperaba la idea de
mantener una relación estrecha con América Latina. Durante su campaña
presidencial, Bush prometió hacer de la región una prioridad de su
administración y ayudar a que los siguientes años constituyeran el
“siglo de las Américas” (discurso en la Universidad Internacional de
Florida, 25/VIII/2000). Para materializar su compromiso, Bush se
desplazó a México con motivo de su primera visita internacional como
presidente, y en los primeros seis meses de su mandato se reunió con
siete mandatarios latinoamericanos. En su visión lo más importante era
promover el libre comercio como el principal pilar para consolidar los
procesos democráticos regionales, junto con otros objetivos como la
cooperación en la lucha contra el narcotráfico, la presión para una
transición hacia la democracia en Cuba, y la mejora de la situación
migratoria y la lucha contra el crimen en México. Hasta Hugo Chávez
sucumbió a los encantos de Bush y, en la tercera Cumbre de las
Américas (Québec, abril de 2001), dijo: “Se ve que es un hombre de
corazón. Es un texano, casi un latinoamericano y habla español”.
Sin embargo, la ruta que apenas empezaba a trazarse se bloqueó nueve
meses después, tras los atentados terroristas del 11-S. Con la
aparición de esta nueva amenaza la política exterior estadounidense se
concentró en la lucha global contra el terrorismo. América Latina
quedó encuadrada marginalmente en esta agenda y al no representar
ningún riesgo apreciable para la seguridad de EEUU dejó de ser una
prioridad para su gobierno. A partir del 11-S, el terrorismo y la
seguridad fueron los temas más repetidos en los discursos y
comunicados de la Oficina para Asuntos del Hemisferio Occidental del
Departamento de Estado.
De las prioridades trazadas por la Administración Bush antes del 11-S,
el gobierno sólo mantuvo aquellas que consideró enmarcadas en su nueva
agenda internacional y encaminadas a prevenir y neutralizar cualquier
amenaza contra la estabilidad del continente y su propia seguridad. Se
intensificó la cooperación en la lucha contra el narcotráfico en
Colombia, se aumentó la presión contra el régimen de Fidel Castro, se
desplegaron tropas en Haití –aunque sólo el tiempo necesario para
entregarle la responsabilidad a Brasil y Chile en el marco de una
misión de paz de la ONU–, se puso atención a los posibles efectos del
gobierno de Hugo Chávez y se fortaleció la frontera con México para
neutralizar su permeabilidad. El ALCA (Área de Libre Comercio de las
Américas), ante las dificultades encontradas y el rechazo de algunos
gobiernos, quedó en segundo plano y se privilegiaron las negociaciones
bilaterales o regionales de libre comercio (negociaciones con
Colombia, Perú, Panamá y América Central más República Dominicana –DR-
CAFTA en sus siglas inglesas–).
Al inicio del segundo mandato de Bush se volvieron a poner sobre la
mesa los temas de la agenda regional de EEUU, especialmente por la
importancia creciente del electorado de origen latino o hispano, que
se mostraría decisivo en las elecciones presidenciales de 2008. Sin
embargo, desde la perspectiva del Departamento de Estado, América
Latina seguía siendo un tema secundario, al existir otros objetivos
más importantes para su política exterior. De este modo, se
mantuvieron como prioridades hacia el continente la preocupación por
el mantenimiento de un ambiente de seguridad y el sostenimiento de las
democracias.
No obstante, Bush quiso proclamar a 2007 como el “año del compromiso”
con América Latina. Algunas razones podrían ser las “alarmas”
encendidas por el llamado “giro a la izquierda” en América Latina, la
guerra asimétrica de Chávez y el acercamiento de otros actores
extrarregionales como China e Irán. Bush inició un largo viaje por la
región en marzo de 2007 casi al mismo tiempo que el Comando Sur de
EEUU publicaba un nuevo plan estratégico para América Latina con el
horizonte temporal de 2016. El plan definía los vínculos con las
Américas –demográficos, económicos, sociales y políticos– y los
desafíos a los que hay que hacer frente –pobreza y desigualdad,
corrupción, terrorismo y crimen–.
Pese a sus esfuerzos, y tras ocho años de gestión, la Administración
Bush fue acusada insistentemente de abandonar su “patio trasero” tras
los atentados del 11-S. Un descuido que alimentó, según los más
críticos, el sentimiento antiamericano en el continente. Sin embargo,
ningún presidente de EEUU viajó más a América Latina que George W.
Bush, ni firmó más tratados de libre comercio. También renovó las
preferencias arancelarias (ATPDEA) concedidas a Colombia, Ecuador,
Perú y Bolivia en el marco del Plan Colombia y el combate contra el
narcotráfico. Pese a ello, fracasó en su intento de convertir a las
Américas en un solo mercado a través del ALCA.
Bush dejó la presidencia sin haber concedido una entrevista a Chávez
ni a Evo Morales, Rafael Correa, Cristina Fernández de Kirchner o
Daniel Ortega. Dejó la Casa Blanca con Fidel Castro todavía mandando
en Cuba –aunque no en las máximas funciones gubernamentales–, sin
embajadores en Venezuela ni Bolivia, y se fue diciendo a Álvaro Uribe
que el TLC de Colombia con EEUU sería finalmente aprobado por el
Congreso estadounidense. También dejó en el aire el viejo proyecto de
crear un área de libre comercio en Asia-Pacífico. Finalmente, escuchó
el anuncio del cierre de la base militar que EEUU tenía en la
localidad ecuatoriana de Manta, uno de los puntos estratégicos en la
lucha antidroga de EEUU, especialmente en Colombia.
Obama
Según el Latinobarómetro de 2008, seis de cada 10 latinoamericanos no
tenían interés o les parecía irrelevante quien ganaría las elecciones
presidenciales de EEUU en noviembre de ese año. A pesar de que los
comicios fueron calificados de emblemáticos por el resto del mundo, y
pese a la importancia del voto latino, no se creía que la elección
produciría cambio alguno. Sin embargo, los presidentes
latinoamericanos alabaron el triunfo de Barack Obama, mientras
esperaban una mejora sustancial en la relación con EEUU, aunque a la
vista de lo ocurrido con anteriores administraciones demócratas, se
dejaban entrever ciertas muestras de escepticismo. Este hecho
respondía a las experiencias previas de que con los demócratas no se
produjeron avances sustanciales en las relaciones hemisféricas,
especialmente en el terreno comercial, dado el proteccionismo que los
caracterizaba.
A Obama también se le achacaba un gran desconocimiento de la región,
que nunca había visitado. Durante la campaña electoral sus
declaraciones sobre las relaciones entre EEUU y América Latina fueron
escasas. La crisis financiera y la economía fueron en su principal
preocupación y su prioridad. Sin olvidar que Irak, Afganistán o Irán
seguían siendo los mayores desafíos de su política exterior, algunos
creían que un “aire de cambio” podía llegar de la nueva
administración. Sus intenciones se plasmaron en su campaña electoral
en el documento New Partnership for the Americas, de mayo de 2008. El
escrito se basaba en tres pilares: (1) defensa de la democracia y del
Estado de Derecho; (2) mejora de la seguridad y lucha contra las
amenazas comunes, como el tráfico de drogas, las guerrillas y el
terrorismo; y (3) impulso del bienestar regional combatiendo la
pobreza, el hambre y el cambio climático. A pesar de estas ideas,
durante la campaña electoral Barak Obama y John McCain aludieron muy
poco a América Latina.
Durante la campaña, Obama dijo estar dispuesto a dialogar con el
gobierno de Cuba y a aliviar la subsistencia de sus habitantes, pero
sin levantar el bloqueo. También dijo que estaría dispuesto a hablar
con Chávez, aunque criticó su estilo agresivo y poco democrático. La
otra cara de la moneda fue Colombia, hasta entonces el más fiel aliado
de EEUU en la región. Obama afirmó que seguiría apoyando la lucha
contra el narcotráfico y la guerrilla, aunque mostró sus reticencias
sobre el TLC. Su afirmación de que revisaría el Tratado de Libre
Comercio de América del Norte (TLCAN o NAFTA) y su reiterada
afirmación de la necesidad de frenar la salida de compañías
estadounidenses a otros países para crear empleos hacía intuir un
cambio respecto a la promoción de los TLC de Bush. También anunció
condonaciones de deudas, ayuda financiera y la promesa de reinstaurar
el cargo de enviado especial para las Américas, creado por Clinton y
eliminado por Bush en 2004. Otro proyecto innovador fue el anuncio de
una Alianza Energética de las Américas, destinada a la producción
conjunta de combustibles alternativos.
Obama llegó a la Casa Blanca con EEUU todavía como el actor principal
en América Latina, aunque con menos peso que en el pasado y más
limitado por el ascenso de algunos países dispuestos a asumir
responsabilidades diplomáticas en proporción a su estatus económico,
como Brasil y Chile. Estos países diversificaron sus relaciones
internacionales más allá de EEUU y estrecharon lazos con la UE y la
APEC (Foro de Cooperación Económica Asia-Pacífico). Su política
también se vio limitada por la influencia del ALBA (Alianza
Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América), liderada por
Venezuela, y la creciente presencia de actores extrarregionales (Irán,
Rusia y China), en busca de recursos latinoamericanos para nutrir su
propio crecimiento económico o de apoyo político para sus proyectos.
La idea de la nueva administración era borrar la imagen legada por
Bush, dejando atrás el unilateralismo y el intervencionismo. Con Obama
le sería más difícil a Chávez convencer a sus seguidores de que una
“invasión gringa” era inminente.
Durante los primeros meses en la Casa Blanca, Obama demostró un
interés activo por la región reuniéndose con Felipe Calderón –todavía
como presidente electo–, Lula, Michelle Bachelet y Álvaro Uribe. El
primer encuentro de su secretaria de Estado con un presidente
extranjero fue con el haitiano René Préval, mientras Joseph Biden
visitó Chile y Costa Rica en marzo de 2009. Varios altos cargos de
distintos departamentos visitaron también México con anticipación al
viaje de Obama en abril del mismo año.
“Debemos trabajar con la región para avanzar en objetivos comunes,
pero tiene que quedar claro que los EEUU no están para dar cátedra”,
dijo Arturo Valenzuela antes de ser nombrado responsable para América
Latina del Departamento de Estado. Con el mismo talante “multilateral”
llegó Obama, ya presidente, a la V Cumbre de las Américas, en Trinidad
y Tobago, en abril de 2009, su acción más visible hacia la región
hasta entonces: “No senior or junior partner to this engagement”. En
otras palabras, EEUU quería construir una política con América Latina
y no para América Latina y por eso sería un actor más en el hemisferio
y no la potencia hegemónica. En esa ocasión mencionó algunas de sus
intenciones, avaladas por haber levantado muy poco antes las
restricciones sobre viajes y remesas a Cuba. Su gesto no evitó que en
la Cumbre se produjeran serias discusiones sobre Cuba y los derechos
humanos, mientras otros temas incluidos en la agenda, como la
seguridad energética y el desarrollo sostenible, al final no
estuvieron sobre la mesa.
Pese a sus buenas palabras de construir una política con y no para
América Latina, las intenciones de Obama no fueron seguidas por los
presidentes latinoamericanos que, de una forma más o menos consciente,
habían decidido hacer de Cuba el punto central de las relaciones entre
EEUU y América Latina. Esto ocurrió en la Cumbre del Grupo de Río en
Costa do Sauípe (diciembre de 2008), antes de que Obama iniciara su
gobierno. En esa ocasión, a consecuencia de una iniciativa mexicana,
se admitió el ingreso de Cuba en el Grupo de Río y en el sistema
latinoamericano. Posteriormente, tanto en la V Cumbre de las Américas,
con Obama presente, y en la XXXIX Asamblea General de la OEA en
Honduras, en junio de 2009, siendo Manuel Zelaya presidente de la
república hondureña, se volvió a insistir en el tema, a tal punto que
en Honduras se aprobó eliminar la sanción contra el régimen de Fidel
Castro, aunque sin permitir su regreso a la organización.
