Last year Yamani said that the oil prices were destined to crash in the long term and, the world would never use up the last drop of oil, because it would not need to: 'The Stone Age did not come to an end because we had a lack of stones, and the oil age will not come to an end because we have a lack of oil.'
A Guerra do presente e do futuro- recursos naturais
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Preço do petróleo.
Creio que, a médio prazo, a produção de petróleo vai aumentar. A produção de petróleo em locais onde a extração não era feita, pelo custo elevado de produção, vai tornar-se economicamente viável. Exemplo as águas profundas das costas. Muito dinheiro está sendo gasto, também, em prospecção de novos campos. O consumo vai ser mais racionalizado.
Com o petróleo caro haverá investimentos e pesquisa em fontes alternativas de energia. Talvez, em um prazo não muito longo, o petróleo perca sua atual importância. Penso que haverá então uma mudança no mapa do poder mundial.
Saudações
Creio que, a médio prazo, a produção de petróleo vai aumentar. A produção de petróleo em locais onde a extração não era feita, pelo custo elevado de produção, vai tornar-se economicamente viável. Exemplo as águas profundas das costas. Muito dinheiro está sendo gasto, também, em prospecção de novos campos. O consumo vai ser mais racionalizado.
Com o petróleo caro haverá investimentos e pesquisa em fontes alternativas de energia. Talvez, em um prazo não muito longo, o petróleo perca sua atual importância. Penso que haverá então uma mudança no mapa do poder mundial.
Saudações
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
Fontes alternativas ao petróleo
Recentemente a comunidade científica brasileira tomou conhecimento da descoberta de uma imensa fonte energética existente ao redor das calotas polares, em grande profundidade. Trata-se do hidrato de metano (H²O.CH4).
As reservas estão sendo quantificadas, mas já existem evidências que se trata de reservas maiores que as do petróleo. E o HM é mais barato de extrair e refinar.
Portanto essas reservas constituem no mais novo potencial geopolítico global.
As reservas estão sendo quantificadas, mas já existem evidências que se trata de reservas maiores que as do petróleo. E o HM é mais barato de extrair e refinar.
Portanto essas reservas constituem no mais novo potencial geopolítico global.
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Respondendo minha própria pergunta,
O hidrato de metano não é uma molécula, ele é o metano (CH4, o famoso gás natural) aprisionado em cristais de gelo, uma estrutura tradicional é composta por 8 moléculas de metano e 46 moléculas de água, ele existe em quantidade muito superior ao petróleo e pode ser um substituto temporário dele, um dos problemas que sua extração apresenta é que ela pode acabar deixando o metano vazar diretamente a atmosfera e cada grama de metano equivale a 25 gramas de CO2 para o efeito estufa.
O hidrato de metano não é uma molécula, ele é o metano (CH4, o famoso gás natural) aprisionado em cristais de gelo, uma estrutura tradicional é composta por 8 moléculas de metano e 46 moléculas de água, ele existe em quantidade muito superior ao petróleo e pode ser um substituto temporário dele, um dos problemas que sua extração apresenta é que ela pode acabar deixando o metano vazar diretamente a atmosfera e cada grama de metano equivale a 25 gramas de CO2 para o efeito estufa.
"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
Metano
É isso aí mesmo!! Mas de qualquer maneira é uma fonte enegética de enorme importância estratégica. Não demora muito já existirão processos de extração e/ou exploração sem maiores prejuizos com a camada de ozônio.
Litoral siberiano, litoral norte da Europa, Groenlândia, Alaska, Behring, canadá e ilhas árticas no hemisfério norte e no litoral da Antártida,
todas as ilhas em latitudes maiores do que as ilhas Malvinas, costa sul da América do Sul, tanto no litoral Atlântico como no do Pacífico. Em nosso país há pouca probabilidade em função da maior temperatura de nossas águas. A menos que.... (nossa Base Comandante Ferraz na Antárdida)...
Litoral siberiano, litoral norte da Europa, Groenlândia, Alaska, Behring, canadá e ilhas árticas no hemisfério norte e no litoral da Antártida,
todas as ilhas em latitudes maiores do que as ilhas Malvinas, costa sul da América do Sul, tanto no litoral Atlântico como no do Pacífico. Em nosso país há pouca probabilidade em função da maior temperatura de nossas águas. A menos que.... (nossa Base Comandante Ferraz na Antárdida)...
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- soultrain
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boas,
Pelos vistos o petróleo continua em escalada, como diversas previsoes pouco ortodoxas aqui postadas, a continuaçao:
http://www.janelanaweb.com/
Muito bom artigo, vale a pena ler.
[[]]'s
Pelos vistos o petróleo continua em escalada, como diversas previsoes pouco ortodoxas aqui postadas, a continuaçao:
O Estado da Economia Mundial
Da escalada do petróleo, às nuvens no gás natural, até aos ciclos geopolíticos. Três tendências abordadas em mais um relatório semestral.
http://www.janelanaweb.com/
Muito bom artigo, vale a pena ler.
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Como as previsões são de quê as reservas de petróleo do oriente médio, durem apenas 110 anos e as da Venezuela cerca de 85, o grande trunfo ficou nas mãos de países que apostaram em biocombustível, em especial o Brasil.
Apesar das grandes pressões dos cartéis petrolíferos, acredito que em breve não haverá oferta aprazível. Os conflitos surgem a cada momento, sempre nos pontos de extração, faltando agora só o Canadá entrar na dança.
Nesse ritmo não haverá tempo hábil, nem sequer para haver a extração, pesquisa e refinamento das jazidas da Antartida como amigo falou. Na contra-mão, a produção do álcool pode ser aumentada a níveis não conhecidos.
------------------
PS:
Amigos, uma notícia: Segundo um livro que eu estava lendo agora a pouco, Nostradamus previu que a 3ª guerra mudial começaria por causa de um pequeno país do Oriente Médio, exatamente nesse período. E se for Israel e se for agora? Petróleo para quê?
Apesar das grandes pressões dos cartéis petrolíferos, acredito que em breve não haverá oferta aprazível. Os conflitos surgem a cada momento, sempre nos pontos de extração, faltando agora só o Canadá entrar na dança.
Nesse ritmo não haverá tempo hábil, nem sequer para haver a extração, pesquisa e refinamento das jazidas da Antartida como amigo falou. Na contra-mão, a produção do álcool pode ser aumentada a níveis não conhecidos.
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PS:
Amigos, uma notícia: Segundo um livro que eu estava lendo agora a pouco, Nostradamus previu que a 3ª guerra mudial começaria por causa de um pequeno país do Oriente Médio, exatamente nesse período. E se for Israel e se for agora? Petróleo para quê?
"A guerra, a princípio, é a esperança de q a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de q o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver q o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver q todo mundo se ferrou!"
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Re: Fontes alternativas ao petróleo
Botovel escreveu:Recentemente a comunidade científica brasileira tomou conhecimento da descoberta de uma imensa fonte energética existente ao redor das calotas polares, em grande profundidade. Trata-se do hidrato de metano (H²O.CH4).
