Enviado: Sáb Nov 10, 2007 4:06 pm
LeandroGCard escreveu:Tigershark escreveu:
Leandro,
Na sua opinião porque até agora então não partimos para buscar uma licença/projeto de turbina que se encaixe nos nossos planos,ou pelo menos nos dê o básico para um desenvolvimento próprio?
Abs,
Tigershark
E enfiar esta turbina aonde, amigo Tigershark?!?!
O caso é que não temos planos, portanto não existem turbinas que se encaixem neles!
As coisas no Brasil são sempre assim, primeiro não se leva nada a sério, discute-se durante milênios e na hora não se gasta o dinheiro por um motivo ou outro qualquer (vide a construção da Barroso e o FX-1). depois aparece uma emergência (a saída de operação dos Mirage-III e o fator Chaves por exemplo), e aí corre-se para tapar o buraco "para ontem", e então não dá para planejar mais nada e tudo é decidido de supetão em função dos prazos extremamento curtos e das "amizades" das autoridades de plantão.
Se neste momento a situação estiver melhorzinha de grana aparecem uns projetos megalomaníacos (SNA, programa espacial, etc...), que mesmo quando tecnicamente viáveis tem pouca ou nenhuma sustentação em conceitos estratégicos de longo prazo, e aí na troca das autoridades de plantão ou da situação econômica (e um destes dois fatores sempre acontecem) estes programas murcham e viram zumbis que nunca morrem mas também não estão realmente vivos.
Então, podemos realmente colocar em pouco tempo uma turbina moderna em produção no Brasil. Infra-estrutura industrial para isto existe, melhor até que a da China ou da Índia (não podemos contudo projetar nossas próprias turbinas, isto sim demandaria pelo menos uma década de esforço concentrado na criação de uma massa crítica de conhecimentos muito específicos). Mas que turbina, para que avião? Do jeito que se desenha a FAB nos próximos 20 anos, com F-5M + A-1M + M-2000Br + Rafale, teríamos pelo menos quatro turbinas não intercambiáveis (até se poderia pensar em colocar a turbina do Rafale no A1-M, mas isto teria um custo absurdo e as vantagens seriam marginais), de três fabricantes diferentes, cada uma utilizada por uma parcela considerável de nossos aviões de primeira linha. Nenhuma delas porém utilizada em quantidade que permita a produção local de forma econômica.
(Uma opção seria padronizarmos todos os aviões da FAB para o Rafale nos próximos anos, mas aí ele é muito caro (embora em teoria muito capaz), e teríamos no máximo uns 60 aviões para substituir todo o resto. Talvez, sendo ele bimotor, valha a pena a produção local do motor, mas fecha-se a janela para o desenvolvimento de um caça nacional, pois não vejo como haveria espaço para ele ao lado do Rafale.)
E assim, nesta toada, continuaremos para sempre com a importante restrição de não fabricarmos aqui um motor de caça que possa ser utilizado em um projeto nacional. E isto vale para diversos outros ítens dos aviões de combate, e portanto projetos realmente nacionais são inviáveis.
É triste mais assim é o Brasil.
Leandro G. Card
Espero que seja diferente daqui para a frente, com todas as mudanças econômicas, políticas, sociais e estratégicas que estão acontecendo, e o planejamento que está se propondo.