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Enviado: Sáb Abr 28, 2007 9:32 pm
por alcmartin
[quote="Pedro Gilberto]
A pergunta é realmente há um mercado que necessite de uma aeronave para rotas médias com 200-250 pax?? Bem cabe a EMBRAER descobrir, mas caso exista esse nicho, este poderia ser dominado por uma aeronave desenhada especificadamente para atende-lo. Eu creio que é assim que a EMBRAER sempre vai continuar na sua ascendência empresarial.

[]´s


Essa é a grande questão...o povo tá só a esticar as aeronaves e apertar e apertar os passageiros...o A320 começou com 150 e já tá na casa dos 180 pax. Os 737 que eram lá dos 112 já estão nos 170 e tal...

Vamos ver aí o que dá...

Enviado: Sáb Abr 28, 2007 9:42 pm
por Pedro Gilberto
Vector escreveu:
Olha, sei de seu desejo de ver a Embraer desenvolvendo algo maior e brigando de igual para igual com as grandes. Mas acho que por algum tempo ela continuará comendo pelas bordas. O desenvolvimento de um avião maior que o 195 irá acontecer, mais cedo ou mais tarde. Mas o que vejo como mais provável, seria um avião ligeiramente maior, aproveitando a mesma fuselagem do 190 (alongada) para uns 130 pax, para competir com o CSeries.

Sds,
Vector


Ola Vector, :)
aproveitando o post para um off-topic: na sua opinão o C-Series vinga?

[]´s

Enviado: Sáb Abr 28, 2007 9:50 pm
por Túlio
Nem demorou tanto, num achei onde postei, mas lembrei onde achei...

18/04/2007 19:26

O homem da Embraer

Hoje adiei a vinda para o Rio de Janeiro para participar do almoço de despedida de Maurício Botelho da presidência da Embraer. Amanhã a Coluna Econômica falará um pouco mais sobre ele, que considero o "executivo da década", o mais importante CEO nessa fase inicial, em que se criaram as grandes corporações profissionalizadas no país.

No almoço, Botelho me confessou estar com saudades dos tempos em que as disputas comerciais eram com a Bombardier. Agora que começa a entrar no mercado dos gigantes Boeing e Airbus, o jogo é mais pesado. Cada movimento do inimigo equivale a uma patada de elefante. Mesmo assim, acredita que em dez anos a Embraer estará jogando na primeira divisão, graças ao modelo de foco no cliente adotado pela empresa após a privatização.

O foco no cliente

Cada projeto aéreo não sai por menos de US$ 500 milhões em investimentos. Essa a razão para não se ter muito espaço para erros. O segredo da Embraer é colocar todo foco no cliente. Para construir a família 170e 190 foram ouvidas 50 companhias aéreas de todo mundo. Criou-se um board de conselheiros, recrutados entre os clientes. Discutiu-se desde o projeto, preço, espaço interno, até posição do lavabo.

Tecnologia - 1

O segundo segredo é um caixa robusto para dar mobilidade à empresa para investir em pesquisas pré-competitivas – aquelas que ocorrem antes da definição do projeto. São pesquisas com novos materiais, novos designs que podem ou não ser aproveitados. Para Botelho, é a chave para a inovação. No Canadá os investimentos nessa área são e US$ 790 milhões, de 800 milhões de euros na União Européia, e de US$ 900 milhões apenas da NASA na Boeing.

Tecnologia - 2

No Brasil, todo o investimento é bancado pela Embraer, cerca de US$ 400 milhões em três anos, com um agravante. Pela legislação brasileira, esses valores não entram na rubrica investimento, mas em despesa operacional. Por esse motivo não podem ser diferidos no tempo, reduzindo os dividendos a serem recebidos pelos acionistas. Esse é um dos pontos essenciais para manter a competitividade da empresa.

Aviação regional

Outro problema é o fato de não haver um mercado para a Embraer no Brasil. Até 2001 havia uma aviação regional pujante. Essa aviação era garantida por um subsídio cruzado, cobrado nas passagens dos vôos das grandes companhias. Extinto o fundo, dos 450 aeroportos nacionais apenas um terço continuou a ser atendido; e as trinta companhias aéreas regionais estão reduzidas a cinco.

