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Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Qua Mar 17, 2010 8:04 pm
por DELTA22
Por que retaliar os EUA
O Estadao de S.Paulo (via Resenha EB)
O Brasil poderá ser o primeiro país a impor uma retaliação comercial aos Estados Unidos, quebrando patentes de medicamentos ou de outros produtos, como resposta à manutenção de subsídios ilegais a produtores e exportadores americanos de algodão. Se for preciso chegar a esse ponto, o governo agirá com o respaldo da Organização Mundial do Comércio (OMC). Neste momento, as autoridades brasileiras não têm escolha. São obrigadas a ir em frente e aplicar as sanções autorizadas com base em normas internacionais, se não receberem de Washington uma proposta séria e razoável de acordo. Na semana passada, Brasília publicou uma relação de 102 produtos americanos passíveis de tributação aduaneira mais alta, como parte da retaliação. Nessa segunda-feira, divulgou uma lista de 21 itens para possível suspensão de direitos na área da propriedade intelectual. A lista foi apresentada, por enquanto, para consulta pública aos setores interessados.
"Estamos decepcionados com o fato de o Brasil ter adotado essas medidas", disse Nefeterius Akeli McPherson, porta-voz do Representante dos Estados Unidos para Comércio Exterior (USTR). O uso da palavra decepção é injustificável. Quem se omitiu, nesse caso, foi o governo dos Estados Unidos. As autoridades de Washington falam de negociação, mas não houve até agora nenhuma tentativa séria de conversa a respeito do assunto. No intervalo de uma semana estiveram em Brasília três funcionários americanos de alto nível ? a secretária de Estado, Hillary Clinton, o secretário de Comércio, Gary Locke, e o conselheiro adjunto de Segurança da Casa Branca para Assuntos Econômicos Internacionais, Michael Froman. A relação de 201 produtos já era conhecida, quando os dois últimos chegaram ao País. Funcionários brasileiros mostraram otimismo quanto ao início de uma negociação. Nada ocorreu.
Nenhuma autoridade americana fez mais, nos dias seguintes, do que falar vagamente sobre a possibilidade de um acordo. Mas o governo brasileiro não poderia interromper sua iniciativa para esperar indefinidamente uma demonstração de boa vontade de Washington.
O passo seguinte, o início de consultas sobre a possível quebra de patentes farmacêuticas e a suspensão de outros direitos de propriedade intelectual, foi apenas uma evolução normal desse quadro. O governo americano tem-se comportado como se a condenação de sua política de subsídios pela OMC, depois de um longo processo, não tivesse a mínima importância. Recusou-se a tomar qualquer iniciativa para suspender as subvenções incompatíveis com as normas internacionais. Com essa atitude, tornou inevitável o passo seguinte ? a solicitação, pelo Brasil, de autorização para retaliar. A OMC autorizou uma retaliação no valor anual de US$ 829 milhões enquanto os subsídios ilegais forem mantidos. O governo brasileiro decidiu preparar uma lista de produtos equivalente a US$ 591 milhões e uma relação de direitos de propriedade intelectual correspondente a US$ 238 milhões.
Ao anunciar a publicação de cada uma das listas, o Itamaraty explicitou o interesse do governo brasileiro em discutir uma solução alternativa. De fato, a mera retaliação interessa muito menos que um entendimento favorável à expansão do comércio entre os dois países. Mas dificilmente as autoridades brasileiras poderão recuar, se o governo americano continuar agindo como se os Estados Unidos estivessem acima de todas as normas internacionais.
O presidente Barack Obama evidenciou suas tendências protecionistas desde a campanha eleitoral. Tem sido fiel aos compromissos assumidos com os agricultores subsidiados e com os setores industriais e sindicais mais contrários à liberalização do comércio. As consequências de sua atitude vão muito além das fronteiras de seu país.
Seu desprezo às normas internacionais também não afeta apenas o Brasil. Põe em xeque a própria ideia de uma ordem econômica mundial governada com base em regras aceitas por todos os participantes. Valoriza o peso econômico e político de cada país ? a força, portanto ? como regra suprema.
