GEOPOLÍTICA
Moderador: Conselho de Moderação
Re: GEOPOLÍTICA
A verdade é que "nossos garimpeiros", invadem os países vizinhos para fazer garimpo, destruindo tudo por onde passam, como faziam aqui, até serem proíbidos.Antonio Alvarenga escreveu:Oiapoque pede socorro à OAB para debelar clima de guerra com a França
Brasília, 17/03/2010 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, recebeu hoje (17) um apelo de parlamentares do Amapá, que pediram "socorro" à entidade no sentido de ajudar nas negociações para evitar um conflito de maiores proporções no Oiapoque, área de fronteira com a Guiana Francesa, colônia da França. Garimpeiros brasileiros que atuam na região, segundo eles, estão sendo violentamente hostilizados por gendarmes, os soldados franceses, e ameaçam revidar, criando um clima de guerra entre os municípios do Oiapoque e Saint George, do lado da Guiana. Uma reunião no local entre os presidentes Lula e Nicolas Sarkozy, da França, está sendo agendada para tratar do conflito, informaram os parlamentares. Ophir recebeu o deputado federal Sebastião Bala Rocha (PDT-AP) e o deputado estadual Paulo José, presidente da Comissão de Relações exteriores da Assembléia Legislativa. Eles fizeram um relato sobre o clima de tensão na fronteira, inclusive com exibição de vídeo mostrando soldados franceses interceptando de forma truculenta embarcações brasileiras no rio Oiapoque.
Ophir Cavalcante afirmou que intercederá no que for possível para distensionar a disputa na região, e informou aos parlamentares que recomendará ao presidente da OAB do Amapá, Ulisses Träsel, que acompanhe atentamente a questão com vistas a auxiliar nas tratativas para um acordo que ponha fim ao conflito. Ele afirmou que o caso será acompanhado também pelo presidente da Comissão de Relações Internacionais do Conselho Federal da OAB, Cezar Britto, ex-presidente nacional da entidade. Os parlamentares amapaenses querem que Lula e Sarkozy firmem um acordo assegurando livre trânsito entre Saint George e o Oiapoque e instalando representações consulares nas duas cidades, entre outros pontos. Eles reivindicam também, em tratativas com o governo federal, a criação de uma "nova economia" que substitua o garimpo - hoje a fonte dos conflitos na região. Para isso, querem implantação da Universidade Federal do Oiapoque, Escola Técnica Federal, base da Marinha, terminal pesqueiro, aeroporto internacional e linha de transmissão entre Calçoene e Oiapoque.
http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=19297
Será que o Lula vai ficar que qual lado? Do lado do Brasil ou do seu "parceiro estratégico"?
[]´s
- Viktor Reznov
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Re: GEOPOLÍTICA
Esses garimpeiros são ilegais e tem de ser tratados como qualquer ilegal.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
-
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Re: GEOPOLÍTICA
Brasil | 22.03.2010
Brasil amplia presença nos países africanos de língua portuguesa
Luanda, capital de Angola
Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Luanda, capital de Angola
Presença das novelas da Globo nos países africanos de língua portuguesa é só o lado visível de um fenômeno que tem também aspectos econômicos e políticos: o crescente interesse do Brasil pelas ex-colônias de Portugal.
Quem anda pelas ruas de Maputo, capital de Moçambique, pode facilmente ouvir jovens usando gírias tiradas de novelas da Globo, como "Eu sou chique, bem!" e "Tá podendo!".
Nas bancas de jornais de Luanda, capital de Angola, revistas especializadas em televisão estampam atrizes brasileiras na capa, como Taís Araújo e Juliana Paes.
Também em Luanda é fácil encontrar franquias de redes populares no Brasil, como Bob's, Mundo Verde e O Boticário. Isso sem falar nos templos da Igreja Universal do Reino de Deus, presente em todos os países africanos de língua portuguesa.
As novelas da Globo, as lanchonetes do Bob's e os templos da igreja de Edir Macedo são apenas a face visível de um fenômeno relativamente recente: a crescente presença brasileira nas antigas colônias portuguesas na África. Além do visível aspecto cultural, essa presença possui um viés econômico e outro político.
Relações econômicas priorizam Angola e Moçambique
Atriz Taís Araújo na capa de uma revista de AngolaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Atriz Taís Araújo na capa de uma revista de Angola
O lado econômico é especialmente forte na relação com Angola – cuja independência, em 1975, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer. Apenas quatro anos depois, a Petrobras chegava ao país africano, hoje o terceiro maior produtor de petróleo da África.
Mas, segundo o site da petrolífera, foi só recentemente – a partir de novembro de 2006 – que a empresa passou a atuar de forma mais agressiva em Angola, como operadora em três blocos de exploração de petróleo.
Também forte em Angola é a Construtora Norberto Odebrecht, que está no país desde 1984, quando iniciou a construção da hidrelétrica de Capanda, com capacidade de geração de 520 megawatts.
Hoje a empresa atua em diversos setores, como a construção de rodovias e em projetos de pavimentação, saneamento e urbanização, empregando mais de 24 mil pessoas.
"As relações do Brasil com Angola são muito mais intensas e muito mais antigas", afirma o sociólogo alemão Gerhard Seibert, do Centro de Estudos Africanos de Lisboa. "Mas Moçambique também desempenha um papel econômico cada vez maior."
Na província de Tete, no centro de Moçambique, a mineradora brasileira Vale está investindo 1,3 bilhão de dólares para extrair carvão de uma das maiores minas não exploradas do mundo. A produção anual deverá chegar a 11 milhões de toneladas a partir de dezembro de 2010 e empregar 1,5 mil pessoas. O contrato foi assinado em 2007.
Brasil busca papel maior no cenário internacional
No aspecto político, Seibert vê uma clara mudança na política brasileira para a África com a chegada à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2003.
Lula foi o presidente brasileiro que mais viagens fez à África – foram dez até o final de 2009, incluindo todos os países de língua portuguesa, alguns mais de uma vez. Também no seu governo, o número de países africanos nos quais o Brasil possui representação diplomática passou de 18 para 34.
Na opinião de Seibert, essa valorização da África na política externa brasileira segue objetivos econômicos: a busca de mercados para produtos e empresas brasileiras e a garantia de matérias-primas.
Mas há, também, objetivos políticos: "As relações com a África fazem parte de uma política externa que tenta dar um papel maior ao Brasil no contexto internacional, e isso inclui a ambição de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU".
Para o especialista, a África é só uma parte da política externa "mais expansiva" adotada pelo governo Lula. Ela inclui ainda a maior presença do país em fóruns internacionais como o G20 ou as reuniões com os países BRIC (Rússia, Índia e China).
Já Lula apresenta sua política africana como o pagamento de uma dívida, afirmando que o Brasil tem um compromisso moral e ético com o continente, uma referência ao passado escravagista brasileiro. O presidente gosta de repetir que o Brasil é o país com a maior população negra fora da África.
Estudar no Brasil
As frequentes visitas à África trouxeram popularidade a Lula no continente, o que, somado ao mundo idílico apresentado em várias novelas televisivas, acaba por reforçar uma imagem positiva do Brasil.
