Mas os paulistas do DB, que representam a nata mundial da internet, nenhum vai de Serra. Já pensou nisso?[/quote]Pelo tanto que conheço sobre demografia láctea , seguramente posso afirmar que se por um lado a nata está posicionada de forma privilegiada num copo de leite , por outro lado representa somente uma mínima parcela dos mililitros que preenchem a totalidade do líquido no respectivo recinto. E cada mililitro vale um voto . [/quote]
>
Há pois é, o mesmo raciocínio vale para a classe média média e alta q vota em Serra em SP em relação a população geral do Estado.
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 1:47 am
por Dieneces
Em SP , Serra bate Dilma em todos os cenários e nichos sociais .
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 2:00 am
por Enlil
Veremos...
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 3:07 am
por Sterrius
Uns videos interessantes do ciro. Recomendo muito assistir o primeiro, que ele fala sobre cortar gastos públicos. (Tema constante do Serra).
Realmente uma pena que Ciro não pôde concorrer.
EDIT: Esquece.. .ASSISTAM TODAS AS PARTES, putz..... Ciro destroi.
Todas as partes estão MUITO boas.
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 8:29 am
por Bourne
Sei não, mas acho que o Serra está mais para o o lado do Ciro. É sério.
Dá até pena do Rodrigo Constantino. Além de defender uma visão idealizada e não consegue defendê-la. A mais realista é ultrapassada e, hoje em dia, leva pancada de todo o lugar.
É igual a estória da independência do BC de compromissos com a economia real começa a ser extremamente questionável, especialmente pós-crise 2007/2008. Apesar da Dona Dilma defender ou, melhor, achar que estão certos.
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 9:22 am
por Bender
O Estado de São Paulo é um feudo do PSDB,principalmente o interior.
Na capital o PT significa cerca de 25% dos votos certos ,mais cerca de 15% de simpatizantes voláteis de ocasião.
Chuto que a diferença no interior será acachapante com o PSDB fazendo até 65% dos votos e na capital uma diferença de 15% em relação ao PT.
A pimenta noszóio da campanha do PSDB, e que aqui no DB ninguem sequer enxergou a beirada do abismo se chama Aécio Neves,e como se comportará nesta eleição tendo em conta as perspectivas de suas ambições políticas futuras.
Aqueles que começarem a analisar com frieza e perspicácia esse "futuro" pretendido por Aécio Néves,talvez possam vislumbrar como serão os palanques do sr. José Serra em Minas,e qual o significado da palavra sabotagem.
"mineiro só é solidario no..."
Essa eleição se decidirá em Minas e no Nordeste,na minha opinião.
Sds.
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 9:34 am
por xatoux
Os temas política externa e reforma previdenciária colocaram em lados opostos os presidentes do PSDB e do PT no debate de ontem, promovido pelo Estado. Sérgio Guerra e José Eduardo Dutra também mostraram posições convergentes, como nos elogios à política social do governo.
O tucano criticou o governo por não ter feito uma reforma na Previdência. Já o petista disse que as iniciativas nesse sentido acabam provocando a aposentadoria precoce dos que temem ser atingidos. Ele defendeu "ajustes pontuais" e ressaltou que não está nos planos do PT propor uma reforma no setor caso Dilma Rousseff vença as eleições.
Para o tucano, o Brasil comete "desvios de conduta" ao não condenar o desrespeito aos direitos humanos em países como Cuba e Irã. Guerra também criticou a proximidade entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez.
O petista respondeu que, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, não houve condenação a violações de direitos humanos em Cuba, embora elas já existissem. Para Dutra, os resultados da política externa se mostram na redução da concentração das exportações para os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão.
Previdência
Dutra: Toda vez que se fala em reforma da Previdência, há uma corrida às aposentadorias que faz com que o problema se agrave. Isso acaba gerando problemas maiores do que se você se propuser a fazer algumas correções pontuais. Por isso, não está no nosso programa a proposição de uma reforma previdenciária.