As reservas estão sendo quantificadas, mas já existem evidências que se trata de reservas maiores que as do petróleo. E o HM é mais barato de extrair e refinar.
Portanto essas reservas constituem no mais novo potencial geopolítico global.
infelismente ele ficara por lá mesmo ha um tratado assinado por todos os paises que utilizam a antartica. para que não se extraia nada de seu subsolo,tanto que os americanos foram obrigados a parar com uma pesquisa sobre a bacia petrolifera existente por lá.
O maior patrimônio de uma nação é o espírito de luta de seu povo e a maior ameaça para uma nação é a desagregação desse espírito. (George B. Courtelyou)
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Países ricos sem água
http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=211701&idselect=9&idCanal=9&p=2002006-08-17 - 00:00:00
Ambiente - relatório sobre crise mundial
Países ricos sem água
Os recursos económicos e as infra-estruturas não constituem nenhum seguro contra a escassez, a contaminação, a alteração climática e a seca nos países ricos. A conclusão é de um estudo da World Wild Fund (WWF) que analisa a crise de água nos países ricos, motivada pelas alterações climáticas, seca, má gestão dos recursos e perda de zonas húmidas. A agricultura intensiva em Espanha surge como uma das causas da seca em Portugal.
O relatório, que se debruça sobre a situação na Europa, nos Estados Unidos da América, Austrália e Japão, tece duras críticas às políticas espanholas de gestão dos recursos hídricos. O país vizinho tem a maior taxa de barragens por habitante do Mundo, mas apesar de ter construído grandes empreendimentos nos últimos anos, não conseguiu resolver o problema da falta de água, piorando até a situação. “Muitas barragens falharam ao não atingir os objectivos propostos”, lê-se no relatório.
Os milhões de turistas e a agricultura por irrigação na bacia do Mediterrâneo consomem água que “faz agora falta no centro de Espanha e Portugal”, considera a WWF. Este tem sido um dos motivos para conflitos ibéricos sobre a água.
Os agricultores espanhóis, acusa a WWF, têm desperdiçado demasiada água. Como exemplo, só a água utilizada anualmente para produzir excedentes de algodão, arroz, milho e alfaia equivale ao consumo doméstico de 16,3 milhões de espanhóis. Os excedentes representam a quantidade de produtos produzida para além das quotas impostas pela União Europeia. De fora ficam as “largas quantidades de tomate e morango, produzidas só para deitar fora, para manter os preços”, diz a organização.
A exaustão das fontes aquíferas e a contaminação dos rios são os principais problemas encontrados nos países desenvolvidos. A WWF exemplifica com a quantidade média de água necessária para produzir certos produtos: hambúrguer 2400 litros, par de sapatos oito mil.
Portugal é referenciado como um dos poucos países desenvolvidos que já ratificou a Convenção da ONU sobre Direito dos Usos Não Navegacionais dos Cursos de Água Internacionais.
As reservas de água em Espanha caíram esta semana para o nível mais baixo dos últimos dez anos. A situação mais grave é a reserva do rio Segura, onde estão acumulados 144 hectómetros cúbicos, 11,8 por cento da capacidade. As reservas do Tejo (abastecem Madrid e asseguram o transvaze para o Segura) atingiram 43,8 por cento da capacidade.
Secas, inundações e contaminação – o retrato não é do 3.º mundo, é da Europa. Os grandes rios do centro do continente são autênticos caixotes de lixo, como o Reno ou o Danúbio (a bacia do Danúbio é gerida por 18 países). Os glaciares estão a ficar mais pequenos, influenciado os caudais dos rios e os níveis de cheias.
A região dos Grandes Lagos (EUA/Canadá) contém 18 por cento das reservas de água doce do planeta. A WWF alerta para o alto nível de contaminação das águas e para as alterações do ecossistema, devido às invasões de espécies tropicais. As chuvas ácidas também preocupam.
A Austrália (Oceânia) é considerado o continente mais seco do mundo. As áreas Sul do país perderam 15 por cento da precipitação dos anos 70. Actualmente, estão a ser construídas várias fábricas de dessalinização. Os lixos tóxicos das minas perto de Camberra poluíram as águas dos rios.
COMO AJUDAR
BARRAGENS CERTAS
As barragens são a infra-estrutura mais prejudicial à água. A Comissão Mundial de Barragens recomenda que sejam considerados os benefícios ambientais, económicos e sociais antes da construção.
NÃO SUBSIDIAR
A WWF sugere que os Governos deixem de proteger e subsidiar a agricultura. Os agricultores raramente pagam o custo real da água que utilizam. Na maior parte dos países há utilização abusiva e ilegal de água.
RECUPERAR ATÉ 2010
A WWF pretende assegurar a manutenção de processos ambientais saudáveis em pelo menos 50 bacias hidrográficas e eco–regiões até 2010. Proteger e garantir a sustentabilidade de 250 milhões de hectares de terras húmidas é outra das metas a atingir até 2010.
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Marechal-do-ar escreveu:O Brasil não precisa disso, temos álcool que possui a vantagem de ser líquido e renovável, mas como os políticos daqui não usam um neurônio para pensar no bem do país quando acabar nosso petróleo iremos pro metano...
É, e o negócio tem que ser bem feito, por exemplo, como plantar tanta cana para substituir cerca de 1.700 mil barrís de petroleo da cadeia PRODUTIVA?
pow DAVA PARA ACABAR COM TODOS OS SEM-TERRA e ainda ia precisar maquina.
- soultrain
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Jorge Nascimento Rodrigues em Houston, 17-20 de Outubro de 2007
(Valores e texto actualizado a 30 de Novembro 2007)
A marcha do preço do barril do petróleo para os 100 dólares parece irreversível. No entanto, poucos analistas arriscam datas.
Sítios em destaque:
ASPO USA | Opisnet | Gráficos de evolução dos preços
A marcha do preço do barril do petróleo para os 100 dólares parece irreversível. No entanto, poucos analistas arriscam datas. Jeff Rubin, economista-chefe no Canadian Imperial Bank of Commerce, estima que essa barreira psicológica será batida no 4º trimestre de 2008, o que, ainda, ficaria "longe". O Oil-price.net apresenta uma previsão, a um ano, do barril a 115 dólares. Mais "imediatista", Tom Kloza, que tem o pomposo atributo de "chefe-analista" do Oil Price Information Service, nos Estados Unidos, avança que esse "choque" ocorrerá já na Primavera de 2008, com um novo surto especulativo no mercado de futuros e no "spot".
Kloza faz o prognóstico que o impacto dessa alta do crude na bomba de gasolina poder levar os preços do galão (cerca de 3,8 litros) aos 3,25 a 3,75 dólares, quando o cidadão médio norte-americano encher o depósito, o que significará uma variação entre 15 a 35% em relação aos preços médios actuais, que ainda estão abaixo do limiar psicológico dos três dólares. O cálculo de Kloza baseia-se na referência de que o peso do crude no preço final no retalho americano é ligeiramente superior a 50%, segundo a Energy Information Administration.