O resultado pode ser, a curto prazo, menos sangrento que o de uma invasão consumada sem apoio do Conselho de Segurança da ONU. Mas tende a ser, no fim das contas, desastroso para o sistema global de comércio.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Qui Mar 18, 2010 1:07 pm
por Marino
VALOR ECONÔMICO - 18/03/10
Para EUA, Brasil e China enterram negociação
Os Estados Unidos estão "demonizando" o Brasil e a China, acusando os dois grandes emergentes de causarem dificuldades para o presidente Barack Obama na área comercial, revelam fontes com acesso direto aos negociadores com poder de decisão nos EUA. Um amontoado de queixas em relação ao Brasil e China foi o que mais ouviram autoridades que recentemente visitaram Washington. Na ocasião, a maior potência do planeta teria enviado "os piores sinais possíveis" para a área comercial.
No caso do Brasil, a administração Obama alega que a retaliação de US$ 830 milhões (incluindo patentes, remédios, filmes etc.) complica politicamente sua atuação no Congresso e, ao mesmo tempo, enterraria de vez tentativas da Casa Branca de retomar a negociação global em Genebra.
Na semana que vem, os 153 países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) voltarão a examinar o que fazer com a combalida Rodada Doha de liberalização comercial, já que apenas um país, os EUA, estão bloqueando qualquer avanço. Houve uma tentativa de se marcar uma reunião ministerial, de maior peso, mas Washington a bloqueou. E a reunião de altos funcionários na semana que vem foi encurtada.
A avaliação na cena multilateral é que a retaliação brasileira está servindo de novo pretexto para os EUA desviarem a atenção da incapacidade do governo Obama de negociar, já que não tem condições, atualmente, de assinar nem um acordo comercial com o Panamá. Pelo clima em Washington, o sentimento de observadores é de que dificilmente a administração Obama terá condições de apresentar uma proposta de compensação ao Brasil nos próximos dias para evitar a sanção contra bens americanos.
Em Genebra, os americanos não tocam no assunto do algodão. A impressão é que os EUA querem não apenas que o Brasil não retalie, como peça desculpas por estar incomodando, notam certos observadores. Não apenas o Congresso está entrincheirado no apoio protecionista a seus agricultores, como a equipe de Obama mostraria uma inação, ou até uma incompetência, para tratar com os parlamentares que não querem nem ouvir falar de liberalização ou compromissos.
Uma negociação - na OMC ou bilateralmente - demanda, de todo modo, a reforma da lei agrícola americana. Só que o Congresso não quer mudar os programas para o algodão, os principais beneficiários de subsídios e com lobby fortíssimo entre os parlamentares. Eles não querem alterar nada para viabilizar uma negociação global, e não é a retaliação do Brasil que vai mudar essa situação, diz fonte que conhece bem a posição americana.
Há dois modos de agir quando se perde uma disputa na OMC. A União Europeia foi condenada na briga do açúcar com o Brasil e usou a decisão para facilitar a reforma de seu regime de subsídios, considerado ilegal. Já os EUA têm posição contrária e certos negociadores falam de "intimidação" bilateral.
Em relação à China, os torpedos também aumentaram. Com déficits público e comercial enormes, os EUA não cessam de acusar Pequim de manipular a taxa de câmbio e manter a moeda desvalorizada em relação ao dólar, o que torna as exportações chinesas particularmente competitivas, ao mesmo tempo que protege o mercado chinês contra produtos americanos.
Esta semana, 130 parlamentares republicanos e democratas enviaram uma carta ao Departamento do Tesouro, exigindo que o governo Obama imponha sobretaxa aos produtos originários da China. Longe de se intimidar, os chineses dizem que não vão alterar sua política cambial. E, por outro lado, cobraram dos EUA que sejam mais cuidadosos na administração econômica, porque estão preocupados com o desempenho da economia americana.