Primeiro-ministro Maria Neves estudou na FGVBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Primeiro-ministro Maria Neves estudou na FGV
"A imagem que temos do Brasil é muito boa, até porque a mídia que vem do Brasil são as novelas", conta o universitário são-tomense Edileny Lima de Souza, que estuda administração de empresas na PUC em Porto Alegre.
O guineense Francisco Ialá, que cursa Direito na mesma universidade, diz que também no seu país a imagem do Brasil é muito boa. "As novelas que mais passam na Guiné-Bissau são as brasileiras. Toda a cultura brasileira influencia a Guiné-Bissau."
Ambos encontraram um Brasil diferente do que aquele que conheciam pela televisão. "As novelas brasileiras não retratam a situação como ela é. É mais glamour, praia e coisas boas, sem os problemas de infraestrutura, desigualdade e preconceito. São coisas que eu vivenciei e não esperava", diz Edileny
Edileny e Francisco estão entre os quase 4 mil africanos selecionados para estudar no Brasil entre os anos de 2000 e 2009. Eles receberam uma bolsa de estudos do programa PEC-G, do Ministério das Relações Exteriores.
Na África, os principais beneficiados pelo programa são os países de língua portuguesa, Cabo Verde e Guiné-Bissau à frente. A maioria dos estudantes volta ao seu país de origem. Estudar no Brasil é algo comum entre os cabo-verdianos – até o primeiro-ministro do país, José Maria Neves, estudou na Fundação Getúlio Vargas (FGV) nos anos 1980.
Para Edileny e Francisco, o Brasil desempenha um importante papel no ensino superior. "Para os países lusófonos em desenvolvimento, o Brasil desempenha um papel importante na formação de quadros profissionais", diz Edileny, que afirma: "Volto para São Tomé porque quero ajudar meu país a crescer."
Autor: Alexandre Schossler
Revisão: Roselaine Wandscheer
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,52 ... 91-xml-uol
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Si vis pacem, para bellum.
"Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras."
Albert Einstein
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Re: GEOPOLÍTICA
Farol critica Lula porque não se ajoelha diante dos EUA
Fonte: http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=28756
Fonte: http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=28756
“ … mas, quem sabe, (Joaquim) Nabuco não estivesse delineando (os tucanos gostam de gerúndio – PHA) naquela época (sic) para o Brasil uma relação mais estreita com os Estados Unidos, que desse espaço para o país (qual ?) se afirmar mais (sic) em sua área de influência naquela época (sic), exercendo (olha o gerúndio tucano – PHA) uma ação de moderação (sic) na América Latina.”
Esse texto lapidar, escorreito, claro, inequívoco é trecho de palestra que o Farol de Alexandria pronunciou na Academia Brasileira de Letras e se encontra mumificado num pé de página da Folha (*) da província de São Paulo, na página A12 (CLIQUE AQUI -> http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil ... 201011.htm).
Quando o New York Times NewService não renovou contrato de colaboração com o Farol de Alexandria, um jornalista americano que participou do desenlace me explicou que o principal problema do Farol é que o texto dele é “bloated” – inchado, empanturrado, gorduroso.
Mas, não é esse o problema.
O problema é o conteúdo
O que o Farol quis dizer, se soubesse falar, foi o seguinte:
Política externa boa era a minha, de alinhamento automático com os Estados Unidos (do Clinton, que me re-elegeu).
Essa história de ter uma “ação de moderação (sic)” na América Latina é muito interessante.
Quem modera na Colômbia ?
Quem modera no Panamá ?
Quem modera na base militar americana no Paraguai ?
Foi ele, o “moderador”, que moderou essa “ação moderadora” dos Estados Unidos na América Latina ?
O que o Farol não tolera é a projeção internacional do Brasil, no Governo Lula.
Nem ele nem os chanceleres do Serra: Lampreia, Barbosa, Lafer, Otavinho, etc
Agora, por exemplo, segundo a capa do Estadão da província de S. P. (CLIQUE AQUI -> http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 5994,0.htm), Israel pediu para Celso Amorim ir à Síria conversar sobre o Irã.
O Farol morre de inveja.
E cuidado: o texto dele tem alto teor de colesterol.
Em tempo: na mesma reportagem da Folha (*), FHC sugere que o PSDB comece a campanha mesmo sem candidato. Interessante. O PSDB quer escolher o vice antes do candidato (CLIQUE AQUI -> http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil ... 201011.htm). E agora fazer campanha SEM candidato. Eles são uns gênios.
Paulo Henrique Amorim
Clique aqui para ler sobre o “momento mágico no Oriente Médio” -> (http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=28695).
E aqui para ver que o Otavinho da Folha (*) chamou Lula de panaca por causa do Irã -> (http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=28582).
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é (CLIQUE AQUI -> http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=23300); nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
- bruno mt
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Re: GEOPOLÍTICA
Também em Luanda é fácil encontrar franquias de redes populares no Brasil, como Bob's, Mundo Verde e O Boticário. Isso sem falar nos templos da Igreja Universal do Reino de Deus, presente em todos os países africanos de língua portuguesa.
Coitados
Coitados
Re: GEOPOLÍTICA
Texto de Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa - reportagem de capa da edição 587 da revista CartaCapital
http://www.cartacapital.com.br/app/mate ... 2=9&i=6314
Um mundo órfão
22/03/2010 14:39:02
Se não caiu, está muito abalada a supremacia dos Estados Unidos – ou mesmo do conjunto do chamado Ocidente, dada a aguda fragilização econômica da União Europeia e sua crônica incapacidade política de atuar unificadamente como uma força estabilizadora global. Deveríamos saudar a oportunidade de uma abertura a um mundo novo ou nos preocupar com o risco de caminhar para o fim de qualquer mundo civilizado?
Não está escrito nas estrelas, mas sim nas projeções econômicas, que em mais alguns anos a produção dos BRIC ultrapassará a do G-7, e a China, a dos EUA. Isso em si não precisa ser ruim, mas, quando o poder econômico se desloca, entidades políticas e militares costumam se mover, seja para se opor à mudança na correlação de forças, seja para consolidá-la. E, como diz um velho provérbio do Quênia, quando os elefantes brigam, quem sofre é a grama.
Na última vez em que o centro de gravidade da geopolítica se deslocou, foram necessárias duas guerras mundiais para assentar um novo equilíbrio de poder. Desta vez, não só uma guerra mundial tem alta probabilidade de não deixar sobrar muita coisa para partilhar, como há razões para recear, vista a fragilidade do ambiente ante a depredação pela atividade humana, que a civilização se destrua por seu próprio funcionamento “normal”, sem necessidade de violência explícita. Nunca foi mais necessário um consenso sobre o futuro da humanidade, mas isso se tornou um sonho mais distante do que jamais foi desde a derrota do nazismo.
A liderança moral que Washington chegou a ter sobre a aliança ocidental, forjada durante a Guerra Fria, conservada nos anos 90 por hábito ou falta de opção, dissolveu-se no Iraque. De maneira demasiado óbvia, a aventura atendeu a interesses econômicos e estratégicos dos EUA e Reino Unido com o falso pretexto de combater uma ameaça terrorista internacional e desperdiçou a oportunidade de estabilizar o Afeganistão.
