Portugueses e Aliados no Afeganistão

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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#16 Mensagem por Clermont » Sáb Abr 14, 2007 8:32 am

Uma dúvida: se, no pior dos casos, eclodir uma guerra entre os Estados Unidos e o Irã, e tropa deste último entrassem dentro do Afeganistão, para combater seus inimigos, qual seria a ordem que os governos de Portugal e Espanha dariam a seus soldados? Lutar ao lados dos americanos contra os iranianos, ou se declararem neutros nessa luta?

Espanhóis e portugueses não tem preocupação de se verem pegos no meio de um fogo cruzado?




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#17 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Abr 14, 2007 9:02 am

Eu não posso falar por Espanha ou pelos Espanhóis...e mesmo por Portugal e o seu respectivo governo tenho reticências.

O governo Espanhol sempre foi muito ciouso de controlar pessoalmente as suas tropas no terreno por isso é que houve um clima de mau estar no Iraque entre eles e os Americanos. No entanto são tropas com muita experiência internacional que só não fazem quando não querem ou não podem.

Do outro lado temos as Forças Armadas Portuguesas...nós temos a mania de querer agradar a toda a gente e por isso o governo Português raramente coloca restrições ao emprego táctico das nossas tropas. No Afeganistão a nossa Companhia vai do Norte ao Sul em socorro das mais variadas unidades. Isso é normal já que a nossa Companhia é uma unidade de QRF (Quick Reaction Force). No entanto eu tenho que referir que os helis do Exército Espanhol têm sido usados de uma forma excepcional pelos nossos Pára-quedistas Portugueses, num claro exemplo de boa colaboração entre os dois contingentes.

Se o Irão entra-se pelo Afeganistão com o objectivo de conquistar o dito país, duvido muito que ambos os países ficassem de parados a ver eles a passarem.




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#18 Mensagem por EDSON » Sáb Abr 14, 2007 10:42 pm

Melhor seria armar a etnia Hazara , persa e turcomana para enfrentar a Otan que não consegue uma vitória decisiva contra o Talibã.

Napoleão dissera na véspara de sua invasãoem 1812: "Avant deux mois, la Russie demandera la paix ( Antes de dois meses, a Rússia me pedirá a paz)."




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#19 Mensagem por manuel.liste » Dom Abr 15, 2007 3:23 pm

Clermont escreveu:Uma dúvida: se, no pior dos casos, eclodir uma guerra entre os Estados Unidos e o Irã, e tropa deste último entrassem dentro do Afeganistão, para combater seus inimigos, qual seria a ordem que os governos de Portugal e Espanha dariam a seus soldados? Lutar ao lados dos americanos contra os iranianos, ou se declararem neutros nessa luta?

Espanhóis e portugueses não tem preocupação de se verem pegos no meio de um fogo cruzado?


La hipótesis es muy remota, demasiado remota y poco probable. Irán no puede permitirse tener más enemigos.

De lo que estoy seguro es que ni éste ni ningún gobierno español participará en un eventual ataque a Irán, siempre que Irán no ataque primero.




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#20 Mensagem por EDSON » Dom Abr 15, 2007 3:50 pm

Foi o que eu disse, melhor seria insitar as etnias de origem Xiita contra a OTAN do que agir diretamente com suas forças.

Como fazem no Iraque.




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#21 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Mai 19, 2007 10:15 am

Alexandra Carita (texto e foto)
06 | sexta-feira, 21 JUL 06
Diário de uma repórter do EXPRESSO no Afeganistão
A noite traz para cima da mesa a animação, sempre na esperança de que não toquem os alarmes. Música, cartas, xadrez, histórias, saudade.
CABUL parece uma cidade calma. O trânsito é intenso mas nas ruas o movimento da população é feito à velocidade da temperatura quente. Descansa-se à sombra de cada árvore e caminha-se lentamente, embora, muitas vezes em massa. Do anonimato saltam só as crianças ávidas de atenção e curiosidade. Para elas uma máquina fotográfica vale mais que mil chocolates. Afáveis, disputam o olhar da objectiva. Contudo, toda esta tranquilidade é aparente. As medidas de segurança impostas pela ISAF agravam-se a cada dia e torna-se mais difícil acedermos ao quotidiano da capital afegã. O perigo sempre iminente arrasta-nos impiedosamente para o perímetro do maior campo militar de Cabul, o Camp Warehouse, onde estamos instalados.