En la última cumbre del Grupo de Río, que anunció la creación de la
Comunidad de Estados Latinoamericanos y del Caribe, Cuba, representada
por Raúl Castro, fue un protagonista destacado. Por eso no se
entienden las palabras de Cristina Fernández de Kirchner, tras la
Cumbre, de que Obama no había cumplido con las expectativas de América
Latina. Dijo la presidenta que “nadie esperaba que… fuera un príncipe
en un corcel blanco”, pero sí “un realismo en serio y las necesidades
que América Latina tuvo y tiene de una política en la región”. Ni
Cristina Fernández, ni Lula ni la mayor parte de los restantes
mandatarios latinoamericanos hicieron mucho por mejorar las relaciones
con EEUU, más allá de protestar por el papel desempeñado por el
gobierno Obama en la crisis hondureña.
Cuba tampoco facilitó las cosas. Los movimientos iniciales de Obama
fueron seguidos de buenas palabras por Raúl Castro, pero tras las
quejas de su hermano Fidel en su columna de opinión, desde donde dicta
las líneas maestras de la política nacional, se volvió a fojas cero y
al discurso antiimperialista de siempre, que alcanzó uno de sus picos
máximos con las acusaciones de Raúl Castro contra EEUU después de la
muerte del preso opositor en huelga de hambre Orlando Zapata Tamayo.
Este hecho, con toda probabilidad, dificultará las relaciones futuras
entre Washington y La Habana porque ha recortado el margen de maniobra
que ha tenido Obama para abrir o relajar la relación bilateral.
La crisis hondureña fue otro punto álgido en las relaciones
hemisféricas, que comenzó con el golpe contra Zelaya del 28 de junio
de 2009, pocos días después de la Asamblea General de la OEA. La
posición y las acciones de la administración estadounidense en la
crisis tuvieron graves consecuencias para su relación con América
Latina, por más que desde la Casa Blanca y el Departamento de Estado
se condenara el golpe. Tras la expulsión de Zelaya, la OEA, con el
voto de EEUU, denunció el golpe, y sus miembros votaron expulsar al
nuevo gobierno de la organización. Sin embargo, algunos presidentes,
especialmente del ALBA, pero no sólo, lanzaron ciertas acusaciones,
veladas unas, más abiertas y directas otras, sobre la responsabilidad
de EEUU.
La resolución de la crisis también fue fuente de conflictos con
Brasil, Venezuela y otros países de América del Sur. Las gestiones del
presidente de Costa Rica, Oscar Arias, terminaron en un punto muerto y
para desatascar al Pacto de San José hubo que recurrir al liderazgo de
EEUU. Brasil, que se vio metido de lleno en el problema tras la
inopinada entrada de Zelaya en su embajada, reaccionó frente a la
crisis con gran rigidez e inflexibilidad, que no sólo evidenciaba el
deseo de su gobierno de no enfrentarse con Venezuela sino también
cierto desconocimiento de la realidad centroamericana.
Tampoco favoreció el buen entendimiento entre EEUU y América Latina el
acuerdo de colaboración militar entre Washington y Bogotá, anunciado
en agosto de 2009 y ratificado pocos meses después. Según el documento
firmado por ambas partes, Colombia facilita a EEUU el acceso a siete
instalaciones militares. A cambio, el Pentágono proporciona aviones y
tecnología para apoyar a las fuerzas de seguridad colombianas en su
lucha contra el narcotráfico y la guerrilla. Las negociaciones las
inició EEUU después de que Ecuador no renovara la concesión de 10 años
de la base de Manta. Aunque el gobierno colombiano informó de que el
acuerdo reafirmaba el compromiso de las partes en la lucha contra el
narcotráfico y el terrorismo, y la Administración Obama manifestaba
que era un asunto estrictamente bilateral, no opinaron de la misma
manera los vecinos de Colombia, como Venezuela y Ecuador.
Brasil también expresó sus dudas en varias ocasiones, según apuntaron
el presidente Lula y el canciller Amorin. Éste consideró insuficientes
las garantías dadas por Colombia y EEUU de que el acuerdo bilateral se
restringiría únicamente a operaciones en territorio colombiano, sin
afectar a otros países de la región. El tema fue incluso abordado en
una reunión extraordinaria de la Unión de Naciones Suramericanas
(Unasur) el 28 de agosto en Bariloche, y luego en otra cita en Quito,
el 15 de septiembre. Sirvió además como excusa al presidente
venezolano para justificar la compra de armas al decir que su vecino
será la plataforma de EEUU para lanzar un ataque contra su país.
El episodio más reciente que ha marcado las relaciones en el
hemisferio fue el terremoto de Haití y la rápida respuesta de EEUU,
que en pocas horas decidió enviar miles de soldados, un portaaviones y
un buque hospital. Para la administración Obama Haití era un terreno
idóneo para demostrar su nueva política hacia América Latina y esa
oportunidad quiso ser aprovechada tras la catástrofe. Un día después
del terremoto sus Fuerzas Aéreas operaban el aeropuerto de Puerto
Príncipe para acelerar el suministro de la ayuda. El esfuerzo
humanitario realizado en Haití es el mayor efectuado por EEUU en su
historia reciente. Sin embargo, el Pentágono y el Departamento de
Estado tuvieron que confirmar que su presencia en Haití se debía a una
solicitud directa de su presidente, René Préval. El motivo fueron las
acusaciones de otros países, en especial Venezuela y Nicaragua, de
acusar a EEUU de “ocupar” militarmente el país aprovechando la
tragedia.
Dónde está el interés de EEUU
La Cumbre de las Américas, el golpe de Honduras, las bases colombianas
y el terremoto de Haití han marcado las relaciones hemisféricas
durante el primer año de Obama. Sin embargo, ningún país de la región,
ni siquiera Venezuela, es una amenaza inminente para la seguridad
nacional de EEUU. Tampoco ningún asunto latinoamericano figura entre
los temas urgentes y prioritarios de la agenda de Washington, aunque
la guerra abierta contra el narcotráfico en México va creciendo en
importancia. La sensación de preocupación al norte de la frontera
común se ha incrementado tras los enfrentamientos con los carteles de
narcotraficantes desde fines de 2008 y durante 2009. La Administración
Obama ha prestado un especial interés a México por encima del resto de
asuntos hemisféricos, además de ser una prioridad para la opinión
pública estadounidense.
Parece claro que la actual administración ha querido mirar a América
Latina bajo otro prisma, abordando la relación con la región desde el
punto de vista de crecimiento económico, igualdad, seguridad
ciudadana, energía, migración, buen gobierno y Estado de Derecho:
quizá tras un cansancio generalizado por la prioridad de los asuntos
del libre comercio y la lucha contra el narcotráfico. Sobre este
último tema Obama ya dio indicios durante su campaña electoral de
albergar dudas, sobre todo con el resultado del Plan Colombia. Este
acercamiento más diversificado hacia la región es, en muchos casos,
continuación de algunos cambios introducidos en la administración
anterior por Thomas Shannon, subsecretario de Estado para América
Latina desde octubre de 2005 hasta la segunda mitad de 2009, con Obama
como presidente. De hecho, actualmente existen visiones similares de
republicanos y demócratas de cómo abordar las relaciones con América
Latina.
El tema energético, por ejemplo, sería fundamental –como afirmó la
secretaria de Estado– para abrir una nueva senda en las relaciones con
el continente. La anunciada y planeada alianza energética de las
Américas significaría para EEUU reducir su dependencia del petróleo de
Oriente Medio, y debilitaría la influencia de los petrodólares
venezolanos en la región, además de fortalecer los lazos con Brasil,
quien sería su principal socio. Es un proyecto que ayudaría a cambiar
el eje de la política estadounidense para Latinoamérica. Sin embargo,
es una intención que, aunque anunciada, parece que está en un impasse.
Se dice que existen ciertas reticencias por parte de Brasil que no
quiere participar en una alianza interamericana que no incluya a
Venezuela y Cuba.
La paralización de este proyecto no es el único que alimenta el
escepticismo sobre el impulso de las relaciones con América Latina de
la actual administración. Sobre la promesa de reinstaurar el cargo de
enviado especial todavía no se sabe nada y en lo relativo al
compromiso de una amplia reforma migratoria como prioridad para el
primer año, sólo hubo algunas consultas. Tras haber mostrado primero
sus reticencias a los TLC con Colombia y Panamá, y después una postura
más favorable, el tema ha quedado pospuesto.
Tras un año gobierno, y las especulaciones sobre el verdadero
compromiso de Obama con el hemisferio, el momento era oportuno para
que la secretaria de Estado se embarcara en una gira por cinco países
latinoamericanos, tres de ellos con nuevos presidentes electos –Chile,
Uruguay y Costa Rica–, que además tienen buenas relaciones con EEUU.
También está la visita a Guatemala, que adquiere una dimensión
regional, al ser punto de reunión con otros líderes centroamericanos.
Su etapa brasileña reafirma la importancia de la potencia regional y
de las relaciones bilaterales, así como el deseo de Washington de
potenciar las relaciones con países que están en sintonía en
detrimento de mantener una política más global. En el último momento
se incluyó a Argentina en la gira. Cristina Kirchner y Hillary Clinton
se encontraron tras unas polémicas declaraciones de la presidenta
argentina, que dijo que Obama no había satisfecho las expectativas de
América Latina. Le respondió Arturo Valenzuela, quien señaló que Obama
“es probablemente la figura más popular en todos los países de
América”.
El encuentro en el último momento ha calmado las relaciones entre
Buenos Aires y Washington, en parte porque Argentina necesita el apoyo
de EEUU para reinsertarse en los mercados internacionales y en el
conflicto con el Reino Unido por las Islas Malvinas, incluyendo las
exploraciones de petróleo. Dados sus problemas internos, Cristina
Kirchner busca ansiosamente una foto con Obama, quizá en abril. Por su
parte, EEUU quiere que Argentina siga cooperando en la lucha el
terrorismo y el narcotráfico y mantenga su firme posición contra Irán,
mientras el respaldo de Brasil ha contrariado a EEUU. Además, el
Departamento de Estado está tratando de conseguir el apoyo del máximo
número de países para el reingreso de Honduras a la OEA.
Argentina fue uno de los primeros lugares que pisó Arturo Valenzuela
tras su designación como secretario de Estado adjunto para Asuntos
Hemisféricos, en noviembre de 2009. Cuando llegó a Buenos Aires no fue
recibido ni por la presidenta ni por el canciller Jorge Taina, quien
estaba en la Cumbre del cambio climático en Copenhague. No ocurrió lo
mismo con su antecesor, Thomas Shannon, siempre recibido por Néstor
Kirchner y su esposa. Uno de los motivos pudiera ser el hecho de que
Obama aún no había concedido una reunión bilateral a Argentina, como
sí hizo con Brasil y Chile. También hay que recordar que Valenzuela
afirmó en 2006, cuando era profesor en Georgetown, que “es un peligro
que Kirchner haga la política del caudillo”.
Valenzuela acaba de comenzar su nueva andadura, pero en su
presentación ante el Congreso manifestó que “no se puede mirar a
Latinoamérica dividiéndola en buenos y malos, es necesario entender
sus complejidades y sus propios retos”. Y terminó su exposición
retomando una frase de Obama: “Lo que es bueno para las Américas, es
bueno para EEUU”.
Conclusión: A pesar de las iniciales buenas intenciones de la
Administración Obama, los problemas de la economía estadounidense y
los conflictos en Afganistán e Irak han mantenido a Obama bastante
ocupado durante su primer año de gobierno. También es verdad que, con
la crisis económica, tampoco ha sido fácil disponer de dinero para
avanzar en nuevos proyectos en América Latina. Por eso, Obama se ha
movido más con acciones simbólicas y con el mensaje de que no está
eludiendo a la región. La reciente gira de la secretaria de Estado por
América Latina quiere demostrar que el gobierno estadounidense desea
reforzar los vínculos hemisféricos con algo más que buena voluntad. La
gira, sin embargo, ha estado precedida por una nueva iniciativa de
integración latinoamericana que recibirá el nombre de Comunidad de
Naciones de América Latina y el Caribe, integrada por todos los países
de la región menos EEUU y Canadá. Los mensajes contradictorios que
lanzan los Estados latinoamericanos con respecto a su relación o la
visión que tienen de EEUU no ayudan a reforzar los vínculos. La
bidireccionalidad de la relación debe prevalecer si ambas partes
quieren recoger los beneficios que se desprenderían de ella.