Guerra: O que o Dutra está dizendo é que o governo da ex-ministra Dilma não vai fazer reforma previdenciária, nem reforma tributária, nem política, porque todas elas implicam em contrariedade a setores afetados. As reformas têm de ser construídas por lideranças fortes, que tenham o respaldo do País e que produzam entendimento amplo no Congresso. Não podemos é continuar a governar com medidas provisórias.
O tripé da economia
Dutra: O senador Sérgio Guerra disse, em entrevista à Veja, que vai mudar o câmbio e os juros. Eu queria saber em que direção. Temos dito que vamos manter o câmbio flutuante.
Guerra: Querem saber o que vamos fazer com os juros, se vamos manter esse tripé? Claro que vamos, nós é que inventamos isso. Criamos essa política econômica que está aí e nos orgulhamos dela. Mas é evidente que queremos juros menores, câmbio melhor para os exportadores, fazer uma política fiscal mais responsável.
Política externa
Dutra: Em primeiro lugar, quero registrar que o Serra falou que ia acabar com o Mercosul, depois disse que não era bem assim. Muitas vezes, tem se criticado nossa política externa citando o exemplo de Cuba, do Irã, quando, na verdade, a tradição da política externa implementada pelo presidente Lula sempre foi a de não ingerência nas questões internas dos países. O governo anterior nunca fez nenhuma declaração a respeito de violação de direitos humanos em Cuba, embora saibamos que também havia naquela ocasião. O efeito principal da política externa é na economia, nas relações comerciais entre os diversos países. Dizia-se que, se a gente não embarcasse na Alca, seria uma tragédia para o Brasil. Hoje, a Alca já foi sepultada. E qual é o resultado de nossa política externa? Até 2002, 60% das exportações brasileiras eram para a União Europeia, Estados Unidos e Japão. Hoje, Estados Unidos, União Europeia e Japão representam menos de 40%. Tivemos uma diversificação e isso propiciou um desempenho melhor durante a crise.
Guerra: Política externa é de Estado e não de governo. E, do ponto de vista desses compromissos, há certos desvios de conduta. Os direitos humanos de esquerda são respeitados, os de direita são desconsiderados. O governo atual vai a Cuba e não vê o desrespeito integral aos direitos humanos. Ao contrário. O presidente compara uma pessoa que está presa por crime de opinião com um marginal aqui de São Paulo. A nossa atitude com o Chávez, a Venezuela, eu entendo que há interesses comerciais, mas daí a uma relação tão sanguínea, tão próxima... E essa história do Irã está muito próxima de uma atitude de total isolamento do presidente. Lá em Honduras, o Brasil exagerou. Colocaram o Zelaya na embaixada e depois não sabiam como levá-lo para casa. O mundo todo ficou de um lado e nós, de outro. Por fim, o livre-comércio no Mercosul não está garantido. É evidente que o Mercosul precisa de uma ampla reforma.
Aparelhamento do Estado
Guerra: Anos atrás, eu estava em Pernambuco e soube de um cara do PT, que nos combatia nas ruas, que foi chamado pelo Serra para ser diretor no Ministério da Saúde. Depois, um outro. Minha reação foi achar que era demais, que o governo seria petista. Conversando com amigos de lá, soube que eram duas pessoas extremamente qualificadas. É assim que trabalhamos, sem preconceito. O Estado não é para ser dividido entre o seu partido. Quem estranha isso é quem tem a cultura do aparelhamento do Estado.
Dutra:. Não há essa história de aparelhamento. Um tipo de expressão usado recorrentemente na imprensa é a tal da república sindical. Diziam que os sindicalistas haviam tomado conta da Petrobrás. Mas, dos 5 mil cargos de chefia e gerência, 29 tinham uma origem sindical. A diferença é que, antes, quem tivesse ocupado um cargo no sindicato não seria nem considerado.
Continuidade
Guerra: Nós montamos um projeto que criou as condições reais para que o Brasil se estruturasse e se desenvolvesse, o Plano Real. Até o Plano Real, ora os governos avançavam, ora recuavam diante de um quadro que só tinha uma solução: o equilíbrio fiscal, a construção de uma moeda que pudesse suportar o desenvolvimento do País. O reconhecimento dos méritos do governo atual deve ser feito. Nos argumentos centrais que justificam esse reconhecimento está a continuação da política econômica.
