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Luta no cockpit poderá ter levado à queda do avião da EgyptAir
13:06 Económico com agências
As possibilidades de uma avaria mecânica no caso do desaparecimento do voo MS804 da EgyptAir são poucas, alertam os peritos.
Vários cenários podem explicar o desaparecimento do avião A320 da Egyptair que fazia a ligação entre Paris e o Cairo, mas especialistas dizem que um ataque terrorista é o mais provável.
O capitão Mike Vivian, antigo presidente da Autoridade para a Aviação Civil do Reino Unido, explica a sua interpretação dos pormenores que já se conhecem sobre a tragédia.
Em declarações ao programa ‘Today’ da Radio 4, e citado pelo Independent, o especialista disse que existe uma grande probabilidade de ter existido uma luta dentro do cockpit.
“Estou inclinado em acreditar na teoria de que houve alguma interferência no avião, mais precisamente na cabine de comando”, disse Mike Vivian.
Para o especialista em aeronáutica Gérard Feldzer, "uma falha técnica grave - a explosão de um motor, por exemplo - parece improvável", até porque o A320 em questão era "relativamente novo", tendo entrado ao serviço em 2003.
Além disso, o A320 é considerado um aparelho fiável. "É o avião de passageiros de médio alcance mais vendido no mundo, a todos os 30 segundos há um A320 que aterra ou descola", adiantou Feldzer.
Trata-se de "um avião moderno, o incidente ocorreu em pleno voo em condições extremamente estáveis. A qualidade da manutenção e do avião não estão em causa neste incidente", reforçou Jean-Paul Troadec, antigo director do Gabinete de Inquéritos e Análises para a segurança da aviação civil de França, à rádio Europe 1.
Os peritos consideram igualmente improvável que o avião tenha sido atingido do solo, como foi o caso do voo 17 da Malaysia Airlines que caiu na Ucrânia em Julho de 2014, ou do mar, como ocorreu em Julho de 1988 quando a marinha norte-americana fez explodir por engano um avião de passageiros da Iran Air.
O avião da Egyptair estava a voar a 37.000 pés e desapareceu a cerca de 130 milhas náuticas da ilha grega de Karpathos, o que o coloca fora do alcance dos lança-mísseis portáteis utilizados por vários grupos combatentes no Médio Oriente.
"Não podemos excluir a possibilidade de ter sido atingido por engano por outro avião, mas provavelmente já saberíamos", disse Feldzer, adiantando que a região à volta do norte do Egipto, incluindo as costas de Israel e da faixa de Gaza, é "uma das mais vigiadas regiões do mundo, também por satélite". "Seria muito difícil esconder este tipo de informação", disse ainda.
Se for determinado ter-se tratado de uma bomba, a questão para os investigadores será como é que o dispositivo foi levado para um avião que descolou do aeroporto mais movimentado de França, o Charles de Gaulle em Paris, onde o alerta de segurança é elevado desde os ataques terroristas do ano passado na capital francesa.
"A primeira coisa a fazer é recuperar destroços que nos darão algumas indicações sobre o acidente... se houve uma explosão, pode haver talvez vestígios de explosivos", disse Troadec.
Quer a França quer o Egipto têm sido recentemente alvos dos extremistas islâmicos.
Em Outubro, o grupo fundamentalista Estado Islâmico reivindicou o bombardeamento de um avião A321 da companhia russa Metrojet, que caiu no deserto do Sinai quando fazia a ligação entre a estância turística de Sharm el-Sheikh e São Petersburgo, matando 224 passageiros e a tripulação.