Carlos Malamud
Investigador principal de América Latina, Real Instituto Elcano
Carlota García Encina
Ayudante de Investigación, Real Instituto Elcano
Real Instituto Elcano (España)
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Re: GEOPOLÍTICA
VALOR ECONÔMICO – 29/03/10
Uruguai e Brasil nos limites do Mercosul
Um dos conflitos mais graves entre os sócios do Mercosul acabou discretamente neste ano, sem participação visível do Brasil, e será um trunfo importante na visita que o recém-eleito presidente uruguaio, José Mujica, inicia oficialmente hoje, em território brasileiro. O conflito foi efeito colateral da chamada briga das "papeleiras" - devida à instalação de fábricas de celulose no Uruguai, próximas à fronteira da Argentina, onde ecologistas bloqueram pontes, acusando as indústrias de poluidoras. Além do bloqueio de ponte, a Argentina vinha brecando a liberação de verbas reivindicadas pelo Uruguai.
Em represália pelas papeleiras, a Argentina havia escolhido como alvo justamente um dos poucos avanços registrados no Mercosul nos últimos anos, o Focem, fundo de "convergência estrutural", destinado a reduzir as assimetrias do bloco. Sem explicação, o governo argentino vetou a liberação de repasses do Focem ao Uruguai - que havia optado por concentrar o equivalente a três anos de verbas a que tinha direito, cerca de US$ 83 milhões, na construção de uma linha de transmissão entre a fronteira com o Brasil (de onde parte uma linha para a usina de Candiota no Rio Grande do Sul) até próximo a Montevidéu.
A eleição do novo presidente levou o governo de Cristina Kirchner a lançar um gesto de boa vontade e retirar os obstáculos no Focem ao Uruguai. A confirmação da sonhada interconexão elétrica (com obras já autorizadas do lado brasileiro) será um dos pontos altos da visita de Mujica, que também anunciará com Lula projetos de conexão ferroviária entre os dois países. Ambos falarão de comércio, mas tentarão manter o tema longe das atenções, porque a agenda, nesse caso, é negativa: o Uruguai se recusa a abrir o mercado ao frango fresco brasileiro e, em represália, o Ministério da Agricultura brasileiro vem dificultando as vendas de leite, carne, pescados e animais vivos.
"Vamos estar, no Brasil, lutando pelo frango de Canelones", adiantou Mujica na sexta-feira, no Uruguai, mencionando a região onde se concentram os produtores uruguaios temerosos da concorrência brasileira.
A encrenca com os argentinos e essa tentativa de equilíbrio uruguaio entre o protecionismo e o impulso à integração física é um bom resumo dos impasses que paralisaram o Mercosul nos últimos anos, e que põem a utilidade do bloco em questão em momentos como o atual, quando volta à mesa a negociação entre o bloco e a União Europeia para um acordo de livre comércio. Os europeus já enfatizaram, no passado, a importância de um acordo interregional, entre dois blocos. Hoje, diplomatas do continente confessam reservadamente que prefeririam negociar exclusivamente com o Brasil, de mercado mais promissor e governo mais previsível.
Em resposta aos ataques ao Mercosul, o governo costuma lembrar a vantagem brasileira, com sucessivos superávits nas relações comerciais com os sócios. Essa "vantagem" é apontada como, na verdade, uma das deficiências do Mercosul, em um recém-concluído estudo do Ipea, "Integrando desiguais: assimetrias estruturais e políticas de integração no Mercosul", de André de Mello e Souza, Ivan Tiago Machado Oliveira e Samo Sérgio Gonçalves. Era de se esperar que, como maior economia, o Brasil funcionasse como dínamo comercial, absorvendo produtos dos parceiros e estimulando a produção local, mas são os sócios que compram, em maior quantidade do que vendem, os produtos brasileiros, notam os técnicos do Ipea.
Como fizeram em reunião na semana passada com autoridades argentinas, os brasileiros irão conversar com os uruguaios sobre possíveis projetos de "integração produtiva", destinados a permitir maior ligação entre os parque industriais do Brasil e dos vizinhos. Esse projeto é sabotado pelas dificuldades para lidar com as chamadas "assimetrias" dentro do bloco, desde as diferenças de políticas macroeconômicas às condições de trânsito de mercadorias.
Como apontam os autores do estudo do Ipea - encontrado na página de internet do instituto sob o nome de "texto para discussão 1477" - o problema de assimetrias entre as economias no Mercosul é mais complexo do que parece pelo discurso oficial. Afinal, também há fortes assimetrias dentro dos próprios países. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Maranhão e do Piauí é inferior ao do Paraguai, e o Uruguai tem um PIB per capita superior a 23 das 27 unidades federativas do Brasil (só é superado por São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal).
No Mercosul, o Índice de Desenvolvimento Humano uruguaio é menor apenas que o do Distrito Federal brasileiro. Essas diferenças levam os autores a sugerir mudanças no Focem, para permitir seu uso por empresas privadas (aumentando a eficiência na destinação de recursos) e aumentar a aplicação em áreas de baixo desenvolvimento no Brasil, ampliando geograficamente o alcance dos programas do Mercosul.
O Brasil é, porém, o principal beneficiário da integração comercial proporcionada pelo Mercosul. O bloco "tem produzido maior concentração econômica", acusa o Ipea, e os ganhos para Uruguai e Paraguai são "pequenos ou inexistentes", embora seja grande sua dependência em relação aos sócios maiores. Os sócios do bloco já foram responsáveis pela absorção de 50% das exportações uruguaias no início dos anos 2000, e hoje absorvem 30%. O Paraguai depende do Mercosul para 50% das exportações.
No caso do Uruguai, o país reverteu, nos últimos meses, o resultado comercial, e acumulou superávits nas transações com o Brasil, graças às exportações de trigo, autopeças, leite e outros produtos de peso no comércio bilateral. A visita de Mujica, com uma agenda de investimentos, é uma tentativa de sair desse terreno oscilante das relações comerciais e avançar na integração real entre os mercados. Os temores e barreiras ainda existentes no comércio, porém, não estimulam otimismo para os que ainda acreditam no progresso do Mercosul.
Uruguai e Brasil nos limites do Mercosul
Um dos conflitos mais graves entre os sócios do Mercosul acabou discretamente neste ano, sem participação visível do Brasil, e será um trunfo importante na visita que o recém-eleito presidente uruguaio, José Mujica, inicia oficialmente hoje, em território brasileiro. O conflito foi efeito colateral da chamada briga das "papeleiras" - devida à instalação de fábricas de celulose no Uruguai, próximas à fronteira da Argentina, onde ecologistas bloqueram pontes, acusando as indústrias de poluidoras. Além do bloqueio de ponte, a Argentina vinha brecando a liberação de verbas reivindicadas pelo Uruguai.
Em represália pelas papeleiras, a Argentina havia escolhido como alvo justamente um dos poucos avanços registrados no Mercosul nos últimos anos, o Focem, fundo de "convergência estrutural", destinado a reduzir as assimetrias do bloco. Sem explicação, o governo argentino vetou a liberação de repasses do Focem ao Uruguai - que havia optado por concentrar o equivalente a três anos de verbas a que tinha direito, cerca de US$ 83 milhões, na construção de uma linha de transmissão entre a fronteira com o Brasil (de onde parte uma linha para a usina de Candiota no Rio Grande do Sul) até próximo a Montevidéu.
A eleição do novo presidente levou o governo de Cristina Kirchner a lançar um gesto de boa vontade e retirar os obstáculos no Focem ao Uruguai. A confirmação da sonhada interconexão elétrica (com obras já autorizadas do lado brasileiro) será um dos pontos altos da visita de Mujica, que também anunciará com Lula projetos de conexão ferroviária entre os dois países. Ambos falarão de comércio, mas tentarão manter o tema longe das atenções, porque a agenda, nesse caso, é negativa: o Uruguai se recusa a abrir o mercado ao frango fresco brasileiro e, em represália, o Ministério da Agricultura brasileiro vem dificultando as vendas de leite, carne, pescados e animais vivos.
"Vamos estar, no Brasil, lutando pelo frango de Canelones", adiantou Mujica na sexta-feira, no Uruguai, mencionando a região onde se concentram os produtores uruguaios temerosos da concorrência brasileira.
A encrenca com os argentinos e essa tentativa de equilíbrio uruguaio entre o protecionismo e o impulso à integração física é um bom resumo dos impasses que paralisaram o Mercosul nos últimos anos, e que põem a utilidade do bloco em questão em momentos como o atual, quando volta à mesa a negociação entre o bloco e a União Europeia para um acordo de livre comércio. Os europeus já enfatizaram, no passado, a importância de um acordo interregional, entre dois blocos. Hoje, diplomatas do continente confessam reservadamente que prefeririam negociar exclusivamente com o Brasil, de mercado mais promissor e governo mais previsível.
Em resposta aos ataques ao Mercosul, o governo costuma lembrar a vantagem brasileira, com sucessivos superávits nas relações comerciais com os sócios. Essa "vantagem" é apontada como, na verdade, uma das deficiências do Mercosul, em um recém-concluído estudo do Ipea, "Integrando desiguais: assimetrias estruturais e políticas de integração no Mercosul", de André de Mello e Souza, Ivan Tiago Machado Oliveira e Samo Sérgio Gonçalves. Era de se esperar que, como maior economia, o Brasil funcionasse como dínamo comercial, absorvendo produtos dos parceiros e estimulando a produção local, mas são os sócios que compram, em maior quantidade do que vendem, os produtos brasileiros, notam os técnicos do Ipea.
Como fizeram em reunião na semana passada com autoridades argentinas, os brasileiros irão conversar com os uruguaios sobre possíveis projetos de "integração produtiva", destinados a permitir maior ligação entre os parque industriais do Brasil e dos vizinhos. Esse projeto é sabotado pelas dificuldades para lidar com as chamadas "assimetrias" dentro do bloco, desde as diferenças de políticas macroeconômicas às condições de trânsito de mercadorias.
Como apontam os autores do estudo do Ipea - encontrado na página de internet do instituto sob o nome de "texto para discussão 1477" - o problema de assimetrias entre as economias no Mercosul é mais complexo do que parece pelo discurso oficial. Afinal, também há fortes assimetrias dentro dos próprios países. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Maranhão e do Piauí é inferior ao do Paraguai, e o Uruguai tem um PIB per capita superior a 23 das 27 unidades federativas do Brasil (só é superado por São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal).
No Mercosul, o Índice de Desenvolvimento Humano uruguaio é menor apenas que o do Distrito Federal brasileiro. Essas diferenças levam os autores a sugerir mudanças no Focem, para permitir seu uso por empresas privadas (aumentando a eficiência na destinação de recursos) e aumentar a aplicação em áreas de baixo desenvolvimento no Brasil, ampliando geograficamente o alcance dos programas do Mercosul.
O Brasil é, porém, o principal beneficiário da integração comercial proporcionada pelo Mercosul. O bloco "tem produzido maior concentração econômica", acusa o Ipea, e os ganhos para Uruguai e Paraguai são "pequenos ou inexistentes", embora seja grande sua dependência em relação aos sócios maiores. Os sócios do bloco já foram responsáveis pela absorção de 50% das exportações uruguaias no início dos anos 2000, e hoje absorvem 30%. O Paraguai depende do Mercosul para 50% das exportações.
No caso do Uruguai, o país reverteu, nos últimos meses, o resultado comercial, e acumulou superávits nas transações com o Brasil, graças às exportações de trigo, autopeças, leite e outros produtos de peso no comércio bilateral. A visita de Mujica, com uma agenda de investimentos, é uma tentativa de sair desse terreno oscilante das relações comerciais e avançar na integração real entre os mercados. Os temores e barreiras ainda existentes no comércio, porém, não estimulam otimismo para os que ainda acreditam no progresso do Mercosul.
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Re: GEOPOLÍTICA
Esse texto me lembrou alguns q vejo em nossa imprensa. Obviamente o senhor Yuriko Koike é um, digamos, "conservador", simpatizante do PLD. Ironicamente ele mesmo salienta q a maior parte da população do Japão está farta de tal partido. "Acaso", será?...Marino escreveu:Como corroer uma aliança
Partido no poder no Japão aliou-se a dois menores, históricos opositores ao tratado com os EUA.
