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Enviado: Seg Abr 23, 2007 10:25 am
por Túlio
Saindo do forno...


Koslova escreveu:Algumas coisas que escrevi em outro forum, quando perguntada sobre delhates do pouso na nave Soyuz TMA

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TMA significa: Transporte Modernizado Antopometrico.

A Soyuz TMA é uma evolução da Soyuz T, sua origem é no programa Salyut onde fazia o transporte de astronautas para a estação, depois veio a versão TM, modernizada compativel com os sistemas de acomplamento e comunicação da MIR, e finalmente a TMA cujo foco principal era a compativilidade antopometrica com astronautas da mais diversa estatura física. Na TM só voava quem tinha até 1,83 de altura, na TMA isto subiu para 1,90.

Houveram outras tantas modificações de velocidades de pouso principalmente, aumentando a segurança e o conforto da tripulação.

Outra coisa, porque os russos sempre optaram por pousos em terra e os americanos no programa Apolo, pousavam no mar ?

Pelas facilidades que cada um tinha. Enquanto os EUA tem uma marinha de guerra com uma capacidade de recolhimento da nave em ambito global, os sovieticos tinha enormes extensões planas de terra para efetuar um pouso.

Existem outras questões mais técnicas, sobre a redução da velocidade de pouso por meio de retrofoguetes para o pouso sobre terra, situação em que um pouso na agua não é necessario, apenas o paraquedas é suficiente.

Em compensação uma nave que nao tem retrofoguetes de frenagem, porque pousa na agua, precisa de flutuadores, as operações de resgate são diferentes, entre outras peculiaridades, entao cada uma tem vantagens e desvantagens.

Hj a idéia de pouso em terra prevalece, porque receber um astronauta com 6 meses de permanencia orbital, tira-lo da nave e examina-lo, é algo muito complexo de se fazer no mar.


Os primeiros astronautas americanos eram içados de helicoptero da nave, mas o sujeito quando muito passou 14 dias no espaço. Hoje se você tirar um astronauta com 180 dias em orbita em um cabo de aço, associado a um guincho de helicoptero, é capaz de você estourar varios ossos dele ja muitos descalssificados.

Como curiosidade.

Uma Soyuz TMA toca o solo a 5Km/h, perfeitamente amortecida pelos assentos. Sem os retrofoguetes de frenagem, tocaria o solo a cerca de 20Km por hora, só com a ação do paraquedas. Uma Apolo pode tocar a 20Km/h o mar, que faz as vezes do retrofoguete de frenagem.

Já houve pelo menos um caso, a quase 40 anos atrás de uma Soyuz que tocou o solo na velocidade do paraquedas, sem os foguetes de frenagem, o resultado não foi bom. Dentes quebrados e sangue na boca por linguas e buchechas mordidas pela propria mandibula no momento do toque.



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Uma Soyuz ainda em vôo com o paraquedas aberto. Notem que a nave fica longe do paraquedas para que ela se comporte como um pendulo de haste longa e oscile menos.

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A TMA-2 pousando, pela curva do paraquedas, isto indica a presença de velocidade lateral, isto é, algum vento no momento do pouso. A grande quantidade de poeira não é do impacto com o solo, e sim da ação dos retrofoguetes.

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Pouso perfeito com velocidade horizontal zero.

O disparo dos retrofoguetes é por radar altímetro. Mas a precisão deste sistema tem que ser muito grande, já que o disparo tem que ser a cerca de 120cm de altura. Utiliza-se um radar altímetro de ondas milimetricas, operando em banda Ku (13Ghz) denominado Kaktus-2V.

No projeto da Shenzhou se utiliza um radar altímetro, mais simples, e também uma sonda telescópica que você pode ver em uma foto que to mandando em anexo. Esta sonda toca o solo cerca de 150cm antes, e gera o sinal de disparo do retrofoguete, é um sistema bem simples.

Antes que vejamos varias mensagens sobre a “inteligência” chinesa e a complicação “russa” vou tentar explicar porque a Soyuz não emprega este sistema.

Quando uma nave pousa, o vento pode gerar um movimento pendular, esta oscilação não é desejável porque pode “tombar” a nave de lado na hora do toque, anulando os retrofoguetes e os amortecedores hidráulicos dos assentos, o que pode gerar danos físicos aos tripulantes.

Se vocês olharem, o pára-quedas fica muitos metros acima da nave para que ela se comporte como um pendulo com uma haste muito longa, diminuindo a amplitude da oscilação pendular.

A Shenzhou é uns 15% mais pesada do que a Soyuz então oscila menos.

Os chineses também tem uma região de recuperação com menos vento que no Cazaquistão, então a Shenzhou não sobre tanto com este problema de oscilação.

Sistemas de sonda telescópicas não compensam a oscilação lateral, se a nave tiver em um ângulo errado, o disparo do retrofoguete acontece de forma errada.

Quando se usa radar altímetro de precisão da para medir a oscilação por desvio Doppler e na hora do toque o computador de bordo pode alterar em milésimos de segundo o disparo dos retrofoguetes de um lado da nave, corrigindo o ângulo dentro de um certo limite.


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Estas foto acima mostra a sonda telescópica da Shenzhou

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Uma concepção artística dos retrofoguetes sendo acionados próximo ao solo. Na concepção artística tem um pequeno erro, os cabos de pára-quedas estão presos a nave no pouso real, na ilustração eles foram suprimidos.


Este tipo de técnica de pouso é exaustivamente pesquisada, para a aplicação de pouso em marte, tanto a URSS quando os EUA trabalharam muito estes problemas todos, nas missões não tripuladas dos ultimos 36 anos... mas é um assunto meio longo... se eu achar algumas fotos sobre isto eu mando...

Enviado: Seg Abr 23, 2007 11:39 am
por Sniper
Koslova escreveu:Alguns comentários feitos sobre o projeto da Space Ship One para a minha colega de forum.



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É falta de tempo mesmo, mas é sempre um prazer escrever sobre espaçonaves....

Em resumo os problemas da Space Ship One são os seguintes:

Para que houvesse uma redução brutal da massa da espaçonave e por consequencia de seus custos de desenvolvimento, a equipe de projeto baseou-se em 3 conceitos:

- Utilização de aeronave lançadora (Como em todo projeto de avião foguete bem sucedido, do X-1 ou X-15)

- Utilização de propelente hibrido, que é mais simples e barato de desenvolver, mas não tem uma eficiencia energética que permita muita massa associada a espaçonave.

- Sistemas de asas basculantes, que uniam as vantagens de uma asa delta em grande velocidade de reentrada, como a distribuição das forças de arrasto gerando um aquecimento menor e gradual, mas mesmo assim mantinha a docilidade de uma aeronave de asa plana no pouso final.

Estes 3 conceitos, são bons sobre varios angulos, mas a restrição de recursos obrigou a uma redução muito agressiva da massa de lançamendo, e ai os problemas começaram, já que a equipe de Burt Rutan contrariou varios principios básicos de projeto para naves tripuladas:

Alguns deles:

1-Ausencia de niveis de backup mais rigidos

2- Ausencia de sistemas automaticos de pilotagem (a nave é totalmente controlada por comando manual, qualquer aeronave leve)

3- Ausencia de trajes espaciais presurizados, como forma de diminuir ao maximo os diametros de celula e otimisar espaço interno, afinal o regulamento previa 3 tripulantes em uma espaçonave tão diminuta. Para agravar a SSO tem uma aerea envidraçada muito grande pelo tipo de projeto de celula, ela tem muitos angulos de visão morto, o que obriga muitas janelas frontais, e pela necessidade de dar janelas de obvervação para os 3 tripulantes ela tem muitas janelas laterais. São 18 no total, isto é um absurdo em termos espaciais.

4- Desenho de trem de pouso com controle direcional por frenagem diferencial, de modo que a triquilha não tem rodas e sim uma hase que toca o solo apoiando a espaçonave. Isto evita a criação de uma caverna para o trem de pouso, com suas portas e principalmente o "roubo" de espaço dentro da célula que é o elemento critico.

5-Sistemas de controle de reação por gás frio, que apresenta pouco empuxo, sendo que todo o sucesso da reentrada esta no perfeito controle da atitude por meio deste sistema.

6- O tanque de oxidante liquido é relativamente pesado e para manter a estabilidade da nave precisa esta exatamente sobre o CG o que tornou o layout da SSO critico na distribuição dos seus componentes. Por exemplo, os lemes verticais e horizontais foram parar na estrutura basculante das asas, o que implica que todas as hastes de controle tem que considerar esta articulação, bem como o correto reposicionamento das asas é fundamental para o controle de vôo pós reentrada.

Algumas coisas que já aconteceram em vôos da Space Ship One:

-Ao tocar a pista o piloto perde o controle e a nave vai a faixa de terra do lado da pista quase capotando (Vide item 4)

-No primeiro vôo acima de 100Km, o piloto perde a informação de velocidade, e faz o pouso auxiliado pelo avião paquera que lhe informava a velocidade por rádio durante toda a aproximação (vide item 1)

-Durante a fase de ascensão com o motor foguete ligado, uma turbolencia modifica a atitude da nave que dá uma forte guinada para a esquerda, chegando perto do seu limite estrutural,o piloto declara em entrevista que "Pensou que iria morrer". (Vide item 2)

Alguns comentários adcionais.

Toda nave espacial seja ela orbital ou suborbital, utilizada em programas com constancia de lançamentos (Desconte os programas Mercury, Gemini e Vostok portanto), apresentou perdas catastroficas, Soyuz, Apolo, Shuttle, X-15. Hoje aprendemos com a formar uma doutrina de segurança rigida baseada em principios simples:

-Trajes de segurança pressurizados (a história mostra que toda nave que nasce sem este item, passa por uma revisão de projeto e o inclui imediatamente depois de um acidente)

-Utilização conservadora, isto é, redução do numero de vôos, para diminuição dos custos (a serem reninvestidos em segurança) e diminuição do risco.
E mais uma série de itens que este projeto contraria......

A questão na verdade passa a ser a seguinte:

Burt Rutam é um idiota, ou um irresponsavel? Sera que ele não sabe de nada disto?

Bem, ele é um gênio e é claro que engenheiros espaciais com experiencia em vôo tripulado orientaram ele neste sentindo.

O que ele fez foi uma aposta, um risco calculado em relação aos perigos e limitações da empreitada, como Charles Lindenberg fez na sua aventura, como Korolev projetou a Vostok e colocou Gagarim no espaço.

O que esta errado não é a Space Ship One, ela foi projetada para ganhar o X-Prize, e ganhou! O que esta errado é a idéia de imaginar que ela vai levar turistas para passeios suborbitais toda semana ou todo mês. Ela é perigosa para isto, Rutan sabe disto.


Resumindo muito a história seria isto...... Se vc quiser mandar isto para os Foruns, seria até interessante, tem uma meia duzia de pessoas que se interessam por vôo espacial lá........iriam gostar de ler sobre isto....

Algumas fotos comentadas.

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A redução da sessão transverssal da celula era fundamental para que a nave ficasse dentro da massa aceitavel para o tipo de propulsão escolhida. Com uma celula de pequeno diametro, não existiria espaço para um traje pressurizado. Em 50 anos de história de projetos de naves tripuladas TODAS as naves que eram originalmente planejadas para a não utilização de trajes, foram obrigadas a adota-los depois de recomendações de segurança posteriores a acidente. Soyuz em 1967 e Challenger em 1986.

A area envridraçada é grande, porque para manter a geometria otima que facilite a manufatura da celulas ela é toda multifacetada em pequenas janelas, inspiração das técnicas de projeto dos bombardeiros da II WW

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A SSO não tem triquilha na frente, apenas um pequeno esqui. Sem um trem de pouso dianteiro, não existe necessidade de uma caverna que se projete para dentro da fuselagem para abrigar a roda, isto torna a celula dentro dos diametros maximos aceitaveis que expliquei na foto anterior.

A ação de direção da nave no solo é feita por frenagem diferencial das rodas do trem de pouso traseiro. Infelizmente não achei as fotos, mas ela ja foi parar para fora da pista durante um pouso, por causa da dificuldade de controlar diferencialmente uma aeronave em pouso nestas condições.

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As asas basculantes são o conteito realmente genial, marca registrada da inteligencia de Rutan. Com a dobra das asas se modifica o arrasto da reentrada, gerando uma desaceleração mais suave, o que torna o isolamento termico mais simples e novamente se ganha muita economia de massa. Um projeto classico usaria delta o que tornaria o isolamento da bordo de ataque mais complexo e pesado.

Como comentário final.

Durante os anos de 1990 quando eu ainda estudava engenharia espacial, era muito comum debates acalorados e apaixonados sobre como deveria ser o projeto de uma nave para vencer o X Prize, todo engenheiro e engenheira espacial tinha o seu projeto na cabeça. Alguns muito bons, outros nem tanto.

Mas entre aqueles que eram bons e que utilizavam a filosofia de projeto de avião foguete lançado por avião "mãe" como a Space Ship One, as massas ( e por consequencia os custos) eram de 50 a 100% maiores que os da SSO.

O grande merito de Rutan, foi criar uma nave um pouco exotica, mas que tinha uma massa incrivelmente baixa para a missão, onde foi possivel caber um sistema de propulsão simples, e por consequencia mais barato, e o resumo de tudo é que a SSO "coube" no orçamento e prazo necessário. Parabéns para ele.