Dutra: Nós conduzimos o Brasil não simplesmente tendo uma política econômica de continuidade. Não se pode confundir política fiscal e política monetária, em que efetivamente não se tem tanta margem para modificações, com política econômica. Dizia-se que Lula tinha sorte, porque não havia enfrentado em seu governo crises como a do México, da Rússia ou dos países asiáticos. Nós enfrentamos a maior crise desde 1929. Eu era senador em 1999, quando, na primeira crise cambial, o governo enviou para o Congresso o tal Pacote 51, uma série de medidas que seguiam o receituário ortodoxo do FMI de cortes de investimentos e aumento de impostos. No nosso governo, fizemos justamente o contrário: um processo de desoneração tributária em setores fundamentais da economia brasileira.
Embate
SÉRGIO GUERRA
PRESIDENTE DO PSDB
"Esse governo tem sucesso, em grande parte, por ter desenvolvido
a política econômica que nós fixamos, os programas sociais
que nós inventamos e por ter mantido a democracia que nós estimulamos"
JOSÉ EDUARDO DUTRA
PRESIDENTE DO PT
"Quando elegemos Lula, em 2002, dizia-se que ele não poderia ser presidente porque nunca havia administrado sequer um carrinho de pipoca. Hoje, o presidente mais aprovado do Brasil é nosso, é do PT, é o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva"
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 10:56 am
por prp
"Nós fizemos e sabemos como continuar a fazer''
Em entrevista exclusiva, a candidata à Presidência Dilma Rousseff fala sobre o que considera a diferença básica entre a sua proposta de governo e a da oposição.
Com um calhamaço de fichas repletas de dados sobre realizações do governo Lula sempre ao alcance das mãos, a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, falou por quase quatro horas sobre seus planos para o Brasil, numa entrevista exclusiva a editores e articulistas de ISTOÉ. Em poucos momentos ela consultou a papelada. Mas seguidamente procurou com os olhos um contato com sua equipe de assessores que lhe passava, sempre, sinais de aprovação. Dilma não refugou assuntos. Falou sobre questões pessoais e afetivas com a mesma naturalidade com que abordou temas da política e da economia. Emocionou-se quando relembrou seus dias de luta contra o câncer.
Vestida com um terninho clássico, de tecido leve e claro, penteada e maquiada com discrição, Dilma Rousseff parece à vontade na condição de candidata. Já suavizou a postura de gerente técnica que ostentava como ministra do governo Lula. Mesmo que jamais tenha buscado votos em sua vida pública, faz promessas de candidata e demonstra apetite para contrapor-se ao candidato da oposição, José Serra. Diz que a missão de seu governo é erradicar a pobreza, mas não estabelece prazos. Anuncia ainda mudanças na condução do Banco Central e a intenção de criar um fundo federal para compensar perdas regionais na reforma tributária que se compromete a implementar. A seguir, os principais trechos de sua entrevista:
ISTOÉ – Por que a sra. acha que o presidente Lula a escolheu para sucedê-lo e quando exatamente se deu isso?
Dilma Rousseff – O presidente Lula me escolheu quatro vezes. A primeira foi na transição do governo de Fernando Henrique para o governo Lula, em 2002. O presidente me chamou para fazer a coordenação da área de infraestrutura porque me conhecia das reuniões do Instituto de Cidadania. Depois ele me escolheu para ser ministra de Minas e Energia. E, em 2005, para ser ministra da Casa Civil. Por último, me escolheu para ser pré-candidata para levar à frente o projeto de governo. Acho que me escolheu porque acompanhei com ele a construção de todos os grandes projetos. O presidente sabe que nós conseguimos, juntos, fazer estes projetos.
ISTOÉ – Ser presidente era uma ambição pessoal da sra.?
Dilma – É um momento alto da minha vida, talvez o maior. Tem gente que passou uma vida inteira querendo ser presidente da República. Eu era mais modesta. Fui para a atividade pública porque queria servir. Pode parecer uma coisa falsa, mas acho que se pode servir à população brasileira no setor público. Sempre acreditei que o Brasil podia mudar, mas isto era uma questão longínqua. Quando o Lula me chamou para a chefia da Casa Civil, ele pretendia que o governo entrasse na trilha do crescimento e da distribuição de renda para que o Brasil desse um salto, e vi nisso uma grande oportunidade.