Por Yuriko Koike
Este ano marca o 50º aniversário da assinatura do Tratado de Segurança Japão-Estados Unidos.
Em vez de celebrar-se o acordo que ajudou a estabilizar o Leste da Ásia por meio século, agora corre-se
sério risco de ver o tratado ameaçado, tanto pela falta de tomada de decisões como por um
antiamericanismo instintivo.
Em agosto de 2009, a população votou pela "mudança". O Partido Liberal-Democrata (PLD), que
governou o Japão na maior parte das décadas do pós-guerra, perdeu as eleições parlamentares para o
Partido Democrata do Japão (PDJ). O principal motivo para a vitória do PDJ foi o fato de que os eleitores
estavam fartos do PLD.
Essa sensação vinha crescendo no país há algum tempo. Na eleição de 2005, o PLD reteve o
poder apenas porque o primeiro-ministro Junichiro Koizumi posicionou o PLD como um agente de
mudança. Depois da saída de Koizumi, no entanto, os primeiros-ministros japoneses Shinzo Abe, Yasuo
Fukuda e Taro Aso chegaram e se foram com tanta rapidez que a liderança de nosso país parecia ser
como uma "soup du jour", a sopa do dia. Com tão pouco respeito pelos líderes do PLD não é de
surpreender que os eleitores tenham perdido a pouca paciência que tinham com o partido e suas práticas
antiquadas.
O PDJ, portanto, assumiu o poder e formou um governo de coalizão com dois partidos menores,
o Partido Social-Democrata (PSD) e o Novo Partido do Povo (NPP). A única razão de ser do PDJ,
contudo, é sua posição anti-PLD; o PSD é opositor de longa data do Tratado de Segurança Japão-EUA e
o NPP é um forte crítico das privatizações da era Koizumi. Isso não configura um programa de governo
coerente e o governo do primeiro-ministro do país, Yukio Hatoyama, rapidamente revelou a falta básica
de ideias do PDJ.
O maior problema do governo Hatoyama, no entanto, é que o PDJ assumiu o poder sem ter uma
política de segurança nacional consistente. Isso não deveria ter surpreendido ninguém. O PDJ foi criado
em 1998 como um partido "jambalaia", uma mistura de diversos elementos, formado por pessoas que
abandonaram o PLD, como o próprio Hatoyama, e membros do antigo Partido Socialista.
Uma das principais promessas de campanha do PDJ foi a "mudança", que basicamente
significava qualquer coisa que não fosse o PLD. Será, no entanto, que opor-se ao PLD significa
realmente desfazer 50 anos de trabalho na segurança nacional? Embora isso agora pareça ser o caso,
em seu programa eleitoral o PDJ havia adiantado apenas algumas poucas linhas sobre segurança
nacional, evitando disputas internas entre a ala esquerdista do partido, crítica ao Tratado de Segurança
Japão-EUA, e a direitista, favorável.
Um bom número de membros do gabinete ministerial de Hatoyama está sendo tão "anti-Japão"
quanto "anti-EUA". Por exemplo, Yoshito Sengoku, ministro de Revitalização do Governo, foi membro da
Shaseidou, grupo jovem de esquerda inerentemente antiamericano, assim como Hirotaka Akamatsu,
ministro de Agricultura, Silvicultura e Pesca. Como resultado, o governo de Hatoyama parece estar
tentando emular o antigo governo de Roh Moo-hyun na Coreia do Sul, que tolamente buscou distanciar o
país de seu principal parceiro militar, os EUA. De fato, muitos integrantes do gabinete do PDJ são
"boomers" (da geração nascida no pós-guerra) influenciados pelos grupos de estudantes radicais que se
opuseram ao Tratado de Segurança Japão-EUA há 50 anos.
É claro, há divergências nas relações entre Japão e EUA. O realinhamento das forças militares
dos EUA no Japão é necessário, com prioridade para o translado da base Futenma dos fuzileiros navais
dos EUA, em Okinawa, que abriga metade dos 47 mil soldados no Japão. Não faz sentido manter essa
base no meio de uma cidade densamente povoada, tornando-a um dos alvos mais visíveis e tentadores
do mundo.
O problema é que Hatoyama está voltando atrás sem dispor de uma alternativa viável para
oferecer. Um dia sugere transferir a base militar para fora do Japão, talvez em Guam, e no outro, sugere
tirá-la apenas de Okinawa, dando ao mundo a impressão de uma estratégia de segurança nacional
irresponsável.
Em novembro, quando o presidente dos EUA, Barack Obama, visitou o Japão, Hatoyama
balbuciou as palavras "confie em mim" para tentar resolver a questão. No dia seguinte, disse coisas que
contradisseram o que havia dito a Obama, surpreendendo tanto o governo dos EUA como os japoneses
em geral. Desde então, a aprovação de seu governo caiu de 80% para 50%. A população está
descobrindo que Hatoyama é incapaz de tomar - e manter - uma decisão.
Certamente, encontrar um local alternativo para a base dos EUA é difícil, uma vez que os
japoneses são tão propensos como quaisquer outros a reações do tipo "Nimby" (sigla em inglês para, "no
meu quintal não"). Mudar a base para o distrito de Henoko, menos povoado, na parte norte de Okinawa -
a solução acertada pelos dois governos - é a única escolha realista. Hatoyama, no entanto, hesita,
minando o pilar mais importante da paz e segurança no Pacífico, a aliança Japão-EUA. Não é uma
situação favorável nem para o Japão, nem EUA e nem para o mundo.
Yuriko Koike primeira mulher a ser ministra da Defesa do Japão, foi assessora de Segurança
Nacional e atualmente é integrante da oposição no Congresso. Copyright: Project Syndicate, 2010.
Podcast no link: http://media.blubrry.com/ps/ media.libsyn.com/media/ps/koike1.mp3 http://www.projectsyndicate.
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Re: GEOPOLÍTICA
O Serviço Secreto chinês
29/03/2010 - 21h07
Fabio Pereira Ribeiro
O famoso general chinês Sun Tzu com sua clássica obra, A Arte de Guerra, em seus treze momentos de estratégia e operações militares afirma que a informação e o segredo são as principais virtudes de poder de um comandante.
Até hoje esta premissa militar orienta diversos executivos de empresas, chefes de Estados, políticos e qualquer pessoa que realmente desenvolve estratégia de forma efetiva.
Para a China de hoje isso não seria diferente.
Os grandes criadores dos princípios estratégicos desenvolvem ações militares e econômicas com bases fortíssimas em informações (ou inteligência) e a construção disto se dá graças a um grandioso esforço e atuação de seu serviço secreto.
Os serviços secretos são entidades governamentais que produzem o máximo de informações para que os chefes de Estados tomem as decisões com o menor risco possível, principalmente informações sobre questões de segurança, economia e tecnologia.
Muitos países potencializam o uso dos serviços secretos como estratégias de segurança e de política externa, e até mesmo desenvolvem ações que realmente demonstrem vantagem competitiva sobre outros Estados, por exemplo, o serviço de inteligência econômica desenvolvido pela França.
Mas no caso chinês, a atuação do serviço secreto é considerado o mais temido e potencial que existe hoje no mundo.
As atuações de CIA (EUA), Mossad (Israel), MI5 e 6 (Inglaterra) e outros ficam aquém pela abrangência e forma de atuação do serviço secreto chinês.
O tradicional conceito de Qingbao (traduzido do mandarim como serviço de inteligência ou informação) demonstra que, acima de tudo, o que os chineses mais necessitam cada dia são informações valiosas sobre tudo.
O Diaochabu (Serviço de Inteligência do Comitê Central do PCC) direciona todas as necessidades e ações da rede secreta de informações da China, e a partir dela constitui os diversos esforços de inteligência que o Estado necessita.
A atuação hoje do Serviço Secreto da China tem uma base consolidada sobre os aspectos de segurança internacional e interna, e principalmente em produzir dados externos sobre os diversos países que formam potenciais parcerias de negócios, e que de alguma forma podem ser ameaças ao crescimento econômico chinês.
Pelo grande investimento que os chineses fazem em seus estudantes que visitam os diversos países do mundo, muito disso é feito de forma sincronizada com estudantes que na verdade são potenciais agentes (espiões) que recolhem informações nas melhores universidades e cenários de cada região, com uma perspectiva diferenciada de jovens em um mundo novo.
São pelo menos 40.000 novos estudantes por ano que são enviados aos diversos centros acadêmicos de excelência, sem contar também ações de entrada de estudantes estrangeiros em território chinês.
A realidade é uma só, o dragão chinês nunca dormiu no ponto, e ao mesmo tempo a cada novo período solta grande quantidade de fogo. Como diria Sun Tzu, “nunca menospreze o tamanho e poder de fogo do seu oponente”.
Nota:
1 - Para maiores informações recomendo a leitura do livro O Serviço Secreto Chinês de Roger Faligot, editora Larousse.
O professor doutor Fabio Pereira Ribeiro Diretor de Marketing e Relações Internacionais da UNIMONTE, especialista em Inteligência Estratégica e Conflitos Internacionais
http://www.inforel.org/
29/03/2010 - 21h07
Fabio Pereira Ribeiro
O famoso general chinês Sun Tzu com sua clássica obra, A Arte de Guerra, em seus treze momentos de estratégia e operações militares afirma que a informação e o segredo são as principais virtudes de poder de um comandante.
Até hoje esta premissa militar orienta diversos executivos de empresas, chefes de Estados, políticos e qualquer pessoa que realmente desenvolve estratégia de forma efetiva.
Para a China de hoje isso não seria diferente.
Os grandes criadores dos princípios estratégicos desenvolvem ações militares e econômicas com bases fortíssimas em informações (ou inteligência) e a construção disto se dá graças a um grandioso esforço e atuação de seu serviço secreto.
Os serviços secretos são entidades governamentais que produzem o máximo de informações para que os chefes de Estados tomem as decisões com o menor risco possível, principalmente informações sobre questões de segurança, economia e tecnologia.
Muitos países potencializam o uso dos serviços secretos como estratégias de segurança e de política externa, e até mesmo desenvolvem ações que realmente demonstrem vantagem competitiva sobre outros Estados, por exemplo, o serviço de inteligência econômica desenvolvido pela França.
Mas no caso chinês, a atuação do serviço secreto é considerado o mais temido e potencial que existe hoje no mundo.
As atuações de CIA (EUA), Mossad (Israel), MI5 e 6 (Inglaterra) e outros ficam aquém pela abrangência e forma de atuação do serviço secreto chinês.
O tradicional conceito de Qingbao (traduzido do mandarim como serviço de inteligência ou informação) demonstra que, acima de tudo, o que os chineses mais necessitam cada dia são informações valiosas sobre tudo.
O Diaochabu (Serviço de Inteligência do Comitê Central do PCC) direciona todas as necessidades e ações da rede secreta de informações da China, e a partir dela constitui os diversos esforços de inteligência que o Estado necessita.
A atuação hoje do Serviço Secreto da China tem uma base consolidada sobre os aspectos de segurança internacional e interna, e principalmente em produzir dados externos sobre os diversos países que formam potenciais parcerias de negócios, e que de alguma forma podem ser ameaças ao crescimento econômico chinês.
Pelo grande investimento que os chineses fazem em seus estudantes que visitam os diversos países do mundo, muito disso é feito de forma sincronizada com estudantes que na verdade são potenciais agentes (espiões) que recolhem informações nas melhores universidades e cenários de cada região, com uma perspectiva diferenciada de jovens em um mundo novo.
São pelo menos 40.000 novos estudantes por ano que são enviados aos diversos centros acadêmicos de excelência, sem contar também ações de entrada de estudantes estrangeiros em território chinês.
A realidade é uma só, o dragão chinês nunca dormiu no ponto, e ao mesmo tempo a cada novo período solta grande quantidade de fogo. Como diria Sun Tzu, “nunca menospreze o tamanho e poder de fogo do seu oponente”.
Nota:
1 - Para maiores informações recomendo a leitura do livro O Serviço Secreto Chinês de Roger Faligot, editora Larousse.