Enviado: Ter Abr 24, 2007 8:37 pm
por Koslova
Um texto meio longo de um debate sobre AA a alguns anos atrás na lista aerofans. Sublinhado temos os comentários do meu interlocutor na época.


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Ola Paulo
Queria comentar alguns pontos para não tornar o assunto muito extenso, apesar de ser o tipo de coisa que para mim é um prazer falar (ou escrever) sobre horas e horas....

"Enquanto os CADWS cuidam dos aviões/helicópteros que voam próximo e usam armas "burras" os SHORAD atuam nos aviões que voam a uma distância maior por possuírem mísseis guiados."

Perfeito que você tenha abordado a diferença entre duas classes de defesa tão distintas.

Ai neste caso existem "escolas" de pensamento sobre o assunto, sem que nenhuma delas tenha unanimidade sobre suas soluções padrões.

Eu venho de uma linha de pensamento que acredita que acima de 4500m a melhor forma de defesa são sistemas SAM.

A explicação para isto é simples. Conforme a distancia até o alvo aumenta, o desvio angular também aumenta. Como é necessario editar um tiro a maior distancia o calibre aumenta logo a cadencia diminui. Diminuindo a cadencia, a saturação do espaço em volta do alvo diminui.

Se pensarmos em um binomio cadencia de tiro x erro angular diminuindo com o aumento da distancia, temos que existe uma variação não linear da eficiencia do canhão com o aumento da distancia.

Em outros termos, é muito mais perigoso estar a 3000m de um canhão do que a 5000m, isto qualquer um percebe, o que é invisivel ai é que a eficiencia esta caindo de forma exponencial e não de forma linear.

Isto se pensarmos nas caracteristicas do canhão. Se acrescermos ai que o alvo em evasão vai estar manobrando de forma não previsivel e utilizando-se de artificios para o deslocamento do centroide temos uma queda de eficiencia maior ainda.

Uma solução para este projeto é o uso de munição de fragmentação.

Eu particularmente acho que ela tem valor na maioria dos cenários AA, mas ela não substitui a munição de impacto direto em alvos mais duros. Pense em um helicoptero de ataque ou avião com imunidade até 1,27mm ou alguma tolerancia até 23mm. A exposição a estilhaços de uma munição 40mm não chegaria nem perto em concentração de energia por area de um impacto de 30mm. Em resumo, a munição 40mm fragmentada seria tão inocua do que uma munição de calibres abaixo de 30mm.


"Isso depende do que você pretende enfrentar e como devera fazer isso. mobilidade e resistência (blindagem) praticamente independem do que você citou".

Trocando idéias com o Reginaldo Bacchi tempos atrás, ele mostrou com o brilhantismo que lhe é peculiar, a evolução do pensamento de MBT's russos x ocidentais, baseados em diferentes premissas de canhões e carregadores, e como isto teria impactado em todos os outros parametros dos projetos, é uma pena que ele não esteja por aqui para comentar isto.

"Seus ZSU-23/4M Shilka eram inúteis contra os A-10 ou Apaches simplesmente porque estas aeronaves tinham sistemas que permitiam identificar e destruir os blindados inimigos antes de entrarem no alcance dos Shilka".

Um comentário importante sobre o Shilka não é um sistema perfeito como muitos acreditaram que ele seria em sua epoca de projeto. Ele apresenta algumas deficiencias razoaveis.

Sem entrar em muitos detalhes para não me extender.

Ao longo da historia dos sistemas de controle de tiro por radar existiram 3 técnicas basicas de determinação da centroide. A primeira é a varredura cônica, a segunda é uma técnica chamada LORO - Lobe switching On Receive - e finalmente o monopulso.

A idéia de um radar de controle de tiro é achar o centro do alvo para poder formar a linha de visada. A primeira técnica chamada varredura conica consiste em movimentar a antena, com um movimento de precessão (algo como uma roda de bicicleta girando torna) de forma a criar um cone de varredura, medindo o eco mais forte com a posição da antena ela acha o centroide. Esta técnica foi a pioneira na segunda metade dos anos 50. Porem tinha uma desvantagem. Ao movimentar a antena o radar anunciava para o jammer que iria travar nele. O jammer por sua vez emitia uma salva de pulsos na mesma frequencia da varredura conica o que fazia o centroide flutuar e com isto o radar não conseguia travar nele.

A segunda técnica, LORO consistia em usar 2 antenas diferentes, uma iluminava o alvo e era fixa e a outra receptora fazia movimentos conicos, isto não denunciada a sua presença ao jammer, que poderia emitir pulsos, mas não saberia a frequencia exata da varredura conica porque a antena de iluminação era fixa. Esta técnica foi comum no começo dos anos 60

A terceira e definitiva tecnica foi o monopulso que consiste em emitir apenas um pulso, e ter a antena receptora dividida em 4 quadrantes que recebem parcelas do eco. O alvo vai estar na linha de visada da antena quando os 4 qudrantes receberem o eco com a mesma intensidade. Por não utilizar mais de um pulso para azimute e alcance o radar monopulso é muito mais resistentes a tecnicas ECM de manipulação de pulsos.

O Shilka tinha uma grave deficiencia. Seu radar, do tipo, Gun Dish operando em banda Ku, tinha uma excelente resolução de feixe para determinação da centroide, porem operava por varredura conica, seja porque um radar monopulso exigiria 4 canais de processamento de sinal de retorno, o que o tornaria volumoso para a eletrônica da época, seja porque um sistema LORO, que os sovieticos já utilizavam a tempos no SA-02 (radar Fan Song) exigiria duas antenas o que complicaria o projeto.

O Shilka sempre foi um sistema com baixa ECCM.

Outro ponto foi a utilização de um canhão 23mm, que obedecia a um pensamento até certo ponto coerente.

A defesa do alvo contra um sistema como o Shilka eram a velocidade, deslocamento de centroide por meio de jammer e chaff e manobrabilidade evasiva.

Isto exigiria uma grande cadencia de fogo para saturar o mais rapidamente possivel o espaço ao redor do alvo anulando de alguma forma suas taticas de defesa.

Porem penso que dois fatores atrapalharam os planos dos soviéticos.

O primeiro é que sistemas laser de direcionamento de misseis anti tanque e sistemas IIR de imagem deram um outro patamar de alcance de disparo a sistemas anti carro da OTAN.

O segundo é que novos materiais compostos abaixaram de tal modo o peso das celulas de aviões e helicopteros que criaram uma geração de vetores (A-10 e Apache) com niveis de eficiencia muito acima das premissas de projeto deste sistema AA.

Eu considero que o sistema AA sovietico projetado contra as ameaças anti tanques que estamos falando teria sido o 9M33 (SA-08 Greko) que foi a entrada definitiva do pensamento sovietico de defesa SHORAD no campo dos SAM's.

"Os Oerlikon da família GDF entraram em produção/operação no início da década de 60 e os Bofors L60 na década de 30 (década de 50 para os L70). Excluindo o sistema Oerlikon 35/1000, pouquíssima coisa mudou nessas armas a exceção de seu sistema de mobilidade, detecção e guiagem".

O pensamento de um planejador de sistemas AA, ele é centrado em muitas variaveis. Quando eu falei que estavamos comparando 40 anos de pensamento AA citando aqueles sistemas todos, queria dizer que, mobilidade, ECCM, meios de aquisição, rastreio e edição de tiro é que constituem praticamente tudo nas potencialidades de um sistema. O armamento de tubo é apenas uma das variaveis.

Uma das coisas que sempre temos que detectar na fase de criação de um novo programa são os legados de projetos existentes que constituem modelos "imexiveis" de sistemas. Em sistemas de tubo existem legados congelados que a muito tempo permanecem

Dou um exemplo.

As fragatas canadenses classe Halifax, utilizan-se de canhões Bofors 57mm. Já li varias criticas quando a escolha de um calibre baixo para esta classe. Defensores da idéia de que para o apoio de fogo sobre terra seria necessario um calibre muito maior.

Imediatamente quando leio sobre isto, me recordo das palavras do Almirante Mario Jorge Hermes, falando sobre uma idéia de armar as Inhaumá com 2 Bofors 57mm, e que em simulações (feitas pela MB) eles 2 seriam superiores ao canhão 114mm pela maior cadencia de fogo, apesar do menos calibre.

De quebra a Inhauma canharia uma defesa anti missil mais eficiente e apenas um calibre de munição estocado a bordo.

No caso da Inhauma o que pesou mesmo foi que a munição 114mm dos Vickers Mk8 já era nacionalisada e padrão com as Niteroi.

De qualquer sorte o que quero comentar com esta historia é que muitos legados de projetos e paradimas pemanecem em se tratando de armamento de tubo, muitas combinações de canhões que citamos, são ineficientes, mas persistem ao longo dos anos.


"O 2S6M Tunguska-M1 foi criado para atuar de forma eficiente como CADWS e SHORAD, pois seus 8 misseis 9M311 podem varrer qualquer aeronave em um raio de 10 km, mas caso ela consiga passar por isso, seus 2 canhões 2A38M de 30mm e alta cadência (cerca de 600 TPM) estarão aptos a terminar o serviço. Não existe nada similar a este sistema na parte de mobilidade e poder de fogo".

É uma pena que esta mensagem já esta ficando muito longa, porque eu adoraria falar mais sobre este sistema. O Tunguska para mim é o modelo ideal não apenas de um sistema movel AA para colunas blindadas, mas de toda uma raiz de pensamento sobre gestão de especificações x cenários feita pelos responsaveis por este projeto.

Eu citei varias e varias vezes o exemplo do Tunguska na época que trabalhava em Israel e desenvolvia trabalhos sobre novos sistemas de proteção AA em estudos pelo ministério da defesa daquele pais a alguns anos atrás.

Eu considero que em pouquissimas coisas os russos estão realmente na frente do resto do mundo, a principal delas são em sistemas de defesa AA, disto estou convicta.




Elizabeth

Enviado: Ter Abr 24, 2007 11:29 pm
por Koslova
Um texto antigo sobre a evolução do pensamento de projeto para estações espaciais.


As primeiras estações espaciais da historia foram a Salyut-1, lançada em Abril de 1971e o SkyLab em março
de 1971.

Ambas as estações espaciais eram bem diferentes em termos de tamanho.

A Salyut tinha 18,3 toneladas o SkyLab tinha 76,2 toneladas mais de 4 vezes mais.

O que definia este tamanho? Basicamente a capacidade de lançamento do foguete destinado a colocar a estação em órbita. A NASA usou o Saturno IB. Os soviéticos o Próton.

Estas estações são a primeira geração, seriam as “estações monobloco” eram lançadas inteiras e sua única tarefa orbital seria a abertura dos painéis solares, coisa trivial porque a maioria dos satélites de maior porte fazem esta manobra.

Até o lançamento destas estações o recorde de permanência no espaço era de 17 dias, com a Soyuz-9 em Junho de 1970. A Salyut-1 possibilitou a quebra deste recorde em 23 dias em junho de 71 com a tripulação falecendo durante a reentrada por despresurização da Soyuz 11. Como eu tinha explicado naqueles mails sobre trajes espaciais no projeto original da Soyuz quando esta voava com 3 tripulantes não havia trajes pressurizados porque o espaço para o condicionador
ambiental do traje ficava no espaço do assento central do terceiro tripulante.

O SkyLab levou este recorde para 28, depois 60 depois 84 dias em novembro de 73.

Este recorde americano durou até dezembro de 77 quando a Soyuz 26 esticou ele em 96 dias com a Salyut-6.

Aqui então mos temos a primeira pausa para falar sobre esta filosofia de projeto de estações espaciais, a Salyut-6 foi um divisor de águas.

Até a Salyut-5, todas as Salyut era mais ou menos iguais, tinham o mesmo tamanho a mesma instrumentação, seguiam projetos parecidos. A série Salyut que vai da 1 a 7 era uma alternância de estações espaciais com ênfase em pesquisa civil e militares.

Na Salyut-6 existiam dois pontos de acoplamento na estação e não apenas um como em todos os projetos soviéticos e americanos até então. Isto permitia o reabastecimento da tripulação com naves Progress assim
como troca de tripulantes.

As Salyut até a 5 assim como o Skylab estavam projetadas para vôos até 3 meses, com a Salyut-6 agora se tinha a possibilidade de prolongar estes vôos porque existia a possibilidade de mais suprimentos e combustível. Uma Salyut sai do solo com cerca de 2000Kg de combustível que permite manter sua órbita por até 4 anos.

Alguns autores separam a primeira geração de estações espaciais da segunda neste ponto, a capacidade de reabastecimento, outros consideram que a MIR seria a segunda geração porque as técnicas de construção das Salyut eram as mesmas, continuavam a ser “estações
monobloco”.

A Salyut-6 levou o recorde de permanecia no espaço para 185 dias em 1980, e a Salyut-7 levou para 237 dias em 1984.

Veja que a filosofia com o uso de reabastecimento levou de uma limitação de 90 dias para até 237 dias.

RESUMO DA GERAÇÃO SALYUT & SKYLAB.

-Estações monoblocos com pesos determinados pela capacidade de lançamento do foguete, no caso russo 20toneladas.

-Até a Salyut-5 apenas um ponto de acoplamento o que impedia reabastecimento e limitava na pratica a 90 dias a permanência.

