Enviado: Seg Abr 23, 2007 10:25 am
Saindo do forno...
Koslova escreveu:Algumas coisas que escrevi em outro forum, quando perguntada sobre delhates do pouso na nave Soyuz TMA
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TMA significa: Transporte Modernizado Antopometrico.
A Soyuz TMA é uma evolução da Soyuz T, sua origem é no programa Salyut onde fazia o transporte de astronautas para a estação, depois veio a versão TM, modernizada compativel com os sistemas de acomplamento e comunicação da MIR, e finalmente a TMA cujo foco principal era a compativilidade antopometrica com astronautas da mais diversa estatura física. Na TM só voava quem tinha até 1,83 de altura, na TMA isto subiu para 1,90.
Houveram outras tantas modificações de velocidades de pouso principalmente, aumentando a segurança e o conforto da tripulação.
Outra coisa, porque os russos sempre optaram por pousos em terra e os americanos no programa Apolo, pousavam no mar ?
Pelas facilidades que cada um tinha. Enquanto os EUA tem uma marinha de guerra com uma capacidade de recolhimento da nave em ambito global, os sovieticos tinha enormes extensões planas de terra para efetuar um pouso.
Existem outras questões mais técnicas, sobre a redução da velocidade de pouso por meio de retrofoguetes para o pouso sobre terra, situação em que um pouso na agua não é necessario, apenas o paraquedas é suficiente.
Em compensação uma nave que nao tem retrofoguetes de frenagem, porque pousa na agua, precisa de flutuadores, as operações de resgate são diferentes, entre outras peculiaridades, entao cada uma tem vantagens e desvantagens.
Hj a idéia de pouso em terra prevalece, porque receber um astronauta com 6 meses de permanencia orbital, tira-lo da nave e examina-lo, é algo muito complexo de se fazer no mar.
Os primeiros astronautas americanos eram içados de helicoptero da nave, mas o sujeito quando muito passou 14 dias no espaço. Hoje se você tirar um astronauta com 180 dias em orbita em um cabo de aço, associado a um guincho de helicoptero, é capaz de você estourar varios ossos dele ja muitos descalssificados.
Como curiosidade.
Uma Soyuz TMA toca o solo a 5Km/h, perfeitamente amortecida pelos assentos. Sem os retrofoguetes de frenagem, tocaria o solo a cerca de 20Km por hora, só com a ação do paraquedas. Uma Apolo pode tocar a 20Km/h o mar, que faz as vezes do retrofoguete de frenagem.
Já houve pelo menos um caso, a quase 40 anos atrás de uma Soyuz que tocou o solo na velocidade do paraquedas, sem os foguetes de frenagem, o resultado não foi bom. Dentes quebrados e sangue na boca por linguas e buchechas mordidas pela propria mandibula no momento do toque.
Uma Soyuz ainda em vôo com o paraquedas aberto. Notem que a nave fica longe do paraquedas para que ela se comporte como um pendulo de haste longa e oscile menos.
A TMA-2 pousando, pela curva do paraquedas, isto indica a presença de velocidade lateral, isto é, algum vento no momento do pouso. A grande quantidade de poeira não é do impacto com o solo, e sim da ação dos retrofoguetes.
Pouso perfeito com velocidade horizontal zero.
O disparo dos retrofoguetes é por radar altímetro. Mas a precisão deste sistema tem que ser muito grande, já que o disparo tem que ser a cerca de 120cm de altura. Utiliza-se um radar altímetro de ondas milimetricas, operando em banda Ku (13Ghz) denominado Kaktus-2V.
No projeto da Shenzhou se utiliza um radar altímetro, mais simples, e também uma sonda telescópica que você pode ver em uma foto que to mandando em anexo. Esta sonda toca o solo cerca de 150cm antes, e gera o sinal de disparo do retrofoguete, é um sistema bem simples.
Antes que vejamos varias mensagens sobre a “inteligência” chinesa e a complicação “russa” vou tentar explicar porque a Soyuz não emprega este sistema.
Quando uma nave pousa, o vento pode gerar um movimento pendular, esta oscilação não é desejável porque pode “tombar” a nave de lado na hora do toque, anulando os retrofoguetes e os amortecedores hidráulicos dos assentos, o que pode gerar danos físicos aos tripulantes.
Se vocês olharem, o pára-quedas fica muitos metros acima da nave para que ela se comporte como um pendulo com uma haste muito longa, diminuindo a amplitude da oscilação pendular.
A Shenzhou é uns 15% mais pesada do que a Soyuz então oscila menos.
Os chineses também tem uma região de recuperação com menos vento que no Cazaquistão, então a Shenzhou não sobre tanto com este problema de oscilação.
Sistemas de sonda telescópicas não compensam a oscilação lateral, se a nave tiver em um ângulo errado, o disparo do retrofoguete acontece de forma errada.
Quando se usa radar altímetro de precisão da para medir a oscilação por desvio Doppler e na hora do toque o computador de bordo pode alterar em milésimos de segundo o disparo dos retrofoguetes de um lado da nave, corrigindo o ângulo dentro de um certo limite.
Estas foto acima mostra a sonda telescópica da Shenzhou
Uma concepção artística dos retrofoguetes sendo acionados próximo ao solo. Na concepção artística tem um pequeno erro, os cabos de pára-quedas estão presos a nave no pouso real, na ilustração eles foram suprimidos.
Este tipo de técnica de pouso é exaustivamente pesquisada, para a aplicação de pouso em marte, tanto a URSS quando os EUA trabalharam muito estes problemas todos, nas missões não tripuladas dos ultimos 36 anos... mas é um assunto meio longo... se eu achar algumas fotos sobre isto eu mando...