Hader escreveu:Desculpem a impertinência, mas o tráfico somente seria eliminado se TODA e QUALQUER droga for liberada.
Não conseguimos combater a venda ilegal de cigarros paraguaios. Como seria combatida a venda de drogas no mercado negro, que seriam fatalmente mais baratas por não pagar impostos e etc?
Como seriam as contrapartidas à esta liberalização? Existe todo um aspecto de saúde pública que está sendo negligenciado nesta discussão. Vai ser a mesma ausência absoluta de política que existe hoje em relação ao álcool?
Abraços!
Hader, a minha opinião é bem clara, não é só a maconha, mas qualquer droga passar por uma análise sobre a possibilidade de legalização, a começar pela maconha porque é a que mais tem estudos sobre.
O crack, por exemplo, virou a droga dos pobres, dos moradores de rua, e até de alguns riquinhos, assim como era a COLA DE SAPATEIRO na década de 90! Ou ninguém aqui se lembra das "reportagens especiais" do Fantástico ou do Globo Repórter (pra ficar só nesse canal) falando sobre isso? Hoje foi substituída pelo Crack!
Liberando obviamente ainda haverá tráfico, assim como há tráfico de tabacco, de destilados (sejam de qualidade superior ou os "puro álcool"), de remédios tarja preta, de peças pra computador, de celular, enfim, de tudo! Mas alguém aí já viu bairros inteiros serem tomados por traficantes de tabacco? Ou de álcool? Ou de celulares?
Obviamente vai ter a maconha Marley (marca registrada pela Souza Cruz no final da década de 90), a 2X reais, e vai haver a maconha do mercado cinza a X, que não pagou impostos, obviamente esse mercado deverá ser abraçado por alguém (talvez os mesmos de hoje), mas a maioria iria comprar o oficial (ou pelo menos achando que é o oficial), assim como ocorre com o tabacco hoje em dia.
Mas isso não seria só um problema de polícia, seria um problema de polícia, das Secretarias da Fazenda, etc.
Sobre as contrapartidas, eu já fui mais que claro sobre a minha opinião, a contra partida é tratar toda e qualquer droga, inclusive o álcool, como está sendo tratado o tabacco, inclusive com algum aperto às já legalizadas, por exemplo:
- proibição TOTAL de propaganda, exceto as nos próprios locais de vendas (tabacarias, por exemplo);
- proibição TOTAL de uso em ambientes públicos, excetos aqueles relacionados como locais de uso para a droga (bares, boates, etc.) e com cada um especificando quais drogas podem ser consumidas naquele lugar (um clube que quisesse liberar o álcool e restringir o cigarro e a maconha, e outros poderia).
- leis RÍGIDAS e CLARAS quanto aos atos de levar o seu prazer aos outros, cooptar menores a consumir, e principalmente situações como dirigir sob influência de drogas.
Seria uma espécie de afrouxamento para as atualmente ilícitas, e um apertamento das atualmente lícitas.
Eu acredito que daria mais certo que errado porque eu VÍ o efeito da política mais restritiva ao tabaco fazendo efeito, e isso em concomitância com o fato de nada ter sido feito quanto ao álcool!
Resultado:
a) o tabaco diminuiu nas ruas, e está cada vez mais raro encontrar gente fumando em espaço públicos, normalmente se tratando de pessoas que já estavam acostumadas com o oba-oba pré apertamento da política. Obviamente a Souza Cruz continua ganhando muito dinheiro, continua vendendo seu produto até em padarias, continua isso tudo, mas ninguém mais chama o amigo pra fumar e fala: Olha, é legal, quem não fuma é careta! Quem fuma SABE que é ruim!
b) Continuamos a ver um consumo desenfreado de álcool, inclusive com o papinho: Ah, você não bebe, você é careta, não vai pegar ninguém, não vai ter amigos, etc, etc, etc!!! Papinho esse que é REFORÇADO pela propaganda que inunda a TV, as revistas, enfim, tudão! Ou ninguém aqui se lembra do carinha com sunga de crochê, pochete, óculos new wave, acompanhado pelo Beto Barbosa que foi bem recebido num churrasco porque tinha uma "Skoll Litrão"???
E ninguém está negligenciando a saúde pública. A idéia é usar o dinheiro advindo do consumo dessas drogas para bancar o problema de saúde pública e segurança pública QUE JÁ EXISTE! Eu até tinha falado uns 35% pra Saúde, 35% pra Segurança, e 30% pro cofre geral (pra educação, campanhas anti-drogas, e todo o resto).
Mais uma vez, o problema já existe, se eu quiser comprar maconha é fácil fácil, mesmo pra mim que nunca usou e não tem ninguém no círculo de amigos íntimos que usa. Sabendo onde encontrar a maconha é fácil fácil achar o resto também: é só perguntar, porque se não for o próprio fornecedor da maconha vai ser conhecido dele!