-Ganho de tempo de permanência em órbita com da Salyut-6 a Salyut-7 porem com pouca produção cientifica pelo limitado tamanho da estação.
Basicamente um cilindro de 13m x 4,2 de diâmetro algo do tamanho de um ônibus urbano em termos de espaço útil para que tenham uma idéia de comparação.


A MIR

A MIR tinha como objetivo esticar os tempos de permanência para uma avaliação de viajem a Marte, mas principalmente aprofundar as pesquisas cientificas em ambiente de micro gravidade, o primeiro ponto
importante sobre ela é que a MIR fatalmente teria de ser significativamente maior que as Salyut, teria também que ter prazos e orçamentos exeqüíveis uma vez que uma fatia enorme de dinheiro estava sendo aplicada no Buran / Energia.

A idéia básica sobre a MIR era utilizar a infra-estrutura já existente no programa tripulado Soviético. De fato todos os elementos de hardware que compunham o programa MIR já existiam antes 1986 quando ela foi lançada. Proton, Soyuz, Progress, Módulos básicos da Salyut com o reaproveitamento de uma enorme gama de seus subsistemas.

O uso do Pronto como lançador limitava em 20Ton o peso dos módulos, assim a MIR seria composta de 6 módulos todos com até 20Ton. Na verdade foram 5 com peso oscilando de 20,3 a 18ton mais o Kvant-1 com cerca de 11ton.

O primeiro modulo foi o “Core” que foi lançado em fevereiro de 86, depois a ele se juntou o Kvant I, março de 87 e assim modulo a modulo até o Priroda em 1996.

Todos os módulos eram lançados pelo Proton em realizavam um “rendezvous” de forma automática com a estação já em órbita.

Isto implicava que todos os módulos teriam que serem autônomos quanto a capacidade de manobra, geração de energia, sistemas de condicionamento térmico etc.. porque agiriam como satélites 100% autônomos até o encontro com o “core” para formar a estação espacial
MIR.

Isto gerava uma necessidade de dotar cada módulo de subsistemas complexos de propulsão por exemplo. Assim dentro das 20ton de limitação existiam parcelas que viravam peso morto quando já integrados a estação, estas parcelas de peso morto seriam a desvantagem da
técnica empregada.

Um outro ponto importante é que os módulos levavam cada um painéis solares para a sua fase autônoma que por sua vez se somariam a capacidade da estação quando integrados ao complexo, na pratica cada modulo teria que gerar a sua necessidade de consumo. Isto implicava que o projeto dos painéis solares dos módulos tinham que ser feitos de forma que estes quando integrados a MIR não deveriam interferir no desempenho dos painéis já existentes ou de módulos futuros, isto implicava que para um numero maior de módulos este tipo de projeto estaria saturado.

Esta técnica de integrar módulos autônomos de até 20ton para formar uma estação seria a segunda pagina nas técnicas de construção de estações orbitais.


O resumo da MIR quando a montagem seria a seguinte.

- Com o uso de elementos de Hardware já existentes o custo de desenvolvimento do projeto caiu bastante o que era desejável em função dos elevados custos do Buran / Energia. O programa MIR custou no total algo como US$4,5bi e o programa Buran/Energia US$15bi aproximadamente.

- A parcela de peso e espaço não útil devido ao comportamento autônomo dos módulos até o acoplamento gerava um custo de manutenção orbital extra para uma massa não útil. Uma estação precisa de algo em torno de 3% do seu peso em combustível por ano para correção orbital. O custo de combustível entregue em órbita é de cerca de US$15mil dólares por Kg. Para a MIR o custo de manutenção em combustível seria de aproximadamente US$ 55milhoes de dólares ano.

- A arquitetura de módulos autônomos com sistemas de energia própria impediria o crescimento deste tipo de configuração alem do tamanho da MIR porque existiriam problemas de interferência mutua entre painéis e
radiadores em uma estação com tamanho maior.



A FREEDON, MIR-2 E ISS

A Freedon nasceu nos anos 80, em plena era do Shuttle e aqui cadê uma distinção importante. Naves como a Soyuz são veículos de acesso ao espaço, não oferece nenhuma facilidade para trabalho em órbita. O Shuttle por sua vez tem uma amplo compartimento de carga, leva
mais de 20ton de carga útil ao espaço, possui um braço mecânico para manipulação de cargas e completa estrutura para EVA (caminhadas espaciais). Seu período de permanência no espaço seria é de 14 dias em função da suas técnicas de geração de eletricidade em células
de combustível que exige a armazenagem de H2 e O2.

O plano para a Freedon passava pelo uso do Shuttle para a sua montagem. Assim como a Salyut e MIR, os módulos base seria na faixa de 20 toneladas que é a capacidade de carga do Shuttle, mas o diferencial é que estes módulos podem ser levados e integrados a estrutura da estação utilizando toda a infra estrutura do Shuttle, o resultado é que não existiriam mais pesos mortos como no caso da MIR com seus módulos autônomos.

A Freedon era uma estação grande, teria uma necessidade de geração de energia de pelo menos 65Kw, mais de 3 vezes o total da MIR.

Como aquele problema de interferência mutua entre painéis acoplados a módulos que são montados próximos era um limitante para o crescimento da capacidade de geração a Freedon tinha uma solução de projeto
diferente.

Os painéis solares seriam montados em estruturas na forma de “asas” isto os tirariam da região dos módulos tornando os seus movimentos para captação da luz solar mais fáceis e minimizando as chances e colisão com
veículos de acesso manobrando próximos aos pontos de atracamento.

As “asas” assim como outras estruturas de sustentação da Freedon seriam montadas através de EVA’s isto apenas seria possível por causa do Shuttle, assim como a integração dos módulos sem necessidade de sub
sistemas de atracação.

O resumo das facilidades que o shuttle deu a Freedon
seriam os seguintes.

-Uso de módulos livres de sub sistemas de propulsão que seriam levados até a estação no compartimento de carga do Ônibus, isto livrava a Freedon dos “pesos mortos”da MIR.

-Possibilidade de montagem da estação com interferência humana, braço mecânico mais EVA, isto traria muito mais flexibilidade para equacionar
problemas como da interferência de painéis solares.

O ponto critico desta técnica era uma só. CUSTO.

Afinal cada módulo seria na verdade um vôo do Shuttle, um tipo de vôo tripulado que é o mais caro dos vôos espaciais. Isto levou o custo da Freedon nas alturas.


A MIR-2 partia do suposto que o programa espacial soviético receberia dois reforços importantes. O Buran e o Energia. Todas as facilidades que o shuttle traria a Freedon o Buran traria a MIR-2. Seria possível montar no espaço estruturas, painéis, ter flexibilidade de manutenção, levar mais de 20 ton de carga a estação para suprimentos e não os cerca de
2,8ton do Progress etc...

Em um ponto no entanto a MIR-2 diferia da Freedon. O Energia poderia colocar mais de 10ton de carga de uma vez no espaço. Seria possível lançar a estação no atacado com dois vôos do Energia se equivalendo a 10 vôos do Shuttle em termos de capacidade. A MIR-2 seria cara, mas não chegaria nos níveis da sua rival americana, alem de ser comparativamente maior, pelo menos em capacidade de energia os projetos (a MIR-2 nunca teve um projeto final congelado, apenas
propostas) eram pelo menos 60% maiores na media.


Quando os Russos foram participar do projeto nos anos 90 ele em boa parte já estava congelado quando a técnica de montagem. Módulos de 20 toneladas que seriam lançados pelo Shuttle, Ariane V e Proton, alem
de módulos de até 13ton lançados pelo H-2 japonês.

A idéia de usar o energia já estava fora de questão porque os projetos base dos módulos já estavam congelados, haviam pressões políticas da NASA para não ser figurante, assim como o Energia era um foguete
fora de cena com apenas 2 vôos um com sucesso e outro
perdido.

A ISS para efeito de construção usaria a formula da Freedon, altamente dependente do Shuttle como lançador, missão que não figurava no seu projeto como prioritária, cara mais segura.

A contribuição russa no projeto veio justamente onde os americanos não podiam competir porque não tinham experiências. Tecnologias de manutenção de ambiente, sistemas de propulsão e energia.

O Zarya é um modulo de 20ton (novamente a limitação do Proton), com 12ton de capacidade de combustível, é o coração da ISS,. Nele estão os sistemas de propulsão, energia e condicionamento ambiental. Sua tecnologia é uma evolução do programa MIR planejada originalmente
para a MIR-2, custou US$220mi derrotando a proposta da Lockheed chamado BUS-1 de cerca de US$440mi.


Eu procurei dar uma visão bem geral sobre o assunto sem entrar em nada muito especifico, se alguém tiver alguma questão mais especifica e se eu souber respondo com prazer.

Pra resumir a idéia de evolução de construção de estações orbitais em 30 anos de evolução seriam.

Estações monoblocos, SkyLab e Salyut

Estações com módulos autônomos intragraveis em órbita,
MIR

Estações com módulos sem capacidade autônoma integrados em órbita por ônibus espaciais, com processo de montagem humana. Freedon, MIR-2, ISS.




Algumas imagens para contar a história


Imagem

Vejam a Salyut como fica claro apenas o bloco único que caracterizam a estação. No plano horizontal temos os dois painéis solares, no plano vertical temos um trocador de calor.


Imagem


Na outra foto a MIR, completa no espaço. Vejam a necessidade de que os painéis solares não ocupem a mesma cota para qualquer um que seja o plano de projeção, neste caso estamos com o sol incidindo
pelo plano lateral. Este compromisso de projeto limita um pouco o crescimento de capacidade de geração em estações muito maiores que a MIR. Ai a MIR esta sendo vista de frente. Aquela Soyuz esta no atracadouro principal. O modulo com o acoplador do Shuttle em amarelo é o Kristall, no sentido horário temos o Priroda, o Kvant II e o Spectr. Atrás no eixo central da estação onde a Soyuz esta acoplada temos o “Core” que é o modulo central e do outro lado do Core o Kvant
I.


Imagem


E por ultimo uma ilustração da ISS. Notem as grandes “asas” que sustentam os painéis solares e radiadores.

Se você esta entendo os conceitos do texto, fica fácil entender o porque das “asas”.

Na MIR cada modulo era autônomo, assim tinha que chegar a estação por meios próprios e se acoplar a ela. Cada modulo tem que gerar energia na mesma proporção que consome, e isto torna a geometria da MIR limitada em crescimento.

A ISS, herança do projeto Freedom, existe o Shuttle que permite montagem de estruturas no espaço. Assim as “asas”tiram a necessidade de módulos com alimentação própria, otimizando a sua geometria de montagem. Longe das células solares também é possível uma maior liberdade de movimento para as naves que se acomplam a estação. As pequenas asas centrais, fornecem energia a ISS durante seu processo de montagem até que as principais asas principais estejam concluídas, coisa que ainda não aconteceu por sinal. Com este tipo de projeto é possível incrementar bastante a capacidade de geração de eletricidade e aumentar o potencial cientifico da estação.

Enviado: Qua Abr 25, 2007 12:17 am
por Koslova
Um texto meu de 8 anos atrás sobre o RBS-70


O RBS-70 é um míssil SAM transportável de 15Kgde peso
guiado a laser ( BeamRider) com um alcance de até
7000m, sua ogiva tem apenas 1Kg de carga explosiva.
No final da década de 80 ele chegou a ser oferecido ao
brasil através de uma parceria entre a BOFORS e a CBV
industria mecânica, mas o negócio acabou não vingando
com o EB escolhendo o IGLA alguns anos depois, e o
CFNescolhendo o MISTRAL.


Para entender o motivo da escolha de cada um, é
preciso fazer uma distinção bem clara entre um míssil
SAM de infantaria portátil e transportável, o primeiro
tipo pode ser representado pelo pioneiro soviético
SA-7, o inglês BLOWPIPE, o americano STINGER ou o IGLA
atual, são mísseis de até 10Kg de alcance na faixa de
até 4500m que podem ser operados e transportados pôr
apenas um homem, são lançados do ombro.

No segundo tipo, como o RBS-70 e o MISTRAL, são
mísseis maiores, na faixa de 15 a 20Kg, que são
lançados de tripés
montados, com um pequeno assento e são transportados
pôr dois ou três homens, esta classe de mísseis tem um
envelope de engajamento maior, com alcance na faixa de
6 a 7.5Km, e sistema de guiagem mais resistentes a
ECM, e com maior capacidade de engajamento frontal.
Ao meu ver a escolha pôr parte dos fuzileiros
brasileiros e argentinos em torno de um SAM nesta
Segunda faixa, esta ligada a uma melhor relação
mobilidade desempenho, em operações onde a ameaça
aérea se faz presente com maior intensidade, como na
tentativa de defender uma cabeça de ponte na seqüência
de uma operação de desembarque.


Um míssil como o RBS-70 de apenas 15Kg tem um alcance
apenas 1Km menor que um CROTALE que pesa quase 5 vezes
mais, mais bom lembrar que o sistema de lançamento do
RBS-70 pesa mais de 60Kg..

No caso do EB a escolha
pelo IGLA parece Ter sido muito influenciada pelo
pequeno tamanho e peso do míssil russo, um míssil na
classe do MISTRAL traria enormes esforços para ser
transportado pôr soldados dentro da selva pôr exemplo.