A sombra da nota de 100 dólares não tem, de facto, largado os economistas, depois dos preços no mercado "spot" norte-americano (o barril de referência do WTI Cushing) terem ultrapassado os 90 dólares em Outubro e até 30 de Novembro (nesta data caiu abaixo dos 90 dólares, tendo fechado em 88, 71 (gráficos aqui).
Para vários especialistas, esse recorde significa já que os máximos históricos atingidos em Janeiro de 1981 foram ultrapassados depois do "spot" ter atingido valores acima dos 93 dólares durante Novembro de 2007 - se os preços nominais de então forem corrigidos para valores de 2007, segundo o crescimento do PIB, ou mesmo se o indicador utilizado for o dos preços do consumo.
Correcção em baixa em Dezembro (2007)?
No entanto, é preciso temperar as expectativas. O comportamento da alta dos preços não é linear. Se olharmos para os gráficos que os peritos têm publicado desde 2001, quando se iniciou o que designam por actual "bull cycle", a evolução desenha um iô-iô, em que, a seguir a disparos de preços durante um certo período, há súbitas correcções em baixa, ainda que, passado algum tempo, a pressão para a alta regressa e chuta o preço para um patamar ainda mais alto do que os máximos anteriores. O analista Adam Hamilton alerta que poderá haver uma correcção em Dezembro, que poderá trazer a prenda de Natal dos preços do barril para o patamar, de novo, dos 80 dólares.
Um dos elementos que poderão afectar o comportamento dos preços do barril é o inverno norte-americano. Recorde-se que os EUA são o primeiro consumidor mundial, com 25% - a larga distância do número dois, a China (que consome, ainda, pouco mais de 1/3 dos americanos). O Departamento de Comércio dos Estados Unidos e a National Oceanic and Atmospheric Administration estimam que o inverno será mais quente do que o normal no nordeste dos EUA (que representa 80% da procura de aquecimento) - alguns analistas admitem, por isso, que o disparo do consumo seja inferior ao esperado; outros não acreditam, de todo, nas previsões climáticas "optimistas". Mesmo que haja um paradoxal bónus, derivado da tendência de longo prazo para o aquecimento global, os peritos argumentam que poderão não faltar surpresas na geopolítica que logo aquecerão os preços do crude.
O fantasma do racionamento
As últimas estatísticas falam por si - o défice entre o que se produz e o que se consome no mundo do petróleo tem-se alargado. Falta mais de um milhão e meio de barris por dia para alimentar a voracidade dos cinco comilões mundiais: Estados Unidos (25% do consumo mundial), China (8,5%), Japão (6%), Rússia (3,6%) e Alemanha (3%).
Se compararmos as estatísticas oficiais da International Energy Agency, de Agosto do ano passado (2006) com as do mesmo mês do corrente ano (2007), o corte real na oferta de crude foi de 610 mil barris por dia. Ora estima-se que a procura mundial em 2008 exija ainda mais dois milhões de barris por dia, um crescimento de 2%. "Quando esse adicional for de 4%, o preço do barril vai ter de chegar aos 150 dólares", afirmou o consultor Robert Hirsch na Conferência Mundial sobre o Petróleo, que decorreu em Houston, em Outubro.
"Os grandes países consumidores vão ter de proteger seriamente as rotas por onde passam os fluxos de petróleo. Qual é o resultado? Mais turbulência no mundo. Risco de conflitos graves. Mais pressão sobre os preços. É um ciclo que se auto-alimenta". (Chris Skrebowski)
Hirsch, co-autor de um estudo sobre previsões do crude para o Departamento de Energia norte-americano, conseguiu mesmo assustar os 500 participantes provenientes de 10 países: "Meus amigos, uma pequena variação de 1% no consumo significa hoje mais 800 mil a 1 milhão de barris por dia. Onde é que os vamos buscar?". Chris Skrebowski, do Energy Institute, de Londres, respondeu, a seguir: "A lado nenhum. Vai ter de haver prioridades no consumo. O que é que isso significa para o cidadão comum? Racionamento!". E, em termos geopolíticos, Hirsch traçou um quadro negro: "Os grandes países consumidores vão ter de proteger seriamente as rotas por onde passam os fluxos de petróleo. Qual é o resultado? Mais turbulência no mundo. Risco de conflitos graves. Mais pressão sobre os preços. É um ciclo que se auto-alimenta".
Aqui a assembleia agitou-se, incomodada. Alguém balbuciou: "Mas não se pode arranjar mais petróleo?". Os optimistas dirão que sim - há previsões de se produzir mais de 100 milhões de barris por dia em 2011/2012, o que satisfaria o aumento de consumo esperado, sobretudo pelo continuado impacto do "boom" dos quatro BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Skrebowski ficou-se, com boa vontade, pelos 91,8, e repetiu o recado: "A única solução face ao défice que vai crescer, é mais eficiência energética e atacar resolutamente o problema dos transportes de superfície, que comem 50% de cada barril".
O ambiente parecia ter acalmado com o "break" para o almoço, quando Matthew Simmons, um analista muito respeitado que fez a audiência levantar-se a bater palmas, estragou a sobremesa: "A crise que temos pela frente, provocada pelo declínio da oferta do petróleo, é muito mais iminente do que o risco da mudança climática. Os políticos parecem estar cegos". Com o auge do marketing do tema da mudança climática, depois da atribuição do Nobel a Al Gore, a piada indirecta de Simmons caiu como uma bomba politicamente incorrecta. Tom Petrie , outro analista, logo acrescentou: "Os políticos já interiorizaram uma imagem de probabilidade em relação às questões do clima, mas continuam completamente insensíveis ao problema do pico do petróleo. É uma chatice porque vão ser surpreendidos desagradavelmente pela realidade".
Um relatório do Energy Watch Group, alemão, foi, entretanto, distribuído - é uma das previsões mais radicais, com uma quebra da produção em 2030 na ordem de 54% em relação à actual. Pode obter o relatório aqui.
Mudança de poder: big oil passou a baby oil
O debate provocou ainda maior indigestão quando Jeffrey Brown, um geólogo, sacudiu a plateia, meio adormecida pelo começo da tarde ou pelo "jet lag": "O problema do pico do petróleo pode ainda ser mais iminente, se a geopolítica triunfar sobre os limites geológicos". Houve, nos últimos 50 anos uma "mudança de poder" - em 1950, 90% da produção do crude estava na mão das grandes multinacionais ocidentais; hoje, rondará os 5%. "O "big oil" de ontem passou a "baby oil"", ironizou Hirsch. As 'majors' são hoje as empresas nacionais dos principais países exportadores líquidos que estão no mundo dos BRIC e emergente.