A China e o Japão, os dois maiores credores dos EUA, voltaram a diminuir seus estoques de títulos do Tesouro americano, em janeiro, quando a demanda estrangeira caiu para US$ 19 bilhões, comparada aos US$ 63 bilhões em dezembro. O estoque chinês ficou em US$ 889 bilhões e o do Japão, em US$ 765,4 bilhões.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Qui Mar 18, 2010 2:49 pm
por WalterGaudério
Como se nós e os chineses tivéssemos obrigação de facilitar a vida dos americanos....
Esse Obama é um embuste. Estou vendo que não conseguirá a re-eleição.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Qui Mar 18, 2010 7:45 pm
por Sterrius
E to vendo que o Brasil pelo visto sera forçado a quebrar patentes.
Espero sinceramente que os EUA nao faça a burrice de retaliar uma ordem da OMC! Minaria a OMC e aumentaria a desconfiança do comercio mundial que veria os EUA como alguem que faz as proprias regras e esta contra o livre mercado. (sim, eu sei que ele é assim. Mas a aparencia importa).
Que ironia... os "defensores" do livre mercado lutando contra o mesmo.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Qui Mar 18, 2010 10:32 pm
por Junker
Ótima iniciativa do Brasil e do Japão.
Interessante informação do porque o Japão buscou alternativas de importação de grãos. Um belo exemplo de livre comércio.
Japan, Brazil Plan to Help Mozambique Become Grain Exporter
By Aya Takada
March 19 (Bloomberg) -- Mozambique, which depends on imports to meet about half its rice needs, aims to become a grain exporter after achieving self-sufficiency as early as 2015 with technical and financial assistance from Japan and Brazil.
“The government would like to eliminate” the deficit in the rice supply, Ventura Macamo, an adviser to Mozambique’s agriculture minister, said in Tokyo. “We believe that five years of good investment” will probably make the nation self-sufficient, he said. The African nation consumes about 500,000 metric tons a year, more than output of 260,000 tons, he said.
Japan, the world’s largest grain importer, helped Brazil become the second-biggest farm exporter under a $774 million development program prompted by a food crisis three decades ago. Exports from Mozambique may increase competition in the global rice market, now dominated by Thailand and Vietnam, while alleviating poverty and malnutrition in Africa.
“Brazil’s emergence as a major grain exporter has made a great contribution to the stability of the crop price and supply,” said Yutaka Hongo, an official from the Japan International Cooperation Agency, the nation’s overseas aid provider. “If Africa becomes another supplier, that will enhance food security not only for Japan but other importers.”
Mozambique is aiming to export rice to neighbors including South Africa and Botswana as Japan and Brazil have started an aid program to turn tropical savanna into farmland, Macamo said. The government also plans to boost output of corn and soybeans for overseas shipments and to feed the domestic livestock industry, he said.
Record Prices
The price of corn, soybeans and rice climbed to records in 2008, triggering riots in developing countries as a rising global population, economic growth in emerging markets, and increased use of the crops for biofuel production lifted demand. Japan, the biggest corn importer and second-largest soybean buyer after China, expects increased production will help stabilize grain supply and price.
Mozambique can boost rice production using drought-tolerant varieties grown in Brazil’s tropical savanna, said Pedro Antonio Arraes Pereira, the president of Brazilian Agricultural Research Corp. Because of the similarities in climate and soil conditions, Mozambique can achieve yields equivalent to Brazil, which produces 2.8 tons of soybeans and 4 tons of corn per hectare on average, Pereira said.
Mozambique has 55 million hectares of tropical savanna, of which 3.6 percent is under cultivation, according to data from the Japan International Cooperation Agency.
Companies from Brazil and Japan, including makers of agricultural machinery and chemicals, may benefit from the program in Mozambique, said Emiliano Pereira Botelho, the president of Grupo Campo, an agribusiness and consulting company based in Brasilia.
Grupo Campo acted as a coordinator between the public and private sectors in implementing the two-decade program of turning Brazil’s Cerrado into a farming region.