Sucessor

O sucessor de Botelho, Frederico Curado, começou a ser preparado há doze anos. Botelho fez um levantamento nos quadros da empresa e logo identificou o potencial de Curado, na época diretor comercial. Trouxe-o para perto de si, inseriu-o no processo de planejamento da empresa. Depois de ganhar cancha, Curado voltou para a parte operacional. No próximo dia 22, assume o lugar de Botelho.

enviada por Luis Nassif

http://luisnassif.blig.ig.com.br/




Oba, posso continuar postando...heheheheh

Enviado: Sáb Abr 28, 2007 10:02 pm
por Pedro Gilberto
Era esse post mesmo que pensava que tu queria Túlio....

O que penso é que enquanto a EMBRAER estava num andar embaixo num "dogfight" com a Bombardier, pouco importava a Boeing e Airbus. Agora que saimos "por cima da carne seca" eles estão nos vendo como concorrente e não vão dar tregua. Além disso o E-195 compete diretamente com as versões menores do 737 e o A318, além de ter "condenado" o 717 ao descando eterno...... :twisted: :lol:

[]´s

Enviado: Sáb Abr 28, 2007 10:06 pm
por Túlio
Pois é, amigo Pedro Gilberto...

E amigo VECTOR, espero por VOSSO próximo movimento...heheheheheheheheh

Enviado: Sáb Abr 28, 2007 11:09 pm
por hayes
EDITADO: O sr. Túlio achou seu post.

Enviado: Sáb Abr 28, 2007 11:56 pm
por Vector
hayes escreveu:EDITADO: O sr. Túlio achou seu post.


Bem... Meu movimento será o seguinte:

As palavras sublinhadas não dizem muito. Dizem que a Emb já concorre com Boeing e Airbus... é verdade, em alguns contratos os E190 e E195 concorrem com os modelos menores A318/319 e 737.

A Emb tem conseguido ganhar alguns páreos deles, sendo o que mais visibilidade trouxe foi a vitória contra a Airbus no contrato para a JetBlue. Justamente a que agora mais reclama do E190 (porque será né!!!).
Existe muita coisa nesse jogo que é suja...

Mas continuando com a questão dos aviões maiores... Ele disse que agora estamos jogando no primeiro time... sim, é verdade, no time das empresas "Major" e não mais nas regionais. No time da USAirways, Lufthansa, Japan Air Lines,... e não mais nas regionais somente. E na disputa destes contratos entram os Airbus e Boeing menores.

A frase dele pode ser interpretada de várias maneiras, vc deu a sua visão, eu dou a minha. Ele não disse nada explicitamente sobre construir aviões mairoes, de 200 lugares ou mais, ou coisa do gênero.

Eu interpreto que as pressões dobre a Embraer serão cada vez maiores, vindas da concorrência e de clientes cada vez mais exigentes, acostumados com o suporte de gigantes com a A e a B.

Em seu discurso de despedida, em cerimônia reservada aos funcionários, foi dito que não é objetivo da empresa concorrer abertamente com os gigantes, com um produto que diretamente afronte estes, por alguns motivos:

1- Eles já tem toda uma infraestrutura preparada... e nós precisarímaos investir para construir novas fábricas, novas cabines de pintura, tudo... e eles não.

2- Eles tem forte apoio governamental, e de governos fortíssimos... nós não.

3- Eles tem mecanismos de financiamento com infinitamente mais recursos que o nosso BNDES.

4- Eles já tem tradição neste mercado, assim como a Embraer tem no mercado regional.

5- Eles gastam bilhões de dólares por ano desenvolvendo novas tecnologias, nós não... pois não temos como gastar bilhões, muitas vezes a fundo perdido.

Bater de frente com eles é suicídio empresarial.

Botelho entretanto não descartou, numa entrevista que tenho aqui, só que no "papel", uma parceria com uma das gigantes no sentido de desenvolverem um projeto conjunto.

Veja, quem manda na Embraer são seus acionistas... eles querem lucros, querem empreendimentos com menor risco para seu dinheiro. E é isso que a Embraer vai buscar fazer, buscar nichos de mercado onde possa lançar produtos com diferencial para a concorrência. Neste sentido entraram os VLJ´s, o C-390, e outros que vêm por aí.