Brown concluiu com duas consequências desta "mudança de poder": primeira, tais empresas sendo controladas politicamente pelos governos serão tentadas a jogar a cartada política sempre que acharem oportuno (o crude será uma "commodity" cada vez mais politizada); segunda, chegará o momento em que esses países terão de reduzir a sua própria exportação para lidar com o aumento do seu consumo interno e com o declínio da sua produção e o desgaste dos seus recursos. "O colapso virá a seguir", afirmou.
A audiência foi salva "in extremis" pela chamada para a recepção de gala. O Ardina pôs no bolso o Qtek e marchou para o "buffet".
5. Petróleo a caminho dos 100 dólares - Crónica 2
Commodities em foco III
O Ardina em Cork (Irlanda) na Conferência das ASPO Europa
Jorge Nascimento Rodrigues em Cork, 17-18 de Setembro de 2007
(Valores e texto actualizado a 30 de Novembro 2007)
O recorde histórico dos 100 dólares poderá ser alcançado no quarto trimestre de 2008, segundo os prognósticos dos especialistas na Conferência sobre o 'pico' da produção do crude que decorreu em Cork. A ASPO acaba de criar a ASPO International e anunciou em Cork que, até final do ano de 2007, surgirão as organizações locais na China e na África do Sul.
Sítio em destaque:
ASPO Irlanda
CITAÇÕES DE CHOQUE
"Vocês, os 'peakers', podem cantar vitória. O alerta para o 'pico' do petróleo tornou-se uma corrente dominante, mas os políticos continuam distraídos" James Schlesinger, ex-secretário de Estado da Defesa de Nixon e Ford e primeiro secretário de Energia de Carter
"Mais grave do que o choque provocado pelo disparo do consumo na China e na Índia, será o declínio da exportação de crude por parte dos países produtores da OPEP, Rússia e México, em virtude do aumento do consumo doméstico nesses países e da sua ineficiência energética" Jeff Rubin, economista-chefe do banco de investimentos CIBC World Markets
5 VERDADES DESAGRADÁVEIS
· Cada 1% de desvalorização do dólar americano implica um aumento do preço do barril de petróleo de 0,62% (Estudo de Noureddine Krichene, FMI, 2005)
· As previsões mais 'optimistas' dos especialistas independentes da indústria petrolífera apontam para um máximo histórico de produção mundial em 2015-2020 em torno dos 100 milhões de barris diários (Michael Rodgers, da consultora PFC Energy, Cork, 2007)
· A transformação da infra-estrutura energética é o problema mais complexo para uma transição para uma economia não dependente do petróleo (James Schlesinger, Cork, 2007)
· As perspectivas realistas de exploração potencial a partir do petróleo convencional a descobrir são 30% a 40% das oficialmente publicadas (Ray Leonard, Kuwait Energy, Cork, 2007)
· A situação de dependência da China em relação à importação de petróleo é já de 50% e no primeiro semestre deste ano, o país passou também a ser um importador líquido de carvão (Xiongqi Pang, Universidade do Petróleo de Beijing, Cork, 2007)
James Schlesinger não podia ser mais dramático ao abrir, na Irlanda, a 6ª Conferência mundial da Associação para o Estudo do Pico do Petróleo & do Gás (ASPO): "Entrámos num período crucial, vivemos um momento de verdade, e os políticos ainda não se deram conta disso". As credenciais do político republicano norte-americano, de 78 anos, são sobejamente conhecidas - ex-director da CIA, ex-secretário da Defesa e da Energia de várias Administrações norte-americanas nos anos dos primeiros "choques" petrolíferos - para que uma frase sua imediatamente faça estrondo nos "media".
"Necessitamos de encontrar 5 ou 6 Arábias Sauditas para defrontarmos, com êxito, o disparo da procura nos próximos anos", ironizou Schlesinger, de seguida, no que foi acompanhado por um sorriso geral dos 350 participantes que se juntaram em Cork para debater o beco sem saída em que se encontra a "civilização do petróleo".
Do consenso de Hedberg...
Depois, foi a vez de subirem ao palco os especialistas da oferta e da procura do mercado desta "commodity". Só que, em vez da "máfia dos geólogos reformados" que fundaram e alimentam a ASPO, como os apodou Jeremy Gilbert, ex-engenheiro-chefe da BP, a conferência ouviu gente de dentro da indústria e economistas independentes. De facto, vozes como o irlandês Colin Campbell e o francês Jean Laherrère, fundadores do movimento, estiveram, desta vez, mais discretas do que, por exemplo, na conferência de 2005, em Lisboa.
Ray Leonard, um perito que trabalhou na Yukos russa e que hoje está com a Kuwait Energy, levantou o véu do que um grupo restrito discutiu em segredo, no ano passado, em uma das Conferências Hedberg Research, organizadas pela American Association of Petroleum Geologists. "As perspectivas de exploração potencial são muito menores do que oficialmente se diz. O 'consenso' que se formou nesta conferência, é que dos 700 mil milhões de barris que se alega puderem vir a ser, ainda, encontrados, talvez seja verdade falarmos de 250 a 300 mil milhões", afirmou.
O consultor Michael Rodgers fez, então, a ponte para a questão do 'pico' da produção do petróleo: "Admitimos um máximo de produção de 100 milhões de barris diários (mbd) em 2015-2020, podendo seguir-se um período de 'planalto', de estagnação, a que se seguirá inelutavelmente um declínio". A possibilidade de chegar aos 100 mbd produzidos é contestada pelos especialistas da ASPO, que, no entanto, pela boca do seu presidente, o sueco Kjell Aleklett, sublinharam a "proximidade" cada vez maior das datas apontadas para o 'pico', o que faz antever uma convergência gradual de prognósticos quanto aos limites da oferta.
... ao choque da exportação
Ao debater a questão da procura, a conferência foi literalmente sacudida pela intervenção do canadiano Jeff Rubin, economista-chefe no Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC). Há um problema mais grave do que o "sindroma chinês" - o tema mais mediático.
Até à data, tem-se falado, sobretudo, no disparo do consumo anual de petróleo "per capita" na China e na Índia - no primeiro caso mais do que duplicou, ainda que continue a um nível muito baixo, de apenas 19% do norte-americano ou 38% do europeu. Esse "salto" levou a que a China multiplicasse por 12 o consumo diário de barris de crude, entre 1970 e 2006, e que se tornasse "petróleo-dependente" económica e geopoliticamente, como ironizou, discretamente, Xiongqi Pang, da Universidade do Petróleo, de Beijing.
Rubin chamou, então, a atenção para o facto de que os países produtores de petróleo - tanto do cartel da OPEP como dos outros - são altamente devoradores de petróleo, por razões de ineficiência energética, de subsídios aos preços domésticos na bomba de gasolina, e pela própria curva de crescimento do consumo doméstico. "O que daí vai resultar é um choque na exportação. Vão faltar, no período até 2010, uns 2,5 milhões de barris por dia. É, por isso, que os mercados já não acreditam nas decisões da OPEP em "aumentar" a produção, e o preço tem galgado os 80 dólares", frisou o analista.