Rui Ochôa - As crianças, ávidas de atenção e curiosidade, disputam o olhar da objectiva.


Aí, o caminho está livre vedado pelos muros que o envolvem. As ruas tornam-se monótonas, apesar das constantes movimentações militares das várias forças. O dia despe-nos de força. Sentimos toda a impotência de construir uma imagem clara do que se passa do outro lado da frente de batalha. Autênticos prisioneiros de guerra, resta-nos o contacto informal com a rotina de quem trabalha no campo. É obrigatório adaptarmo-nos a esse ritmo.

Acordamos para esse micro-universo às seis da manhã, hora a que grande parte dos militares já trabalham em treino obrigatório, correndo à volta de Warehouse, antes dos ginásios das várias forças internacionais abrirem as portas para pelo menos duas horas intensas de esforço físico.

Ainda pela «fresca», caminhamos até ao refeitório português para tomar a primeira refeição do dia a partir das 7h30. Segue-se uma olhadela pela Internet à procura das notícias do mundo e às nove chega a hora da bica no «nosso» bar. O trabalho contínua até ao meio-dia, ora no gabinete improvisado no «quartel general dos Comandos», ora na rua, num contacto vital com os «companheiros de guerra». Cada força revela a sua bíblia de regras. Quebra-se o slogan «Todos diferentes, todos iguais». Os franceses, que desde há uma semana receberam o comando do campo das mãos dos alemães, desvendam segredos de organização militar pela boca do Fernandes, um filho de emigrantes portugueses deslumbrado com as tropas nacionais, com a sua actuação no terreno e sobretudo com a sua capacidade de relacionamento fraterno. O sangue português, que a cada cinco minutos diz correr-lhe pelas veias, apura-lhe o vocabulário há muito esquecido nas ruas de Touluse e empurra-o para junto da «família».

Antes de almoço, temos encontro marcado com os comandos novamente no bar, de onde seguimos em excursão para a cantina. Mais uma bica e regresso ao trabalho. Nessa altura, o mais forçado é o dos afegãos que trabalham no campo. Abrem valas atrás de valas para melhorar as infra-estruturas de Warehouse, sobretudo a nível do saneamento básico.

Se não houver patrulhamentos, os portugueses aproveitam o final do dia para descomprimir. Os jogos de futebol abrem-lhes o apetite para o jantar, às oito, como na terra Natal. Depois, chega a melhor hora do dia. A noite traz para cima da mesa a animação, sempre na esperança de que não toquem os alarmes. Música, cartas, xadrez, histórias, saudade.

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#22 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Mai 19, 2007 10:16 am

O descanso do guerreiro - Comandos no Afeganistão

Alexandra Carita (texto e foto)
11:52 | quarta-feira, 19 JUL 06
Diário de uma repórter do EXPRESSO no Afeganistão


Semanário Expresso


Foto Alexandra Carita

Às sete da manhã dizemos até amanhã uns aos outros, mas nós não dormimos. Temos que estar preparados às dez e meia para apanhar o avião para Cabul. Azar dos azares, não há luz nem água no campo.

O CAMPO em Farah recebe a coluna de comandos depois de mais de 30 horas de patrulhamento em silêncio. Nas tendas não se vislumbra um único movimento, apesar de o dia já ter acordado. Só Major Ruivo está à nossa espera. Alerta, quer saber se correu tudo bem. Recolhe a informação e dá sinal para o descanso. Os soldados recolhem ordeiramente sem o grito da vitória. Há mais missões para cumprir e a noção da disciplina não lhes permite alívios. Só nós temos vontade de descomprimir e passar em revista o patrulhamento que acaba de terminar. Vamos para o quarto e revemos os acontecimentos passo a passo. Adormecemos depois. Mas o calor do dia que avança obriga-nos a levantar poucas horas mais tarde.