The project started in 1980 with aid from Japan, which sought alternative suppliers after the U.S. embargo on soybean exports in 1973 boosted costs for its food and feed.
To contact the reporter on this story: Aya Takada in Tokyo
atakada2@bloomberg.net
Last Updated: March 18, 2010 20:56 EDT
http://www.bloomberg.com/apps/news?pid= ... 3x4VHATWdo
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Sex Mar 19, 2010 12:39 am
por Carlos Mathias
A impressão é que os EUA querem não apenas que o Brasil não retalie, como peça desculpas por estar incomodando, notam certos observadores.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Sex Mar 19, 2010 9:15 am
por Rock n Roll
Carlos Mathias escreveu:A impressão é que os EUA querem não apenas que o Brasil não retalie, como peça desculpas por estar incomodando, notam certos observadores.
Pior da história é ver o Obama cercado por incompetentes que podem realmente inviabilizar sua reeleição por conta de cagadas como essa.
O Brasil tem que deixar claro que pode e deve retaliar antes de ir para a mesa de negociações. Já que para os "primos do norte" somos, e, seremos sempre "cucarachos de Buenos Aires", a postura do Brasil deve ficar clara desde já. Com o cuidado de que esta postura passe ao largo de qualquer viés ideológico e com forte ênfase no direito internacional. E claro, tocando cornetas bem altas sobre mais essa dos "primos".
Debater é preciso.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Sex Mar 19, 2010 9:53 pm
por Penguin
Lessons from around the world:
Benchmarking performance in defense
A first-of-its-kind benchmarking effort compares the productivity and performance of
defense ministries across the globe, helping them pinpoint areas of inefficiency
and identify the highest-potential opportunities.
http://www.defense-aerospace.com/dae/ar ... nce_VF.pdf
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Sáb Mar 20, 2010 12:21 am
por Junker
Australia worst in defence spend
Brendan Nicholson
From: The Australian
March 20, 2010 12:00AM
DEFENCE officials have been caught short by a new report revealing that Australia and its closest ally, the US, are the world's most wasteful nations when it comes to buying and maintaining military equipment.
The US and Australia came at the bottom of a list of 33 countries ranked according to how efficiently they spent their defence budgets in the analysis prepared by global consultants McKinsey.
Brazil, Poland and Russia came out on top of the 33 nations which account for 90 per cent of global defence spending.
McKinsey is uniquely placed to compare the effectiveness of defence spending across nations because it had been invited to carry out comprehensive audits in many of the countries included in its latest research.
The US-based company was called in by the Rudd government to carry out a massive internal search for waste in the Australian Defence Force and the Department of Defence. It recommended that the government should force Defence to find savings of $20 billion over a decade to help pay for major purchases of ships, submarines, aircraft and guns.
That advice triggered an extensive waste elimination program within the department.
The latest McKinsey study says the US and Australia are the world's worst performing countries with regard to "equipment output for every dollar spent".
But Australia did much better than the US when the "tooth to tail" ratio was calculated to show how many personnel it took to keep fighting soldiers in battle.
Norway came out top with 54 per cent at the teeth end, 36 per cent considered non-combatants and 11 per cent in combat support.
The US had just 16 per cent of its personnel in front-line roles and 84 per cent in non-combat or support roles.
Australia had 34 per cent of its personnel in combat roles.
The average was 26 per cent in combat roles.
McKinsey says countries that support their own defence industries by building their own equipment rather than buying it off the shelf from international suppliers were likely to pay more for it.
The Australian government plans to have 12 submarines built in Adelaide to replace the Navy's six Collins Class boats. Analysts have warned that could cost at least $35bn, while submarines could be bought off the shelf for much less.
A spokesman for Defence Minister John Faulkner said the minister was aware of the report and that the government had made eliminating waste a high priority.
Analyst Andrew Davies of the Australian Strategic Policy Institute said "a long-term epidemic of over-optimism in Defence" was largely to blame for regular cost blowouts.
