Marechal-do-ar escreveu:LeandroGCard,
A tabela ainda não disse tudo, faltou de dizer que com carga para missões de ataque o raio de combate do AMX é quase 50% maior e quando a baixa altitude e carregado o AMX tão rapido quanto o F-5, com esse ultimo usando o pós-combustor...
Olá Marechal-do-ar,
Pois é, esta grande velocidade do AMX em baixa altitude é mais uma consequência da baixa carga alar do avião. O preço a pagar é a menor capacidade de carga, o pior desempenho em subida, menor taxa de curva sustentada (embora com pouca perda de energia durante a curva, o que pode ser bom em combate aproximado) e perda de manobralidade em maiores altitudes.
Mas estes não são "defeitos", e sim características do projeto do AMX, que foi projetado para funções diferentes das de um caça puro-sangue.
Na verdade este debate todo está fora de foco. A questão não é comparar o AMX com outros caças antigos ou modernos, e sim avaliar se vale à pena a FAB mantê-los operando como estão, modernizá-los, ou simplesmente substituí-los.
Quando o AMX foi projetado, o conceito de penetradores rápidos de baixa altitude que escapariam dos radares e evitariam assim as defesas antiaéreas estava em voga, com vários aviões projetados ou em serviço exibindo características específicas para este tipo de missão (como o Tornado, F-111, Mig-27, etc...).
Com o surgimento de sistemas antiaéreos que não dependiam apenas do radar para atingir o alvo, como manpads IR, mísseis com guiagem laser, alças ópticas de pontaria, etc... , este tipo de missão tornou-se arriscada em áreas com defesa aérea bem equipadas para defesa de ponto, onde estes sistemas mostram seu melhor desempenho. O foco passou para o desenvolvimento de armas guiadas de maior alcance, lançadas de altitudes médias ou elevadas. Com isso, aviões especializados em penetração a baixa altitude perderam a razão de ser, pois estas armas permitem ataques utilizando qualquer tipo de aeronave lançadora, e passou a valer mais à pena empregar caças puro-sangue ou de múltiplo emprego para estas missões. Na maioria das forças aéreas, os caças mais antigos foram designados para estas tarefas, deixando para os caças mais novos e efetivos o combate ar-ar.
No caso do Brasil entretanto, os caças mais antigos são os F-5E, que por seu pequeno tamanho, alcance e capacidade de carga não são plataformas adequadas para missões de ataque. Sobra então apenas a opção de equipar os AMX para este novo conceito de combate, daí a necessária modernização dos sistemas que por sua vez só valerá à pena se for incorporado armamento inteligente, justamente para permitir o ataque a maiores distâncias evitando a defesa. Outra opção seria abandonar de vez os AMX e incorporar algum caça de segunda mão modernizado que pudesse assumir esta tarefa.
A questão que fica é então esta; o que tem melhor relação custo x benefício? Manter uma aeronave limitada para combate aéreo mas que já está em uso, com boa capacidade de penetração, ótimo desempenho em ataques à baixa altitude e resistência, e acrescentar nela a capacidade de armamento inteligente, ou adquirir uma aeronave usada, com todos os custos adicionais da introdução de um modelo novo, mas que já incorpore a capacidade de uso de armamento inteligente e tenha melhor desempenho na arena puramente ar-ar?
Em um cenário ideal a segunda opção é certamente a melhor, mas no caso brasileiro, com o alto custo das aeronaves modernas, talvez não seja bem assim. O gasto na introdução de um novo vetor para o lugar do AMX certamente reduziria o dinheiro disponível para a aquisição de caças de superioridade aérea de última geração. A escolha é algo como trocar os 56 AMX’s por digamos 40 F16-MLU (ou Mirage 2000 por exemplo), e comprar 12 Rafales (ou F-16 Block60, ou SU-27/35, etc...), ou gastar menos no upgrade dos AMX e comprar 36 ou 48 Rafales?
Não vale dizer que deveríamos trocar os AMX e comprar um grande número de caças novos, pois também poderíamos mantê-los (e modernizá-los) e comprar um número ainda maior de caças realmente novos.
Leandro G. Card