22/05/2009 - 17h00
Rússia e Ucrânia não alcançam acordo sobre armazenamento de gás
da Efe, em Moscou
Rússia e Ucrânia fracassaram hoje em obter um acordo sobre a compra de gás russo para os depósitos ucranianos, transação cujo financiamento Moscou propõe dividir com a UE (União Europeia).
"Por enquanto, não conseguimos uma decisão, mas confio em que teremos compromissos para garantir o funcionamento estável da rede de gasodutos ucranianos no outono e no inverno", disse a primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Timoshenko, depois de se reunir com seu colega russo, Vladimir Putin.
O chefe do governo russo contou que a Ucrânia precisa armazenar neste ano 15 bilhões de metros cúbicos de gás russo por US$ 4,8 bilhões para garantir o funcionamento de sua economia, mas carece de fundos e não pode conseguir créditos.
"A Rússia está disposta a fornecer uma parte (do financiamento), cujo montante decidiremos no processo de negociações", disse Putin em entrevista coletiva conjunta com Timoshenko na capital do Cazaquistão, Astana.
O dirigente russo disse que Moscou pediu que a Comissão Europeia (braço executivo da UE) tomasse parte nesse assunto. Entretanto, segundo agências de notícias russas, o órgão do bloco europeu respondeu que "não há dinheiro para a Ucrânia".
"Seja como for, este é um problema comum", insistiu Putin, ao destacar que as duas crises do gás que afetaram a UE em 2006 e em janeiro passado se deveram ao fato de que a Ucrânia, sem reservas próprias para sua economia, extraía dos gasodutos o combustível russo que passava por seu território rumo à Europa.
"Todos devem assumir sua parte de responsabilidade. Ninguém deve se comportar como se este problema não o afetasse", ressaltou o primeiro-ministro russo, em um claro recado aos dirigentes da UE.
Putin disse que Moscou poderia ajudar a Ucrânia ao adiantar parte dos pagamentos pelo futuro trânsito de gás rumo à Europa, mas alegou que "os riscos para a Rússia são grandes".
O chefe do governo russo explicou que se referia às eleições presidenciais ucranianas, previstas para o final do ano, argumentando que o vencedor poderia questionar as dívidas de seu país, e também à decisão da UE e de Kiev de modernizar a rede de gasodutos da Ucrânia sem a participação da Rússia.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 0109.shtml