O professor doutor Fabio Pereira Ribeiro Diretor de Marketing e Relações Internacionais da UNIMONTE, especialista em Inteligência Estratégica e Conflitos Internacionais
http://www.inforel.org/
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Re: GEOPOLÍTICA
EUA x Israel: a arma do juízo final
Por Uri Avnery
Já é lugar-comum que quem não aprende com a história está condenado a repetir erros.
Há 1942 anos, os judeus revoltaram-se contra o Império Romano na província chamada Palestina. Considerado em retrospectiva, parece loucura. A Palestina era parte pequena e insignificante do império planetário que acabava de impor uma derrota acachapante ao poder rival — o Império dos Partos (a Pérsia) — e vencera também uma grande rebelião na Britânia. Que chances teria a revolta dos judeus?
Sabe Deus o que passaria pela cabeça dos Zelotes. Mataram os líderes moderados, que alertavam contra provocar o império, e ganharam prestígio entre a população judaica local. Confiavam em Deus. Talvez confiassem também nos judeus de Roma e acreditassem que a influência deles sobre o Senado conseguiria segurar o imperador, Nero. Talvez tivessem ouvido dizer que Nero estava enfraquecido, a beira de ser derrubado.
Sabe-se como acabou: depois de três anos de luta, os rebeldes foram esmagados, Jerusalém caiu e o templo foi reduzido a cinzas. Os últimos Zelotes suicidaram-se, em Massada.
Os sionistas bem que tentaram aprender com a história. Agiram de modo racional, não provocaram as grandes potências, trabalharam para obter o que fosse possível em cada caso. Fizeram concessões e cada concessão serviu-lhe de base para andar adiante. Inteligentemente usaram o radicalismo de seus adversários e conquistaram a simpatia do mundo.
Mas desde o início da ocupação, a mente dos sionistas parece mergulhada em trevas. O culto de Massada tornou-se dominante. Promessas divinas voltam a desempenhar função importante no discurso público em Israel. Partes significativas do público seguem hoje os novos zelotes.
E a fase seguinte também já começa a repetir-se: os líderes de Israel estão começando a rebelar-se contra a nova Roma.
O que começou como insulto ao vice-presidente dos EUA já se converte agora em algo muito maior. O camundongo pariu um elefante.
Nos últimos tempos, o governo de ultra direita em Jerusalém começou a tratar o presidente Obama com mal disfarçado desprezo. Os medos que ainda havia em Jerusalém no começo de seu governo dissiparam-se. Para eles, Obama é uma pantera negra de papel. Até desistiu de exigir verdadeiro congelamento das construções nas colônias. Cada vez que lhe cuspiram na cara, Obama comentou que começava a chover.
Agora, ostensivamente de repente, a paciência esgotou-se. Obama, seu vice-presidente e seus principais assessores condenam, cada dia com mais severidade, o governo de Netanyahu. A secretária de Estado Hillary Clinton impôs um ultimato: Netanyahu tem de por fim a toda e qualquer construção nas colônias, também em Jerusalém Leste; tem de começar a negociar os problemas centrais do conflito, inclusive Jerusalém Leste, e mais.
Surpresa total em Israel. Foi como se Obama cruzasse o Rubicão, quase como o exército egípcio cruzou o canal de Suez em 1973. Netanyahu deu ordem para mobilizar todas as reservas de Israel nos EUA e avançar todos os blindados diplomáticos. Todas as organizações de judeus nos EUA receberam ordens de unir-se à campanha. O AIPAC fez soar as cornetas de chifre de carneiro e ordenou que seus soldados, no Senado e na Câmara, atacassem a Casa Branca.
Parecia que ia começar a batalha decisiva. Os líderes israelenses tinham certeza de que derrotariam Obama. Mas então, de repente, ouviu-se um som estranho: o som da arma do juízo final. O homem que decidiu ativá-la é inimigo de novo tipo, que ainda não se vira em Israel.
David Petraeus é o oficial mais popular do exército dos EUA. General de quatro estrelas, filho de um capitão do mar holandês que emigrou para os EUA quando seu país foi ocupado pelos nazistas e lá viveu toda a vida, desde a infância. Foi “distinguished cadet” na academia militar de West Point e primeiro colocado na Escola de Alto Comando do Exército. Como comandante em combate, só colheu elogios. Escreveu sua tese de doutoramento (sobre as lições do Vietnã) em Princeton e trabalhou como professor-assistente na cátedra de Relações Internacionais na Academia Militar dos EUA.
No Iraque, comandou as forças em Mossul, a cidade mais problemática de todo o país. Concluiu que, para derrotar aqueles inimigos, os EUA tinham de conquistar corações e mentes da população civil, ganhar aliados locais e gastar mais dinheiro que munição. A população local conhecia-o como “Rei David”. Seu sucesso foi considerado tão significativo, que seus métodos incorporaram-se à doutrina oficial do exército dos EUA.
Sua estrela ascendeu rapidamente. Foi nomeado comandante das forças da coalizão no Iraque e logo se tornou chefe do Comando Central do exército dos EUA, que cobre todo o Oriente Médio exceto Israel e Palestina (os quais ‘pertencem’ ao comando norte-americano na Europa).
Quando Petraeus fala, o povo dos EUA ouve. Como pensador de questões militares, não tem rivais.
Essa semana, Petraeus enviou mensagem claríssima: depois de examinar os problemas de sua Área de Responsabilidade [ing. Area Of Responsibility, AOR] — que inclui, além de outros setores, o Afeganistão, o Paquistão, o Irã, o Iraque e o Iêmen — chegou ao que chamou de “causas de raiz da instabilidade” na região. O primeiro item dessa lista é o conflito Israel-Palestina.
No relatório que Petraeus encaminhou ao Comitê das Forças Armadas, lê-se:
“As intermináveis hostilidades entre Israel e alguns de seus vizinhos implicam desafios específicos à nossa habilidade para obter avanço no rumo de nossos interesses na AOR. (…) O conflito fomenta o sentimento anti-norte-americano, porque se percebe que os EUA favorecem Israel. A fúria dos árabes motivada pela questão palestina limita a força e a profundidade das parcerias que os EUA construam com governos e povos na AOR e enfraquece a legitimidade de regimes moderados no mundo árabe. Simultaneamente, al-Qaeda e outros grupos militantes exploram essa fúria e assim mobilizam apoios. O conflito [Israel-Palestina] também faz crescer a influência do Irã no mundo árabe, mediante seus clientes, o Hizbollah libanês e o Hamás.”
Como se não bastasse, Petraeus enviou seus oficiais para que apresentasse essas conclusões ao Conselho dos Comandantes do Estado-Maior.
Em outras palavras: a paz entre palestinos e israelenses não é questão específica de dois grupos, mas assunto que envolve o superior interesse nacional dos EUA. Isso significa que os EUA têm de alterar o apoio cego que tem dado ao governo israelense e deve impor a Solução de Dois Estados.
O argumento, como tal, não é novo. Muitos especialistas já disseram aproximadamente a mesma coisa. (Imediatamente depois dos ataques de 11/9, escrevi também nessa direção e previ que os EUA teriam de mudar suas políticas. Daquela vez, nada aconteceu.) Mas agora, a mesma ideia aparece em documento oficial redigido pelo comandante norte-americano responsável.
O governo Netanyahu imediatamente entrou em modo de redução de danos. Os porta-vozes disseram que Petraeus tenta impor sua visão estreita; que nada entende de questões políticas; que o argumento é falho. Nem por isso conseguiram impedir que, em Jerusalém, muitos começassem a suar frio.
Todos sabemos que o lobby pró-Israel domina sem limites o sistema político nos EUA. Isso, ou quase isso. Todos os políticos e altos funcionários norte-americanos morrem de medo dele. O menor desvio do roteiro prescrito pelo AIPAC, implica suicídio político.
Mas há um ponto fraco na armadura desse Golias político. Como Aquiles no calcanhar, esse descomunal lobby pró-Israel tem um ponto vulnerável o qual, se atingido, pode neutralizar todo o seu poder.
Boa ilustração desse fenômeno é o caso Jonathan Pollard (relacionados a eventos ocorridos em 1983-1984). Esse judeu-norte-americano era empregado de uma importante agência de serviços de inteligência e espionava para Israel. Para os israelenses, era herói nacional, um judeu que cumpria seus deveres de judeu. Mas para a comunidade de inteligência dos EUA, não passava de um traidor que pôs em risco a vida de vários agentes norte-americanos. Não satisfeitos com as penalidades de rotina, os EUA induziram a corte de justiça a condená-lo à morte [1]. Desde então, todos os presidentes dos EUA têm recusado os repetidos pedidos do governo de Israel para que a sentença seja comutada. Até agora, nenhum presidente norte-americano atreveu-se a confrontar os altos setores da inteligência dos EUA, para os quais Pollard é criminoso e merece a sentença de morte.
O aspecto mais significativo desse caso faz lembrar o famoso comentário de Sherlock Holmes, sobre cachorros que não latiram certa noite. No caso Pollard, o AIPAC não latiu. Silêncio. Toda a comunidade dos judeus norte-americanos manteve-se (e assim continua até hoje, 25 anos depois!) calada. O AIPAC jamais defendeu Pollard.
Por quê? Porque a maioria dos judeus norte-americanos está sempre disposta a fazer absolutamente tudo — tudo! — pelo governo de Israel. Com uma única exceção: jamais farão coisa alguma que dê a impressão de ferir a segurança dos EUA. Basta que suba a bandeira da segurança, e todos os judeus, como todos os norte-americanos, perfilam-se e batem continência. A espada de Dâmocles da suspeita de deslealdade pende sobre as cabeças dos judeus norte-americanos. Não há pior pesadelo para eles do que serem acusados de pôr a segurança de Israel acima da segurança dos EUA. Exatamente por isso, é vitalmente importante para os judeus norte-americanos repetirem eternamente, sem descanso, o mantra que reza que os interesses de Israel são idênticos aos interesses dos EUA.
E então, agora, aparece o mais importante general do exército dos EUA e diz que não está sendo bem assim. Que, hoje, a política do atual governo de Israel está, sim, fazendo aumentar o risco de vida que os soldados norte-americanos enfrentam no Iraque e no Afeganistão.
Por enquanto, o assunto tem aparecido só marginalmente, em comentários de especialistas e não está, ainda, na grande mídia. Mas a espada já saiu da bainha — e os judeus norte-americanos já tremem, hoje, só de ouvir o rugido ainda distante desse terremoto.
Essa semana, um cunhado de Netanyahu usou a versão israelense de nossa arma do juízo final. Declarou que Obama seria “antissemita”. O jornal oficial do partido Shas garante que Obama, de fato, é muçulmano. Representam a direita radical e seus aliados; já escreveram que “Hussein Obama, negro que odeia judeus, tem de ser derrotado nas próximas eleições parlamentares e, depois, na próxima eleição presidencial.”
(Importante pesquisa feita em Israel e publicada ontem mostra que os israelenses não acreditam nessas insinuações: a vasta maioria entende que Obama dá tratamento justo a Israel. De fato, os números de aprovação de Obama são mais altos que os de Netanyahu.)
Mas se Obama decidir reagir e ativar sua arma do juízo final — a acusação de que Israel põe em risco a vida dos soldados dos EUA — as consequências serão catastróficas para Israel.
Por hora, parece ter sido disparado um tiro que os destróiers dão para ‘acordar’ a marujada e sinalizar para que outro navio faça o que foi instruído a fazer. O aviso é bem claro. Ainda que a crise atual amaine, não há dúvida de que voltará a incendiar-se outras e outras vezes, enquanto perdurar no poder, em Israel, a atual coalizão de governo.
Quando o filme Hurt Locker foi premiado no concurso Oscar-2010, todo o público norte-americano estava unido na preocupação com a vida dos seus soldados no Oriente Médio. Se esse público convencer-se de que Israel o está apunhalando pelas costas, será desastre completo para Netanyahu. E não só para ele.
Nota
[1] Para conhecer esse lado da história, ver “Why Pollard Should Never Be Released (The Traitor)”, The New Yorker Magazine, 18/1/1999, pp. 26-33, em http://www.freerepublic.com/focus/fr/576453/posts .