As an example, he said, at the start of the process of buying the US Joint Strike Fighter to replace the RAAF's F-111 bombers and F/A-18 fighter-bombers, the RAAF estimated that each JSF would cost $US50m. That had now blown out to $US90m each.
http://www.theaustralian.com.au/politic ... 5843035413
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Sáb Mar 20, 2010 12:48 am
por Sterrius
Exceçente noticia pras forças armadas brasileiras. E que isso incentive o nossas forças armadas a se manter no topo da eficiencia. (Até pq nao tem grana sobrando pra desaprender isso).
E nao concordo com o incentivo de comprar de prateleira. Essa escolha tem obvias desvantagens apesar do preço mais em conta.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Sáb Mar 20, 2010 10:06 pm
por Penguin
20/03/2010 - 17h59
Lula está de olho no cargo de secretário-geral da ONU, diz "The Times"
da BBC Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria considerando a possibilidade de suceder Ban Ki-moon no cargo de secretário-geral da ONU, segundo afirma reportagem publicada neste sábado pelo diário britânico "The Times".
Segundo o diário, "diplomatas dizem que Lula, que deixa o cargo em janeiro, pode buscar o posto mais alto da diplomacia mundial quando o primeiro mandato de Ban Ki-moon expirar, no fim de 2011".
"A ideia teria sido aventada pela primeira vez pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, durante a reunião de cúpula do G20, em Pittsburgh, em setembro", comenta o diário.
A reportagem observa que a possibilidade já vem sendo discutido pela imprensa brasileira, com sugestões de que Lula teria sido consultado por mais de uma pessoa sobre a questão.
"Paixão pela África"
Em entrevista ao diário, o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, não negou a possibilidade. "Ele (Lula) tem um grande interesse em questões internacionais, no processo de integração da América do Sul", disse Garcia ao jornal. "Ele tem uma grande paixão pela África. Ele realmente quer fazer algo para ajudar a África."
Para o diário, o estilo pessoal do presidente brasileiro e sua capacidade para manter relações amigáveis com todos os lados --com a China e com os Estados Unidos, com o Irã e com Israel-- elevou seu reconhecimento internacional.
O jornal comenta as ofertas feitas na última semana por Lula, durante sua viagem ao Oriente Médio, de servir de mediador para o conflito na região como um exemplo dessa proeminência cada vez maior do presidente no cenário internacional.
Veto
O "Times" observa, porém, que Lula tomou recentemente posições que desagradaram os Estados Unidos e o Reino Unido, ambos países que teriam o poder de veto sobre sua indicação ao cargo de secretário-geral da ONU.
O jornal cita a recepção dada em Brasília ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e as críticas às sanções ao Irã, e também o apoio à Argentina em sua disputa com os britânicos pelas ilhas Malvinas.
Segundo a reportagem, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, teria considerado as iniciativas de Lula pela paz no Oriente Médio como "risivelmente ingênuas".
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Sáb Mar 20, 2010 10:16 pm
por WalterGaudério
Mental Ray escreveu:Não duvido não, uma vez que a ONU é a maior ong do mundo, recheado de esquerdistinhas, bomba em Israel é sonho de muitos lá.
Ser secretário geral talvez seja muito mesmo, mas um garoto propaganda apaziguador eu creio que ele vire sim.
A ONU é um poço de esquerdistas, sem dúvidas, e um reduto de burocratas incimpetentes, do primeiro e do terceiro mundos tb.
Mas todos sabemos quem dá as cartas por lá...
E nós não estamos de bem com eles.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Dom Mar 21, 2010 6:32 am
por Penguin
FSP, São Paulo, domingo, 21 de março de 2010
TENDÊNCIAS/DEBATES
Irã: Lula não deve ceder à pressão dos EUA
MARK WEISBROT
Lula busca todos os lados na disputa pois tenta exercer o papel de mediador. A equipe de Obama tem dificuldade em entender esse conceito
O PRESIDENTE Luiz Inácio Lula da Silva vem sendo criticado recentemente por adversários por negar-se a participar da campanha dos Estados Unidos pela adoção de sanções intensificadas sobre o Irã.