Alexandra Carita
Fazemos a mala a correr e seguimos para o aeroporto

A atenção vira-se para o dia-a-dia do campo. Os americanos são os únicos que se vêem de manhã. Não fazem grande coisa. De volta das viaturas, a prepará-las para sair, uma vez que não se atrevem a sair de noite e os seus patrulhamentos não demoram mais de três horas. Na rua, à torrina do Sol, não conseguem sequer dizer bom dia ou olá. Mania da superioridade, dizem os nossos militares. Pode ser.

Hora de almoço, já os nossos portugueses estão prontos para os hamburguers com batatas fritas e todos os molhos possíveis e imagináveis. Já estão habituados até aos gelados e «brownies» fora de prazo. Comem que se fartam. Ainda vão ao ginásio, mas lá pelas quatro da tarde já dominam por completo a sala da televisão. Cartas na mesa, computadores arrumados porque os americanos, mais uma vez, resolvem cortar a diversão dos latinos, e conversa fiada. As histórias rolam. Não por muito tempo, porque uma hora e meia depois, o refeitório já está aberto para o jantar.

Está preparada outro patrulhamento. Em princípio, a hora de saída será às onze. Já se sabe quem vai, mas o destino fica no segredo dos deuses até o mais tarde possível. O objectivo é percorrer as aldeias mais próximas, onde se sabe que os talibãs costumam ter contacto com a população para combinarem acções violentas.

Continuamos calmos. Voltamos para a sala da televisão a conversar com os que ficam. Ambiente animado. Entra o comandante Gonçalves Soares e diz-nos que há lugar na missão que parte dali a duas horas. Aceitamos o desafio. A correr preparar a mochila, vestir a «farda». Adrenalina em alta outra vez. Não há tempo para pensar em perigos, só no peso do colete. Adiante.

Partimos realmente às onze da noite, mas já não vamos em viatura VIP. À mesma num Hummv, só que com torre aberta. À entrada no deserto, é tanto o pó que temos a tentação de pôr uma máscara. Opção errada. O calor é tanto que a máscara asfixia em vez de aliviar.

Aldeias muradas, ruas estreitas, condutas de água, aquilo que mais impressiona os comandos, que não esquecem que foi ao atravessar uma situação semelhante que faleceu o sargento Roma Pereira, a única vítima portuguesa no Afeganistão. O silêncio toma conta das viaturas. Só no deserto a tensão desaparece. Regressa quase de manhã, quando o caminho indicado na carta desaparece e é substituído por uma plantação de ópio. Duas horas para encontrar um trilho que nos leve até casa

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#23 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Mai 25, 2007 10:09 am

Soldado português ferido no Afeganistão

As tropas portuguesas destacadas em Kandahar, no Afeganistão, foram esta quinta-feira alvo de uma emboscada durante uma patrulha a pé. Pelo menos um soldado ficou ferido.
O capitão-de-fragata Pedro Sasseti Carmona, assessor de relações públicas da Marinha de Guerra, confirmou o ataque em declarações à rádio 'TSF', adiantando que o militar, transportado de helicóptero para o hospital de campanha em Kandahar, onde permanece em observação, sofreu “ferimentos ligeiros, está a recuperar bem e já falou com a família”.

O responsável não confirmou se os autores do atentado são rebeldes taliban.


http://www.correiomanha.pt/noticia.asp? ... l=21&p=200




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#24 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Mai 26, 2007 6:35 am

Emboscada
Comando ferido na cara


Uma patrulha dos Comandos do Exército, a participar numa das maiores ofensivas contra os taliban a Oeste de Kandahar, Sul do Afeganistão – que ainda ontem custou a vida de um soldado canadiano – foi ontem (às 05h00 de Lisboa) emboscada por um grupo de insurgentes com metralhadoras Kalashnikov e lança-rockets RPG-7.

O rebentamento de uma granada lançada por esta última arma feriu o primeiro-sargento ‘comando’ Carlos Alberto da Silva Barry.