A principal diferença entre o RBS-70 e seus similares
é a forma de guiagem laser, que é uma ruptura com o
clássico sistema de direcionamento IR presente nos
mísseis SAM de infantaria.

A incorporação desta
técnica trouxe alguma vantagem bastante interessantes:

1)A imunidade a ECM, FLARE o CHAFT.

2)Capacidade de engajamento frontal sem nenhuma
restrição de temperatura do alvo ou posição do sol.

3)Maior efeito destrutivo ao não ter a tendência de se
fixar na tubeira.

Como desvantagem temos:

1)Ausência de capacidade dispare e esqueça

2)Maior importância do treinamento do operador.

3)Maior peso do sistema de solo.

Um dado que chama a atenção no RBS-70 é o diminuto
tamanho da sua ogiva, que é de apenas 1Kg, contra 3Kg
do MISTRAL e ogivas variando de 1.8 a 2.5Kg em mísseis
da classe portátil.

O pequeno tamanho da ogiva pode
ser explicado pôr dois fatores ditados pela estratégia
de projeto, o primeiro deles seria o fato que o míssil
tem mais chances de atingir áreas vitais do alvo (
tanques da fuselagem, cookpit) e não apenas as
tubeiras, e o segundo fator que é o mais importante é
a forma como os seus projetistas decidiram a relação
de compromisso entre alcance e manobrilidade.


Ogivas proporcionalmente pequenas sempre são indícios
de capacidade de manobra de um SAM ou AAM em ambos os
tipos de mísseis a capacidade de manobra é delineada
pelas seguintes variáveis e compromisso de projeto:


FATOR ESTRUTURAL. Quando um míssil tem uma capacidade
de manobra grande as cargas presentes em sua estrutura
também são maiores, logo a estrutura tem que ser mais
forte porem este acréscimo de peso acaba pôr diminuir
a capacidade de manobrar, e um ponto ótimo desta
relação de compromisso tem que ser escolhido, este
ponto ótimo atualmente esta na casa dos 50Gs, para
mísseis AAM de grande agilidade.


FATOR AERODINÂMICO. É a capacidade que um projeto
aerodinâmico tem de garantir capacidade de manobra
para o míssil em situações de altos ângulos de ataque,
elevadas taxas de aceleração, sem que as suas
superfícies de controle percam eficiência devido a
ocorrência de stol, são fatores que mísseis TVC, ou
projetos aerodinâmicos muito refinados como o PhytonIV
se sobressaem.


FATOR RASTREADOR. Muitos das técnicas de projeto
aerodinâmicas atuais já eram conhecidas ou imaginadas
desde as décadas de50 e 60 quando os SideWinder foram
criados. Mas de nada serviria um projeto aerodinâmico
como o do Phytoon IV para o SideWinder modelo B do
final da década de 50, uma vez que o seu sistema de
busca era limitado em velocidade e angulo de visada, o
míssil mesmo que aerodinamicamente pudesse manobrar
melhor contra uma manobra evasiva, o alvo o escaparia
pôr limitações do seu buscador, desta forma a relação
de compromisso se mantinha mais harmoniosa no sentido
de conciliar Alcance/manobra/sistema de busca.


Agora com estes três fatores de capacidade de manobra
explicados da para voltar na questão dos mísseis SAM
de infantaria. Apesar de todo o avanço atual ainda os
mísseis SAM leves guiados pôr IR sofrem com limitações
de seus buscadores em função dos menores diâmetros de
fuselagem, e da dificuldade de se criarem sistema de
refrigeração confiável e robusto para este tipo de
emprego.

Quando os projetistas suecos decidiram pôr um
míssil guiados a laser sabiam que o fator rastreador
não seria tão fundamental na estratégia de
manobrilidade, e isto possibilitou a eles decidirem as
relações de compromisso no projeto do míssil de uma
forma diferente.

O reflexo mais visível então foi estaogiva de apenas
1Kg.


Em uma comparação com o mistral temos

RBS-70.
Peso 15Kg..........ogiva 1Kg..........alcance 7000m

MISTRAL.
Peso 17Kg...........ogiva 3Kg........alcance 6000m


A fração CÉLULA + COMBUSTÍVEL de ambos os mísseis são
idênticas, mas uma maior françao de combustível parece
estar presente no míssil sueco, o que pode se
explicarda seguinte forma.


Como no MISTRAL temos um peso de ogiva maior, a massa
acelerada no lançamento é maior, e isto requer maiores
quantidades propelente.

O projeto de uma célula que
não necessariamente vai abrigar um rastreador óptico
flexibiliza o projetista a definir um melhor LAY-OUT
para os componentes dentro da célula e isto
trásmelhorias no peso.
O

s dois últimos fatores que explicam estes 1000 metros
a mais de alcance para o RBS-70 é o fato que se ele
tem melhor capacidade de manobra pode ser ainda letal
no final de uma trajetória maior, pois aproveita
melhor as forças geradas pelas superfícies de comando.

E também o fato que o alcance do MISTRAL esta também
limitado a sensibilidade de seu buscador IR/UV, logo
mesmo que ele tenha energia cinética para um alvo a
mais de 6000m o sinal do alvo mais frio pode não
exita-lo adequadamente.

Diante deste limitador os projetistas franceses
parecem terem decidido uma relação de compromisso
muito importante para projeto de SAMs leves atualmente
de que é o teto máximo, o mistral tem 4500m e o RBS-70
apenas3500m. Será que este teto maior não foi o motivo
da escolha pôr parte de nossos fuzileiros ? Afinal em
um desembarque é provável que não tenhamos
superioridade aérea o que poderia deixar a aviação
inimiga voando mais alto para escapar do AA.


Um ultimo ponto que queria colocar sobre o projeto do
RBS-70 é o fato de que o seu sensor laser esta
colocado na sua traseira, e isto trás uma delicada
relação entre a posição do sensor e a saída dos gases
do motor. Como os gases de exaustão estão quentes e
emitem radiação IR, assim como devido aos produtos da
combustão serem ricos em moléculas que absorvem
radiação, se esta interferência entre a tubeira e o
sensor não forem bem conciliadas corre-se o risco de
se cegar o sensor laser e o míssil perder aorientação.

Este fator é a causa do maior diâmetro da fuselagem do
RBS-70, ( 10cm contra 9cm do mistral) assim como do
comprimento mais curto, com isto cria-se uma esteira
de turbulência próxima calda que abre um arco entre os
gases de escape impedindo que o sensor seja cegado, as
aletas maiores são um bom sinal disto, uma vez que o
fluxo próximo a fuselagem é turbulento. É claro que
isto tem reflexos no arrasto, mas um projeto mais
cuidadoso do nariz do míssil livre do rastreador ótico
ajuda a atenuar o problema.

Enviado: Qua Abr 25, 2007 12:19 am
por Koslova
Outro texto antigo, de uns 8 anos atrás sobre mísseis ant. tanques.

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Neste fim de semana sobrou em tempinho para brincar de
projetista de mísseis ai resolvi estimar alguns
valores básicos de projeto para 3 mísseis anti tanque
guiados a cabo, HOT, TOW e BILL.

Para que alguns que não conhecem muito do assunto
entendam os dados que calculei vou descrever alguma
coisa sobre o perfil de vôo deste tipo de míssil.

O vôo até o alvo tem duas fases clássicas, impulso e
sustentação.

Uma vez lançado o míssil e fortemente acelerado para
que atinja a velocidade de cruzeiro, esta aceleração
dura em torno de 1 segundo dependendo do modelo, e é
feita por um motor de impulsão que fornece uma
aceleração de lançamento da ordem de 28G.

A aceleração inicial não pode ser muito lenta pois o
míssil precisaria de uma superfície alar um pouco
grande para não cair logo depois da saída do tubo, e
esta superfície traria peso a célula e dificuldade de
acomodamento nos suportes de lançamento. Porem mísseis
como o antigo COBRA do exercito brasileiro com suas
asas proporcionalmente grandes sugerem uma aceleração
de lançamento menor.

Uma vez lançado e acelerado a velocidade de cruzeiro,
o míssil entra na fase sustentada do vôo, isto ocorre
a mais ou menos 100 metros do ponto onde foi lançado.
Sendo entao o motor de sustentação acionado. É
importante levar em conta que em muitos mísseis o
motor de sustentação e impulso é o mesmo, sendo este
projetado para ter uma curva de impulso variável de
acordo com a fase do vôo.

Calculei alguns dados sobre o TOW, o HOT e o BILL,
mais uma vez como no caso do EXOCET e do HARPOON to
levando em conta que eles tem uma eficiência de
projeto aerodinâmico iguais, e que o combustível que
usam tem a mesma eficiência energética.

Os dados calculados seriam:

PESO. É fornecido por publicações, usei como
parâmetro de calculo

TOW. 20.9Kg HOT. 23.5Kg BILL 10.3Kg


ALCANCE. Também é fornecido, outro parâmetro de
calculo.

TOW. 3750m HOT. 4000m BILL. 2000m


VELOCIDADE. Terceiro dado fornecido.

TOW. 1003Km/h HOT. 865Km/h BILL 720Km/h


OGIVA. É mais um parâmetro de calculo.

TOW. 6.3Kg HOT. 6.0Kg BILL 3Kg


TOTAL DE PROPELENTE. É o quando de combustível o
míssil transporta para consumir durante o vôo,
calculei para os 3 mísseis. (calculado)

TOW. 3.49Kg HOT. 3.86Kg BILL 1,245Kg


PROPELENTE DE IMPULSO. É o quando cada um deles gasta
de combustível para chegar a velocidade de cruzeiro na
fase do impulso. (calculado)

TOW. 2.02Kg HOT. 1.83Kg BILL 0.71Kg

PROPELENTE DE SUSTENTACAO. É o quando cada um gasta de
combustível na fase sustentada do vôo. (calculado)

TOW. 1.473Kg HOT. 1.974Kg BILL 0.529Kg


PESO DE CELULA. É o quando cada um deles pesa, tirando
o combustível e a ogiva. (calculado)

TOW. 11.11 Kg HOT. 13.69Kg BILL 5.85Kg


ARRASTO DE CRUSEIRO. É a força aerodinâmica de arrasto
que o míssil sofre quando esta na velocidade de
cruzeiro, quanto menor esta força mais facilmente o
míssil esta vencendo o atrito do ar, esta expressa em
Kgf, (kilo grama força). (calculado)

TOW. 31.58Kgf HOT. 27.13Kgf BILL 15.44Kgf


Dei apenas uma pequena pincelada em dados de projeto
aerodinâmico e mecânico, que são oque chamados de
variáveis primarias de projeto. É apenas para quem tem
um pouco mais de curiosidade sobre este tipo de
missel.

O missel ant. tanque tem uma vantagem "didática" de
se brincar com ele, por ele ser subsônico da para
fazer muitas simplificações no processo de calculo do
arrasto, como ele voa sempre na altitude que foi
lançando a densidade do ar não muda no decorrer do
vôo, ao contraio de um AAM, SAM ou míssil balístico.

Estes sim tem umas equações de arrasto de variação de
centro de gravidade que são meias cavalas, só da pra
ensaiar em computadores de médio grande porte.

Não falei nada de guiagem pois este é um assunto que
por si só rende uma dúzia de mails, mas se alguém
quiser continuar a conversar sobre o assunto........

Enviado: Qua Abr 25, 2007 12:21 am
por Koslova
Outro texto bem antigo sobre mísseis, neste caso, ant. navios.

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Estão ai os pesos básicos que calculei para o EXOCET
AM.39 e HARPOON AGN-84A, os dados são os fornecidos
pelo livro guia de armas de guerra.

A única simplificação que fiz foi considerar o projeto
aerodinâmico dos dois misses como tento o mesmo
rendimento.

O impulso especifico do propergou do AM.39 eu
considerei 280 segundos e o consumo especifico da
turbina do AGN-84 eu considerei 1,2 kg/h/kgf.

Os dados seriam o seguintes:


HARPOON EXOCET

Peso bruto 526Kg 655Kg


Ogiva 227Kg 165Kg


Peso do combustível 290.3Kg 48Kg

Peso da célula vazia 199.7Kg 251Kg


Eu não vou repassar a memória de calculo, acho que só
tem graça pra pouca gente quem quiser manda em private
que mando, mas o fato do HARPOON ser propelido por um
turbojato e não por uma foguete de combustível solido
trás ganhos muito grandes de desempenho, ele pesa 80%
do peso do AM-39, leva uma ogiva 37% maior a um
alcance mais de 50% maior também, 70 contra 110Km.

O peso da célula do Harpoon pode enganar a primeira
vista mais tem que levar em conta que neste peso de
251Kg esta embutida a turbina, que pode ter um peso
estimado em uns 50-60 kg. Com isto o peso das células
ficam muito próximo.

Um argumento que pode surgir é o seguinte, como o
Exocet tem um motor a foguete, teria que ter uma
célula básica mais pesada para poder agüentar a enorme
pressão interna da combustão, oque esta correto, mas
oque trás estes números novamente para o equilíbrio é
o fato que o HARPOON tem uma ogiva mais pesada e não
me pareceu pelas fotos que vi dele ser estruturalmente
independente oque trás a ele um pouco mais de peso
para compensar estes fatores.