Por isso, o canadiano não se admirará se, até final de 2008, o preço do barril de referência nos Estados Unidos (o WTI) possa atingir no mercado "spot" a barreira simbólica dos 100 dólares. Dependendo de como se avaliam, a preços actuais, os valores atingidos no segundo choque petrolífero em 1981, os 100 dólares do ouro negro no próximo ano poderão superar os máximos, então, atingidos.
Com esta psicologia do maior "choque petrolífero" de sempre a breve trecho, os vários "lóbis" estão a movimentar-se activamente - desde o nuclear, que em Cork teve presença forte nas intervenções do francês Pierre-René Bauquis (que acaba de lançar o livro 'Nuclear Power'), do Instituto Francês do Petróleo, e do irlandês Philip Walton, que fundou o Better Environment from Nuclear Energy, até aos defensores das outras alternativas.
Gás Natural: Uma caixinha de surpresas
DESTAQUE:
"Não há um mercado internacional organizado do gás natural. O preço actual não está, ainda, a dar um sinal da situação que poderá, de um momento para o outro, rebentar"
A situação no mercado do gás natural tem sido menos mediatizada. Luís de Sousa, 29 anos, um dos novos activistas da ASPO Portugal, acha que tem havido muita desatenção a este problema, e que, por isso, não se admirará que, um dia destes, nos rebente, nas notícias da manhã, uma surpresa. "Os preços não dão ainda sinais do que poderá ocorrer. O mercado do gás natural é muito diferente do petrolífero. É mais fragmentado, não há nenhum cartel por ora, e por isso é uma caixinha de surpresas", comenta-nos este engenheiro informático, do Instituto Superior Técnico, de Lisboa, que participou na conferência de Cork e que se encontra num "retiro" de reflexão estratégica da ASPO (que já está presente em 25 países) na cidadezinha campestre de Killarney.
"No espaço de três anos, a produção de gás natural nos Estados Unidos poderá cair abruptamente, e curiosamente na Europa o elo mais fraco são estas ilhas, a Britânica e a Irlanda", acrescenta o especialista em sistemas de informação geográfica que se apaixonou pelo tema desde a invasão do Iraque, tendo-se embrenhado no tema do 'pico' petróleo, em 2005, depois de "dois dias a devorar um sítio com informação na Web, que me deixou estupefacto".
A partir daí alimenta um sítio em português (ver aqui) e é um dos colunistas regulares do sítio europeu.
(c) Janelanaweb.com/Gurusonline.tv, 2007
(Valores e texto actualizado a 30 de Novembro 2007)
A marcha do preço do barril do petróleo para os 100 dólares parece irreversível. No entanto, poucos analistas arriscam datas.
Sítios em destaque:
ASPO USA | Opisnet | Gráficos de evolução dos preços
A marcha do preço do barril do petróleo para os 100 dólares parece irreversível. No entanto, poucos analistas arriscam datas. Jeff Rubin, economista-chefe no Canadian Imperial Bank of Commerce, estima que essa barreira psicológica será batida no 4º trimestre de 2008, o que, ainda, ficaria "longe". O Oil-price.net apresenta uma previsão, a um ano, do barril a 115 dólares. Mais "imediatista", Tom Kloza, que tem o pomposo atributo de "chefe-analista" do Oil Price Information Service, nos Estados Unidos, avança que esse "choque" ocorrerá já na Primavera de 2008, com um novo surto especulativo no mercado de futuros e no "spot".
Kloza faz o prognóstico que o impacto dessa alta do crude na bomba de gasolina poder levar os preços do galão (cerca de 3,8 litros) aos 3,25 a 3,75 dólares, quando o cidadão médio norte-americano encher o depósito, o que significará uma variação entre 15 a 35% em relação aos preços médios actuais, que ainda estão abaixo do limiar psicológico dos três dólares. O cálculo de Kloza baseia-se na referência de que o peso do crude no preço final no retalho americano é ligeiramente superior a 50%, segundo a Energy Information Administration.
A sombra da nota de 100 dólares não tem, de facto, largado os economistas, depois dos preços no mercado "spot" norte-americano (o barril de referência do WTI Cushing) terem ultrapassado os 90 dólares em Outubro e até 30 de Novembro (nesta data caiu abaixo dos 90 dólares, tendo fechado em 88, 71 (gráficos aqui).
Para vários especialistas, esse recorde significa já que os máximos históricos atingidos em Janeiro de 1981 foram ultrapassados depois do "spot" ter atingido valores acima dos 93 dólares durante Novembro de 2007 - se os preços nominais de então forem corrigidos para valores de 2007, segundo o crescimento do PIB, ou mesmo se o indicador utilizado for o dos preços do consumo.
Correcção em baixa em Dezembro (2007)?
No entanto, é preciso temperar as expectativas. O comportamento da alta dos preços não é linear. Se olharmos para os gráficos que os peritos têm publicado desde 2001, quando se iniciou o que designam por actual "bull cycle", a evolução desenha um iô-iô, em que, a seguir a disparos de preços durante um certo período, há súbitas correcções em baixa, ainda que, passado algum tempo, a pressão para a alta regressa e chuta o preço para um patamar ainda mais alto do que os máximos anteriores. O analista Adam Hamilton alerta que poderá haver uma correcção em Dezembro, que poderá trazer a prenda de Natal dos preços do barril para o patamar, de novo, dos 80 dólares.
Um dos elementos que poderão afectar o comportamento dos preços do barril é o inverno norte-americano. Recorde-se que os EUA são o primeiro consumidor mundial, com 25% - a larga distância do número dois, a China (que consome, ainda, pouco mais de 1/3 dos americanos). O Departamento de Comércio dos Estados Unidos e a National Oceanic and Atmospheric Administration estimam que o inverno será mais quente do que o normal no nordeste dos EUA (que representa 80% da procura de aquecimento) - alguns analistas admitem, por isso, que o disparo do consumo seja inferior ao esperado; outros não acreditam, de todo, nas previsões climáticas "optimistas". Mesmo que haja um paradoxal bónus, derivado da tendência de longo prazo para o aquecimento global, os peritos argumentam que poderão não faltar surpresas na geopolítica que logo aquecerão os preços do crude.
O fantasma do racionamento
As últimas estatísticas falam por si - o défice entre o que se produz e o que se consome no mundo do petróleo tem-se alargado. Falta mais de um milhão e meio de barris por dia para alimentar a voracidade dos cinco comilões mundiais: Estados Unidos (25% do consumo mundial), China (8,5%), Japão (6%), Rússia (3,6%) e Alemanha (3%).
Se compararmos as estatísticas oficiais da International Energy Agency, de Agosto do ano passado (2006) com as do mesmo mês do corrente ano (2007), o corte real na oferta de crude foi de 610 mil barris por dia. Ora estima-se que a procura mundial em 2008 exija ainda mais dois milhões de barris por dia, um crescimento de 2%. "Quando esse adicional for de 4%, o preço do barril vai ter de chegar aos 150 dólares", afirmou o consultor Robert Hirsch na Conferência Mundial sobre o Petróleo, que decorreu em Houston, em Outubro.