Fonte: zope.gush-shalom.org
Tradução: Caia Fitipaldi, na Fórum
* Uri Avnery é jornalista, membro fundador do Gush Shalom (Bloco da Paz israelense)
[]'s
Por Uri Avnery
Já é lugar-comum que quem não aprende com a história está condenado a repetir erros.
Há 1942 anos, os judeus revoltaram-se contra o Império Romano na província chamada Palestina. Considerado em retrospectiva, parece loucura. A Palestina era parte pequena e insignificante do império planetário que acabava de impor uma derrota acachapante ao poder rival — o Império dos Partos (a Pérsia) — e vencera também uma grande rebelião na Britânia. Que chances teria a revolta dos judeus?
Sabe Deus o que passaria pela cabeça dos Zelotes. Mataram os líderes moderados, que alertavam contra provocar o império, e ganharam prestígio entre a população judaica local. Confiavam em Deus. Talvez confiassem também nos judeus de Roma e acreditassem que a influência deles sobre o Senado conseguiria segurar o imperador, Nero. Talvez tivessem ouvido dizer que Nero estava enfraquecido, a beira de ser derrubado.
Sabe-se como acabou: depois de três anos de luta, os rebeldes foram esmagados, Jerusalém caiu e o templo foi reduzido a cinzas. Os últimos Zelotes suicidaram-se, em Massada.
Os sionistas bem que tentaram aprender com a história. Agiram de modo racional, não provocaram as grandes potências, trabalharam para obter o que fosse possível em cada caso. Fizeram concessões e cada concessão serviu-lhe de base para andar adiante. Inteligentemente usaram o radicalismo de seus adversários e conquistaram a simpatia do mundo.
Mas desde o início da ocupação, a mente dos sionistas parece mergulhada em trevas. O culto de Massada tornou-se dominante. Promessas divinas voltam a desempenhar função importante no discurso público em Israel. Partes significativas do público seguem hoje os novos zelotes.
E a fase seguinte também já começa a repetir-se: os líderes de Israel estão começando a rebelar-se contra a nova Roma.
O que começou como insulto ao vice-presidente dos EUA já se converte agora em algo muito maior. O camundongo pariu um elefante.
Nos últimos tempos, o governo de ultra direita em Jerusalém começou a tratar o presidente Obama com mal disfarçado desprezo. Os medos que ainda havia em Jerusalém no começo de seu governo dissiparam-se. Para eles, Obama é uma pantera negra de papel. Até desistiu de exigir verdadeiro congelamento das construções nas colônias. Cada vez que lhe cuspiram na cara, Obama comentou que começava a chover.
Agora, ostensivamente de repente, a paciência esgotou-se. Obama, seu vice-presidente e seus principais assessores condenam, cada dia com mais severidade, o governo de Netanyahu. A secretária de Estado Hillary Clinton impôs um ultimato: Netanyahu tem de por fim a toda e qualquer construção nas colônias, também em Jerusalém Leste; tem de começar a negociar os problemas centrais do conflito, inclusive Jerusalém Leste, e mais.
Surpresa total em Israel. Foi como se Obama cruzasse o Rubicão, quase como o exército egípcio cruzou o canal de Suez em 1973. Netanyahu deu ordem para mobilizar todas as reservas de Israel nos EUA e avançar todos os blindados diplomáticos. Todas as organizações de judeus nos EUA receberam ordens de unir-se à campanha. O AIPAC fez soar as cornetas de chifre de carneiro e ordenou que seus soldados, no Senado e na Câmara, atacassem a Casa Branca.
Parecia que ia começar a batalha decisiva. Os líderes israelenses tinham certeza de que derrotariam Obama. Mas então, de repente, ouviu-se um som estranho: o som da arma do juízo final. O homem que decidiu ativá-la é inimigo de novo tipo, que ainda não se vira em Israel.
David Petraeus é o oficial mais popular do exército dos EUA. General de quatro estrelas, filho de um capitão do mar holandês que emigrou para os EUA quando seu país foi ocupado pelos nazistas e lá viveu toda a vida, desde a infância. Foi “distinguished cadet” na academia militar de West Point e primeiro colocado na Escola de Alto Comando do Exército. Como comandante em combate, só colheu elogios. Escreveu sua tese de doutoramento (sobre as lições do Vietnã) em Princeton e trabalhou como professor-assistente na cátedra de Relações Internacionais na Academia Militar dos EUA.
No Iraque, comandou as forças em Mossul, a cidade mais problemática de todo o país. Concluiu que, para derrotar aqueles inimigos, os EUA tinham de conquistar corações e mentes da população civil, ganhar aliados locais e gastar mais dinheiro que munição. A população local conhecia-o como “Rei David”. Seu sucesso foi considerado tão significativo, que seus métodos incorporaram-se à doutrina oficial do exército dos EUA.
Sua estrela ascendeu rapidamente. Foi nomeado comandante das forças da coalizão no Iraque e logo se tornou chefe do Comando Central do exército dos EUA, que cobre todo o Oriente Médio exceto Israel e Palestina (os quais ‘pertencem’ ao comando norte-americano na Europa).
Quando Petraeus fala, o povo dos EUA ouve. Como pensador de questões militares, não tem rivais.
Essa semana, Petraeus enviou mensagem claríssima: depois de examinar os problemas de sua Área de Responsabilidade [ing. Area Of Responsibility, AOR] — que inclui, além de outros setores, o Afeganistão, o Paquistão, o Irã, o Iraque e o Iêmen — chegou ao que chamou de “causas de raiz da instabilidade” na região. O primeiro item dessa lista é o conflito Israel-Palestina.
No relatório que Petraeus encaminhou ao Comitê das Forças Armadas, lê-se:
“As intermináveis hostilidades entre Israel e alguns de seus vizinhos implicam desafios específicos à nossa habilidade para obter avanço no rumo de nossos interesses na AOR. (…) O conflito fomenta o sentimento anti-norte-americano, porque se percebe que os EUA favorecem Israel. A fúria dos árabes motivada pela questão palestina limita a força e a profundidade das parcerias que os EUA construam com governos e povos na AOR e enfraquece a legitimidade de regimes moderados no mundo árabe. Simultaneamente, al-Qaeda e outros grupos militantes exploram essa fúria e assim mobilizam apoios. O conflito [Israel-Palestina] também faz crescer a influência do Irã no mundo árabe, mediante seus clientes, o Hizbollah libanês e o Hamás.”
Como se não bastasse, Petraeus enviou seus oficiais para que apresentasse essas conclusões ao Conselho dos Comandantes do Estado-Maior.
Em outras palavras: a paz entre palestinos e israelenses não é questão específica de dois grupos, mas assunto que envolve o superior interesse nacional dos EUA. Isso significa que os EUA têm de alterar o apoio cego que tem dado ao governo israelense e deve impor a Solução de Dois Estados.
O argumento, como tal, não é novo. Muitos especialistas já disseram aproximadamente a mesma coisa. (Imediatamente depois dos ataques de 11/9, escrevi também nessa direção e previ que os EUA teriam de mudar suas políticas. Daquela vez, nada aconteceu.) Mas agora, a mesma ideia aparece em documento oficial redigido pelo comandante norte-americano responsável.
O governo Netanyahu imediatamente entrou em modo de redução de danos. Os porta-vozes disseram que Petraeus tenta impor sua visão estreita; que nada entende de questões políticas; que o argumento é falho. Nem por isso conseguiram impedir que, em Jerusalém, muitos começassem a suar frio.
Todos sabemos que o lobby pró-Israel domina sem limites o sistema político nos EUA. Isso, ou quase isso. Todos os políticos e altos funcionários norte-americanos morrem de medo dele. O menor desvio do roteiro prescrito pelo AIPAC, implica suicídio político.
Mas há um ponto fraco na armadura desse Golias político. Como Aquiles no calcanhar, esse descomunal lobby pró-Israel tem um ponto vulnerável o qual, se atingido, pode neutralizar todo o seu poder.
Boa ilustração desse fenômeno é o caso Jonathan Pollard (relacionados a eventos ocorridos em 1983-1984). Esse judeu-norte-americano era empregado de uma importante agência de serviços de inteligência e espionava para Israel. Para os israelenses, era herói nacional, um judeu que cumpria seus deveres de judeu. Mas para a comunidade de inteligência dos EUA, não passava de um traidor que pôs em risco a vida de vários agentes norte-americanos. Não satisfeitos com as penalidades de rotina, os EUA induziram a corte de justiça a condená-lo à morte [1]. Desde então, todos os presidentes dos EUA têm recusado os repetidos pedidos do governo de Israel para que a sentença seja comutada. Até agora, nenhum presidente norte-americano atreveu-se a confrontar os altos setores da inteligência dos EUA, para os quais Pollard é criminoso e merece a sentença de morte.
O aspecto mais significativo desse caso faz lembrar o famoso comentário de Sherlock Holmes, sobre cachorros que não latiram certa noite. No caso Pollard, o AIPAC não latiu. Silêncio. Toda a comunidade dos judeus norte-americanos manteve-se (e assim continua até hoje, 25 anos depois!) calada. O AIPAC jamais defendeu Pollard.
Por quê? Porque a maioria dos judeus norte-americanos está sempre disposta a fazer absolutamente tudo — tudo! — pelo governo de Israel. Com uma única exceção: jamais farão coisa alguma que dê a impressão de ferir a segurança dos EUA. Basta que suba a bandeira da segurança, e todos os judeus, como todos os norte-americanos, perfilam-se e batem continência. A espada de Dâmocles da suspeita de deslealdade pende sobre as cabeças dos judeus norte-americanos. Não há pior pesadelo para eles do que serem acusados de pôr a segurança de Israel acima da segurança dos EUA. Exatamente por isso, é vitalmente importante para os judeus norte-americanos repetirem eternamente, sem descanso, o mantra que reza que os interesses de Israel são idênticos aos interesses dos EUA.
E então, agora, aparece o mais importante general do exército dos EUA e diz que não está sendo bem assim. Que, hoje, a política do atual governo de Israel está, sim, fazendo aumentar o risco de vida que os soldados norte-americanos enfrentam no Iraque e no Afeganistão.
Por enquanto, o assunto tem aparecido só marginalmente, em comentários de especialistas e não está, ainda, na grande mídia. Mas a espada já saiu da bainha — e os judeus norte-americanos já tremem, hoje, só de ouvir o rugido ainda distante desse terremoto.
Essa semana, um cunhado de Netanyahu usou a versão israelense de nossa arma do juízo final. Declarou que Obama seria “antissemita”. O jornal oficial do partido Shas garante que Obama, de fato, é muçulmano. Representam a direita radical e seus aliados; já escreveram que “Hussein Obama, negro que odeia judeus, tem de ser derrotado nas próximas eleições parlamentares e, depois, na próxima eleição presidencial.”
(Importante pesquisa feita em Israel e publicada ontem mostra que os israelenses não acreditam nessas insinuações: a vasta maioria entende que Obama dá tratamento justo a Israel. De fato, os números de aprovação de Obama são mais altos que os de Netanyahu.)
Mas se Obama decidir reagir e ativar sua arma do juízo final — a acusação de que Israel põe em risco a vida dos soldados dos EUA — as consequências serão catastróficas para Israel.
Por hora, parece ter sido disparado um tiro que os destróiers dão para ‘acordar’ a marujada e sinalizar para que outro navio faça o que foi instruído a fazer. O aviso é bem claro. Ainda que a crise atual amaine, não há dúvida de que voltará a incendiar-se outras e outras vezes, enquanto perdurar no poder, em Israel, a atual coalizão de governo.
Quando o filme Hurt Locker foi premiado no concurso Oscar-2010, todo o público norte-americano estava unido na preocupação com a vida dos seus soldados no Oriente Médio. Se esse público convencer-se de que Israel o está apunhalando pelas costas, será desastre completo para Netanyahu. E não só para ele.
Nota
[1] Para conhecer esse lado da história, ver “Why Pollard Should Never Be Released (The Traitor)”, The New Yorker Magazine, 18/1/1999, pp. 26-33, em http://www.freerepublic.com/focus/fr/576453/posts .
Fonte: zope.gush-shalom.org
Tradução: Caia Fitipaldi, na Fórum
* Uri Avnery é jornalista, membro fundador do Gush Shalom (Bloco da Paz israelense)
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Si vis pacem, para bellum.
"Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras."