O Taleban voltou a controlar grande parte do país, enquanto os governos europeus que se dispuseram a acompanhar os EUA se desgastaram inutilmente e agora se recusam a apoiá-los no esforço para recuperar o controle do país para o governo notoriamente corrupto de Hamid Karzai, reeleito por um processo admitidamente fraudulento.
Países que apostaram na exacerbação militarista do poderio estadunidense agem como quem desconfia que apostou no cavalo errado. Os países da Ásia Central que chegaram a se aproximar do Ocidente agora voltam a forjar laços estratégicos com Rússia, China e Irã. Os governos pró-ocidentais criados pelas chamadas “revoluções coloridas” deram-se mal: o da Geórgia, incentivado pelos EUA a desafiar Putin, foi surrado em batalha e perdeu território, o da Ucrânia levou ao desastre econômico e os eleitores o substituíram por um mais simpático a Moscou.
Na América Latina, pode-se dizer que a influência dos EUA voltou a ser contestada como não havia sido desde a Segunda Guerra Mundial. Contrariando os prognósticos de The Economist, a mudança de governo em Washington pouco fez para reverter o enfraquecimento de sua influência na região. China e Rússia continuam a fazer acordos comerciais e militares naquilo que a revista britânica chama de backyard (quintal) dos EUA, a Unasul combate a interferência de Washington na política interna de países sul-Americanos e o Grupo do Rio lança os alicerces de uma Comunidade Latino-americana capaz de substituir a OEA em muitas de suas funções, se não em todas. O périplo latino de Hillary Clinton em 2010 foi tão vazio de resultados quanto o de Bush júnior em 2005. Se foi recebida com menos protestos, é que as esquerdas deixaram de se preocupar tanto com os Estados Unidos.
Na África, a influência tradicional das ex-metrópoles europeias e a mais recente dos EUA também começa a se evaporar, graças à disposição da China de investir nesses países sem exigir, via FMI, que seus governos desmantelem seus precários aparelhos de Estado e exponham seus camponeses e fazendeiros à concorrência desleal da agricultura subsidiada dos países ricos.
No Extremo Oriente, o Japão, encerrado o longo monopólio do poder pelo decadente e corrupto Partido Liberal-Democrático, também começa a se afastar dos EUA – mais visivelmente pressionando o Pentágono para abandonar sua base em Okinawa – e a cortejar a China, seu tradicional rival, com o objetivo de construir um bloco asiático.
A predominância financeira, resgatada da crise de Bretton Woods pela política de Paul Volcker, está se esvaziando rapidamente, sem que haja espaço para a repetição da manobra. O FMI, símbolo do antigo consenso ocidental, consumiu sua credibilidade na crise asiática de 1997, quando se aproveitou das dificuldades dos países vitimados por ataques especulativos para impor, de maneira demasiado descarada, os interesses financeiros e comerciais dos Estados Unidos e a ideologia neoliberal em voga. Para não mais dependerem da boa vontade da agência de Washington, os países periféricos acumularam reservas de maneira obsessiva, a ponto de se tornar banqueiros do Ocidente e ser chamados, em 2009, a socorrer a entidade. Hoje, os países da Zona do Euro que enfrentam, pela primeira vez, dificuldades financeiras fogem do FMI como o diabo da cruz. França e Alemanha falam em criar um Fundo Monetário Europeu e países asiáticos cogitam de algo semelhante.
Mas não é só a discórdia entre as potências ocidentais: é também o consenso das elites dentro de cada país, principalmente os EUA. Outrora, republicanos e democratas se revezavam sem traumas. A alternância de poder era parte do jogo e não impedia que os partidos negociassem propostas e fizessem concessões mútuas.
Nos últimos anos, isso mudou. Desde os tempos de Ronald Reagan, o ambiente político vinha-se crispando pela aliança do neoliberalismo yuppie com o fundamentalismo cristão dos grotões dos EUA, mas desde a eleição de Barack Obama o problema cresceu de maneira exponencial. Aos efeitos da crise acrescentaram-se rancores racistas e xenófobos à mistura já explosiva e uma crescente infantilização e vulgarização do discurso político. Um número muito multiplicado de canais de comunicação (incluídos os da internet) compete por uma atenção pública limitada e dessensibilizada e tenta conquistá-la com as afirmações mais chocantes e os insultos mais estridentes e grosseiros.
Votações no Congresso, mesmo sobre reformas modestas e nomeação de funcionários, são bloqueadas pela oposição ou se dividem por linhas estritamente partidárias e tratadas como questões de vida ou morte. Nem se fala mais de um plano universal da saúde pública. A mera proposta de regulamentação e generalização dos planos de saúde privados é enfrentada por políticos e comunicadores conservadores como se fosse um projeto de abolição da propriedade privada e do capitalismo, às vezes com estas exatas palavras. Ao mesmo tempo que a tentativa de limitar os custos públicos da saúde é histericamente denunciada, pelos mesmos personagens, como um “tribunal da morte” destinado a eliminar os improdutivos.
Se isso se dá no mainstream, na corrente principal da política, mais assustador ainda é o que se passa nas margens. Segundo o Southern Poverty Law Center (SPLC, uma ONG que monitora supremacistas brancos e similares) os grupos de direita “patriótica”, que veem o governo federal como inimigo, saltaram de 149 grupos em 2008 para 512 em 2009 e suas milícias armadas, de 42 para 127. Os grupos “nativistas”, que perseguem e intimidam imigrantes, passaram de 173 para 309. Os abertamente racistas cresceram de 926 para 932, apesar do colapso de uma rede neonazista de 35 grupos, cujo líder, Bill White, foi preso (por incitação à violência) em outubro de 2008. No conjunto, esses extremistas cresceram de 1.248 para 1.753 grupos.
Não é de admirar quando um comunicador como Glenn Beck, da Fox News, dá repercussão a teorias sobre uma conspiração do governo para implantar um regime totalitário. É o medo e o ódio como substitutos da ação comunicativa racional proposta por Jürgen Habermas, que neste início de século se mostra uma utopia mais distante da realidade que as do marxismo à moda antiga.
Na Europa, a modalidade mais comum de expressão da ira política é a xenofobia, exposta em manifestações que vão do referendo suíço que proibiu a construção de mesquitas à legalização, na Itália, de bandos de “vigilantes” formados para intimidar imigrantes. A inquietação com a crise econômica, com a falta de perspectivas pessoais ou coletivas e com o questionamento do senso comum hegemônico (“crucifixo é normal, lenço na cabeça é aberrante”, por exemplo) é deslocada para a humilhação dos ainda mais fracos.
Nessa forma, além de inofensivas para os poderes econômicos e financeiros, a ira e a violência são facilmente manipuláveis por políticos e por grupos criminosos. A presença das três máfias italianas – que, juntas, movimentam 100 bilhões de euros anuais, ou 5% do PIB – por trás das agressões em massa contra os roma em Nápoles e os africanos na Calábria não é casual. Desloca para bodes expiatórios a inquietação com sua crescente influência no Estado, com o despejo de lixo tóxico, com o monopólio mafioso de certos setores da economia sul-italiana. Mas não só: o crescimento do crime organizado é um fenômeno cada vez mais globalizado, com extensões na América Latina, África, Europa Oriental, Rússia e Oriente, movimentando 1 trilhão de dólares por ano. A guerra no Afeganistão e a aliança de Karzai com produtores e traficantes de ópio proporcionaram-lhe ainda mais combustível.