"Os grandes países consumidores vão ter de proteger seriamente as rotas por onde passam os fluxos de petróleo. Qual é o resultado? Mais turbulência no mundo. Risco de conflitos graves. Mais pressão sobre os preços. É um ciclo que se auto-alimenta". (Chris Skrebowski)
Hirsch, co-autor de um estudo sobre previsões do crude para o Departamento de Energia norte-americano, conseguiu mesmo assustar os 500 participantes provenientes de 10 países: "Meus amigos, uma pequena variação de 1% no consumo significa hoje mais 800 mil a 1 milhão de barris por dia. Onde é que os vamos buscar?". Chris Skrebowski, do Energy Institute, de Londres, respondeu, a seguir: "A lado nenhum. Vai ter de haver prioridades no consumo. O que é que isso significa para o cidadão comum? Racionamento!". E, em termos geopolíticos, Hirsch traçou um quadro negro: "Os grandes países consumidores vão ter de proteger seriamente as rotas por onde passam os fluxos de petróleo. Qual é o resultado? Mais turbulência no mundo. Risco de conflitos graves. Mais pressão sobre os preços. É um ciclo que se auto-alimenta".
Aqui a assembleia agitou-se, incomodada. Alguém balbuciou: "Mas não se pode arranjar mais petróleo?". Os optimistas dirão que sim - há previsões de se produzir mais de 100 milhões de barris por dia em 2011/2012, o que satisfaria o aumento de consumo esperado, sobretudo pelo continuado impacto do "boom" dos quatro BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Skrebowski ficou-se, com boa vontade, pelos 91,8, e repetiu o recado: "A única solução face ao défice que vai crescer, é mais eficiência energética e atacar resolutamente o problema dos transportes de superfície, que comem 50% de cada barril".
O ambiente parecia ter acalmado com o "break" para o almoço, quando Matthew Simmons, um analista muito respeitado que fez a audiência levantar-se a bater palmas, estragou a sobremesa: "A crise que temos pela frente, provocada pelo declínio da oferta do petróleo, é muito mais iminente do que o risco da mudança climática. Os políticos parecem estar cegos". Com o auge do marketing do tema da mudança climática, depois da atribuição do Nobel a Al Gore, a piada indirecta de Simmons caiu como uma bomba politicamente incorrecta. Tom Petrie , outro analista, logo acrescentou: "Os políticos já interiorizaram uma imagem de probabilidade em relação às questões do clima, mas continuam completamente insensíveis ao problema do pico do petróleo. É uma chatice porque vão ser surpreendidos desagradavelmente pela realidade".
Um relatório do Energy Watch Group, alemão, foi, entretanto, distribuído - é uma das previsões mais radicais, com uma quebra da produção em 2030 na ordem de 54% em relação à actual. Pode obter o relatório aqui.
Mudança de poder: big oil passou a baby oil
O debate provocou ainda maior indigestão quando Jeffrey Brown, um geólogo, sacudiu a plateia, meio adormecida pelo começo da tarde ou pelo "jet lag": "O problema do pico do petróleo pode ainda ser mais iminente, se a geopolítica triunfar sobre os limites geológicos". Houve, nos últimos 50 anos uma "mudança de poder" - em 1950, 90% da produção do crude estava na mão das grandes multinacionais ocidentais; hoje, rondará os 5%. "O "big oil" de ontem passou a "baby oil"", ironizou Hirsch. As 'majors' são hoje as empresas nacionais dos principais países exportadores líquidos que estão no mundo dos BRIC e emergente.
Brown concluiu com duas consequências desta "mudança de poder": primeira, tais empresas sendo controladas politicamente pelos governos serão tentadas a jogar a cartada política sempre que acharem oportuno (o crude será uma "commodity" cada vez mais politizada); segunda, chegará o momento em que esses países terão de reduzir a sua própria exportação para lidar com o aumento do seu consumo interno e com o declínio da sua produção e o desgaste dos seus recursos. "O colapso virá a seguir", afirmou.
A audiência foi salva "in extremis" pela chamada para a recepção de gala. O Ardina pôs no bolso o Qtek e marchou para o "buffet".
5. Petróleo a caminho dos 100 dólares - Crónica 2
Commodities em foco III
O Ardina em Cork (Irlanda) na Conferência das ASPO Europa
Jorge Nascimento Rodrigues em Cork, 17-18 de Setembro de 2007
(Valores e texto actualizado a 30 de Novembro 2007)
O recorde histórico dos 100 dólares poderá ser alcançado no quarto trimestre de 2008, segundo os prognósticos dos especialistas na Conferência sobre o 'pico' da produção do crude que decorreu em Cork. A ASPO acaba de criar a ASPO International e anunciou em Cork que, até final do ano de 2007, surgirão as organizações locais na China e na África do Sul.
Sítio em destaque:
ASPO Irlanda
CITAÇÕES DE CHOQUE
"Vocês, os 'peakers', podem cantar vitória. O alerta para o 'pico' do petróleo tornou-se uma corrente dominante, mas os políticos continuam distraídos" James Schlesinger, ex-secretário de Estado da Defesa de Nixon e Ford e primeiro secretário de Energia de Carter
"Mais grave do que o choque provocado pelo disparo do consumo na China e na Índia, será o declínio da exportação de crude por parte dos países produtores da OPEP, Rússia e México, em virtude do aumento do consumo doméstico nesses países e da sua ineficiência energética" Jeff Rubin, economista-chefe do banco de investimentos CIBC World Markets
5 VERDADES DESAGRADÁVEIS
· Cada 1% de desvalorização do dólar americano implica um aumento do preço do barril de petróleo de 0,62% (Estudo de Noureddine Krichene, FMI, 2005)
· As previsões mais 'optimistas' dos especialistas independentes da indústria petrolífera apontam para um máximo histórico de produção mundial em 2015-2020 em torno dos 100 milhões de barris diários (Michael Rodgers, da consultora PFC Energy, Cork, 2007)
· A transformação da infra-estrutura energética é o problema mais complexo para uma transição para uma economia não dependente do petróleo (James Schlesinger, Cork, 2007)
· As perspectivas realistas de exploração potencial a partir do petróleo convencional a descobrir são 30% a 40% das oficialmente publicadas (Ray Leonard, Kuwait Energy, Cork, 2007)
· A situação de dependência da China em relação à importação de petróleo é já de 50% e no primeiro semestre deste ano, o país passou também a ser um importador líquido de carvão (Xiongqi Pang, Universidade do Petróleo de Beijing, Cork, 2007)
James Schlesinger não podia ser mais dramático ao abrir, na Irlanda, a 6ª Conferência mundial da Associação para o Estudo do Pico do Petróleo & do Gás (ASPO): "Entrámos num período crucial, vivemos um momento de verdade, e os políticos ainda não se deram conta disso". As credenciais do político republicano norte-americano, de 78 anos, são sobejamente conhecidas - ex-director da CIA, ex-secretário da Defesa e da Energia de várias Administrações norte-americanas nos anos dos primeiros "choques" petrolíferos - para que uma frase sua imediatamente faça estrondo nos "media".