Albert Einstein
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Re: GEOPOLÍTICA
Mudança do Clima, o Ártico e a Segurança Nacional da Rússia
Timothy BANCROFT-HINCHEY
O que é que o primeiro-ministro Stephen Harper tem em comum com o Ministro da Defesa canadense? Ele compartilha um discurso sinistro, hipócrita e beligerante na beira lunática da comunidade internacional. No entanto, a recém-encontrada megalomania do Canadá é o mínimo das preocupações da Rússia: como é que uma alteração climatérica no Ártico ameaça sua segurança nacional?
Da parte de Canadá, a Rússia tornou-se acostumada a ver e ouvir as posições de arrogância, insolência e intrusão provocante. Tomemos por exemplo a declaração do primeiro-ministro Stephen Harper, que disse que o Canadá é “uma superpotência árctica” (o quê, todos os treze deles?) E a referência idiota do ministro canadense da Defesa, Peter McKay, sobre os “sobrevoos” russos, mas fora do espaço aéreo canadense. Como se pode “sobrevoar”, fora?
O que essas declarações escondem é o nervosismo do Canadá perante o fato de que o direito internacional apoia a Rússia nas suas reivindicações sobre uma fatia bolada do Ártico e perante o fato que o direito internacional favorecerá Rússia no delineamento das novas fronteiras desta região. Dentro da plataforma continental da Rússia se encontram enormes jazidas de ouro, diamantes, níquel, cobalto e cobre.
Por que as mudanças climáticas podem ser catastróficas para a Rússia
A enorme importância do Ártico para a economia russa pode ser visto pelo fato de que 22 por cento das exportações da Rússia e 20 por cento do seu PIB provêm de produtos obtidos a partir do interior do Círculo Polar Ártico, onde estão cerca de 90 por das reservas de hidrocarbonetos do país. Canadá, por outro lado, deriva menos de um por cento do seu PIB a partir de produtos provenientes desta região.
E se o aquecimento global derreter o permafrost?
Yuri Averyanov, membro do Conselho de Segurança Russo, declarou esta semana em uma entrevista com Rossiiskaya Gazeta que as alterações climáticas representam uma grave ameaça à Rússia, à segurança nacional e que o derretimento do permafrost poderia causar problemas graves no prazo de dez a quinze anos.
O resultado desta situação, de acordo com Averyanov, será que milhares de quilômetros de gasodutos, ferrovias e estradas estarão em perigo, juntamente com um grande número de cidades e aldeias. Ele prevê que em Yakutsk, Tiksi e Vorkuta até um quarto de todas as casas poderão ser inutilizadas devido às condições instáveis do solo decorrentes do derretimento.
Dado que o permafrost cobre 66 por cento do território russo, uma mudança drástica nas condições climáticas poderá ameaçar todas as estruturas de engenharia na região, considera Averyanov.
Além disso, Yuri Averyanov considera que o conflito interestadual é uma possibilidade real devido às novas políticas de aliados do E.U.A. no Ártico na expansão de actividades de exploração e investigação. Na verdade, a possibilidade é referida na Estratégia de Segurança Nacional da Rússia, aprovada na Primavera de 2009 e que cita o uso da força armada e conflitos por causa dos recursos de hidrocarbonetos.
No caso de um confronto entre Rússia e Canadá, é óbvio que a Rússia iria ganhar. No entanto, o Canadá está ficando cada vez mais arrogante, sentindo as costas cobertas talvez pelo Big Brother para o sul. Talvez seja hora para o Canadá meter o nariz em seus próprios assuntos e esquecer as aventuras que podem trazer conseqüências terríveis.
[]'s
Timothy BANCROFT-HINCHEY
O que é que o primeiro-ministro Stephen Harper tem em comum com o Ministro da Defesa canadense? Ele compartilha um discurso sinistro, hipócrita e beligerante na beira lunática da comunidade internacional. No entanto, a recém-encontrada megalomania do Canadá é o mínimo das preocupações da Rússia: como é que uma alteração climatérica no Ártico ameaça sua segurança nacional?
Da parte de Canadá, a Rússia tornou-se acostumada a ver e ouvir as posições de arrogância, insolência e intrusão provocante. Tomemos por exemplo a declaração do primeiro-ministro Stephen Harper, que disse que o Canadá é “uma superpotência árctica” (o quê, todos os treze deles?) E a referência idiota do ministro canadense da Defesa, Peter McKay, sobre os “sobrevoos” russos, mas fora do espaço aéreo canadense. Como se pode “sobrevoar”, fora?
O que essas declarações escondem é o nervosismo do Canadá perante o fato de que o direito internacional apoia a Rússia nas suas reivindicações sobre uma fatia bolada do Ártico e perante o fato que o direito internacional favorecerá Rússia no delineamento das novas fronteiras desta região. Dentro da plataforma continental da Rússia se encontram enormes jazidas de ouro, diamantes, níquel, cobalto e cobre.
Por que as mudanças climáticas podem ser catastróficas para a Rússia
A enorme importância do Ártico para a economia russa pode ser visto pelo fato de que 22 por cento das exportações da Rússia e 20 por cento do seu PIB provêm de produtos obtidos a partir do interior do Círculo Polar Ártico, onde estão cerca de 90 por das reservas de hidrocarbonetos do país. Canadá, por outro lado, deriva menos de um por cento do seu PIB a partir de produtos provenientes desta região.
E se o aquecimento global derreter o permafrost?
Yuri Averyanov, membro do Conselho de Segurança Russo, declarou esta semana em uma entrevista com Rossiiskaya Gazeta que as alterações climáticas representam uma grave ameaça à Rússia, à segurança nacional e que o derretimento do permafrost poderia causar problemas graves no prazo de dez a quinze anos.
O resultado desta situação, de acordo com Averyanov, será que milhares de quilômetros de gasodutos, ferrovias e estradas estarão em perigo, juntamente com um grande número de cidades e aldeias. Ele prevê que em Yakutsk, Tiksi e Vorkuta até um quarto de todas as casas poderão ser inutilizadas devido às condições instáveis do solo decorrentes do derretimento.
Dado que o permafrost cobre 66 por cento do território russo, uma mudança drástica nas condições climáticas poderá ameaçar todas as estruturas de engenharia na região, considera Averyanov.
Além disso, Yuri Averyanov considera que o conflito interestadual é uma possibilidade real devido às novas políticas de aliados do E.U.A. no Ártico na expansão de actividades de exploração e investigação. Na verdade, a possibilidade é referida na Estratégia de Segurança Nacional da Rússia, aprovada na Primavera de 2009 e que cita o uso da força armada e conflitos por causa dos recursos de hidrocarbonetos.
No caso de um confronto entre Rússia e Canadá, é óbvio que a Rússia iria ganhar. No entanto, o Canadá está ficando cada vez mais arrogante, sentindo as costas cobertas talvez pelo Big Brother para o sul. Talvez seja hora para o Canadá meter o nariz em seus próprios assuntos e esquecer as aventuras que podem trazer conseqüências terríveis.
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Albert Einstein
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"Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras."
Albert Einstein
- Marino
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Re: GEOPOLÍTICA
Potências querem tirar dos desarmados até estilingue, diz brasileiro
Para Samuel Guimarães, caso do Irã pode repetir "manipulação ideológica" pré-invasão do Iraque
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, disse ontem que os países "extraordinariamente armados" pretendem "desarmar os desarmados totalmente, até o último estilingue", e convencer o mundo de que são estes últimos os "perigosos e que oferecem grandes riscos à paz internacional".
Foi uma das referências indiretas à pressão das potências ocidentais sobre o programa nuclear do Irã, em palestra na Escola de Políticas Públicas do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio) na qual o ex-secretário-geral do Itamaraty falou sobre "as perspectivas do Brasil para o mundo de 2022".
Ele se referiu às negociações de defesa ao mencionar a criação de normas destinadas a "consagrar privilégios" como uma das tendências globais que o Brasil enfrentará.
Ao apresentar o ministro, o acadêmico Candido Mendes, reitor da universidade à qual o Iuperj é ligado, saudou o esforço brasileiro para "readmitir o Irã na comunidade internacional" e perguntou por que o país persa não pode ser potência nuclear "se Israel o é".
Guimarães não entrou nesse mérito, mas disse que a manutenção de privilégios no sistema internacional envolve uma "manipulação ideológica permanente", que segundo ele parte de universidades para organismos internacionais e a imprensa, e conseguiu, em 2003, "convencer" que o Iraque tinha armas de destruição em massa.
"Quem sabe não estamos diante de uma outra formulação do tipo, que se articula gradualmente?", perguntou.
Antes, ao lembrar que países hoje no Conselho de Segurança da ONU, como França e Reino Unido, já estavam em posição de poder no início do século 19, o ministro disse que "uma das características do sistema internacional é o racismo, a ideia de civilizações superiores e inferiores".
Disse que japoneses foram considerados "brancos honorários" para fazer negócios com a África do Sul do apartheid e comparou: "Fiquem sabendo os senhores que nós também somos brancos honorários. Mesmo aqueles aqui de pele mais alva".
América do Sul
Guimarães disse que a crescente disparidade econômica entre o Brasil e seus vizinhos da América do Sul, e a penetração de empresas brasileiras na região, onde o "capital estrangeiro, como sabemos, nem sempre é bem-vindo", exige que o país seja mais generoso.
"Será necessária uma política de grande audácia para reverter essa tendência, promover o desenvolvimento dos vizinhos e permitir o desenvolvimento equilibrado da região", disse, citando também a intensificação do ativismo indígena, desconfiado da exploração de recursos naturais.
Ele sugeriu a formação de um mercado único sul-americano, mas não "ao estilo neoliberal", no qual o Brasil continue a acumular superavit. Seria, disse, um esquema "em que o Brasil abra seu mercado, mas permita aos países menores proteger seu sistema econômico para poderem se desenvolver".
Guimarães disse ainda que o Brasil sofrerá "danos extraordinários" se cair na tentação de se intrometer na política interna dos vizinhos, movido por interesses econômicos. "Será necessário manter o princípio da não intervenção e da autodeterminação", afirmou.
Para Samuel Guimarães, caso do Irã pode repetir "manipulação ideológica" pré-invasão do Iraque
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, disse ontem que os países "extraordinariamente armados" pretendem "desarmar os desarmados totalmente, até o último estilingue", e convencer o mundo de que são estes últimos os "perigosos e que oferecem grandes riscos à paz internacional".
Foi uma das referências indiretas à pressão das potências ocidentais sobre o programa nuclear do Irã, em palestra na Escola de Políticas Públicas do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio) na qual o ex-secretário-geral do Itamaraty falou sobre "as perspectivas do Brasil para o mundo de 2022".
Ele se referiu às negociações de defesa ao mencionar a criação de normas destinadas a "consagrar privilégios" como uma das tendências globais que o Brasil enfrentará.
Ao apresentar o ministro, o acadêmico Candido Mendes, reitor da universidade à qual o Iuperj é ligado, saudou o esforço brasileiro para "readmitir o Irã na comunidade internacional" e perguntou por que o país persa não pode ser potência nuclear "se Israel o é".
Guimarães não entrou nesse mérito, mas disse que a manutenção de privilégios no sistema internacional envolve uma "manipulação ideológica permanente", que segundo ele parte de universidades para organismos internacionais e a imprensa, e conseguiu, em 2003, "convencer" que o Iraque tinha armas de destruição em massa.
"Quem sabe não estamos diante de uma outra formulação do tipo, que se articula gradualmente?", perguntou.
Antes, ao lembrar que países hoje no Conselho de Segurança da ONU, como França e Reino Unido, já estavam em posição de poder no início do século 19, o ministro disse que "uma das características do sistema internacional é o racismo, a ideia de civilizações superiores e inferiores".
Disse que japoneses foram considerados "brancos honorários" para fazer negócios com a África do Sul do apartheid e comparou: "Fiquem sabendo os senhores que nós também somos brancos honorários. Mesmo aqueles aqui de pele mais alva".
América do Sul
Guimarães disse que a crescente disparidade econômica entre o Brasil e seus vizinhos da América do Sul, e a penetração de empresas brasileiras na região, onde o "capital estrangeiro, como sabemos, nem sempre é bem-vindo", exige que o país seja mais generoso.