O militar, de 35 anos, foi atingido por estilhaços na cara. Entre outros ferimentos partiu dois dentes. Foi evacuado de helicóptero para o hospital da NATO em Kandahar e vai ser operado. Está livre de perigo e já falou com a família, principalmente para sossegar o filho pequeno.

A 2.ª Companhia de Comandos (num total de 140 militares, com o apoio de uma dezena de elementos da Força Aérea) realizava uma das suas primeiras patrulhas de combate após ter sido destacada para a zona de Kandahar, onde deverá permanecer durante mais quatro a seis semanas. Participa activamente na ‘Operação Hoover’, lançada ontem pelas tropas canadianas – com o apoio do Exército afegão, dos Comandos portugueses e da Força Aérea britânica – para contrariar um aumento dos ataques taliban na região.

Na mesma operação morreu ontem um soldado canadiano e outro ficou ferido, a pouca distância do local onde os portugueses foram emboscados. Foram alvo de um engenho explosivo detonado à distância.

Na altura da emboscada, elementos da patrulha portuguesa estavam apeados das viaturas blindadas. O sargento Barry sub-comandava um grupo de Comandos quando inesperadamente foram atacados com violência. Seguiu-se um tiroteio, rapidamente repelido pela “excelente preparação e reacção” dos militares portugueses, disse ao CM fonte militar.

O sargento Carlos Barry foi atingido por estilhaços. Os ferimentos na face são “ligeiros”. “Vai ser submetido a uma pequena cirurgia e está posta de parte a hipótese de ser evacuado para Portugal. A sua intenção, e não há nada que o impeça, é continuar com os camaradas”, adiantou a fonte.

O ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, desdramatizou o incidente mas admitiu ser “um sinal de risco” da missão. “Felizmente foi um incidente que não teve gravidade”, afirmou.

“Todos temos de estar preparados e atentos porque os riscos existem”, alertou o ministro, admitindo que em Kandahar “o risco existe”. Garantiu que as Forças Armadas estão preparadas. Severiano Teixeira afiançou que a missão no Afeganistão “não se alterou” relativamente ao previsto.

Em Novembro de 2005 um sargento português (João Paulo Roma Pereira) morreu e o cabo Horácio Mourão ficou gravemente ferido na explosão de uma bomba nos arredores de Cabul, durante uma patrulha. Em Abril de 2006 dois outros comandos ficaram ligeiramente feridos devido a uma avaria na arma durante um treino de tiro.

ARMA SOVIÉTICA DOS MUJAHEDINS

O lança granadas-foguete RPG-7 foi desenvolvido pelos soviéticos em 1961, mas continua a ser muito utilizado por se tratar de uma arma poderosa, versátil, barata e de fácil transporte (pesa apenas 7 kg e mede 95 cm). É uma arma excelente para um combatente emboscado e consegue provocar danos até em carros de combate com blindagem.

PERCURSO FEITO COM SARGENTO ROMA PEREIRA

O percurso do primeiro-sargento Carlos Barry fez-se lado a lado – desde que fizeram parelha em algumas provas do 99.º curso de Comandos (de 1996, em Lamego) – com o primeiro-sargento Roma Pereira, morto por uma bomba em Cabul, em 2005. Ambos estiveram na reactivação dos Comandos, em 1993, cumpriram missões da UNMISET, em Timor, onde foram medalhados, e seguiram em Agosto de 2005 para a primeira missão no Afeganistão, onde Barry viu morrer o colega. Carlos Barry, nascido em Moçambique e residente na zona de Corroios, separado e com um filho, regressou a Cabul em Fevereiro. É descrito como um “excelente militar”, a que junta “carácter e boa disposição”. Tem, entre outras, a medalha de Mérito Militar.

MILITARES REGRESSAM DO LÍBANO

Os 141 militares da Unidade de Engenharia 1 aquartelados em Shama, no Líbano, desde Dezembro de 2006, regressaram ontem a Lisboa após terem sido rendidos por um novo contingente que deixou a capital portuguesa de manhã.