ISTOÉ – A sra. se considera preparada para o cargo?
Dilma – Tenho clareza, hoje, de que conheço bem o Brasil e os escaninhos do governo federal. Então, sem falsa modéstia, me acho extremamente capacitada para o exercício desse cargo. E acredito que o fato de não ser uma política tradicional pode incutir um pouco de novidade na gestão da coisa pública. Uma novidade bem-vinda. Na minha opinião, critérios técnicos se combinam com políticos. Escolher onde aplicar é sempre um ato político. Por exemplo, eu acho que a grande missão nossa é erradicar a pobreza e que é possível erradicá-la nos próximos anos. Isto é um ato político. Outra pessoa pode escolher outra coisa.
ISTOÉ – No horizonte de um governo, é possível erradicar a pobreza?
Dilma – Tem um estudo do Ipea mostrando que até 2016 é possível erradicar a pobreza extrema, a miséria. Mas o empresário Jorge Gerdau costuma dizer que “meta que se cumpre é meta errada”. Metas não são feitas para cumprir, mas para estabelecer um objetivo, criar uma força. Assim, acredito que o prazo de 2016 é viável, mantido o padrão do governo Lula. Nossa meta pode ser ainda mais ousada. Só não vou dizer qual porque, se passar dois dias sem cumpri-la, vão dizer: “Não cumpriu a meta”, como fazem com o PAC. Atrasar uma obra de engenharia em seis meses é a catástrofe no Brasil.
ISTOÉ – O presidente Lula também trabalhou com metas quando foi candidato. Ele falava em dez milhões de empregos...
Dilma – Acho que a gente fecha em 14 milhões. Falei com a área econômica de dois bancos e ambos consideram que o crescimento do PIB será de 6,4%, podendo chegar a 7%, o que dá condições para se chegar a estes 14 milhões de empregos. Os dados da produção industrial que fechamos em março apontam um crescimento muito robusto e sustentável porque são os bens de capital que estão puxando esse desempenho.
ISTOÉ – O Banco Central está preocupado com este crescimento...
Dilma – Não, o Banco Central está preocupado com outra coisa. Ele não pode estar preocupado com a expansão dos bens de capital porque isso é virtuoso.
ISTOÉ – Parece que há uma visão dissonante entre o Banco Central e a Fazenda sobre o desempenho da economia. Como a sra. vê essa questão?
Dilma – Os dois trabalham em registros diferentes. O BC faz uma análise necessariamente de curto prazo, porque ele trabalha com questões inflacionárias conjunturais, mais imediatas. Ele olha a pressão na hora que ela acontece. Já a Fazenda tem uma visão de mais médio e longo prazo. É outro registro. A Fazenda tem consciência de que o Brasil está em uma trajetória de estabilidade e de sustentabilidade. Agora, isso não é incompatível com o fato de você ter pressões inflacionárias imediatas. Acho que foi importante o aumento dos juros na última reunião do Copom.
ISTOÉ – Isso não dá munição para os seus adversários?
Dilma – Nós já tivemos duas experiências muito ruins de, durante a eleição, fingir que é uma coisa e, depois, virar outra. Uma na virada do primeiro para o segundo mandato do Fernando Henrique Cardoso e outra no Plano Cruzado. Hoje somos perfeitamente capazes de elevar a taxa de juros e assumirmos as consequências, sem que isso signifique uma perda. Temos integral compromisso com a estabilidade.
ISTOÉ – A sra. concorda com a política de juros do BC?
Dilma – Concordo. Acho que, da ótica do BC, ele fez o que precisava fazer. Nos Estados Unidos, onde há um histórico maior de estabilidade, o Federal Reserve tem dois olhos: um que olha a inflação e outro o emprego.
ISTOÉ – O nosso só olha a inflação.
Dilma – No meu governo acho que, mais para o final, teremos condições de olhar as duas coisas: inflação e emprego.
ISTOÉ – Teremos um BC diferente?