E o pessoal da inteligência de mercado está de olho no movimento dos concorrentes e sabe que a família de aeronaves que substituirá os 737 e os A318/9 já está nas pranchetas da B e A.

Mas se vc prefere acreditar no que um jornalista escreveu, de uma conversa cujo contexto não se sabe ao certo qual era. Então acredite, é seu direito.

Eu sinceramente espero que a Embraer se mantenha com os pés no chão. E uso as palavras do Botelho. QUando nós acharmos que somos os melhores, quando não conseguirmos mais perceber os perigos do mercado, morreremos como empresa.

Sds,
Vector

Enviado: Qua Mai 30, 2007 9:45 am
por Pedro Gilberto
Aproveito para ressuscitar este tópico com a coluna do Nassif publicada hoje..

A guerra mundial da Embraer

Coluna Econômica – 30/05/2007

Nos próximos anos, haverá mudanças significativas no mercado aeronáutico, prevê o novo presidente da Embraer Frederico Curado. No momento, existem quatro empresas globais, as gigantes Airbus e Boeing e as menores Embraer e Bombardier.

Os russos estão se preparando para entrar no jogo, com a aglutinação dos fabricantes em torno da Sukoy. Os chineses também estão caminhando céleres. Só que seus planos são bem mais ambiciosos: disputar o mercado global com as duas gigantes do setor.

Como se colocar nesse jogo? No mercado aeronáutico, cada aposta dura vinte anos: cinco para fazer o produto, quinze de vida útil do projeto. Se a companhia aérea erra, dança.

Anos atrás, com apenas vinte anos de vida a Airbus aproveitou o fim da McDonell Douglas para passar a Boeing, com seus quase 70 anos de vida. Bastou problemas com seu 380, a demora para ser lançado, para a Boeing recuperar terreno.

As duas empresas são gigantes, com apoio dos respectivos governos. Irmão menor da família de quatro, a Embraer não pode errar.

***

O jogo tem vários ingredientes. Um dos segredos é a parceria com os fornecedores. Talvez não exista outra máquina em que todas as partes sejam tão integradas quanto o avião. Em cada projeto, motor e economia caminham em direções opostas. Mais espaço para o passageiro exige menos para a bagagem. Ou então motor mais potente e consumo maior.

O segredo é encontrar o ponto ótimo. Para tanto, o fabricante precisa adaptar seus produtos ao projeto do avião. Por exemplo, o Embraer 190 exigia um motor totalmente novo. O fabricante apostou, ganhou o fornecimento exclusivo ao modelo, e um motor mais moderno, aprimorado graças à parceria.

Como fabricar aviões não é apenas juntar os componentes, a Embraer já tem uma vantagem competitiva relevante, com as vitórias das últimas décadas.

***

Outra vantagem competitiva relevante são os processos de certificação da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), herdados do antigo IFI (Instituto de Fomento e Coordenação Industrial), baseado no Centro Tecnológico de Aeronáutica.

Graças a acordos bilaterais da ANAC com as principais agências reguladoras, o avião já sai do Brasil praticamente certificado. As agências européia e americana só testam situações de stress, como pouco ou decolagem de emergência.

Se outro país quiser entrar no mercado, se não dispuser de uma agência certificadora, dependeria da FAA (o órgão homologador norte-americano) o que tornaria praticamente inviável a produção.

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Na última rodada, a Embraer saiu vitoriosa do confronto direto com a canadense Bombardier. Agora, o jogo começa a ficar mais pesado. Hoje ela domina inteiramente o mercado de aviões de cem lugares. Mas o maior avião da Embraer é similar ao menor da Boeing e da Airbus. Como para ambas é apenas um produto de entrada, não há ainda a competição direta.

Por outro lado, o fato do setor ser atrativo está atraindo russos e chineses. Para os próximos cinco anos, Curado supõe que o impacto da entrada de ambos será pequeno. Em dez anos, será maior. Em vinte, provavelmente a China estará disputando mercado com a Airbus e a Boeing.

Foco no cliente, caixa reforçado são elementos cruciais nessa batalha.


http://luisnassifeconomia.blig.ig.com.br/

[]´s