Ao final de seis meses de serviço naquele país, o comandante da força, tenente-coronel Firme Gaspar, fez um balanço dizendo que a unidade cumpriu “com prestígio” a missão de reconstrução daquela região, bombardeada no Verão passado.

“A Unidade de Engenharia 1 sai do Líbano com um prestígio muito grande, quer junto das populações civis quer junto dos outros contingentes da UNIFIL (a força da ONU)”, disse aquele oficial.

“Fizemos muitos trabalhos. Nu-ma primeira fase dedicámo-nos sobretudo a trabalhos relacionados com a projecção de todas as forças [15 mil militares] no terreno. Nos dois terços restantes dividimos essa tarefa com trabalhos de apoio à população civil”, explicou o comandante.

Entre os portugueses não se registaram quaisquer acidentes – nem pessoais, nem de viação, nem com explosivos.

Os militares portugueses que estiveram desde Dezembro no Líbano fizeram mais de 5792 horas de trabalhos. Montaram o aquartelamento em Shama, quartéis e oficinas em vários locais, construíram um heliporto, uma escola e um cemitério, fizeram obras de melhoramentos em várias estradas.

A missão dos soldados portugueses é de apoio às unidades da UNIFIL e decorre da resolução das Nações Unidas que reforçou a presença da força da ONU para garantir uma zona tampão no Sul do Líbano, entre o Hezbollah e as Forças Armadas israelitas.

NÚMEROS DA MISSÃO

- 144 mil litros de combustível foram gastos em perto de duas mil operações realizadas.

- 4 milhões de litros de água foram consumidos. Vinte e três mil foram para os soldados beber.

- 22 215 refeições quentes foram servidas aos militares portugueses, que comeram também 3015 refeições frias.

BASTIÃO DA GUERRILHA TALIBÃ

A província de Kandahar, no Sul do Afeganistão, é uma das zonas mais violentas do país, cenário de atentados quase diários e recontros armados entre a guerrilha taliban e as forças da ISAF. A cidade de Kandahar, capital da província com o mesmo nome, é a segunda maior cidade afegã a seguir a Cabul. A província tem uma área total de 47 mil quilómetros quadrados, equivalente a mais de metade do território de Portugal. Até à ofensiva militar norte-americana, no final de 2001, a região de Kandahar era o principal bastião do regime taliban, que ali nasceu em 1996. Nos últimos meses esta zona tem sido palco de um crescente número de ataques por parte da guerrilha, principalmente nos distritos de Panjawi e Zhari, a cerca de 35 quilómetros da capital provincial.

NOTAS

SEGUNDA MISSÃO EM KANDAHAR

Esta é a segunda vez que os portugueses estão destacados para Kandahar, após os Pára-quedistas terem feito segurança à principal base da NATO

150 TROPAS NO TERRENO

Portugal tem 150 militares às ordens da NATO no Afeganistão

AL-QAEDA RECEBE PRISIONEIROS

Abu Laith, comandante da al-Qaeda, afirmou num vídeo que está disposto a receber no Afeganistão os muçulmanos presos em países infiéis

Sérgio A. Vitorino / Antunes de Oliveira




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#25 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Mai 30, 2007 10:12 am

1º sarg. CMD Carlos Alberto Barry, da 2ª Companhia de Comandos, foi ferido no Afeganistão (VÍDEO RTP - EXTRACTO JORNAL DA TARDE 25/05/2005):

http://www.comandosdeportugal.net/jorna ... &Itemid=74




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#26 Mensagem por LM » Qui Mai 31, 2007 7:06 am

Excerto de reportagem sobre exercicio Viriato '07 (Forças Especiais) em Maio:

ESTÃO NO AFEGANISTÃO E NO KOSOVO

As forças de operações especiais do Exército Português estão, neste momento, presentes no Afeganistão e no Kosovo, revelou ao ‘CM’ o comandante do CTOE, Martins Pereira. “Temos um destacamento de operações especiais que se encontra em apoio de uma força nacional destacada no Kosovo e há também elementos no Afeganistão, com valência de sniper, em apoio à força de Comandos que lá se encontra”, explicou, durante o exercício que está a decorrer no Norte do distrito de Viseu. No entanto, Martins Pereira escusou-se a revelar o número de homens envolvidos:

“São na dimensão necessária para essas missões de apoio. Como vimos neste exercício, as forças de operações especiais não são em grande número – e essa é, aliás, uma das suas características –, funcionam com poucos efectivos e grande flexibilidade e é uma dessas forças que temos naqueles dois teatros de operações”, referiu.


http://www.correiomanha.pt/noticia.asp? ... l=10&p=200




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#27 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Mai 31, 2007 8:08 am

Como eu disse no FD, é ridiculo os Comandos não terem ainda Snipers, é por isso que os Rangers estão lá! :shock:

As duas Companhias de Comandos são de longe a unidade mais mal equipada da BRR. Esperemos que algo mude no futuro, tenho a certeza que eles vão tirar as sua ilações desta missão no Afeganistão e reforçar a sua estrutura com um Pelotão de Snipers (como há na FOE).




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#28 Mensagem por LM » Qui Mai 31, 2007 8:29 am

Sem querer defender o ridiculo :wink: mas como detesto duplicações de funções...

Se os Comandos actuam no máximo em escalão companhia - porque em escalão batalhão já temos uns excelentes paraquedistas, com capacidades muito equivalentes - porque não podem concentrar a aposta em "atiradores designados" (http://en.wikipedia.org/wiki/Designated_marksman) e sempre que necessitarem usam os snipers dos "rangers"...?

Um sniper especializado é um recurso "caro"...

Mas acredito que esteja a ser influenciado pela minha visão de "combinar" os Comandos/Rangers - atenção, manter as duas unidades separadas, mas assumir que se combinam; vejo os Comandos como potenciais " Special Forces Support Group" (http://en.wikipedia.org/wiki/Special_Forces_Support_Group)




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#29 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Mai 31, 2007 8:43 am

Percebo o que estás a dizer, mas neste caso não é duplicação, é na verdade uma necessidade primária. Se as Operações Especiais tivessem presentes noutro TO com um DOE, como é que seria? Pediam os Snipers da Companhia de Precursores, do Corpo de Fuzileiros? Ou pior, de um outro país aliado?
Não neste caso é preciso ter essa unidade e com urgência.
Eu sou um defensor acérrimo da existência de Snipers ao escalão de Companhia como os Fuzileiros Portugueses já têm neste momento. Eles têm duas equipas de Snipers por Companhia, têm mais equipas de Snipers no PelRec e no DAE. Eu defendo o mesmo para todos os Batalhões de Infantaria/Esquadrões de Reconhecimento.
Os Americanos têm Designated marksman em todos os pelotões de atiradores e Snipers ao escalão de batalhão e eles tem sempre trabalho.
A França chega a ter snipers ao escalão de pelotão, já faz parte da sua tradição militar (apesar de eu achar que eles na verdade são mais Designated marksman do que Snipers).




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#30 Mensagem por Rui Elias Maltez » Sex Jun 08, 2007 6:00 am

Exécito preocupado com regresso de Cabul


MANUEL CARLOS FREIRE / http://dn.sapo.pt/2007/06/08/nacional/


Imagem
Muitos comandos acham que não há 'stress' de guerra



O Exército está a encarar com preocupação o regresso a Portugal dos militares actualmente estacionados no Afeganistão, onde participam, pela primeira vez desde a Guerra Colonial, em operações ofensivas e são alvo do fogo inimigo.

"Há uma preocupação acrescida" com a reintegração desses militares, pelo que "estamos a equacionar algo mais substantivo" para os acompanhar em Portugal, disse ao DN o director do Centro de Psicologia Aplicada do Exército (CPAE), tenente-coronel Norberto Carrasqueira. Outras fontes, contudo, garantiram que "a preocupação é grande" dentro do ramo, avançando mesmo (com base nos registos de outros países ou do historial dos ex--combatentes lusos) um exemplo do que poderá ocorrer: "Não queremos que, ao chegar a Portugal, [os comandos] estejam num café a dizer que mataram não sei quantos talibãs".