Dilma – Teremos uma política e uma realidade diferentes. Porque, para o BC fazer isto, é preciso uma redução da dívida líquida em relação ao PIB. O Brasil converge para condições monetárias de estabilidade que permitirão a combinação de outras variáveis. Criamos robustez econômica suficiente para fazer isso.
ISTOÉ – A sra. vai enfrentar um candidato que também se apresenta como um pós-Lula. O que a diferencia dele?
Dilma – Só se acredita em propostas para o futuro de quem cumpriu suas propostas no presente. O que nos distingue é que nós fizemos, nós sabemos o que fazer e como fazer. Mais do que isso, os projetos dos quais eu participei – 24 horas por dia nos últimos cinco anos – são prova cabal de que somos diferentes.
ISTOÉ – A sra. não acha importante o fato de o PT ter assumido o governo com um quadro de estabilidade da moeda?
Dilma – Eu não queria fazer isso, mas, se vocês insistem, vamos lá: recordar é viver. Nós assumimos o governo com fragilidades em todas as áreas. Taxas de inflação acima de dois dígitos, déficit fiscal significativo e, sobretudo, uma fragilidade externa monstruosa. Tínhamos um empréstimo com o FMI de US$ 14 bilhões. A margem de manobra nessa situação é zero. Você se coloca de joelhos junto aos credores internacionais. Quem fala com você é o sub do sub do sub. Isso não foi momentâneo. Foi uma década de estagnação, de desemprego e desigualdade. Nós tivemos, claro, coisas boas. Uma delas é a Lei de Responsabilidade Fiscal.
ISTOÉ – Mas já cogitam mudá-la. A sra. é favorável a isto?
Dilma – Depende. Acho que para mexer em coisas que têm dado certo é recomendável caldo de galinha e muita calma. Mas, voltando ao recordar é viver, o Plano Real também teve mérito. Já em outros pontos fomos salvos pelo gongo. O País deve dar graças a Deus por não terem partido a Petrobras em pedaços, não terem privatizado o setor elétrico, Furnas, Eletronorte, Eletrosul. A privatização da telefonia foi correta, mas não acho hoje muito relevante. Hoje a banda larga é mais importante que a telefonia.
ISTOÉ – A sra. acha que Serra seria a continuidade de FHC?
Dilma – Não tenho nenhum comentário a fazer sobre a pessoa José Serra. Tenho respeito por ele. Mas nós representamos projetos políticos distintos. Nós temos uma forma diferente de olhar o Estado.
ISTOÉ – Ele também se apresenta como um economista da linha desenvolvimentista.
Dilma – Acho muito significativa essa tentativa de borrar diferenças. Duvido que estariam borrando diferenças se o governo do presidente Lula tivesse menos que 76% de aprovação. Duvido. Há, neste processo, a tentativa de esconder o fato de que somos dois projetos. Tenho orgulho de ter sido ministra do presidente Lula. Devemos comparar as experiências de cada um. Eles diziam que não sabíamos governar, que só tivemos sorte. A gente gosta muito de ter sorte. Graças a Deus não somos um governo pé-frio. Mas quando chegou essa crise, muito maior que a de 1929, mostramos enorme competência de gestão, capacidade de reação e ousadia.
ISTOÉ – O governo FHC foi incompetente?
Dilma – O governo FHC representa um processo em que não acredito. Não acredito num projeto de privatização de rodovias que aumenta o custo Brasil por causa dos pedágios, que embute taxas de retorno de 26% ao ano. Em estradas federais, a qualidade melhorou muito com pedágios bem menores por uma razão muito simples: nós não cobramos concessão onerosa. Logística é igual a competitividade na veia.
ISTOÉ – O que a sr. faria diferente do atual governo?
Dilma – Nós tivemos que trocar o pneu do carro com ele andando. Algumas coisas concluímos, em outras não conseguimos avançar. Acho imprescindível, para o patamar de crescimento atingido, fazer a reforma tributária. Não é proposta, é uma exigência. Se quisermos aumentar nossa produtividade e, consequentemente, nossa competitividade, precisamos acabar com coisas absurdas como a tributação em cascata.
ISTOÉ – O governo atual também diz que tentou fazer isto.
