É um ponto importante, muitos crimes são crimes culturais, quer dizer, são crimes porque as pessoas acham que são crimes, uma famosa gremista que o diga, quando a vasta maioria da população acha que é crime, é fácil, é crime e todo mundo ajuda a combater, mas e quando a divisão é 50/50 ou 40/60? Para quase metade é crime, para o resto não é, como faz? No caso da maconha sou a favor de um plebiscito, que outra forma de determinar se a população acha que é crime ou não? E, se 51% votar contra a legalização é preciso combater de verdade, como se 99% tivesse votado contra, na esperança da sociedade funcionar.LeandroGCard escreveu:Não é bem assim.
Existe amplo histórico de combate policial e jurídico ao crime em geral (roubos, assassinatos, etc...) bem sucedido no mundo. Mas o mesmo não acontece no combate às drogas (não funcionou nem mesmo para o álcool quando os EUA tentaram coibir seu uso). Isso ocorre porque no caso de crimes comuns a sociedade praticamente inteira é contra, e colabora com a polícia de boa vontade. Já no caso das drogas boa parte da sociedade é cúmplice (os usuários) e grandes parcelas da população são cooptadas para o comércio ilícito.
Nesta situação a única opção de combate efetivo via repressão seria a "tolerância zero", impondo pesadíssimas penas a todo mundo que tivesse qualquer envolvimento com as drogas, como se faz por exemplo com receptadores de produtos roubados, que podem ter penas até maiores que a dos ladrões em si. Não adianta segurar um usuário ou traficante menor por uma noite como se faz com um bêbado, seria preciso impor penas que afetassem seriamente a vida dos infratores, a ponto de fazê-los realmente temer ser apanhados. E somar a isso um esforço homérico da polícia para realmente ir atrás de todo e qualquer um que tivesse contato com drogas ilícitas. Imagine, perseguir e prender centenas de milhares ou até milhões de usuários, condenando-os a vários anos pela posse de um cigarro de maconha, ou a décadas pelo tráfico de cocaína e afins. E mantê-los realmente em cana.
Isso é viável? Se não, a repressão não irá funcionar, como não tem funcionado até hoje, e será necessário buscar outras alternativas.
Leandro G. Card
P.S.- Tenha em mente que no caso brasileiro nem mesmo para os crimes comuns existe repressão e penalidades rígidas o suficiente, o que explica termos um dos maiores índices de criminalidade do planeta.
Um outro exemplo absurdo para pensar, digamos que o crime em questão fosse estupro, ou violência contra a mulher em geral, hoje isso é absurdo onde 90% considera crime, mas já houve tempos onde era algo aceito, e se 60% fosse contra a legalização do estupro e 40% a favor? Os 40% deixariam o combate a esse tipo de crime muito difícil, então é isso, é difícil combater então vamos legalizar?
E lembrando que, em certos lugares no passado, homicídio já foi legalizado...