O que se vê no Ocidente, de forma mais aguda nos EUA, não é apenas uma crise econômica, mas também uma crise de autoridade. Uma crise de hegemonia, no sentido gramsciano. Depois de décadas de “pensamento único” perdeu-se a capacidade de definir um consenso e fazer dele o senso comum dos formadores de opinião. Nessas condições, como dizia Antonio Gramsci, as máscaras de normalidade e civilização não se sustentam e o recurso à força bruta, ultima ratio regum (último argumento dos reis) é inevitável.
Enquanto extremistas se multiplicam, também os governos tendem a transformar o estado de exceção em regra, como mostrou o filósofo italiano Giorgio Agamben. Nos EUA, a maioria democrata, liderada por Obama, acaba de prorrogar por mais um ano (por 315 votos a 97, em 25 de fevereiro), sem modificações, o chamado Patriot Act, o pacote imposto por Bush júnior logo após o 11 de Setembro, que dá ao governo poderes para vigilância telefônica de cidadãos, invasão de residências e arquivos por mera suspeita de terrorismo.
A isso pode-se somar um “Ato de interrogatório, detenção e processo de beligerantes inimigos” proposto pelos senadores John McCain (republicano) e Joseph- Lieberman (ex-democrata independente) após o fracassado atentado de um nigeriano contra um avião que pousava em Detroit no Natal de 2009. A proposta permite às Forças Armadas deter cidadãos e estrangeiros sem julgamento, indefinidamente, por suspeita de atividade terrorista.
Mas, como mostraram este e outros atentados, força e vigilância são substitutas muito ineficientes do consenso e hegemonia de tempos normais. Na vida real, os agentes dos serviços secretos e da chamada inteligência estão longe de corresponder à mitologia dos espiões do cinema. Como foi dito em Crise de Inteligência (CartaCapital 582), o inchaço desmedido de listas de suspeitos e motivos para suspeição cria embaraços e humilhações para inocentes, serve de pretexto para perseguir ativistas, intelectuais e críticos do governo ou do sistema, alimenta o ego de funcionários arrogantes, mas não consegue prevenir as verdadeiras ameaças ou levar à captura de terroristas realmente perigosos. Tentar controlar tudo é não controlar nada.
Crianças de 5 anos, senhoras idosas e veteranos são detidos em aeroportos porque na lista “No Fly” do FBI tem algum homônimo suspeito de atividades terroristas que pode ser um cantor britânico que promove o Islã (Cat Stevens), um jurista estadunidense que criticou o presidente (Walter Murphy), um jornalista colombiano simpático a Chávez (Hernando Calvo) ou um estadista que um dia apoiou a luta armada contra um governo racista (Nelson Mandela). O resultado é uma sensação de medo e ansiedade que tanto amplifica o impacto político do terrorismo quanto gera rancor e a desconfiança contra a interferência do governo, mesmo quando defende medidas de interesse popular, como a regulamentação dos bancos e a reforma da saúde.
A falta de consenso interno reduz a eficácia da ação internacional dos EUA. Mesmo que a supremacia mundial seja do interesse tanto de democratas quanto de republicanos e as ações imperialistas no exterior não estejam sendo seriamente questionadas, sua capacidade de honrar promessas e ameaças está comprometida, como se não bastassem os limites já postos pela crise econômica e pelo comprometimento militar no Iraque e Afeganistão.
As dificuldades com obstruções no Congresso impediram os EUA de terem papel construtivo na Conferência de Copenhague, deteriorando suas relações com a Europa. Obama sacrificou sua política latino-americana e cedeu aos golpistas de Honduras para desembaraçar a nomeação de um funcionário de segundo escalão. Pior, reduziram Washington à inércia no conflito palestino-israelense, depois de ter prometido uma nova era no relacionamento com o mundo árabe, no momento em que, também no campo internacional, a crise da hegemonia empurra o conflito para a ultima ratio regum, com todos os agravantes da tecnologia bélica do século XXI.
No ano fiscal encerrado em setembro, a DSCA – agência do Departamento de Defesa dos EUA responsável por exportações de armas – anunciou orgulhosamente que vendera 37,9 bilhões de dólares, ante um recorde anterior de 36,4 bilhões em 2008 e esperava mais 38,4 bilhões em 2010. Isso enquanto o Departamento de Estado queixava-se da “corrida armamentista” promovida pela Venezuela ao comprar armas da Rússia, segunda maior fornecedora. De 17 bilhões em 2001 (6 bilhões dos EUA), as vendas globais de armas a países periféricos passaram de 40 bilhões em 2007 (12 bilhões dos EUA) e 42 bilhões em 2008 (30 bilhões dos EUA). Apesar da crise ou por causa dela?
No Oriente Médio, Israel, organizações palestinas e Irã são exemplos de abandono progressivo das expectativas de soluções negociadas dentro de um acordo hegemônico. Tel-Aviv constrange aliados e enfurece inimigos com seus abusos em Gaza, Jerusalém, Cisjordânia e Dubai e intimida com projetos macarthistas suas próprias ONGs pacifistas, acusadas de dar munição às acusações de violações de direitos humanos pelo Exército israelense. Não mostra preocupação com o desgaste de sua imagem e da autoridade moral de seus defensores. Há motivos para recear que busca conscientemente alimentar uma radicalização palestina que dê pretextos para anexar de vez os territórios ocupados e expulsar os nativos incômodos.
A crescente agressividade verbal do Irã – que, ao contrário de Israel, ainda não detém armas nucleares, capacidade para produzi-las ou pretensões territoriais – é embasada menos em poderio bélico real- do que pela crise de hegemonia que impede o Ocidente de isolá-lo de fato, apesar das exigências de Tel-Aviv. O Irã melhora suas relações com Turquia, Síria, China, Rússia e Ásia Central e faz crescer seu prestígio ante o mundo árabe com desafios verbais a Washington e Tel-Aviv, apostando em que não se expõe a um ataque real.- Pode, claro, ser um erro de cálculo. Como também pode ser um erro a aposta dos estrategistas dos EUA de forçar o Paquistão a lutar contra o Taleban, com o risco de um fiasco que desprestigie seu precário governo civil a ponto de inspirar um golpe que pode, de fato, pôr um arsenal nuclear considerável nas mãos de fundamentalistas mais fanáticos que os do Irã.
Estimativa recente de especialistas do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, citada na revista Scientific American Brasil de fevereiro, indica que uma guerra nuclear limitada à Índia e Paquistão, além de matar diretamente 20 milhões nos dois países, provocaria a morte por inanição de 1 bilhão em todo o mundo, por danos causados ao clima e à camada de ozônio. E nem se fala ainda do risco de os elefantes mais crescidos – EUA, China e Rússia – rolarem na grama, pesadelo que na ausência de consensos pode rapidamente passar da categoria do impensável à de risco real.