Dilma – Não deu agora porque reforma tributária significa conflito federativo. Aprendemos que é inviável fazer reforma tributária sem compensações porque ela tem tempos diferentes. Para neutralizar o efeito negativo da perda de arrecadação, vamos criar um fundo de compensação. Este é o único mecanismo negociável.
ISTOÉ – Os acordos políticos resultarão ainda em loteamento de cargos?
Dilma – Não. O apoio político é totalmente legítimo. Em todos os países há uma composição política que governa. O que você tem que exigir é padrões técnicos. Lutei muito para implantar isso no governo.
ISTOÉ – Está satisfeita com o que foi feito?
Dilma – Acho que podemos melhorar.
ISTOÉ – A sra. será avó, em breve. E provavelmente seu neto nascerá num hospital privado e se educará numa escola particular. Em que momento a sra. acha que o Brasil estará pronto para mudar isso?
Dilma – Quero muito que isso aconteça porque me esforcei muito para estudar numa excepcional escola pública, que era o Colégio Estadual de Minas Gerais. A gente fazia um vestibularzinho para passar ali. Era difícil. Este é o grande desafio do Brasil. Para a educação ser de qualidade, não é só prédio, laboratório, banda larga nas escolas. É, sobretudo, professor bem remunerado e com formação adequada.
ISTOÉ – Seu neto vai ter uma superavó, moderna, talvez presidente da República. Essa avó moderna também namora?
Dilma – Olha, eu não namoro atualmente, apesar de recomendar para todo mundo. Acho que faz bem para a pele, para a alma, faz todo o bem do mundo.
ISTOÉ – Uma vez eleita, a sra. assumiria um relacionamento? A sra. casaria no meio do mandato?
Dilma – A vida não é assim, tem que se confluírem os astros...Eu não sou uma pessoa carente propriamente dita, tive uma vida afetiva muito boa, muito rica. Mas nos relacionamentos há uma variável que é estratégica, que é com quem eu vou casar. Essa variável estratégica eu tenho que saber, porque assim, no genérico, isso não existe. Agora, vamos supor que a pessoa seja maravilhosa e eu esteja apaixonadíssima...
ISTOÉ – A sra. está fechada para isso?
Dilma – Não, ninguém pode estar na vida. Mas para mim é uma coisa muito distante. E depende dessa variável: que noivo é esse?
ISTOÉ – Qual a sua posição em relação ao aborto? A sra. passou pela experiência de fazer um aborto?
Dilma – Eu duvido que alguma mulher defenda e ache o aborto uma maravilha. O aborto é uma agressão ao corpo. Além de ser uma agressão, dói. Imagino que a pessoa saia de lá baqueada. Eu não tive que fazer aborto. Depois que minha filha nasceu, tive uma gravidez tubária, eu não podia mais ter filho. E antes disso só engravidei uma vez, quando perdi o filho por razões normais. Tive uma hemorragia, logo no início da gravidez, sem maiores efeitos físicos.
ISTOÉ – Isso foi antes de sua filha nascer?
Dilma – Foi antes. Tanto é que eu fiquei com muito medo de perder minha filha, quando fiquei grávida. Mas todas as minhas amigas que vi passarem por experiências de aborto entraram chorando e saíram chorando. Eu acho que, do ponto de vista de um governo, o aborto não é uma questão de foro íntimo, mas de saúde pública. Você não pode hoje segregar mulheres. Deixar para a população de baixa renda os métodos terríveis, como aquelas agulhas de tricô compridas, o uso de chás absurdos, de métodos absolutamente medievais, enquanto as mulheres de renda mais alta recorrem a clínicas privadas para fazer aborto. Há muita falsidade nisto.
ISTOÉ – A sra. defende uma legislação que descriminalize o aborto?
Dilma – Que obrigue a ter tratamento para as pessoas, para não haver risco de vida. Como nos países desenvolvidos do mundo inteiro. Atendimento público para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto.
ISTOÉ – A Igreja Católica se opõe a isto.
Dilma – Entendo perfeitamente. Numa democracia, a Igreja tem absoluto direito de externar sua posição.
ISTOÉ – A sra. é católica?