"Será necessária uma política de grande audácia para reverter essa tendência, promover o desenvolvimento dos vizinhos e permitir o desenvolvimento equilibrado da região", disse, citando também a intensificação do ativismo indígena, desconfiado da exploração de recursos naturais.
Ele sugeriu a formação de um mercado único sul-americano, mas não "ao estilo neoliberal", no qual o Brasil continue a acumular superavit. Seria, disse, um esquema "em que o Brasil abra seu mercado, mas permita aos países menores proteger seu sistema econômico para poderem se desenvolver".
Guimarães disse ainda que o Brasil sofrerá "danos extraordinários" se cair na tentação de se intrometer na política interna dos vizinhos, movido por interesses econômicos. "Será necessário manter o princípio da não intervenção e da autodeterminação", afirmou.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: GEOPOLÍTICA
São muito interessantes estes artigos que especulam,com fundamentos.EUA x Israel: a arma do juízo final
Por Uri Avnery
Já é lugar-comum que quem não aprende com a história está condenado a repetir erros.
Agora isto aqui:
È uma questão que pouca gente sequer ousa falar,pois imediatamente é taxado de anti-semita,(Espada de damocles Israelense)mas por incrível que pareça,as questões fundamentais abordadas nestes dois textos, estão interligados no ponto de inflexão principal para estabilização do Oriente médio,escrevi um texto no Geopolítica que por incrível que pareça(parte 2 ),vai nessa linha,sem preconceito.Potências querem tirar dos desarmados até estilingue, diz brasileiro
Para Samuel Guimarães, caso do Irã pode repetir "manipulação ideológica" pré-invasão do Iraque
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
"Ao apresentar o ministro, o acadêmico Candido Mendes, reitor da universidade à qual o Iuperj é ligado, saudou o esforço brasileiro para "readmitir o Irã na comunidade internacional" e perguntou por que o país persa não pode ser potência nuclear "se Israel o é".
Guimarães não entrou nesse mérito, mas disse que a manutenção de privilégios no sistema internacional envolve uma "manipulação ideológica permanente", que segundo ele parte de universidades para organismos internacionais e a imprensa, e conseguiu, em 2003, "convencer" que o Iraque tinha armas de destruição em massa.
"Quem sabe não estamos diante de uma outra formulação do tipo, que se articula gradualmente?", perguntou."
Sds.
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Re: GEOPOLÍTICA
Concordo e vejo nesta inflexão a mesma ameaça na península do Indo. O Paquistão pode se tornar rápidamente um Estado virtual, porém... Com armas atômicas. Independentemente da gravidade da situação no Afeganistão, a ameaça de desestabilização paquistanesa é muito mais séria por conta de seu arsenal nuclear. E.. de seu vizinho também nuclear, a Índia.
Debater é preciso.
Debater é preciso.
Santa é a guerra, e sagradas são as armas para aqueles que somente nelas podem confiar.
Tito Lívio.
Tito Lívio.
Re: GEOPOLÍTICA
Não sei se já foi postado, mas....
Base americana no Brasil?
AE - Agência Estado
Por sugestão da Polícia Federal (PF), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem com o comandante do Comando Sul dos Estados Unidos, tenente-brigadeiro Douglas Fraser, a proposta de criação de uma base "multinacional e multifuncional" que teria sede no Rio de Janeiro. A base formaria, com duas já existentes, em Key West (EUA) e em Lisboa (Portugal), o tripé de monitoramento, controle e combate ao narcotráfico e ao contrabando, principalmente de armas, além de vigilância antiterrorista.
Douglas Fraser passou o dia de ontem em Brasília. Após reunião de trabalho e almoço com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o comandante norte-americano se encontrou com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. A corporação brasileira já tem um adido de inteligência trabalhando na base de Key West, na Flórida. O Planalto está para decidir se o adido junto à base de Lisboa será um delegado federal ou um oficial da Marinha.
A base no Rio, assim como as outras duas, não admite operações sob comando de estrangeiros. Os países que aceitam participar dos programas de cooperação de combate ao crime organizado enviam adidos que atuam sempre sob supervisão dos agentes do país soberano sobre a base. A ideia é que com a base da Flórida, que vigia de perto o tráfico no Caribe, e a de Lisboa, que exerce controle sobre o Atlântico Norte, a base brasileira sirva como posto avançado de monitoramento do Atlântico Sul.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Será???
Base americana no Brasil?
AE - Agência Estado
Por sugestão da Polícia Federal (PF), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem com o comandante do Comando Sul dos Estados Unidos, tenente-brigadeiro Douglas Fraser, a proposta de criação de uma base "multinacional e multifuncional" que teria sede no Rio de Janeiro. A base formaria, com duas já existentes, em Key West (EUA) e em Lisboa (Portugal), o tripé de monitoramento, controle e combate ao narcotráfico e ao contrabando, principalmente de armas, além de vigilância antiterrorista.
Douglas Fraser passou o dia de ontem em Brasília. Após reunião de trabalho e almoço com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o comandante norte-americano se encontrou com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. A corporação brasileira já tem um adido de inteligência trabalhando na base de Key West, na Flórida. O Planalto está para decidir se o adido junto à base de Lisboa será um delegado federal ou um oficial da Marinha.
A base no Rio, assim como as outras duas, não admite operações sob comando de estrangeiros. Os países que aceitam participar dos programas de cooperação de combate ao crime organizado enviam adidos que atuam sempre sob supervisão dos agentes do país soberano sobre a base. A ideia é que com a base da Flórida, que vigia de perto o tráfico no Caribe, e a de Lisboa, que exerce controle sobre o Atlântico Norte, a base brasileira sirva como posto avançado de monitoramento do Atlântico Sul.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Será???
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Re: GEOPOLÍTICA
ESTADAO, 31/03
Brasil discute com EUA criação de base no Rio
Objetivo seria reforçar combate ao narcotráfico e ao contrabando, sempre sob o comando de brasileiros
Rui Nogueira, Rafael Moraes Moura
Por sugestão da Polícia Federal, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem com o comandante do Comando Sul dos EUA, tenente-brigadeiro Douglas Fraser, a proposta de criação de uma base "multinacional e multifuncional" que teria sede no Rio de Janeiro.
A base formaria, com duas já existentes, em Key West (EUA) e em Lisboa (Portugal), o tripé de monitoramento, controle e combate ao narcotráfico e contrabando, principalmente de armas, além de vigilância antiterrorista.
Douglas Fraser passou o dia de ontem em Brasília. Após reunião de trabalho e almoço com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o comandante americano encontrou-se com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa.
A PF já tem um adido de inteligência trabalhando na base de Key West, na Flórida. O Planalto está para decidir se o adido junto à base de Lisboa será um delegado federal ou um oficial da Marinha.
A base no Rio, assim como as outras duas, não admite operações sob comando de estrangeiros. Os países que aceitam participar dos programas de cooperação de combate ao crime organizado enviam adidos que atuam sempre sob supervisão dos agentes do país soberano sobre a base. A ideia é que com a base da Flórida, que vigia de perto o tráfico no Caribe, e a de Lisboa, que exerce controle sobre o Atlântico Norte, a base brasileira sirva como posto avançado de monitoramento do Atlântico Sul.
Tragédia. Key West é uma base aérea e naval que atua em cooperação com os departamentos de Defesa e de Segurança Nacional, agências federais e forças aliadas. Desde 1989, possui força-tarefa de inteligência que conduz operações contra o narcotráfico no Caribe e na América do Sul. Foi de lá que partiu o primeiro avião de resgate no caso da tragédia do voo AF 447, da Air France, em junho passado, no litoral do Brasil, perto de Fernando de Noronha. Notificada do acidente, a base mobilizou o adido brasileiro, que providenciou o início do socorro.
O grupo de agentes da força-tarefa de Key West tem como objetivo combater o cultivo, a produção e o transporte de narcóticos. Os governos britânico, francês e holandês contribuem com o envio de navios, aeronaves e oficiais. O grupo reúne ainda representantes de Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e outros países latino-americanos.
A presença dos Estados Unidos na região começou em 1823, com o objetivo de combater a pirataria local. Foi usada inicialmente como patrulha de operações submarinas e como estação de treinamento aéreo, utilizada por mais de 500 aviadores na época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Em 1940, ganhou a designação de base aérea e naval.
Em Lisboa, a base naval fica à margem do Rio Tejo, no Perímetro Militar do Alfeite. Foi criada em dezembro de 1958.
Fraser também veio ao Brasil para organizar a viagem do secretário de Defesa dos EUA, prevista para meados de abril. A visita é retribuição da viagem de Jobim aos EUA, em fevereiro, em Nova York. Em pauta, a cooperação estratégica militar entre os dois países, a compra de caças pelo Brasil e o interesse dos EUA em adquirir aviões de treinamento - a Embraer produz o supertucano. A americana Boeing produz o F-18, Super Hornet, que está entre os três classificados na concorrência da FAB.
Brasil discute com EUA criação de base no Rio
Objetivo seria reforçar combate ao narcotráfico e ao contrabando, sempre sob o comando de brasileiros
Rui Nogueira, Rafael Moraes Moura
Por sugestão da Polícia Federal, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem com o comandante do Comando Sul dos EUA, tenente-brigadeiro Douglas Fraser, a proposta de criação de uma base "multinacional e multifuncional" que teria sede no Rio de Janeiro.
A base formaria, com duas já existentes, em Key West (EUA) e em Lisboa (Portugal), o tripé de monitoramento, controle e combate ao narcotráfico e contrabando, principalmente de armas, além de vigilância antiterrorista.
Douglas Fraser passou o dia de ontem em Brasília. Após reunião de trabalho e almoço com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o comandante americano encontrou-se com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa.
A PF já tem um adido de inteligência trabalhando na base de Key West, na Flórida. O Planalto está para decidir se o adido junto à base de Lisboa será um delegado federal ou um oficial da Marinha.
A base no Rio, assim como as outras duas, não admite operações sob comando de estrangeiros. Os países que aceitam participar dos programas de cooperação de combate ao crime organizado enviam adidos que atuam sempre sob supervisão dos agentes do país soberano sobre a base. A ideia é que com a base da Flórida, que vigia de perto o tráfico no Caribe, e a de Lisboa, que exerce controle sobre o Atlântico Norte, a base brasileira sirva como posto avançado de monitoramento do Atlântico Sul.
Tragédia. Key West é uma base aérea e naval que atua em cooperação com os departamentos de Defesa e de Segurança Nacional, agências federais e forças aliadas. Desde 1989, possui força-tarefa de inteligência que conduz operações contra o narcotráfico no Caribe e na América do Sul. Foi de lá que partiu o primeiro avião de resgate no caso da tragédia do voo AF 447, da Air France, em junho passado, no litoral do Brasil, perto de Fernando de Noronha. Notificada do acidente, a base mobilizou o adido brasileiro, que providenciou o início do socorro.
O grupo de agentes da força-tarefa de Key West tem como objetivo combater o cultivo, a produção e o transporte de narcóticos. Os governos britânico, francês e holandês contribuem com o envio de navios, aeronaves e oficiais. O grupo reúne ainda representantes de Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e outros países latino-americanos.
A presença dos Estados Unidos na região começou em 1823, com o objetivo de combater a pirataria local. Foi usada inicialmente como patrulha de operações submarinas e como estação de treinamento aéreo, utilizada por mais de 500 aviadores na época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Em 1940, ganhou a designação de base aérea e naval.
Em Lisboa, a base naval fica à margem do Rio Tejo, no Perímetro Militar do Alfeite. Foi criada em dezembro de 1958.
Fraser também veio ao Brasil para organizar a viagem do secretário de Defesa dos EUA, prevista para meados de abril. A visita é retribuição da viagem de Jobim aos EUA, em fevereiro, em Nova York. Em pauta, a cooperação estratégica militar entre os dois países, a compra de caças pelo Brasil e o interesse dos EUA em adquirir aviões de treinamento - a Embraer produz o supertucano. A americana Boeing produz o F-18, Super Hornet, que está entre os três classificados na concorrência da FAB.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA
Quando pensamos que já vimos tudo aparece isso, o presidente que autorizar a criação de uma base com contigente Norte Americano no Brasil deve ser executado, logo após o devido processo legal é claro....
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.