A propulsão a foguete como no caso do EXOCET trás
vantagens claras em termos de simplicidade de
manutenção, custo de aquisição e custo de
desenvolvimento. Pode ter sido mais uma estratégia
para um míssil que teria que ter um desempenho tão bom
em vendas como em combate, do que necessariamente uma
conclusão de engenharia.

O sistema de turbinas tem as vantagens técnicas que
citei mas os custos são mais altos, principalmente o
custo de desenvolvimento, apenas um programa de
desenvolvimento de uma microturbina pode custar o de
um outro míssil de pequeno porte, mas no caso dos EUA
esta aposta é correta pois serviu de plataforma para o
mísseis cruise que usam motores nesta faixa de empuxo.
Só queria lembrar que estes dados de desempenho devido
a não Ter o detalhe do projeto aerodinâmico tem uma
margem de até uns 20%.

Falar sobre a eletrônica destes mísseis é um tiro no
escuro, geralmente quando falo alguma coisa sobre
radar é pelas fotos da antena que sempre trás um monte
de informações importantes, mas neste caso eles tem o
mesmo diâmetro de corpo, por extensão o mesmo diâmetro
de antenas, e nunca vi uma foto da antena de um destes
mísseis, se alguém tiver manda, mas acho impossível
divulgarem.

A uns 2 meses atras eu estava viajando a trabalho e
não tinha nada pra fazer no quarto do hotel, estava
lendo sobre o HARPOON em uma revista de aviação, e
comecei a fazer algumas tentativas de deduzir algo
sobre a eletrônica, oque deu pra estimar foi o
seguinte, como ele tem 35 cm de diâmetro, é plausível
uma antena de 20-18 cm de diâmetro, sei também que o
alcance do radar de busca final é de 20-30Km,
estimando um alvo do tamanho de uma corveta, 600t e
oque seria razoável em termos de ganho para uma antena
deste tamanho na banda X, obtive um valor de potência
de pico de 5.5Kw, com uma taxa de repetição de pulsos
de 150-400pps, seria isto oque da pra estimar, mas
ainda tem uma margem razoável de erro.

Enviado: Qua Abr 25, 2007 12:24 am
por Koslova
Mais um texto "velhinho" sobre o AS-15TT.


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Antes de ir para a casa dormir para me recuperar dos
embalos do rock in rio, mando uma foto de um míssil
mais ou menos raro, o AS-15TT, francês, míssil ant.
navio na faixa de 15km de alcance desenvolvido pela
França em meados da década de 80 com financiamento
parcial saudita.

O AS-15TT tinha como objetivo ser mais leve e barato
que o seu concorrente comercial o SEA SKUA.

A grande diferença em relação ao míssil inglês é a
forma de direcionamento , enquanto o SEA SKUA é um
míssil SARH (radar semi ativo) o AS-15TT é um míssil
ACLOS ( acompanhamento automático de linha de visada)

Notem no míssil na ponta das suas aletas em preto a
presença de uma estrutura cilíndrica, esta estrutura
que chamamos de “transponder” recebe o sinal do radar
AGRION do helicóptero lançador e o devolve de volta,
quando o AGRION recebe o sinal do transponder ele
determina a posição do míssil, plotando a posição do
míssil sobre a do navio alvo a do míssil se determina
se este esta em uma trajetória de impacto, caso não
esteja o radar transmite ao míssil um comando para que
este se alinhe com a linha de visada que leva ao alvo.

Esta técnica de direcionamento tem vantagens sobre o
peso do míssil que não precisa de uma antena
parabólica de radar e mecanismos associados, assim
como sobre o diâmetro base da fuselagem que não
precisa garantir o tamanho mínimo da antena de radar,
o diâmetro da fuselagem por sua vez tem reflexos sobre
o arrasto que implica em combustível que reflete
novamente em peso, moral da historia, o AS-15TT pesa
100Kg, tem uma ogiva de 30Kg para um alcance de 15km.
O SEA SKUA tem 145kg de peso para uma ogiva de 28Kg e
os mesmos 15km de alcance.

A premissa do SEA SKUA era de um míssil com grande
capacidade ECCM, para alvos de toda natureza, já o
AS-15TT é um míssil com menor capacidade de
resistência a contramedidas, para ataques basicamente
a lanças torpedeiras comuns na região do golfo, com um
custo de se desenvolvimento e aquisição mais baixos.

Isto é apenas um briefing rápido, se tiverem mais
interesse neste assunto, acharia legal a gente trocar
umas figurinhas.

Enviado: Qua Abr 25, 2007 12:39 am
por Koslova
Este texto, também antigo, foi enviado para um amigo da MB, na época CMG, hoje almirante da ativa, fazendo considerações sobre sistemas de mísseis SAM.

Por se tratar de um texto, dirigido a um profissional, ele esta um pouco mais elaborado.


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É uma longa história, vou tentar resumir bastante.

Um navio como o A-12 precisa de defesa de ponto com foco em misseis
anti navios.

Uma escolta não pode proteger um outro navio com eficiencia neste
tipo de ataque por uma razão simples.

O míssil anti navio como o Exocet teoricamente só pode ser detectado
a partir de 10 milhas do alvo, o que dá cerca de 80 segundos até o
impacto. Na pratica, este tempo é menor, algo como 50 ou 40 minutos.

Ao detectar o míssil a primeira providencia é a ação ECM do jammer
que tenta quebrar o travamento do seeker, seguido do lançamento do
chaff.

A eficiencia da ação ECM do alvo é no sentido de gerar um outro alvo
para o buscador, que pode ser uma nuvem de chaff ou um ponto
imaginário gerado por alguma técnica de jammer que costumam ter nomes estranhos como CEJ - Cross Eye Jammer - CPJ- Cross Polarization
Jammer - RGPO - Range gate pull off - VGPO - Velocity gate pull off.

O fato é que pelo modo de funcionamento do buscador o jammer não pode atuar na forma de barragem o que comutaria o míssil a se comportar como um ARM - Míssil anti radar- usando as emissões do alvo para se guiar. A titulo de curiosidade, nas malvimas aquelas missoes de
helicopteros sobre navios da RN para proteção anti míssil eram para
interferencia por barragem, ai sim o Exocet poderia comutar sobre o
jammer que neste caso era um helicoptero e teria chances de escapar
com grande facilidade.


A ação de ECM do alvo é sempre dissimulatória, gerando um falso alvo
para o míssil e não exatamente o seu bloqueio pela força bruta. Uma
ação de proteção ECM anti missil é bem sucedida quando o míssil
atacante destrava do alvo, e ai pode acontecer duas coisas.

Ou ele trava em um alvo falso oferecido a ele

Ou ele trava em outro navio, geralmente o de maior RCS já que ele
esta sofrendo ação de interferencia, vide o caso do Atlantic Conveyor
nas malvinas.

Neste caso de travamento em outro navio do GT, é que o A-12 precisa
de proteção AA anti missil.

Abririndo um pouco o leque de escolhas, entendendo os tipos de armas
e as suas diferenças fundamentais.

O armamento AA a bordo de um navio pode ser composto de até 3 classe
de armas:
· Um sistema CIWS de cano
· Um sistema SAM de curto alcance de defesa de ponto
· Por fim um sistema SAM de médio / longo alcance destinado a defesa
de área.

Falando especificamente sobre os SAM.

Os de defesa de ponto existem em três sub classes em função de seus
direcionamento:

SARH (Semi-Active Radar Homing). Seriam sistemas semi-ativos como o
ASPIDE ou o Sea Sparrow.

ACLOS (Automatic Command to Line Sight). Sistemas por linha de visada
são empregado em mísseis como o Sea Wolf, Crotale, Barak, Bamse etc.

IR/IIR. (Infra-Red / Imaging Infra-Red) Mísseis como o RAM, Simbad,
Umkhonto.

Destas três classes apenas o ACLOS é um sistema naval por excelência,
as outras duas tem características peculiares que as tornaram
aplicáveis a ambientes navais.

Sistemas SARH são heranças de sistemas AAM adaptados para uso naval,
não se projeta um SAM com menos de 20Km de alcance com técnica SARH.

O míssil SAM só vai ser semi-ativo e for derivado de um projeto de
AAM (Sea Sparrow, ASPIDE) ou se for de longo alcance como o Standard.
Porque desta situação?

Um míssil SARH precisa de uma antena com movimento mecânico de
varredura que deve ter uma exigência mínima de diâmetro para que
tenha um ganho mínimo que permita a ela captar o eco do alvo.

Este diâmetro mínimo de antena trava o diâmetro base da célula do
míssil, que por sua vez determina seu arrasto.

Alem do arrasto, existem pesos maiores associados a antena,
mecanismos de varredura, geradores de pressão pneumática para a
varredura etc. Isto trava o peso do míssil em uma faixa acima do
ideal.

Um projeto ACLOS não precisa de antena de radar na ponta do míssil,
isto elimina diâmetros mínimos de célula, gera economia de peso,
simplificação de projeto.

Como peso é uma coisa que varia sempre de forma logarítmica em um
míssil, os ganhos de arrasto e peso de célula tem um reflexo muito
diferente em mísseis de defesa de ponto ACLOS x SARH.

Quer um exemplo:

Um Sea Sparrow (SARH) tem cerca de 15km de alcance, seu peso é de
230Kg

Um Crotale (ACLOS) tem cerca de 12Km de alcance, seu peso é de 86Kg

Em resumo o Crotale pesa apenas 37% do Sea Sparrow e tem 80% do seu, alcance, é uma relação peso x alcance muito favorável. Isto acontece
em função destas questões que comentei de diâmetro mínimo de célula e
pesos suplementares que um SARH tem e um ACLOS não.

Outra grande vantagem do ACLOS sobre o SARH para defesa de ponto é a
acuidade.

Sistemas SARH tem limitações neste tipo de aplicação quando a RCS
mínimo do alvo (em função do menor ganho de antena do míssil em
relação ao ganho de antena de um radar de controle de tiro ACLOS),
assim como tem que operar em faixas de freqüência menores (<11Ghz),
para que a absorção atmosférica não destrua o sinal de eco. Um ACLOS
pode operar em freqüências maiores (tipicamente 34Ghz) onde a
precisão é melhor.

O resultado é a acuidade, um Sea Wolf em conduções controladas já
interceptou uma granada lançada por um canhão de 144mm, um Aspíde não teria acuidade e tempo de resposta para este tipo de aplicação.

Estas características de baixo peso (implica no tempo de reação e
capacidade de armazenagem a bordo), assim como melhor desempenho
contra baixo RCS (implica em melhor performance contra mísseis
antinavio), e melhor acuidade (implica em melhor capacidade contra
alvos em vôo rasante), tornam o ACLOS amplamente favorável em relação ao SARH em aplicações de defesa de ponto.

Não quero dizer com isto que mísseis SARH não são bons, a questão é a
região de operação, para faixas acima de 20Km o SARH é amplamente
mais indicado que o ACLOS.

Sem detalhar muito, a principal razão é a acuidade de direcionamento
terminal, que muda radicalmente a favor do SARH conforme a distancia
aumenta.

Um ACLOS basicamente é um sistema onde o radar de controle de tiro a
bordo do navio estabelece uma linha reta entre ele e o alvo e lança o
míssil, através de um transponder a bordo do míssil ele compara a
posição do míssil com a linha reta imaginaria radar - alvo, e manda
sinais para corrigir a posição do míssil de modo que ele sempre
esteja na linha reta radar – alvo e com isto entre em curso de
colisão.

A muito grosso modo isto é um ACLOS.

Conforme aumentamos a distancia radar-alvo qualquer erro angular
entre o radar e o centróide do alvo vai aumentando a distancia de
incerteza na qual o míssil pode passar do alvo, isto exige ogivas
enormes, novamente dentro da progressão logarítmica de peso existe um
ganho enorme de peso no míssil.

Veja um exemplo.

SA-02, direcionamento ACLOS, 50Km de alcance, 2300Kg de peso, 200Kg
de ogiva

Patriot PAC-1, direcionamento SARH, 60Km de alcance, 920Kg de peso,
90Kg de ogiva.

Em outras palavras, SARH de 50km de alcance pesa 40% de um ACLOS de mesmo alcance.

Resumo da opera.

Em pequenos alcances (<15km) o ACLOS é superior e peso x alcance e
acuidade

Em maiores alcance (>30Km) o SARH é superior em peso x alcance e
acuidade

Para um navio de combate em se tratando de defesa de ponto mísseis
ACLOS são significativamente superiores, portanto a escolha ao meu
ver recairia sobre um SAM como o BARAK, SEA WOLF, BAMSE, CROTALE.

Todos são muito equivalentes, porem o Sea Wolf já foi provado em
combate e possui um projeto totalmente otimizado para emprego naval,
neste caso ele estaria em ligeira vantagem ao meu ver.

Apenas dando uma pincelada rápida em sistema IIR que seriam a outra
classe de SAM de defesa de ponto.

SAM baseado em IR só vão existir em duas situações:
Aplicações Man Pad (Igla, Stinger, Mistral etc..)
Projetos derivados de AAM, (Chaparral, RAM, por exemplo)
IR em SAM tem uma grande série de desvantagens, todas elas atreladas
a irregularidade de condições de travamento do míssil no alvo em
função das condições ambientais, posição do sol, chuva, neblina,
temperatura do alvo etc.