Recentemente Washington passou de uma breve fase de "engajamento" com o Irã em torno do programa nuclear iraniano para a atitude mais agressiva de ameaças e confrontos, que foi a estratégia seguida da administração Bush. Lula vem argumentando que isso é contraproducente.
O artigo "Visita indesejável" ("Tendências/Debates", 23/11/09), do governador de São Paulo, José Serra, resume os argumentos apresentados contra Lula. Serra ataca Lula por ter recebido Ahmadinejad, dizendo que a eleição do presidente iraniano foi "notoriamente fraudulenta", que seu governo é repressivo e que ele nega a existência do Holocausto.
Na realidade, a primeira acusação é extremamente implausível, como sabe qualquer pessoa que tenha examinado as evidências. A margem de vitória foi de 11 milhões de votos e centenas de milhares de pessoas testemunharam a contagem. Os resultados foram condizentes com as pesquisas de intenção de voto e com as pesquisas de boca de urna.
Não há dúvida de que o governo iraniano é repressivo, embora se possa argumentar que não é mais repressivo do que o de certos aliados dos EUA.
É o caso do Egito, que ultimamente vem prendendo centenas de ativistas e candidatos oposicionistas para afastá-los da próxima eleição.
Quanto à negação do Holocausto por parte de Ahmadinejad, vale lembrar que Lula a condenou fortemente.
Deveria Lula recusar um encontro com Hillary Clinton, que apoiou a invasão e a ocupação do Iraque? Essa guerra completamente desnecessária já matou mais de 1 milhão de pessoas, segundo as estimativas mais confiáveis. Isso é crime, assim como o são as mortes contínuas de civis cometidas por forças dos EUA no Afeganistão.
Lula se reúne com todos os lados na disputa porque está tentando exercer um papel de mediador para impedir outra guerra desnecessária. É isso o que fazem os mediadores. A equipe de Obama, assim como a do presidente George W. Bush, tem dificuldade em compreender esse conceito. Ela adota uma abordagem "Poderoso Chefão" para as relações internacionais: "Vamos lhes fazer uma oferta que vocês não poderão recusar".
A abordagem da equipe de Lula é oposta, algo que pode dever-se a sua experiência sindical: ele procura o diálogo, as negociações e as concessões, visando solucionar conflitos.
Serra também ataca Lula por ter se recusado a reconhecer o governo de Honduras, eleito sob uma ditadura, ao mesmo tempo em que se reunia com Ahmadinejad.
As duas situações, entretanto, não são comparáveis: a derrubada militar do governo hondurenho eleito é uma ameaça à democracia em toda a América Latina, enquanto o Irã não o é. O Brasil não pode influenciar a política interna do Irã. Já a América Latina tem acordos regionais e uma coordenação de políticas capazes de subsidiar a democracia e prevenir a ocorrência de mais golpes militares no hemisfério.
O único tema comum aqui é a recusa de Lula em render-se às prioridades de Washington. Os especialistas não poderiam ter previsto que o Partido dos Trabalhadores, conduzindo um ex-operário de fábrica à Presidência, pudesse ter feito o Brasil avançar como líder no palco diplomático mundial mais que qualquer governo anterior conseguiu.
Mas Lula se tornou um dos líderes mais respeitados do mundo e, por essa razão, possui potencial singular de ajudar a resolver alguns dos conflitos políticos mais sérios do planeta.
Era previsível que Lula fosse criticado por opor resistência aos EUA. Assim que Washington lança uma campanha contra um governo satanizado, a imensa maioria da mídia internacional adere a ela, e qualquer um que se opuser no caminho pagará um preço. Isso se aplica independentemente de o governo em questão ser uma teocracia repressiva, como o Irã, ou uma democracia, como Venezuela ou Honduras antes do golpe de junho.
Em relação a todos esses casos, Lula vem assumindo uma atitude pautada por princípios e que atende aos interesses mais verdadeiros não apenas do Brasil, mas da humanidade.