"Necessitamos de encontrar 5 ou 6 Arábias Sauditas para defrontarmos, com êxito, o disparo da procura nos próximos anos", ironizou Schlesinger, de seguida, no que foi acompanhado por um sorriso geral dos 350 participantes que se juntaram em Cork para debater o beco sem saída em que se encontra a "civilização do petróleo".
Do consenso de Hedberg...
Depois, foi a vez de subirem ao palco os especialistas da oferta e da procura do mercado desta "commodity". Só que, em vez da "máfia dos geólogos reformados" que fundaram e alimentam a ASPO, como os apodou Jeremy Gilbert, ex-engenheiro-chefe da BP, a conferência ouviu gente de dentro da indústria e economistas independentes. De facto, vozes como o irlandês Colin Campbell e o francês Jean Laherrère, fundadores do movimento, estiveram, desta vez, mais discretas do que, por exemplo, na conferência de 2005, em Lisboa.
Ray Leonard, um perito que trabalhou na Yukos russa e que hoje está com a Kuwait Energy, levantou o véu do que um grupo restrito discutiu em segredo, no ano passado, em uma das Conferências Hedberg Research, organizadas pela American Association of Petroleum Geologists. "As perspectivas de exploração potencial são muito menores do que oficialmente se diz. O 'consenso' que se formou nesta conferência, é que dos 700 mil milhões de barris que se alega puderem vir a ser, ainda, encontrados, talvez seja verdade falarmos de 250 a 300 mil milhões", afirmou.
O consultor Michael Rodgers fez, então, a ponte para a questão do 'pico' da produção do petróleo: "Admitimos um máximo de produção de 100 milhões de barris diários (mbd) em 2015-2020, podendo seguir-se um período de 'planalto', de estagnação, a que se seguirá inelutavelmente um declínio". A possibilidade de chegar aos 100 mbd produzidos é contestada pelos especialistas da ASPO, que, no entanto, pela boca do seu presidente, o sueco Kjell Aleklett, sublinharam a "proximidade" cada vez maior das datas apontadas para o 'pico', o que faz antever uma convergência gradual de prognósticos quanto aos limites da oferta.
... ao choque da exportação
Ao debater a questão da procura, a conferência foi literalmente sacudida pela intervenção do canadiano Jeff Rubin, economista-chefe no Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC). Há um problema mais grave do que o "sindroma chinês" - o tema mais mediático.
Até à data, tem-se falado, sobretudo, no disparo do consumo anual de petróleo "per capita" na China e na Índia - no primeiro caso mais do que duplicou, ainda que continue a um nível muito baixo, de apenas 19% do norte-americano ou 38% do europeu. Esse "salto" levou a que a China multiplicasse por 12 o consumo diário de barris de crude, entre 1970 e 2006, e que se tornasse "petróleo-dependente" económica e geopoliticamente, como ironizou, discretamente, Xiongqi Pang, da Universidade do Petróleo, de Beijing.
Rubin chamou, então, a atenção para o facto de que os países produtores de petróleo - tanto do cartel da OPEP como dos outros - são altamente devoradores de petróleo, por razões de ineficiência energética, de subsídios aos preços domésticos na bomba de gasolina, e pela própria curva de crescimento do consumo doméstico. "O que daí vai resultar é um choque na exportação. Vão faltar, no período até 2010, uns 2,5 milhões de barris por dia. É, por isso, que os mercados já não acreditam nas decisões da OPEP em "aumentar" a produção, e o preço tem galgado os 80 dólares", frisou o analista.
Por isso, o canadiano não se admirará se, até final de 2008, o preço do barril de referência nos Estados Unidos (o WTI) possa atingir no mercado "spot" a barreira simbólica dos 100 dólares. Dependendo de como se avaliam, a preços actuais, os valores atingidos no segundo choque petrolífero em 1981, os 100 dólares do ouro negro no próximo ano poderão superar os máximos, então, atingidos.
Com esta psicologia do maior "choque petrolífero" de sempre a breve trecho, os vários "lóbis" estão a movimentar-se activamente - desde o nuclear, que em Cork teve presença forte nas intervenções do francês Pierre-René Bauquis (que acaba de lançar o livro 'Nuclear Power'), do Instituto Francês do Petróleo, e do irlandês Philip Walton, que fundou o Better Environment from Nuclear Energy, até aos defensores das outras alternativas.
Gás Natural: Uma caixinha de surpresas
DESTAQUE:
"Não há um mercado internacional organizado do gás natural. O preço actual não está, ainda, a dar um sinal da situação que poderá, de um momento para o outro, rebentar"
A situação no mercado do gás natural tem sido menos mediatizada. Luís de Sousa, 29 anos, um dos novos activistas da ASPO Portugal, acha que tem havido muita desatenção a este problema, e que, por isso, não se admirará que, um dia destes, nos rebente, nas notícias da manhã, uma surpresa. "Os preços não dão ainda sinais do que poderá ocorrer. O mercado do gás natural é muito diferente do petrolífero. É mais fragmentado, não há nenhum cartel por ora, e por isso é uma caixinha de surpresas", comenta-nos este engenheiro informático, do Instituto Superior Técnico, de Lisboa, que participou na conferência de Cork e que se encontra num "retiro" de reflexão estratégica da ASPO (que já está presente em 25 países) na cidadezinha campestre de Killarney.
"No espaço de três anos, a produção de gás natural nos Estados Unidos poderá cair abruptamente, e curiosamente na Europa o elo mais fraco são estas ilhas, a Britânica e a Irlanda", acrescenta o especialista em sistemas de informação geográfica que se apaixonou pelo tema desde a invasão do Iraque, tendo-se embrenhado no tema do 'pico' petróleo, em 2005, depois de "dois dias a devorar um sítio com informação na Web, que me deixou estupefacto".
A partir daí alimenta um sítio em português (ver aqui) e é um dos colunistas regulares do sítio europeu.
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Então quando se dará o Pico e o subsequente Esgotamento irreversível? A resposta teórica é simples, quando forem extraídas exactamente metade das reservas existentes. É claro que na prática não é tão simples.
Em primeiro lugar as reservas totais não são conhecidas, todos os anos são encontradas novas reservas, pelo que têm de ser estimadas. No entanto a descoberta de reservas segue igualmente uma curva e Hubbert, pelo que podem ser estimadas com alguma precisão as reservas que serão encontradas no futuro. A descoberta de reservas teve o seu auge mundial nas décadas de 1960 e 1970, estando em queda desde então.