Em sistemas portáteis como o Stinger IR é importante porque elimina
muito o peso final do conjunto míssil + lançador, que deve ficar em
até uns 17Kg para poder ser transportado pelo soldado a pé.
Fora aplicações como esta não se costuma usar IR em SAM, alem é claro
de sistemas adaptados como o Chaparral.

Mas porque então se usa SAM IR em alguns navios?

Basicamente são aplicações peculiares. Ou se usa sistemas IR a bordo
em pequenas embarcações de patrulha, mísseis leves e baratos como o
Simbad, ou se usa SAM IR em retrofit de meia vida de embarcações,
eles tem a vantagem de preço, já que não associam a eles radares
complexos e caros de controle de tiro que um ACLOS iria trazer. São
aplicações paliativas que visam baixos custos ou aumentar a demanda
de produção de células de AAM já existentes como AIM-9.

O uso do Umkhonto no A-12 recai nesta questão de emprego de missil
IIR em uma aplicação critica onde o ideal seria um sistema com plena
capacidade anti missil.

Temos que levar em consideração ai uma questão cultural.

O A-12 + A-4 é um sistema de armas que opera de forma desarmonica já
que a proteção ASW é inadequada, os meios logisticos de
reabastecimento são pobres, os aviões embarcados são de capacidade
duvidosa na função de defesa da frota.

A adoção de um missil Umkhonto sera uma paletativo assim como o
Simbad era no A-11, de capacidade extremamente duvidosa em relação a
principal ameaça que seriam os misseis anti navios.
Novamente recai na velha maldição brasileira de gastar muito dinheiro
de forma não planejada e harmonica em projetos de capacidade
duvidosa.

Qual seria o sistema ideal de proteção?

Adoção de um sistema CIWS de 20 ou 40mm, preferencialmente
complementar a um míssil SAM de defesa de ponto.

Se vocês olharem os porta aviões da RN existe a adoção de 3 sistemas
CIWS, Phalanx ou Goalkeeper, do navio sendo um frontal na proa, isto
acontece para que não exista angulo cego de disparo, espacialmente
quando na evasão do ataque o navio oferaça a proa ao míssil redusindo
a area frontal e conseguente RCS, ai ele estaria no angulo otimo do
CIWS frontal.

Se olharem o Principe de Asturias, irão ver 4 CIWS Meroka em um
arranjo onde a manobra de evasão oferece a popa do navio ao missil,
sendo que neste angulo 2 CIWS estarão em angulo otimo de disparo.

O Garibaldi o arranjo é com 3 CIWS Otto Breda, sendo dois nas
laterais com a evasão pela popa onde fica o terceiro.

Para o A-12 o ideal seriam 3 ou 4 CIWS (depende da disponibilidade
para formar os angulos de disparos).

Se for adotada a opção por um missil SAM o ideal seria um sistema
ACLOS de grande acuidade, especialmente de banda Ka, sendo a minha
preferencia pelo Sea Wolf que é otimisado para este tipo de batalha.
Na pratica o Aspide pode ser empregado para manter a padronisação,
mas seu desempenho anti míssil não deve ser tão otimo quando o Sea
Wolf.

O importante neste tipo de aplicação não é exatamente o envelope do
míssil e sim algumas outras qualidades como tempo de reação e
acuidade na busca, especialmente contra baixos RCS.

O Sea Wolf é um míssil naval por execelencia. Misseis navalisados
como o Crotale, Barak, Bamse tem envelopes aerodinamicos um pouco
maiores porque são também SAM de defesa de ponto baseado em terra
onde a necessidade envelope aerodinamico é um pouco maior.

Qual a aplicação basica do Sea Wolf, defesa anti míssil de navios,
basicamente ASW que não se aproximam muito de terra, isto dita seu
envelope.

Enviado: Dom Abr 29, 2007 2:15 am
por Koslova
Um compilado de textos sobre o Irã e seus mísseis.



Imagem



Estes acima são mísseis de combustibel sólido.

Eu acredito que sejam os Fateh-110, um míssil de projeto local na faixa de 170Km de alcance.

Este tipo de projeto normalmente é a "ponte" de entrada no desenvolvimento de misseis com combustivel sólido. Projetos como o Alacran argentino e Haft paquistanes são bastante equivalentes como plafatorma tecnologica.

Este tipo de míssil é lançado em salvas e faz saturação de area, algo muito proximo a sistemas como o ASTROS, mas com relações carga util x alcance que chegam a ser o dobro ou o triplo.

Como curiosidade, os dois misseis mais baixos na foto tem a sua parte da frente brilhando. São na verdade impulsores que geram o spin na parte dianteira do míssil estabilisando sua trajetória balistica. Os três misseis mais altos na foto já tirevam seu spin gerado.

Ao fundo um lançador que ainda não lançou o seu míssil. Pelo angulo de subida o alcance foi bastante baixo para este lançamento, o que é natural quando se faz um teste e deseja que o impacto seja dentro do poligono.


Imagem


Nesta foto o Shahab II, missil de combustivel liquido com pelo menos 1500Km de alcance, basicamente uma copia autorizada do No Dong norte coreano, que também foi cedido ao Paquistão onde é denominado Ghauri.

Como todo míssil de combustivel liquido ele tem uma margem de potencia (empuxo / peso) relativamente pequena, o que gera uma subida lenta, pode-se obversar isto pela dispersão da areia.

Em um lançamento de combustivel sólido onde a subida é rapida e a onda de choque mais veloz, a subida da areia é vertical em um lançamento de combustivel liquido a dispensão é mais horizontal.

O tipo de pluma de exaustão também é diferente. O míssil de combustil solido produz muito mais fumaça que marca a sua trajetória, o liquido não.

Ainda na ultima foto, um terceiro indicio sobre o tipo de combustivel e projeto de míssil.

Notem que proximo a chama do propulsor existem 4 saidas de fumaça mais escura em relação a chama.

Estes gases são o escape da turbina de bombeamento. Pela sua temperatura (que é obervada pela cor da fumaça) sabemos que ele é um missil com bombeamento bi propelente, isto é, o oxidante e combustivel se queimam dentro da turbina para gerar cerca de 800Hp necessarios ao bombeamento dentro da camara.

Existem muitas fontes e princialmente duvidas sobre a precisão destes misseis. Eu acredito que seu CEP esteja entre 150m a 220m, isto é, ele tem 50% de chance de cair em um raio circular de 150 a 200m de seu alvo.

O Shahab II é um projeto de segunda geração. Atualmente se caminha para duas melhorias chaves em programas de misseis desta natureza.

A primeira é a migração para combustiveis sólidos, mais faceis de serem manusiados e com menor tempo de preparação para lançamento. O Irã tem provavelmente em estágio inicial projetos com 1500Km x 750Kg com combustiveis solidos, mas dificilmente algo já operacional.

A segunda melhoria é o conceito de RV para misseis de médio alcance, adotado já pelos EUA e URSS no final dos anos 70, e pela China e India já nos anos 90.

Ele é fundamental por diminuir o RCS durante a reentrada bem como a area fisica de impacto para uma defesa anti míssil.

O projeto indiano Agni II é o paradigma de programa moderno neste tipo de arma, Irã, Paquistão e Coréia do Norte estão um passo atrás.

Os comentários rápido sobre estes misseis são estes, infelizmente não tenho muito tempo para falar sobre tudo que aconteceram durante estes testes, o que digo a vocês é que foi sim, uma demonstração do Irã de que ele tem capacidade operacional para golpear alvos no oriente médio, alem da demonstração desta capacidade como as fotografias parecem terem sido cuidadosamente escolhidas, também se procurou testas toda a capacidade de comunicação e controle necessarias a estas operações.

Aproveitando para falar sobre a questão do Pershing II levantada em outra mensagem, a sua precisão é melhor que 50m, graças a um RV dotado de radar de mapeamento ativo, o que corrigia a trajetória nas ultimas 10 milhas.


O Pershing II é o paradigma de perfeição em projetos de mísseis de médio alcance, foi banido no final dos anos 90 graças aos acordos de redução de arsenais. Ele e seu equivalente russo o SS-20 (tecnologicamente inferior) eram armas de decaptação para um cenário nuclear tatico.

Durante os anos 80 existia na europa a idéia de que se a guerra nuclear tatica não fosse uma opção desenvolvida ao extremo da tecnologia, a doutrina MAD continuaria mantendo o equilibrio militar entre EUA e URSS.

Alguns acordos como a proibição de misseis de cruseiro lançados de terra vinham exatamente neste sentido de doutrina.


Quanto tempo um míssel Shahab levaria desde seu lançamento até atingir o seu alvo no OM, como por exemplo uma base americana no Golfo ou Israel? A identificação do lançamento do míssel seria rápida?


O tempo de referencia seria de 10 minutos, naturalmente depende do alvo e do envelope do míssil.

As formas de detecção do míssil são basicamente duas.

A primeira são por sistemas “early-warning satellite” onde um satélite em órbita muito alta, normalmente geoestacionaria no caso americano, fornece um alarme tipicamente após um minuto do lançamento, assim que o míssil cruze as nuvens mais baixas, e tenha velocidade suficiente para ser caracterizado como um míssil e não como uma fonte parada de calor, como um incêndio, por exemplo.

Quem opera estes sistemas de satélite são o NORAD e as forças espaciais russas.

Depois de detectado por sistemas de satélite entram em ação radares de longo alcance, como o Green Pine que equipa o sistema Arrow, ele tipicamente detecta o míssil nos últimos 50% da trajetória, onde é possível medir a sua velocidade e trajetória, estimando exatamente o seu ponto de impacto.



Só sistemas de mísseis anti-míssil dos estilo Patriot poderiam tentar defender o território de um ataque desses mísseis iranianos.


Mísseis como o Patriot e o S300 tem uma capacidade secundária para interceptação de IRBM. O Standard da marinha americana também estaria nesta classificação.

A estimativa de sucesso para uma interceptação com esta classe de armas, varia de 40% a 60%. Obviamente são números de referencia, haja vista o resultado obtido pelos Patriot no golfo em 1991.

Projetos como o Arrow e o THAAD - Terminal High Altitude Area Defense – são mais otimizados para este tipo de engajamento. Embora seus dados sejam obviamente classificados, e também por não terem sido empregados em combate, o que se espera como referencia para esta classe de mísseis seria uma eficiência de pelo menos 80%.

A defesa de Israel esta calçada em cima de 2 baterias com 6 mísseis cada. Uma próxima a Haifa e a outra próxima a Tel Aviv, embora não existam informações oficiais da IDF sobre uma terceira bateria ela é tida como provável.

Com até 18 mísseis disponíveis para lançamento imediato a única chance do Irã seria um ataque de saturação contra os sistemas da IDF.

Isto significa que se o Irã lançar digamos 20 mísseis balísticos pode exaurir o sistema ABM de Israel?

Em teoria sim, mas também existem dificuldades para o Irã.

A primeira é coordenar um ataque de saturação de mísseis por parte do Irã. Este exercício procurou dar o recado para Israel e os EUA, algo como: “Nós temos capacidade de lançamento múltiplos e simultâneos”.

Se analisarmos o Iraque em 1991 existiam cerca de 50 lançadores moveis capazes portanto de um ataque se saturação contra Israel. O recorde de lançamentos em uma noite foi de 8 lançamentos, na média os ataques tinham 7 ou 6 lançamentos por noite. Isto vem do fato que os EUA como vocês sabem cercaram o Iraque e obtiveram superioridade aérea que impedia a livre movimentação dos Scud´s no Iraque.

Para o Irã efetuar um ataque de saturação de larga escala contra Israel, sua única chance é fazê-lo de forma surpresa no inicio das hostilidades, porque uma vez iniciado um conflito com o Irã as forças americanas no golfo irão procurar nas primeiras 48 horas dificultar a livre movimentação de mísseis em território iraniano para limitar a capacidade de lançamento como fizeram no Iraque. É uma tarefa dificílima para os EUA, mas não tenham duvida que ela tem sido planejada a pelo menos mais de uma década.

Também existem questões ligadas a uma segunda linha de defesa da IDF que é baseada nos Patriot, para cobrirem eventuais problemas de saturação que os Arrow podem sofrer.

Este sistema de defesa contra o Irã, embora não seja absolutamente infalível torna a utilização de mísseis contra Israel algo mais próximo a uma arma do terror, como foram os Scud´s, do que um sistema de valor militar efetivo para destruição da maquina de guerra de Israel.

Obviamente os Iranianos estão caminhando no sentido de melhorar a sua performance na guerra dos mísseis.

Os esforços para vencer esta barreira de defesa como eu havia citado em outro mail, passam por três linhas:

A utilização de mísseis mais modernos de combustível sólido que permitam menores tempos e exposição de lançamentos, bem como maiores tempos camuflados e livres de manutenção. Isto o Irã tem feito e dentro em breve terão mísseis de combustível sólido operando em grande escala.

Também passam pelo aumento dos alcances x carga útil para levar os lançamentos para locais mais improváveis e distantes das forças americanas. No Iraque haviam duas áreas de operação dos lançadores moveis de Scud´s, ao largo da rodovia de ligava Bagdá a Jordânia, haviam duas zonas quentes, que os comandantes americanos chamavam de Scud Alley (ao sul) e Scud Boulevard ao norte. O Irã deve criar a sua Shaab Boulevard em algum lugar do litoral do Mar Cáspio uma região próxima a ex republicas soviéticas, embora não existam indicativos nenhum para os Iranianos que os russos não possam permitir forças americanas na região. Também sem sido feito.