Além dos desentendimentos presentes sobre Taiwan e bases militares na Ásia e Europa, é visível que, mais cedo ou mais tarde, China e EUA terão de rediscutir a relação e fazer uma nova partilha de influência e recursos estratégicos em escala global. O novo poder tentará aumentar sua fatia. Se isso se fizer sem confronto aberto, será possível dizer que a humanidade conseguiu evitar o mal maior, mesmo que leve apenas a um consenso sobre o risco de mútua destruição e um equilíbrio do terror similar ao da Guerra Fria.
http://www.cartacapital.com.br/app/mate ... 2=9&i=6314
Um mundo órfão
22/03/2010 14:39:02
Se não caiu, está muito abalada a supremacia dos Estados Unidos – ou mesmo do conjunto do chamado Ocidente, dada a aguda fragilização econômica da União Europeia e sua crônica incapacidade política de atuar unificadamente como uma força estabilizadora global. Deveríamos saudar a oportunidade de uma abertura a um mundo novo ou nos preocupar com o risco de caminhar para o fim de qualquer mundo civilizado?
Não está escrito nas estrelas, mas sim nas projeções econômicas, que em mais alguns anos a produção dos BRIC ultrapassará a do G-7, e a China, a dos EUA. Isso em si não precisa ser ruim, mas, quando o poder econômico se desloca, entidades políticas e militares costumam se mover, seja para se opor à mudança na correlação de forças, seja para consolidá-la. E, como diz um velho provérbio do Quênia, quando os elefantes brigam, quem sofre é a grama.
Na última vez em que o centro de gravidade da geopolítica se deslocou, foram necessárias duas guerras mundiais para assentar um novo equilíbrio de poder. Desta vez, não só uma guerra mundial tem alta probabilidade de não deixar sobrar muita coisa para partilhar, como há razões para recear, vista a fragilidade do ambiente ante a depredação pela atividade humana, que a civilização se destrua por seu próprio funcionamento “normal”, sem necessidade de violência explícita. Nunca foi mais necessário um consenso sobre o futuro da humanidade, mas isso se tornou um sonho mais distante do que jamais foi desde a derrota do nazismo.
A liderança moral que Washington chegou a ter sobre a aliança ocidental, forjada durante a Guerra Fria, conservada nos anos 90 por hábito ou falta de opção, dissolveu-se no Iraque. De maneira demasiado óbvia, a aventura atendeu a interesses econômicos e estratégicos dos EUA e Reino Unido com o falso pretexto de combater uma ameaça terrorista internacional e desperdiçou a oportunidade de estabilizar o Afeganistão.
O Taleban voltou a controlar grande parte do país, enquanto os governos europeus que se dispuseram a acompanhar os EUA se desgastaram inutilmente e agora se recusam a apoiá-los no esforço para recuperar o controle do país para o governo notoriamente corrupto de Hamid Karzai, reeleito por um processo admitidamente fraudulento.
Países que apostaram na exacerbação militarista do poderio estadunidense agem como quem desconfia que apostou no cavalo errado. Os países da Ásia Central que chegaram a se aproximar do Ocidente agora voltam a forjar laços estratégicos com Rússia, China e Irã. Os governos pró-ocidentais criados pelas chamadas “revoluções coloridas” deram-se mal: o da Geórgia, incentivado pelos EUA a desafiar Putin, foi surrado em batalha e perdeu território, o da Ucrânia levou ao desastre econômico e os eleitores o substituíram por um mais simpático a Moscou.
Na América Latina, pode-se dizer que a influência dos EUA voltou a ser contestada como não havia sido desde a Segunda Guerra Mundial. Contrariando os prognósticos de The Economist, a mudança de governo em Washington pouco fez para reverter o enfraquecimento de sua influência na região. China e Rússia continuam a fazer acordos comerciais e militares naquilo que a revista britânica chama de backyard (quintal) dos EUA, a Unasul combate a interferência de Washington na política interna de países sul-Americanos e o Grupo do Rio lança os alicerces de uma Comunidade Latino-americana capaz de substituir a OEA em muitas de suas funções, se não em todas. O périplo latino de Hillary Clinton em 2010 foi tão vazio de resultados quanto o de Bush júnior em 2005. Se foi recebida com menos protestos, é que as esquerdas deixaram de se preocupar tanto com os Estados Unidos.
Na África, a influência tradicional das ex-metrópoles europeias e a mais recente dos EUA também começa a se evaporar, graças à disposição da China de investir nesses países sem exigir, via FMI, que seus governos desmantelem seus precários aparelhos de Estado e exponham seus camponeses e fazendeiros à concorrência desleal da agricultura subsidiada dos países ricos.
No Extremo Oriente, o Japão, encerrado o longo monopólio do poder pelo decadente e corrupto Partido Liberal-Democrático, também começa a se afastar dos EUA – mais visivelmente pressionando o Pentágono para abandonar sua base em Okinawa – e a cortejar a China, seu tradicional rival, com o objetivo de construir um bloco asiático.
A predominância financeira, resgatada da crise de Bretton Woods pela política de Paul Volcker, está se esvaziando rapidamente, sem que haja espaço para a repetição da manobra. O FMI, símbolo do antigo consenso ocidental, consumiu sua credibilidade na crise asiática de 1997, quando se aproveitou das dificuldades dos países vitimados por ataques especulativos para impor, de maneira demasiado descarada, os interesses financeiros e comerciais dos Estados Unidos e a ideologia neoliberal em voga. Para não mais dependerem da boa vontade da agência de Washington, os países periféricos acumularam reservas de maneira obsessiva, a ponto de se tornar banqueiros do Ocidente e ser chamados, em 2009, a socorrer a entidade. Hoje, os países da Zona do Euro que enfrentam, pela primeira vez, dificuldades financeiras fogem do FMI como o diabo da cruz. França e Alemanha falam em criar um Fundo Monetário Europeu e países asiáticos cogitam de algo semelhante.
Mas não é só a discórdia entre as potências ocidentais: é também o consenso das elites dentro de cada país, principalmente os EUA. Outrora, republicanos e democratas se revezavam sem traumas. A alternância de poder era parte do jogo e não impedia que os partidos negociassem propostas e fizessem concessões mútuas.
Nos últimos anos, isso mudou. Desde os tempos de Ronald Reagan, o ambiente político vinha-se crispando pela aliança do neoliberalismo yuppie com o fundamentalismo cristão dos grotões dos EUA, mas desde a eleição de Barack Obama o problema cresceu de maneira exponencial. Aos efeitos da crise acrescentaram-se rancores racistas e xenófobos à mistura já explosiva e uma crescente infantilização e vulgarização do discurso político. Um número muito multiplicado de canais de comunicação (incluídos os da internet) compete por uma atenção pública limitada e dessensibilizada e tenta conquistá-la com as afirmações mais chocantes e os insultos mais estridentes e grosseiros.
Votações no Congresso, mesmo sobre reformas modestas e nomeação de funcionários, são bloqueadas pela oposição ou se dividem por linhas estritamente partidárias e tratadas como questões de vida ou morte. Nem se fala mais de um plano universal da saúde pública. A mera proposta de regulamentação e generalização dos planos de saúde privados é enfrentada por políticos e comunicadores conservadores como se fosse um projeto de abolição da propriedade privada e do capitalismo, às vezes com estas exatas palavras. Ao mesmo tempo que a tentativa de limitar os custos públicos da saúde é histericamente denunciada, pelos mesmos personagens, como um “tribunal da morte” destinado a eliminar os improdutivos.