Nós, cidadãos dos Estados Unidos, apreciamos particularmente seus esforços para nos manter fora de mais uma guerra insensata, já que nossa própria sociedade civil e nossas instituições democráticas tão frequentemente não têm sido fortes o suficiente para fazê-lo.
O mundo precisa desse tipo de liderança -precisa seriamente dela.
MARK WEISBROT é codiretor do Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas, em Washington (
http://www.cepr.net ).
Tradução de Clara Allain.
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Dom Mar 21, 2010 6:43 am
por Penguin
São Paulo, domingo, 21 de março de 2010
China atrai alta tecnologia americana
Com expansão acelerada da economia asiática, empresas querem seus pesquisadores mais perto das fábricas e dos consumidores
Apropriação de tecnologia é um dos desafios que as empresas norte-americanas que se mudaram para a China têm pela frente
KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES"
Por muitos anos, alguns dos melhores cérebros da China deixaram o país em troca dos Estados Unidos, onde o setor de alta tecnologia era mais avançado. Mas Mark Pinto está fazendo o percurso oposto.
Pinto é o primeiro vice-presidente de tecnologia de uma grande empresa americana do setor a se transferir para a China. A empresa, Applied Materials, é uma das mais proeminentes do Vale do Silício. Forneceu equipamentos usados para aperfeiçoar os primeiros chips de computadores. Hoje, é a maior fornecedora mundial de equipamentos empregados para produzir semicondutores, painéis solares e telas planas para TVs e monitores.
Além de transferir Pinto e sua família a Pequim, a Applied Materials, que tem sede na Califórnia, acaba de construir seus mais novos e maiores laboratórios de pesquisa lá.
E não está sozinha. Empresas -e seus engenheiros- estão sendo atraídas em número cada vez maior à China, à medida que o país desenvolve uma economia de alta tecnologia que concorre diretamente com a dos Estados Unidos.
Algumas poucas empresas americanas estão até mesmo fechando acordos com chinesas para licenciar tecnologia desenvolvida no país asiático.
Mercado em expansão
O mercado chinês de eletricidade, automóveis e muitos outros segmentos está em alta, e as empresas têm chegado à conclusão de que seus pesquisadores precisam estar perto das fábricas e dos consumidores. A Applied Materials instalou seus mais recentes laboratórios de pesquisa solar na China, estimando que o país deve responder por dois terços da produção mundial de painéis solares até o final deste ano.
"Não é que estejamos desistindo dos EUA, obviamente", disse Pinto. "A China precisa de mais eletricidade. É só isso."
A China se tornou o maior mercado mundial de automóveis, e a GM tem um grande, e em expansão, centro de pesquisa automobilística em Xangai. O país também representa o maior mercado mundial de PCs e tem o maior número de usuários de internet. A Intel abriu laboratórios de pesquisa sobre semicondutores e redes de servidores, em Pequim.
Política de subsídios
Atraídas não só pelos mercados chineses, as empresas ocidentais também se interessam pelas grandes reservas de engenheiros altamente capacitados e de baixo custo que o país oferece -e pelos subsídios que muitas cidades e regiões chinesas propiciam, especialmente ao setor de energia verde.
Pequenas empresas de energia limpa também estão a caminho da China. A NatCore Technology, de Nova Jersey, recentemente descobriu um modo de tornar os painéis solares muito mais finos, reduzindo a energia e os materiais tóxicos requeridos para fabricá-los. As companhias norte-americanas não se interessaram nem mesmo em observar a tecnologia e, por isso, a NatCore fechou acordo com um consórcio de empresas chinesas para concluir o desenvolvimento de sua invenção e colocá-la em produção no país.
"Esses outros países -China, Taiwan, Brasil- estavam muito interessados em nosso sistema", disse Chuck Provini, presidente-executivo da NatCore. O presidente Barack Obama faz frequentes referências a criar nos Estados Unidos empregos no setor de energia limpa. Mas a China é que demonstrou a vontade política necessária a fazê-lo, disse Pinto O governo municipal de Xi'an cedeu em comodato por 75 anos um terreno à Applied Materials, com grande desconto ante o valor de mercado, e reembolsará à empresa cerca de 25% dos custos operacionais do complexo por cinco anos.