Dilma – Sou. Quer dizer, sou antes de tudo cristã. Num segundo momento sou católica. Tive minha formação no Colégio Sion.
ISTOÉ – A sra. passou por um tratamento para curar um câncer e precisa submeter-se a revisões periódicas. O que deu sua revisão dos seis meses?
Dilma – Agora faço de seis em seis meses. Fiz há pouco, em abril, e deu tudo perfeito.Existe na sociedade e em cada um de nós uma visão ainda muito pesada sobre a questão do câncer. E isso provoca nas pessoas muita dificuldade em tratar a doença Eu tive a sorte de descobrir cedo. Estava fazendo um exame no estômago e resolveram ver como estavam minhas coronárias. Eu fui para fazer um exame de coronária e descobri um linfoma.
ISTOÉ – Como a sra. reagiu?
Dilma – A notícia é impactante. Na hora eu não acreditei, estava me sentindo tão bem. Há uma contradição entre o que você sente e o que te falam. Para combater o câncer você precisa encontrar forças em você mesma. Tem que se voltar para você, não pode, de jeito nenhum, se entregar. Depois, você combate porque conta com apoio. Eu tive uma sorte danada, recebi apoio popular. Chegavam perto de mim e falavam que estavam rezando. A gente se comove muito. E também tive apoio dos amigos, do presidente, de meus colegas no governo.
ISTOÉ – A sra. rezava?
Dilma – Ah, você reza, sim. E reza principalmente porque não é o câncer que é ruim, é o tratamento.
ISTOÉ – A sra. tem medo que o câncer volte?
Dilma – Hoje não.
ISTOÉ – Como a sra. encara a vida depois disso?
Dilma – A gente dá mais valor a coisas que costumam passar despercebidas. Você olha para o sol e fica pensando se você vai poder continuar vendo esta coisa bonita. Você fica mais alerta. Só combate isso se tiver força interna. Vou contar uma coisa. Eu não conhecia a Ana Maria Braga e um dia ela me ligou e conversou comigo explicando como tinha vencido o câncer dela, que o dela era mais difícil, diferente, e que superou. Vou ter sempre uma dívida com ela, porque, de forma absolutamente solidária e humana, ela me ligou naquele momento.
ISTOÉ – Mudando de assunto, o Lula é um bom chefe?
Dilma – Sim. O Lula é uma pessoa extremamente afetiva. Ele não te olha como se você fosse um instrumento dele. Te olha como uma pessoa, te leva em consideração, te valoriza, brinca. Ele tem uma imensa qualidade: ele ri, ri de si mesmo.
ISTOÉ – A sra. também será assim como chefe? Porque dizem que a senhora é o contrário disto, durona...
Dilma – Você não pense que o Lula não é duro não, hein. É fácil até para você cobrar, em função disto. Basta dizer: amanhã tem reunião com o Lula. Simples...
ISTOÉ – As reuniões são muito longas?
Dilma – A busca de um consenso é um jeito que criamos no governo. Algumas vezes o presidente chamava isto de toyotismo. Não é a linha de montagem da Ford, onde cada um vai olhando só uma parte. É aquele método de ilha da Toyota, porque você faz tudo em conjunto. Outra coisa é que a gente sempre discute com os setores interessados. Sabe como saiu o Minha Casa, Minha Vida? Porque nós sentamos com eles (empresários da construção civil) e conversamos. Eles criticando o que se fazia, os 13 grandes mais a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil. Se você não fizer isso, se não for absolutamente exaustivo no debate do detalhe, o projeto não fica em pé. Na curva ele cai.
ISTOÉ – Hoje todo mundo comenta, inclusive dentro do partido, que, a partir da entrada do presidente na campanha, suas chances de vitória aumentam. A sra. traz essa expectativa também?
Dilma – Do nosso ponto de vista já é dado que o presidente participa. Nós nunca achamos que ele vai chegar um dia e participar depois. O presidente é a maior liderança do PT, a maior liderança da coligação do governo, uma das maiores lideranças do País, uma das maiores lideranças do mundo...
ISTOÉ – O fato de ter duas mulheres pela primeira vez concorrendo dará um tom diferente à campanha?