Se isso se dá no mainstream, na corrente principal da política, mais assustador ainda é o que se passa nas margens. Segundo o Southern Poverty Law Center (SPLC, uma ONG que monitora supremacistas brancos e similares) os grupos de direita “patriótica”, que veem o governo federal como inimigo, saltaram de 149 grupos em 2008 para 512 em 2009 e suas milícias armadas, de 42 para 127. Os grupos “nativistas”, que perseguem e intimidam imigrantes, passaram de 173 para 309. Os abertamente racistas cresceram de 926 para 932, apesar do colapso de uma rede neonazista de 35 grupos, cujo líder, Bill White, foi preso (por incitação à violência) em outubro de 2008. No conjunto, esses extremistas cresceram de 1.248 para 1.753 grupos.
Não é de admirar quando um comunicador como Glenn Beck, da Fox News, dá repercussão a teorias sobre uma conspiração do governo para implantar um regime totalitário. É o medo e o ódio como substitutos da ação comunicativa racional proposta por Jürgen Habermas, que neste início de século se mostra uma utopia mais distante da realidade que as do marxismo à moda antiga.
Na Europa, a modalidade mais comum de expressão da ira política é a xenofobia, exposta em manifestações que vão do referendo suíço que proibiu a construção de mesquitas à legalização, na Itália, de bandos de “vigilantes” formados para intimidar imigrantes. A inquietação com a crise econômica, com a falta de perspectivas pessoais ou coletivas e com o questionamento do senso comum hegemônico (“crucifixo é normal, lenço na cabeça é aberrante”, por exemplo) é deslocada para a humilhação dos ainda mais fracos.
Nessa forma, além de inofensivas para os poderes econômicos e financeiros, a ira e a violência são facilmente manipuláveis por políticos e por grupos criminosos. A presença das três máfias italianas – que, juntas, movimentam 100 bilhões de euros anuais, ou 5% do PIB – por trás das agressões em massa contra os roma em Nápoles e os africanos na Calábria não é casual. Desloca para bodes expiatórios a inquietação com sua crescente influência no Estado, com o despejo de lixo tóxico, com o monopólio mafioso de certos setores da economia sul-italiana. Mas não só: o crescimento do crime organizado é um fenômeno cada vez mais globalizado, com extensões na América Latina, África, Europa Oriental, Rússia e Oriente, movimentando 1 trilhão de dólares por ano. A guerra no Afeganistão e a aliança de Karzai com produtores e traficantes de ópio proporcionaram-lhe ainda mais combustível.
O que se vê no Ocidente, de forma mais aguda nos EUA, não é apenas uma crise econômica, mas também uma crise de autoridade. Uma crise de hegemonia, no sentido gramsciano. Depois de décadas de “pensamento único” perdeu-se a capacidade de definir um consenso e fazer dele o senso comum dos formadores de opinião. Nessas condições, como dizia Antonio Gramsci, as máscaras de normalidade e civilização não se sustentam e o recurso à força bruta, ultima ratio regum (último argumento dos reis) é inevitável.
Enquanto extremistas se multiplicam, também os governos tendem a transformar o estado de exceção em regra, como mostrou o filósofo italiano Giorgio Agamben. Nos EUA, a maioria democrata, liderada por Obama, acaba de prorrogar por mais um ano (por 315 votos a 97, em 25 de fevereiro), sem modificações, o chamado Patriot Act, o pacote imposto por Bush júnior logo após o 11 de Setembro, que dá ao governo poderes para vigilância telefônica de cidadãos, invasão de residências e arquivos por mera suspeita de terrorismo.
A isso pode-se somar um “Ato de interrogatório, detenção e processo de beligerantes inimigos” proposto pelos senadores John McCain (republicano) e Joseph- Lieberman (ex-democrata independente) após o fracassado atentado de um nigeriano contra um avião que pousava em Detroit no Natal de 2009. A proposta permite às Forças Armadas deter cidadãos e estrangeiros sem julgamento, indefinidamente, por suspeita de atividade terrorista.
Mas, como mostraram este e outros atentados, força e vigilância são substitutas muito ineficientes do consenso e hegemonia de tempos normais. Na vida real, os agentes dos serviços secretos e da chamada inteligência estão longe de corresponder à mitologia dos espiões do cinema. Como foi dito em Crise de Inteligência (CartaCapital 582), o inchaço desmedido de listas de suspeitos e motivos para suspeição cria embaraços e humilhações para inocentes, serve de pretexto para perseguir ativistas, intelectuais e críticos do governo ou do sistema, alimenta o ego de funcionários arrogantes, mas não consegue prevenir as verdadeiras ameaças ou levar à captura de terroristas realmente perigosos. Tentar controlar tudo é não controlar nada.
Crianças de 5 anos, senhoras idosas e veteranos são detidos em aeroportos porque na lista “No Fly” do FBI tem algum homônimo suspeito de atividades terroristas que pode ser um cantor britânico que promove o Islã (Cat Stevens), um jurista estadunidense que criticou o presidente (Walter Murphy), um jornalista colombiano simpático a Chávez (Hernando Calvo) ou um estadista que um dia apoiou a luta armada contra um governo racista (Nelson Mandela). O resultado é uma sensação de medo e ansiedade que tanto amplifica o impacto político do terrorismo quanto gera rancor e a desconfiança contra a interferência do governo, mesmo quando defende medidas de interesse popular, como a regulamentação dos bancos e a reforma da saúde.
A falta de consenso interno reduz a eficácia da ação internacional dos EUA. Mesmo que a supremacia mundial seja do interesse tanto de democratas quanto de republicanos e as ações imperialistas no exterior não estejam sendo seriamente questionadas, sua capacidade de honrar promessas e ameaças está comprometida, como se não bastassem os limites já postos pela crise econômica e pelo comprometimento militar no Iraque e Afeganistão.
As dificuldades com obstruções no Congresso impediram os EUA de terem papel construtivo na Conferência de Copenhague, deteriorando suas relações com a Europa. Obama sacrificou sua política latino-americana e cedeu aos golpistas de Honduras para desembaraçar a nomeação de um funcionário de segundo escalão. Pior, reduziram Washington à inércia no conflito palestino-israelense, depois de ter prometido uma nova era no relacionamento com o mundo árabe, no momento em que, também no campo internacional, a crise da hegemonia empurra o conflito para a ultima ratio regum, com todos os agravantes da tecnologia bélica do século XXI.
No ano fiscal encerrado em setembro, a DSCA – agência do Departamento de Defesa dos EUA responsável por exportações de armas – anunciou orgulhosamente que vendera 37,9 bilhões de dólares, ante um recorde anterior de 36,4 bilhões em 2008 e esperava mais 38,4 bilhões em 2010. Isso enquanto o Departamento de Estado queixava-se da “corrida armamentista” promovida pela Venezuela ao comprar armas da Rússia, segunda maior fornecedora. De 17 bilhões em 2001 (6 bilhões dos EUA), as vendas globais de armas a países periféricos passaram de 40 bilhões em 2007 (12 bilhões dos EUA) e 42 bilhões em 2008 (30 bilhões dos EUA). Apesar da crise ou por causa dela?