"Dez minutos em combate [como sucedeu a 25 de Maio, em que o primeiro-sargento Barry ficou ferido] é uma eternidade. Mas é mais fácil dispararem os comportamentos agressivos do que desenvolverem-se os chamados distúrbios pós-traumáticos de stress de guerra" (DPTS), salientou outra das fontes.

Daí resulta, em especial no primeiro ano após o regresso a Portugal, "um sentimento de impunidade - são miúdos de 19, 20, 21 anos que andaram aos tiros e não morreram - e de tal autoconfiança e desinibição que os comportamentos de risco" são normais, em especial nos períodos de férias e ao fim-de-semana, explicou este especialista.

Daí que, desde que as Forças Armadas começaram a participar em missões internacionais (Bósnia, 1996), registaram-se "mais de 20 mortos" entre praças no primeiro ano após o regresso a casa e fora de serviço. A par disso, "cenas de pancadaria e homicídios" são outras situações de risco potencial em que esses jovens podem ver-se envolvidos, revelou uma das fontes castrenses.

O desconhecimento em lidar com os potenciais efeitos psicológicos de operações de guerra, com o actual grau de stress e violência associados, é uma das dificuldades com que o CPAE está confrontado. "Não tenho isso estudado", reconheceu Norberto Carrasqueira. A explicação, referiu, está no facto de as tropas lusas não terem estado envolvidas naquele tipo de acções desde 1996 - embora seja uma situação corrente em forças armadas de outros países da NATO.

"Não tem sido possível fazer estudos nessa área", referiu o major Nuno Sampaio, que esteve um mês com as tropas no Afeganistão e regressou a Lisboa no último fim-de-semana.

Só agora é que a tropa portuguesa está a participar em acções ofensivas, pelo que "o que sabemos é com base noutros estudos", adiantou, relativizando essa informação. Aspectos culturais e "a forma como as famílias dos militares americanos [há anos envolvidos em acções de combate] reagem à morte ou aos ferimentos" dos familiares "serão diferentes" do que sucede com as famílias lusas, observou.

A situação actual "está a levantar alguns desafios", repetiu o director do CPAE, mas, "por enquanto, só tenho a preocupação" resultante do envolvimento das tropas em "acções continuadas de fogo e stress" no chamado santuário dos talibãs, em Kandahar.

Fontes do Corpo de Tropas Comandos observaram ao DN que "o stress de guerra não é uma frase inventada. É uma realidade". Um dos oficiais assinalou, contudo, não saber "se uma experiência tão curta [de seis meses] pode provocar algum problema" daquela natureza.

No caso dos comandos, há outro aspecto: "há muitos" dos que estiveram na Guerra Colonial "que dizem que um comando não tem" DPTS, sublinharam as fontes.

O major Nuno Sampaio garantiu ao DN que não há razões para alarme. "A maioria dos militares já lá esteve antes" e mesmo os que estavam presentes na explosão que vitimou o primeiro-sargento Roma Pereira (Novembro de 2005) não apresentavam qualquer mudança de comportamento, disse.

"A missão é mais perigosa e desempenhada numa zona crítica. Há uma mudança, pois estavam habituados a um certo tipo de missão [maioritariamente patrulhas] e agora estão numa onde o contacto com os combates é maior, o stress é mais elevado.

Mas, do que me apercebi, estavam todos em condições", assegurou o psicólogo - mesmo o primeiro-sargento Barry (ferido pelo estilhaço da explosão de um engenho disparado por um lança-granadas), com quem esteve um dia depois do acidente.

Esta apreciação de Nuno Sampaio, que acompanhou os comandos nalgumas das operações, também assenta nas avaliações que fez ao contingente antes da partida para Cabul, e que vai ser repetida no seu regresso a casa, de acordo com o modelo de avaliação e acompanhamento desenvolvido pelo CPAE ao longo dos anos.




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