Dilma – Acho que as mulheres estão preparadas para pleitear as suas respectivas candidaturas e o Brasil está preparado para as mulheres agora. Penso que é muito importante que haja um olhar feminino sobre o Brasil. As mulheres são sensíveis e isso é uma grande qualidade. As mulheres são sensatas e objetivas até porque lidam na vida privada com condições que exigem isto. Ou você não conseguiria botar filho na escola, providenciar comida, mandar tomar banho, ir trabalhar... As mulheres também são corajosas: a gente segura dor, a gente encara.
ISTOÉ – A sra. é a favor ou contra a reeleição?
Dilma – Sou a favor. Acho muito importante.
ISTOÉ – A sra. cederia a possibilidade de uma reeleição para o presidente Lula, no caso de ele querer se candidatar em 2014?
Dilma – Ele já me disse para não responder a essa pergunta.
ISTOÉ – Até quando a sra. vai obedecer cegamente o que ele manda?
Dilma – Lula não exige obediências cegas.
ISTOÉ – A sra. acompanha futebol como o presidente Lula?
Dilma – Quero o Neymar e o Ganso na Seleção. Tenho muita simpatia pelo Ganso, aquele jeito meio desconcertado de falar. Mas gosto dos dois. Eles trouxeram alegria de volta para o futebol. Jogam de forma desconcertante e atrevida
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 12:14 pm
por Bourne
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 1:59 pm
por Túlio
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 2:19 pm
por prp
ISTOÉ – A sra. não acha importante o fato de o PT ter assumido o governo com um quadro de estabilidade da moeda?
Dilma – Eu não queria fazer isso, mas, se vocês insistem, vamos lá: recordar é viver. Nós assumimos o governo com fragilidades em todas as áreas. Taxas de inflação acima de dois dígitos, déficit fiscal significativo e, sobretudo, uma fragilidade externa monstruosa. Tínhamos um empréstimo com o FMI de US$ 14 bilhões. A margem de manobra nessa situação é zero. Você se coloca de joelhos junto aos credores internacionais. Quem fala com você é o sub do sub do sub. Isso não foi momentâneo. Foi uma década de estagnação, de desemprego e desigualdade. Nós tivemos, claro, coisas boas. Uma delas é a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sub. do Sub do sub e ainda tinha que tirar os sapatos.
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 2:31 pm
por Clermont
INTERVENCIONISTA OU REGULADOR?
Merval Pereira - O GLOBO / Blog do Noblat - 11.05.10.
Depois de um período em que navegou em mar de almirante, quase sem cometer erros e claramente ditando o rumo da pré-campanha, o candidato tucano, José Serra, ressuscitou o político ranzinza que estava adormecido dentro dele e saiu ontem com três pedras na mão para responder a uma pergunta da jornalista Míriam Leitão na entrevista que concedeu à rádio CBN.
A pergunta, sobre se manteria a autonomia do Banco Central, nada tinha de ofensiva, e mesmo a referência ao fato de que muita gente acha que Serra quererá ser também o presidente do Banco Central, se for eleito presidente, referia-se a um comentário frequente, que o candidato tem que esclarecer porque se trata de uma característica que lhe atribuem, a centralização das decisões, que pode ser crucial para a definição do eleitorado.
As críticas de Serra à política de juros já são conhecidas, assim como sua visão de que o Banco Central é um órgão assessor da política econômica como qualquer outro, e não é intocável, também.
É previsível que num eventual governo Serra a autonomia do Banco Central não será formalizada. Aliás, nem Lula tornou essa autonomia lei, e mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em cujo governo chegou-se a cogitar essa formalização, hoje dá graças a Deus de não ter levado adiante o projeto de sua equipe econômica.
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 2:31 pm
por Wolfgang
Toma essa, molecada. Iron Maiden is coming...
Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL
Enviado: Ter Mai 11, 2010 4:03 pm
por Dieneces
Ué , mas não diziam que o homem era neo-liberal , adepto do mercado , do estado mínimo....esse é o Serra , que preconiza um Estado Forte , musculoso , mas que respeita as leis de mercado e a propriedade privada e que não é o estado obeso e aparelhado por sindicatos e pelo MST , como é o governo do PT.