Os dois laboratórios, os primeiros de sua espécie no mundo, têm cada qual tamanho superior a 200 metros. A Applied Materials continua a desenvolver os sistemas eletrônicos básicos de suas complexas máquinas em laboratórios nos Estados Unidos e Europa. Mas montar todas as máquinas em sistemas integrados e descobrir como processos que permita que trabalhem juntas é tarefa que será realizada em Xi'an.
Roubo de tecnologia
A Applied Materials tem desafios maiores pela frente, entre os quais o combate ao roubo de tecnologia, problema crônico na China.
A companhia tomou medidas que incluem selar as portas de seus computadores, a fim de prevenir o uso fácil de "flash drives" para gravar dados.
Os funcionários não podem tirar computadores do complexo sem autorização especial, e um sistema elaborado de senhas para as máquinas e portas limita o acesso a certos segredos tecnológicos.
Mas nada disso altera a sensação de que existe uma mudança tectônica em curso. Quando Xie Lina, 26, engenheira da Applied Materials em Xi'an, foi perguntada recentemente se a China teria papel importante a desempenhar no futuro da energia verde, a pergunta a surpreendeu. "A maioria dos estudantes de pós-graduação da China está se concentrando nessa área. É claro que a China liderará em tudo."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Re: GEOPOLÍTICA
Enviado: Dom Mar 21, 2010 2:10 pm
por Antonio Alvarenga
Oiapoque pede socorro à OAB para debelar clima de guerra com a França
Brasília, 17/03/2010 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, recebeu hoje (17) um apelo de parlamentares do Amapá, que pediram "socorro" à entidade no sentido de ajudar nas negociações para evitar um conflito de maiores proporções no Oiapoque, área de fronteira com a Guiana Francesa, colônia da França. Garimpeiros brasileiros que atuam na região, segundo eles, estão sendo violentamente hostilizados por gendarmes, os soldados franceses, e ameaçam revidar, criando um clima de guerra entre os municípios do Oiapoque e Saint George, do lado da Guiana. Uma reunião no local entre os presidentes Lula e Nicolas Sarkozy, da França, está sendo agendada para tratar do conflito, informaram os parlamentares. Ophir recebeu o deputado federal Sebastião Bala Rocha (PDT-AP) e o deputado estadual Paulo José, presidente da Comissão de Relações exteriores da Assembléia Legislativa. Eles fizeram um relato sobre o clima de tensão na fronteira, inclusive com exibição de vídeo mostrando soldados franceses interceptando de forma truculenta embarcações brasileiras no rio Oiapoque.
Ophir Cavalcante afirmou que intercederá no que for possível para distensionar a disputa na região, e informou aos parlamentares que recomendará ao presidente da OAB do Amapá, Ulisses Träsel, que acompanhe atentamente a questão com vistas a auxiliar nas tratativas para um acordo que ponha fim ao conflito. Ele afirmou que o caso será acompanhado também pelo presidente da Comissão de Relações Internacionais do Conselho Federal da OAB, Cezar Britto, ex-presidente nacional da entidade. Os parlamentares amapaenses querem que Lula e Sarkozy firmem um acordo assegurando livre trânsito entre Saint George e o Oiapoque e instalando representações consulares nas duas cidades, entre outros pontos. Eles reivindicam também, em tratativas com o governo federal, a criação de uma "nova economia" que substitua o garimpo - hoje a fonte dos conflitos na região. Para isso, querem implantação da Universidade Federal do Oiapoque, Escola Técnica Federal, base da Marinha, terminal pesqueiro, aeroporto internacional e linha de transmissão entre Calçoene e Oiapoque.
http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=19297
Será que o Lula vai ficar que qual lado? Do lado do Brasil ou do seu "parceiro estratégico"?