A ultima, mais importante e também mais difícil medida que os cientistas iranianos devem tomar na melhoria dos seus mísseis é o re-projeto de seus mecanismos de reentrada com a adoção de um sistema RV Reentry Vehicle. Tanto Coréia do Norte, quanto Paquistão e Irã, que compartilham da mesma base tecnologia em seus mísseis operam sem o conceito de Reentry Vehicle, que é uma exclusividade indiana fora do eixo dos 5 grandes paises nucleares.

Isto é em função das limitações tecnológicas ou de pessoal de tanto Coréia do Norte, quanto Paquistão e Irã? Na verdade limitações tecnológicas explicam apenas 50% do problema.

Até agora estou considerando cenários com a presença de ogivas HE. Nada do que foi escrito acima se aplica a um cenário nuclear.

Os outros 50% do atraso destes paises em tecnologia RV, estão associados a tecnologia nuclear disponível nestes paises. A adoção de um projeto com RV esta associada a um congelamento das cargas levadas por estes mísseis, sejam elas nucleares ou convencionais.

Um RV em um veiculo convencional “rouba” uma quantidade razoável de carga útil, por exemplo RV de um ICBM moderno tem algo como 450Kg de massa para uma ogiva de 150Kg a 200Kg. Obviamente estes valores mudam de projeto para projeto, mas o fato é que em um projeto como o No-Dong a adoção de sistemas RV´s moderno mantendo a carga útil x alcance implicaria em sérios re-projetos, como a adoção de dois estágios que não poderiam ser clusters puro e simples, algo que a tecnologia balística destes paises ainda não permite atualmente.

Uma outra limitação é que os três paises se encontram em estágios diferentes das suas tecnologias nucleares. O Paquistão lidera, com a Coréia do Norte atrás e o Irã em ultimo.

O fato é que as ogivas destes paises, sejam em operação como no Paquistão, sejam em testes como a Coréia ou em projeto como o Irã. Assim é absolutamente impossível que haja um desenvolvimento continuado de projetos de alta performance no campo de IRBM como a Índia por exemplo adotou.

O Paquistão que tem sua ogivas em um patamar de massa e volume mais estabilizado já decidiu qual a sua linha de evolução de vetores lançadores, hoje ela caminha mais para a adoção de sistemas de mísseis de cruzeiro do que balísticos, uma clara resposta a estratégia indiana de adoção de um sistema ABM que hoje caminha entre o Arrow e o S400.

Felizmente para os generais americanos, a capacidade de projeto e execução de programas de mísseis balísticos de terceira geração não esta completamente dominada dentro destes paises.

O governo russo que coopera com praticamente todos os paises do mundo em tecnologia espacial, tem demonstrado uma postura exemplar em não se envolver nestas questões associadas a disseminação de algumas praticas e tecnologias relacionadas a este campo, a China segue postura semelhante


Qual seria a estratégia de defesa do Irã, frente a um ataque aéreo e marítimo ( mísseis e PA’s ) dos EUA ou Israel?


Esta questão do modelo de defesa que o Irã ira adotar em um eventual ataque americano é bastante complexa se for analisada em detalhes, e não existem muitos consensos sobre isto.

Os EUA como atacantes tem muita flexibilidade para escolher a melhor estratégia para atacar o Irã.

Por exemplo, se a Marinha Americana julgar que operar seus CVN no Golfo Pérsico é muito perigoso pela presença de submarinos ou de minas por exemplo, pode-se atacar de bases Sauditas ou Iraquianas.

Se a USAF julgar que as bases Sauditas ou Iraquianas são vulneráveis demais a ataques de mísseis balísticos, pode-se atacar com mísseis de cruzeiro e bombardeiros B-2. Neste caso, pelo menos 1000 mísseis Tomahawk podem ser empregados na primeira semana, na ultima Guerra do Iraque foram cerca de 850 mísseis.

Caso exista uma migração dos objetivos militares para regiões do Ira mais afastadas das bases no oriente médio ou do alcance dos mísseis, a opção seria por empregar bases no Paquistão e Turquia (aliados americanos).

Porque esta analise?

Porque como existem flexibilidades para o atacante não existe uma forma de defesa que seja ótima, e sim varias pequenas medidas que melhorem a sobrevivência do aparelho militar do Irã.

Como você disse a força área do Irã é composta de aparelhos antigos e dificilmente conseguiria operar em bases avançadas e com rápida disponibilidade e surtidas, como por exemplo os Suecos e Israelenses operariam quando em desvantagem numérica.

Eu acredito que as defesas iranianas são basicamente ocultação de objetivos estratégicos e resistência da população e do regime a rápida destruição da infra estrutura que se seguiria a um ataque americano.

No campo nuclear existem três classes de instalações necessárias para um pais fazer o “kit bomba atômica” onde o Irã seria atacado fatalmente.

Um primeiro nível de instalação seriam as praças de ultra-centrifugas empregadas no enriquecimento do Urânio. Atualmente no Irã elas estão subterrâneas e sua localização é conhecida, mas a localização precisa das salas dentro da instalação não, isto implica que um ataque a estas instalações emanariam bombas muito pesadas que só poderiam ser transportadas por um B-2, e mesmo assim a sua destruição ainda é questionável. São nestas áreas que estão as melhores defesas do Irã.

Eu conversei com gente que esteve no Iraque no período entre as duas guerras e viu “in loco” instalações de refino de petróleo totalmente subterrâneas, uma prova de como estes paises do oriente médio se preparam para conflitos. Existe algum alto oficial ou membro de governo de Saddam Hussein morto dentro de um bunker?

O segundo passo do “kit bomba atômica” são os reatores onde o urânio medianamente enriquecido vira plutônio, no caso do Ira esta instalação é uma usina nuclear de Bushehr, comprada dos russos próxima ao golfo.

Este é um alvo muito vulnerável. Toda usina nuclear para ser viável precisa de duas coisas. Água e um terreno com estabilidade sísmica. Para azar dos iranianos, as terras próximas ao Mar Cáspio não apresentam esta estabilidade, o que jogou a construção da usina para próximo das forças inimigas. Esta usina deve receber combustível no inicio de 2007, então não estranhem se na virada do ano que vem tivermos uma repetição da historia de Osirak.

O terceiro tipo de instalação do “kit bomba” são as instalações de montagem e manutenção de armamento nuclear, que são relativamente pequenas e podem ser escondidas com facilidade. Este tipo de alvo, a menos que a CIA os localize com precisão não sofrerão ataques.

Se a vulnerabilidade maior são as usinas nucleares, como os Iranianos podem se contrapor a isto?

Um dos maiores segredos do programa nuclear do Paquistão, foi que os engenheiros daquele pais, construíram uma espécie de usina nuclear “indoor” algo que pude-se ficar bem dentro de uma base militar não demandar grande infra estrutura de obras e pessoal.

Acertou quem associou este tipo de reator a algo que o Brasil vai fazer para validar a sua planta propulsora do SNA, ou seja um vaso de pressão pequeno que possa produzir Plutônio em quantidades suficientes. No caso do Paquistão foram pelo menos 3 pequenas usinas.

Teria o Irã uma alternativa nestes moldes para uma destruição de Bushehr? Talvez nem a CIA saiba.

Alem de se defender, causaria problemas aos EUA uma capacidade Iraniana de atingir alvos militares americanos no Oriente Médio, no caso bases áreas bem como de minar ou atuar com uma pequena força de SSK´s no Golfo para dificultar o trabalho da USN e deixar algumas regiões do Irã somente no alcance de bombardeiros pesados.

Isto dentro das limitações de recursos e tecnologia é o que o Irã procura fazer com seus IRBM e SSK´s, algo que o Iraque não tinha na mesma intensidade.

Para tal os IRBM precisariam ser mais precisos, algo que seguramente os engenheiros do Irã estão tentando com a adoção de sistemas “closed Loop” onde um radar móvel acompanha uma parte do vôo do míssil e transmite por data link um up-date que reduz o erro do seu sistema inercial. Isto melhoraria a precisão final do ataque.

O Irã tem este tipo de recurso já? Novamente se alguém souber, seria a CIA e olhe lá.

Finalmente os iranianos precisariam de uma maior capacidade de inteligência para catalogação dos seus alvos. Sim, porque alem das coordenadas de cidades e grandes aeroportos no oriente médio, os EUA mudariam as posições de suas bases aéreas na região, para evitar o ataque de mísseis. E estamos falando em mudar 500 ou 1000 metros a posição, o que a construção de pistas de rolagem e hangares de lota mudaria a lógica de ataque dos mísseis.

Estes “kit” que o Ira precisaria ter, isto é, capacidade de ataque a distancias até 1000 milhas, sistemas de C3I coordenar estes ataques e capacidade de produção de dados de inteligência compõe um cenário que chamamos de profundidade estratégica local.

Israel tem o seu pensamento de profundidade estratégica local, afinal porque um pais que equivale a um quadrado de 200 x 200Km precisa de caças F-15 com sistemas FAST? Porque Israel focou toda sua industria espacial em torno de um pequeno satélite de reconhecimento, ou então, porque a ênfase em sistemas UAV e C3I na industria de lá?

Este é o desafio do pensamento militar do Irã se ele tiver pelo menos mais uma década para se aperfeiçoar. Desenvolver alguma profundidade estratégica consistente que permita ameaçar pontos estacionários (concentração de forças) na região.

Enviado: Qui Mai 03, 2007 4:33 pm
por Koslova
Clermont escreveu:
Sintra escreveu:CRISTO

O melhor e o mais informativo texto que já li sobre a matéria até hoje... Melhor, está tão bem escrito que até um amador como eu consegue entender perfeitamente os conceitos envolvidos...
Isto é fabuloso.


Realmente, a capacidade de síntese e de exposição de Koslova é algo fora de série.

Como disse alguém, aí pelo século XVI:

"Se vc sabe mesmo o seu ofício, consegue explicá-lo, nem que seja por mímica..."

À propósito, que bom que o tópico voltou. Pensei que o Serviço Secreto iraniano tivessem dado um aperto no Vinicius Pimenta por Koslova ter levantado o "chador" do programa de mísseis iranianos.

Ou então, o Mossad, pela análise da "estratégia de profundidade local" de Israel...







Sintra, Clermont;

Eu acho que aprendi o que sei sobre mísseis na minha formação em gestão de programas espaciais e depois em Israel já formada. Eu tinha um professor que foi meu orientador, que me disse algo que a principio duvidei mas que depois se mostrou verdadeiro.

Ele me disse, que um míssil tático não tem a complexidade de programa que um foguete lançador ou um submarino nuclear teria, mas que, segundo ele, era o tipo de programa que exigia a maior sensibilidade de elaboração das especificações para se manter o resultado dentro do esperado.

O motivo é simples.

Tudo em um envelope de operação de míssil tático é superlativo, bem como qualquer estouro de massa ou desempenho de subsistema apresenta um efeito não linear sobre o resultado final.

Alem do envelope de vôo, os parâmetros de programa, isto é, riscos, orçamentos, prazos, gestão de tecnologias aplicadas também tendem a serem críticos.

Resumo: O mínimo erro gera o maximo resultado indesejável. Não é o programa mais complexo de ser realizado, mas é o programa onde a diferença entre o bom e o regular fica muito acentuada.

Acredito que seja como tomar um violino, a diferença entre um bom e um musico de menor talento fica mais evidente neste instrumento do que em outro.

Já fazem quase 8 anos que não trabalho mais com programas deste tipo, e as vezes sinto que vou perdendo a sensibilidade para o tema, pelo menos não ao nível que tinha anos atrás. Hoje faço outras coisas, resolvo outros tipos de problemas.

Quanto a clareza de raciocínio e simplicidade, sabe quando você aprende isto?

A tarefa maior na minha profissão é criar o que se chama:

“A vision and mission for the programme/project.”

Isto é, a “cara” que este programa vai ter, quais os seus pilares e a sua razão de ser.

Uma vez criada, é necessário defende-la, você deve ser a advogada mor da idéia, tem que criar uma historia para aquele programa, uma historia que seja verossímil e harmônica dentro do contexto, estratégico, tecnológico e financeiro.

E ai quando você “conta a historia” do programa, com números e argumentos, e ela é aceita, bem, ai a brincadeira começa e o “objeto de aplicação” que é como chamamos carinhosamente o míssil, foguete, espaçonave ou qualquer coisa que ainda esteja na tela, começa a ganhar vida.

Existe alguma forma mais eficiente de se criar uma visão, uma missão, que não seja de forma clara e objetiva, compreensível a todos os envolvidos no programa?

Este é o segredo. :wink:

Enviado: Qui Mai 03, 2007 4:44 pm
por Koslova
Sobre a nova versão do Sea Skua


MBDA shows updated Sea Skua concept

By Richard Scott

MBDA has taken the wraps off study work into an improved Sea Skua anti-ship missile concept aimed at meeting the requirements of the UK's Future Anti-Surface Guided Weapon (Heavy) - FASGW(H) - programme.