No Oriente Médio, Israel, organizações palestinas e Irã são exemplos de abandono progressivo das expectativas de soluções negociadas dentro de um acordo hegemônico. Tel-Aviv constrange aliados e enfurece inimigos com seus abusos em Gaza, Jerusalém, Cisjordânia e Dubai e intimida com projetos macarthistas suas próprias ONGs pacifistas, acusadas de dar munição às acusações de violações de direitos humanos pelo Exército israelense. Não mostra preocupação com o desgaste de sua imagem e da autoridade moral de seus defensores. Há motivos para recear que busca conscientemente alimentar uma radicalização palestina que dê pretextos para anexar de vez os territórios ocupados e expulsar os nativos incômodos.
A crescente agressividade verbal do Irã – que, ao contrário de Israel, ainda não detém armas nucleares, capacidade para produzi-las ou pretensões territoriais – é embasada menos em poderio bélico real- do que pela crise de hegemonia que impede o Ocidente de isolá-lo de fato, apesar das exigências de Tel-Aviv. O Irã melhora suas relações com Turquia, Síria, China, Rússia e Ásia Central e faz crescer seu prestígio ante o mundo árabe com desafios verbais a Washington e Tel-Aviv, apostando em que não se expõe a um ataque real.- Pode, claro, ser um erro de cálculo. Como também pode ser um erro a aposta dos estrategistas dos EUA de forçar o Paquistão a lutar contra o Taleban, com o risco de um fiasco que desprestigie seu precário governo civil a ponto de inspirar um golpe que pode, de fato, pôr um arsenal nuclear considerável nas mãos de fundamentalistas mais fanáticos que os do Irã.
Estimativa recente de especialistas do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, citada na revista Scientific American Brasil de fevereiro, indica que uma guerra nuclear limitada à Índia e Paquistão, além de matar diretamente 20 milhões nos dois países, provocaria a morte por inanição de 1 bilhão em todo o mundo, por danos causados ao clima e à camada de ozônio. E nem se fala ainda do risco de os elefantes mais crescidos – EUA, China e Rússia – rolarem na grama, pesadelo que na ausência de consensos pode rapidamente passar da categoria do impensável à de risco real.
Além dos desentendimentos presentes sobre Taiwan e bases militares na Ásia e Europa, é visível que, mais cedo ou mais tarde, China e EUA terão de rediscutir a relação e fazer uma nova partilha de influência e recursos estratégicos em escala global. O novo poder tentará aumentar sua fatia. Se isso se fizer sem confronto aberto, será possível dizer que a humanidade conseguiu evitar o mal maior, mesmo que leve apenas a um consenso sobre o risco de mútua destruição e um equilíbrio do terror similar ao da Guerra Fria.
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Re: GEOPOLÍTICA
http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/8580628.stmBrazil seeks to expand its influence
What does a country like Brazil want with 36 brand new fighter aircraft, five new submarines, 50 helicopters, a range of new missiles and tanks, as well as state-of-the-art radar equipment?
What it wants, quite simply, is to be acknowledged as an undisputed regional superpower.
Brazil is by far the biggest country in South America by land mass, by population, and by economic strength - so military strength seems the obvious last piece of the jigsaw.
Plus the not irrelevant fact that Brazil has only recently discovered that it is sitting on vast amounts of unexploited off-shore oil reserves.
Secure borders
As for the 17,000km of land borders, they need patrolling too, particularly in the vast Amazon region where drugs smugglers can take advantage of porous frontiers and illegal loggers can rip out timber.
In years to come, Brazil hopes to be able to exploit bio-pharmaceuticals from the Amazon's incomparable natural riches - another reason to ensure that the Amazon is secure.
The Brazilian foreign minister, Celso Amorim, told me in an interview here: "We have borders with 10 neighbours, and we have had no war with them for 140 years."How many other countries can say that?" (The last time Brazil went into combat was in Italy in 1944, on the side of the Allied forces).
Peace-keeping
Even the army officer who is in charge of training Brazil's peace-keeping forces argues the need for "hard power" as well as "soft power".
"It is good if people think you are nice," said Colonel Pedro de Pessoa, commander of the army's Peace Keeping Operations Training Centre. "But they must also think that you are capable of being bad."
Brazil leads the United Nations peace-keeping force in Haiti. It also participates in UN peace-keeping missions in central Africa, Cyprus, East Timor, Ivory Coast, Liberia and Western Sahara. This is a country that wants to take both "hard" and "soft" power seriously.
As for those 36 fighter aircraft, Defence Minister Nelson Jobim says he will be announcing within the next couple of weeks who will get the order.
The French Rafale, built by Dassault, seems to be the favourite, but Boeing's F-18 and the Swedish Griffin are also being considered.
If the foreign minister is right, Brazil has no intention of threatening anyone. "It is in the Brazilian character to want to be friends with everyone," he told me. But this is a country that firmly believes its hour has come. And it is determined to make sure that no one thinks it is too weak militarily to defend its interests. With nearly 150,000 sq km of territorial waters to patrol, you want a modern navy as well as a big one.
Triste sina ter nascido português
Re: GEOPOLÍTICA
Agora só terão 1550 bombas!! O mundo já pode ficar feliz e tranquilo!
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Obama e Medvedev fecham acordo para pacto sobre armas nucleares
WASHINGTON (Reuters) - Os presidentes dos EUA, Barack Obama, e da Rússia, Dmitry Medvedev, fecharam na sexta-feira um acordo sobre um tratado histórico de redução de armas nucleares e vão se reunir para assinar o tratado em 8 de abril, em Praga.
Após meses de impasse, o acordo para o tratado que substituirá o pacto START (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), da era da Guerra Fria, é a mais importante conquista de política externa de Obama desde que chegou ao poder e também reforça seu esforço para "reiniciar" os laços dos EUA com Moscou.
Obama e Medvedev deram os retoques finais ao acordo histórico em um telefonema, comprometendo as duas maiores potências nucleares do mundo a empreender grandes reduções em seus arsenais.
"Tenho a satisfação de anunciar que, após um ano de negociações intensas, Estados Unidos e Rússia acordaram o mais abrangente acordo de controle de armas em quase duas décadas", disse Obama a repórteres.
Em Moscou, Medvedev saudou o acordo, dizendo que reflete "o equilíbrio dos interesses dos dois países", disse o Kremlin.
Pelos termos do acordo, válido por dez anos, cada lado terá que reduzir suas ogivas estratégicas posicionadas das 2.200 atuais para 1.550 e também fará reduções importantes em seu estoque de lançadores, disse a Casa Branca.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que o acordo transmitirá ao Irã e à Coreia do Norte, países envolvidos em impasses nucleares com o Ocidente, uma mensagem sobre seu compromisso em impedir a proliferação nuclear.
"Com esse acordo, Estados Unidos e Rússia - as duas maiores potências nucleares do mundo - também transmitem um sinal claro de que pretendemos liderar". disse Obama.
"Ao cumprir nossos próprios compromissos assumidos sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, fortalecemos nossos esforços globais para barrar a propagação dessas armas e asseguramos que outros países cumpram suas próprias responsabilidades", disse Obama.
ASSINATURA EM PRAGA
Obama e Medvedev pretendem assinar o novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas, que virá substituir um tratado de 1991 cuja vigência terminou em dezembro, em 8 de abril em Praga, capital da República Tcheca, antigo satélite soviético que hoje faz parte da Otan.
Essa data é próxima do aniversário do discurso proferido por Obama em Praga no ano passado, anunciando sua visão de eventualmente livrar o mundo de armas nucleares, e vai ajudar a criar ímpeto para uma segunda cúpula sobre segurança nuclear da qual Obama será anfitrião em Washington entre 12 e 14 de abril.
A Casa Branca disse que o novo tratado não restringirá os programas americanos de defesa antimísseis, que vinham representando um obstáculo nas negociações, devido às objeções da Rússia a esses planos.
"O tratado reduzirá em mais ou menos um terço as armas nucleares dos EUA e Rússia. Ele prevê uma redução significativa dos mísseis e lançadores e a instalação de um regime de verificação eficaz e forte", disse Obama.
"E conserva a flexibilidade de que precisamos para proteger e promover nossa segurança nacional e para garantir nosso compromisso inabalável com a segurança de nossos aliados."
Obama ainda enfrentará uma luta no Senado norrte-americano para a ratificação do tratado, em um momento de rancor partidário na esteira da disputa acirrada que terminou com a aprovação pelo Congresso de sua reforma da saúde.
Ele disse que vai trabalhar estreitamente com outros democratas e com a oposição republicana para obter a aprovação pelo Senado do tratado, que requer uma maioria de dois terços para ser ratificado.
O novo pacto pode fortalecer Obama politicamente, garantindo a ele uma importante vitória na área da política externa, que virá somar-se à vitória na política doméstica que ele teve esta semana quando sancionou a reforma da saúde.
Negociadores russos e norte-americanos vinham há quase um ano tentando conseguir um pacto para dar continuidade ao START. Eles perderam o prazo final de 5 de dezembro, quando terminou a vigência do START I.
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Obama e Medvedev fecham acordo para pacto sobre armas nucleares
WASHINGTON (Reuters) - Os presidentes dos EUA, Barack Obama, e da Rússia, Dmitry Medvedev, fecharam na sexta-feira um acordo sobre um tratado histórico de redução de armas nucleares e vão se reunir para assinar o tratado em 8 de abril, em Praga.
Após meses de impasse, o acordo para o tratado que substituirá o pacto START (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), da era da Guerra Fria, é a mais importante conquista de política externa de Obama desde que chegou ao poder e também reforça seu esforço para "reiniciar" os laços dos EUA com Moscou.
Obama e Medvedev deram os retoques finais ao acordo histórico em um telefonema, comprometendo as duas maiores potências nucleares do mundo a empreender grandes reduções em seus arsenais.
"Tenho a satisfação de anunciar que, após um ano de negociações intensas, Estados Unidos e Rússia acordaram o mais abrangente acordo de controle de armas em quase duas décadas", disse Obama a repórteres.
Em Moscou, Medvedev saudou o acordo, dizendo que reflete "o equilíbrio dos interesses dos dois países", disse o Kremlin.
Pelos termos do acordo, válido por dez anos, cada lado terá que reduzir suas ogivas estratégicas posicionadas das 2.200 atuais para 1.550 e também fará reduções importantes em seu estoque de lançadores, disse a Casa Branca.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que o acordo transmitirá ao Irã e à Coreia do Norte, países envolvidos em impasses nucleares com o Ocidente, uma mensagem sobre seu compromisso em impedir a proliferação nuclear.
"Com esse acordo, Estados Unidos e Rússia - as duas maiores potências nucleares do mundo - também transmitem um sinal claro de que pretendemos liderar". disse Obama.
"Ao cumprir nossos próprios compromissos assumidos sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, fortalecemos nossos esforços globais para barrar a propagação dessas armas e asseguramos que outros países cumpram suas próprias responsabilidades", disse Obama.
ASSINATURA EM PRAGA
Obama e Medvedev pretendem assinar o novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas, que virá substituir um tratado de 1991 cuja vigência terminou em dezembro, em 8 de abril em Praga, capital da República Tcheca, antigo satélite soviético que hoje faz parte da Otan.
Essa data é próxima do aniversário do discurso proferido por Obama em Praga no ano passado, anunciando sua visão de eventualmente livrar o mundo de armas nucleares, e vai ajudar a criar ímpeto para uma segunda cúpula sobre segurança nuclear da qual Obama será anfitrião em Washington entre 12 e 14 de abril.
A Casa Branca disse que o novo tratado não restringirá os programas americanos de defesa antimísseis, que vinham representando um obstáculo nas negociações, devido às objeções da Rússia a esses planos.
"O tratado reduzirá em mais ou menos um terço as armas nucleares dos EUA e Rússia. Ele prevê uma redução significativa dos mísseis e lançadores e a instalação de um regime de verificação eficaz e forte", disse Obama.
"E conserva a flexibilidade de que precisamos para proteger e promover nossa segurança nacional e para garantir nosso compromisso inabalável com a segurança de nossos aliados."
Obama ainda enfrentará uma luta no Senado norrte-americano para a ratificação do tratado, em um momento de rancor partidário na esteira da disputa acirrada que terminou com a aprovação pelo Congresso de sua reforma da saúde.
Ele disse que vai trabalhar estreitamente com outros democratas e com a oposição republicana para obter a aprovação pelo Senado do tratado, que requer uma maioria de dois terços para ser ratificado.
O novo pacto pode fortalecer Obama politicamente, garantindo a ele uma importante vitória na área da política externa, que virá somar-se à vitória na política doméstica que ele teve esta semana quando sancionou a reforma da saúde.
Negociadores russos e norte-americanos vinham há quase um ano tentando conseguir um pacto para dar continuidade ao START. Eles perderam o prazo final de 5 de dezembro, quando terminou a vigência do START I.
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Re: GEOPOLÍTICA
acho totalmente ridiculo esses acordos "Olha.. agora deixamos de destruir país X centenas de vezes, agora apenas dezenas de vezes.... continuem desarmados e inofensivos pq 1 dia chegaremos la.... 1 dia...."
- prp
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Re: GEOPOLÍTICA
Pais, que pais? Destruir o mundo, agora eles podem destruir o mundo 7 vezes e não mais 10 vezes.Sterrius escreveu:acho totalmente ridiculo esses acordos "Olha.. agora deixamos de destruir país X centenas de vezes, agora apenas dezenas de vezes.... continuem desarmados e inofensivos pq 1 dia chegaremos la.... 1 dia...."
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Re: GEOPOLÍTICA
alguem me explicar qual é a lógica de possuir um arsenal capaz de destruir o planeta, digamos, umas 10x? uma 1x só não basta?
valeu
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Re: GEOPOLÍTICA
Estou tentando acessar a imprensa em inglês de Seul sobre a embarcação que afundou. Alguém sabe de que tipo era a embarcação e a classe. Arsenal e etc.
Isso sim pode dar uma cagada daquelas. O que eu conseguir post.
Sds.
Isso sim pode dar uma cagada daquelas. O que eu conseguir post.
Sds.