Known as Sea Skua Mk 2, the new missile would build on the first-generation Sea Skua but add selected new technologies to improve performance and derive “a cost effective and affordable capability”,' says MBDA. FASGW(H) is intended to meet the UK Royal Navy's requirement for a new air-launched anti-surface warfare weapon to replace the current Sea Skua from 2015.

Entering service with the new Surface Combatant Maritime Rotorcraft, the naval variant of the AgustaWestland Future Lynx, it is intended to counter the threat posed by fast inshore attack craft and fast attack craft, while additionally conferring a capability to strike static and 'soft' coastal targets.

MBDA’s feasibility study has sought to identify the viability of re-using or refreshing existing technology, and where new technology insertion is more appropriate to meet requirements for extended performance, reduced through-life cost and Insensitive Munition compliance. The baseline Mk 2 engineering concept replaces the semi-active radar seeker with a new active radar seeker to confer a land attack capability, decouple the missile from the launch helicopter's radar, and maintain an all-weather capability.




Esta atualização do Sea Skua é quase um reflexo direto do cancelamento do programa Polyphem a 3 anos atrás.

No final dos anos 90, um dos meus ultimos trabalhos em Israel, foi um pequeno programa de referencia para a conceptação de um míssil pequeno (<180Kg) que pude-se empregar uma gama de tecnologias presentes no programa Derby, como sistemas ativos de radar e sistemas inerciais.

A idéia era um míssil barato de se desenvolver e operar para armar helicopteros, pequenos aviões de patrulha e barços lança misseis em classes como os P-37BRL do Kuwait, que utilizam o Sea Skua.

Israel sempre posicionou seus mísseis anti navios (Gabriel) como opções de menor custo para barcos ligeiros lança mísseis, no Equador por exemplo, temos a classe Manta, com menos de 150ton de deslocamento e armados com o Gabriel MK-2. Na Africa do Sul, Taiwan, as verssões Scorpion e Hsiung Feng I, que consistiam basicamente em licenciamentos do Gabriel foram os maiores contratos para esta classe de mísseis.

O que fez com que os planos de Israel para este tipo de arma não fosse adiante?

Dois motivos.

O primeiro é que esta classe de barcos onde este míssil se posiciona é um conceito ultrapassado para a maioria das marinhas de guerra atualmente.

Segundo que foi julgado na época, que sistemas de fibras opticas podem fornecer um desempenho e verssatilidade muito superiores a a um míssil dedicado como o Sea Skua, então os planos mudaram para um possivel programa utilizando a base tecnologia da familia Spike e não da familia Derby. Sobre este novo programa não posso comentar.

Voltando a descisão da MBDA


O foco principal em dotar o Sea Skua de um sistema de radar ativo é otimisar o seu desempenho.

No atual sistema, com radar semi-ativo, o uso por aeronaves de asa fixa é inviavel, apesar de já se ter realizado desenhos de mísseis Sea Skua nas asas de aviões de patrulha maritima, o lançamento de uma aeronave de asa fixa não funciona, porque ambos (míssil e aeronave) tem que voar em direção ao alvo durante o engajamento. Um helicoptero pode ficar estacionado, ou se tiver um radar com 360 graus de cobertura, dar meia volta e se evadir.

Se ele puder ser lançado por uma aeronave em grande velocidade, seja ela de asa rotativa ou fixa, seu alcance aumenta razoavelmente e a sua gama de utilização também.

Em um lançamento a 15Km por um helicoptero, seu horizonte de radar é de 17 metros, dificilmente o radar de busca do navio não forneça um horizonte destes.

A 15Km é praticamente inviavel não ficar no horizonte de radar, mas a digamos 25Km, lançado na velocidade maxima da plataforma e descrevendo uma trajetória balistica e não Sea Skimmer para a otimisação da energia e da velocidade na fase terminal ai as coisas ficam mais faceis para o atacante se o navio alvo não tiver capacidade de defesa de area.

Um ultimo comentário.

Quando alguem lê sobre um míssil anti navio descrevendo uma trajetória baslistica e não uma trajetória Sea Skimmer pode questionar o motivo, já que afinal o perfil de vôo Sea Skimmer é quase que universalmente descrito como sendo o ideal para este tipo de míssil.

Existe algumas analises que podem ser realizadas.

Em um ataque com ASM, quando este liga seu radar de busca sua presença é automaticamente denunciada ao alvo. Mas neste caso o míssil esta a 8 milhas normalmente do alvo, e longe da zona de hard kill da defesa, que é tipicamente nas ultimas 3 milhas.

O míssil (já identificado) pelo alvo pode se elevar a digamos 200 pés de altura e entrar na zona de kard kill da defesa em trajetória balistica, existem dois ganhos taticos.

1- A penetração é de cima para baixo, pela superestrutura que é normalmente "mais mole" que o casco, depositando a ogiva na parte mais "mole" do navio.

2- Se o míssil estiver com um angulo de ataque de 45 graus, 70% da sua massa vai estar somada ao seu empuxo, aumetando a sua velocidade em até 40% o que permite ao míssil diminuir o tempo que a defesa tem para elimina-lo nas ultimas 3 milhas.

Este tipo de ataque baslistico é uma opção tatica que normalmente é descrita como possivel no Harpoon, americano. Ela é uma contraposição exatamente a algumas caracteristicas descritas acima, como a presença de blindagem em alguns navios russos e a menor velocidade do Harpoon mesmo se comparado ao Exocet por exemplo que não tem esta capacidade descrita.

Normalmente um ataque "classico" seria realizado com 2 misseis, um em perfil Sea Skimmer que vai na frente, seria o míssil de surpresa tatica e um míssil com trajetória final baslistica que dificultaria a defesa terminal do alvo em um momento onde não existe mais surpresa tatica.

Enviado: Sex Mai 04, 2007 4:07 pm
por Koslova
Carcará escreveu:

P.S: Koslova, fico no aguardo da sua percepção, mesmo que parcial, sobre o novo MAA-1B, no qual já foram postadas fotos. Se for possível, claro!




Não vão me ver falando sobre o MAA-1B, também não vão me ver falando sobre C-390, sobre o acordo da Thales com a Omnisys, VLS, e demais temas que envolvam este nosso “pequeno mundinho” de CTA, Mectron, FAB, Embraer, MinDef.

Leiam as mensagens sobre este tópico e vejam se tem alguma sobre temas brasileiros? Raríssimas. O resto é sobre qualquer coisa que não seja FA´s brasileiras.

Estas discussões todas são muito “maniqueístas” ou é Deus ou é o Diabo, ou é ótimo, ou é péssimo.

Sendo que a boa analise, o bom debate tem que ser menos sentimental e mais racional, isto infelizmente não se cabe a estes temas todos que listei.

Aquele tópico sobre o C-390 é um exemplo ditático sobre isto.

Não é uma critica a ninguém não, é apenas uma característica que é peculiar a cada lugar. Se você entra em um fórum americano, a realidade é que ninguém enxerga nada que não seja o mundo militar americano. Se você entra-se em um fórum russo a anos atrás, verificaria este mesmo complexo de inferioridade dos fóruns latinos sobre a realidade militar russa, hoje é o oposto uma xenofobia enorme, em função da reestruturação militar dos últimos 5 anos.

Enviado: Sex Mai 04, 2007 7:37 pm
por Koslova
Uma foto curiosa da conquista do espaço.

A Apolo-15 pousa no pacifico com apenas 2 pára-quedas. O terceiro sofreu uma falha, aparentemente parte do feixe de cordas se arrebentou durante a subida desaceleração que a nave sofre com a abertura do pára-quedas.

Uma nave espacial abre seus pára-quedas tipicamente a 350Km/h, e eles vão desacelera-la até velocidades próximas a 15Km/h.

Uma peculiaridade dos projetos americanos e soviéticos, era que no projeto americano, pela nave descer no mar, ela teria que ficar hermética até o momento da abertura da escotilha para saída da tripulação, com as equipes de resgate já em volta da nave. O motivo é obvio, impedir a entrada de água na nave.

No projeto soviético, o pára-quedas fica dentro do ambiente pressurizado e uma escotilha se abre a cerca de 3500m para soltar o pára-quedas, a nave não pousa hermética portanto, mas em se tratando de um pouso seco isto não é problema.

A questão é que os níveis de temperatura e umidade tem que ser preservados dentro de um certo envelope para que o pára-quedas não seja danificado, no projeto soviético isto era fácil, afinal o pára-quedas esta dentro do mesmo envelope de temperatura e umidade da tripulação, no projeto americano não, ele era mantido neste envelope por meio de sistemas de aquecimento elétrico que controlavam sua temperatura durante o vôo.

A abertura dos pára-quedas era a ultima grande duvida da Apolo-13, afinal seus sistemas de aquecimento foram cortados depois do colapso de potencia do modulo de comando, mas para sorte da tripulação ocorreu tudo bem.

A espaçonave Apolo foi projetada para uma falha de um dos seus três pára-quedas, mesmo com os dois restantes ela pode pousar em segurança. O uso de três pára-quedas na Apolo era em função de sua grande massa de reentrada, algo próximo a 5800Kg, para que tenham uma referencia a Soyuz pousa com 3100Kg e a Shenzhou com 3450Kg.

Tanto na Soyuz quando na Shenzhou existe o conceito de pára-quedas reserva que é menor que o principal, mas garante um pouco seguro em caso de falha do equipamento primário.

A única nave da historia que não tinha pára-quedas reserva era a Gemini, que operava com assentos ejetores, o que poderia garantir a segurança de sua tripulação em caso de falha do pára-quedas, com a ejeção acontecendo a cerca de 3000m de altura e a uma velocidade menor que 700Km/h caso o pára-quedas de estabilização também falha-se.



Imagem

Enviado: Ter Mai 08, 2007 8:43 am
por Clermont
Koslova escreveu:No mundo frio e racional das relações internacionais não existe espaço para sentimentalismo barato como chamar de "irmãos" os Brasileiros, ou de "sofrido" o povo boliviano. Existem interesses nacionais, que cada estado precisa defender e ponto final.

Existem dois principios básicos que foram os pilares do governo Clinton sobre negociação com outros paises, que são simples e eficientes.

Primeiro se pergunta: O que o outro pais deseja?
Depois se pergunta: O que o outro pais teme?

Quando Evo Morales ganhou a eleição, as duas perguntas básicas analisadas, teriamos a seguinte resposta:

O que desejam?

Morales desejava ser visto como um lider dos pobres dentro de seu país, um ex cocaleiro que derrotou a elite dominante e que varia muita coisa pelos pobres. Também gostaria de ser o homem que "devolveu" o mar a Bolivia.

O que temem?

Morales teve que crises internas se agravem. Convulsão social, movimentos separatistas no leste da bolivia, golpe militar.


O Brasil manda para a Bolivia alguns negociadores para dizer para Morales o seguinte:

"O senhor realmente deseja modificar a questão do gás?"

E oferecem duas alternativas.

1- Se a questão do gás não for modificada

- O Brasil pode dar a Bolivia apoio diplomático na negociação com o Chile.

- O governo brasileiro iria aumentar o intercambio com forças militares bolivianas.

- O governo brasileiro poderia converter uma parcela do preço do gás em obras de saneamento e habitação na bolivia. Por exemplo, 1,5% do volume de compras do Brasil seriam investidos em obras na Bolivia que seriam realizadas por empresas brasileiras utilizando mão de obra local. Isto seria por digamos 3 anos, depois disto, o Brasil ganharia um desconto de igual valor por igual periodo. Seria uma espécie de emprestimo em gás para Morales tocar programas sociais e posar de pai dos pobres.

2- Se a resposta fosse pela modificação da questão do gás, então o governo brasileiro mostraria para o governo de Morales o que poderia acontecer.

- O Brasil passaria um periodo de 4 a 6 anos totalmente dependente da Bolivia, mas apressaria a exploração em seu territorio e a construção de estações de liquefação em portos, o que daria a médio prazo chances de não comprar mais gás da Bolivia.

- Com a redução da compra de gás da bolivia ao ritimo de 10% a cada ano, a economia da Bolivia entraria em colapso depois de 3 ou 4 anos.

- O Brasil iria obstruir diplomaticamente qualquer acordo boliviano para consessões de canais de exportação de produtos bolivianos estagnando a economia do pais vizinho.

- Apesar de condenar o financiamento de movimentos separatistas na Bolivia o governo brasileiro faria vistas grossas para qualquer agitação na fronteira seca entre ambos os paises que pude-se indicar qualquer anomalia na provincia de Santa Cruz de La Sierra.

- Haveria a reinvindicação em tribunais internacionais de indenisações pelas perdas sofridas pela Petrobras

O que o governo brasileiro teria que ter dito a Morales antes do acontecido?


Se você não fizer bobagem eu te ajudo a bancar o "pai dos pobres"

Se você fizer bobagem, eu passo de 5 a 10 anos com dificuldades, mas seu pais economicamente e socialmente se torna ingovernavel.

Qual era a percepção do governo brasileiro sobre isto? Onde estava a Abin, onde estava a capacidade diplomatica de reagir? Cadê os planos de gestão de crise?

Esta questão da Bolivia mostra que infelizmente o emburrecimento economico e politico do Brasil na ultima década.

Homens como Rui Barbosa *, o Barão do Rio Branco, Duque de Caxias devem estar envergonhados da nossa pequenes enquanto nação.


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* Rui Barbosa? Blearrrghhh... [024]