Mas o maior problema é não existir uma entidade independente que declare as reservas mundiais de petróleo, tipicamente cada país relata as suas como mais lhe convém. Este problema regista-se sobretudo com os países da Organização dos Países Exportadores de Crude (OPEC). Como é conhecido, a OPEC é um cartel de países que exportam petróleo que se uniram para manter os preços do petróleo em níveis convenientes. A OPEC aumenta ou reduz a produção quando considera o preço acima ou abaixo dos seus interesses. Ora, para atingir tal acerto é atribuída a cada país uma quota de produção consoante as suas reservas, quanto maiores as reservas mais petróleo o país vende. Na década de 1980 alguns países dicidiram aumentar as suas reservas declaradas para terem maior quota de produção. Primeiro foi o Koweit, depois os Emirados, depois o Irão com o Iraque logo a seguir e por fim a Arábia Suadita. As reservas declaradas nestes países duplicaram literalmente da noite para o dia.
A partir desta altura as contas do Pico do Petróleo tornaram-se mais complicadas. Existem duas facções mais ou menos distintas, as companhias petrolíferas e os investigadores independentes. Os primeiros apontam normalmente para datas posteriores a 2020, os segundos quase sempre para algures antes de 2010.
A Associação para o Estudo do Pico do Petróleo e Gás (ASPO) foi fundada pelo geólogo irlandês Colin Campbell, e tem como principal objectivo estudar o momento do pico destes dois recursos. Esta associação argumenta que o modelo de Hubbert é fundamentalmente correcto, e calcula que o pico de produção ocorrerá por volta de 2010, após o qual se iniciará o declínio. Este ano é obtido estudando o chamado Petróleo Convencional (que excluí os petróleos pesados, os betumes, o petróleo extraído das areias e de reservas subaquáticas de alta profundidade) separadamente dos outros hidro-carbonetos, e considerando os aumentos das reservas da OPEC da década de 1980 irreais. As reservas globais de Petróleo Convencional são estimadas pela ASPO em 1850 Giga-barris (Gb), e para a totalidade do Petróleo incluindo o não convencional e os óleos obtidos a partir do carvão 2400 Gb.
Outros independentes apontam para mais cedo, mesmo para agora. Kenneth Deffeys, que foi colega de Hubbert na Shell, apresentou no início desta década o intervalo entre 2003 e 2007 como a altura mais provável para o Pico. Mais recentemente deu a conhecer cálculos que mostram que o Pico do Petróleo Convencional foi passado em Dezembro de 2005. T. Boone Pickens é um eminente investidor e banqueiro americano, que com alguma dose de intuição previu em 2004 que em 2005 a produção não iria acompanhar a procura crescente, passando depois disso a retrair-se.
As companhias variam na sua previsão, provavelmente de acordo com os seus investimentos futuros, por exemplo a Chevron-Texaco fala já do "fim do petróleo fácil", outras como a BP apontam o pico só para depois de 2020. Um estudo típico foi o apresentado pela portuguesa Partex, na conferência da ASPO de 2005. As reservas globais de petróleo são colocadas em 2500 Gb, o que resultará num período de produção plana sensivelmente entre 2020 e 2025, período a partir do qual se dará um declínio rápido, mais acentuado que o período de crescimento. Este tipo de modelos não segue o de Hubbert.
Numa categoria à parte está um estudo de 2000 do United States Geological Survey (USGS), que põe as reservas globais em 3000 Gb, prevendo o Pico por volta de 2037, possibilitado por avanços na tecnologia de exploração. Mesmo no seio da industria petrolífera este estudo é visto como optimista.
No início de 2005 veio subtilmente a público um relatório do governo francês que aponta o Pico do Petróleo para 2012. No final do mesmo ano um estudo do governo alemão colocou o Pico em 2013, considerando reservas globais de 2800 Gb. Estes estudos passaram quase despercebidos na comunicação social mas é de notar que apontam para uma data mais próxima da calculada pela ASPO do que das mais optimistas. De facto se retirarmos das reservas globais que avançam os aumentos não explicados dos países da OPEC o resultado seria em tudo semelhante ao da ASPO.
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Em primeiro lugar as reservas totais não são conhecidas, todos os anos são encontradas novas reservas, pelo que têm de ser estimadas. No entanto a descoberta de reservas segue igualmente uma curva e Hubbert, pelo que podem ser estimadas com alguma precisão as reservas que serão encontradas no futuro. A descoberta de reservas teve o seu auge mundial nas décadas de 1960 e 1970, estando em queda desde então.
Mas o maior problema é não existir uma entidade independente que declare as reservas mundiais de petróleo, tipicamente cada país relata as suas como mais lhe convém. Este problema regista-se sobretudo com os países da Organização dos Países Exportadores de Crude (OPEC). Como é conhecido, a OPEC é um cartel de países que exportam petróleo que se uniram para manter os preços do petróleo em níveis convenientes. A OPEC aumenta ou reduz a produção quando considera o preço acima ou abaixo dos seus interesses. Ora, para atingir tal acerto é atribuída a cada país uma quota de produção consoante as suas reservas, quanto maiores as reservas mais petróleo o país vende. Na década de 1980 alguns países dicidiram aumentar as suas reservas declaradas para terem maior quota de produção. Primeiro foi o Koweit, depois os Emirados, depois o Irão com o Iraque logo a seguir e por fim a Arábia Suadita. As reservas declaradas nestes países duplicaram literalmente da noite para o dia.
A partir desta altura as contas do Pico do Petróleo tornaram-se mais complicadas. Existem duas facções mais ou menos distintas, as companhias petrolíferas e os investigadores independentes. Os primeiros apontam normalmente para datas posteriores a 2020, os segundos quase sempre para algures antes de 2010.
A Associação para o Estudo do Pico do Petróleo e Gás (ASPO) foi fundada pelo geólogo irlandês Colin Campbell, e tem como principal objectivo estudar o momento do pico destes dois recursos. Esta associação argumenta que o modelo de Hubbert é fundamentalmente correcto, e calcula que o pico de produção ocorrerá por volta de 2010, após o qual se iniciará o declínio. Este ano é obtido estudando o chamado Petróleo Convencional (que excluí os petróleos pesados, os betumes, o petróleo extraído das areias e de reservas subaquáticas de alta profundidade) separadamente dos outros hidro-carbonetos, e considerando os aumentos das reservas da OPEC da década de 1980 irreais. As reservas globais de Petróleo Convencional são estimadas pela ASPO em 1850 Giga-barris (Gb), e para a totalidade do Petróleo incluindo o não convencional e os óleos obtidos a partir do carvão 2400 Gb.
Outros independentes apontam para mais cedo, mesmo para agora. Kenneth Deffeys, que foi colega de Hubbert na Shell, apresentou no início desta década o intervalo entre 2003 e 2007 como a altura mais provável para o Pico. Mais recentemente deu a conhecer cálculos que mostram que o Pico do Petróleo Convencional foi passado em Dezembro de 2005. T. Boone Pickens é um eminente investidor e banqueiro americano, que com alguma dose de intuição previu em 2004 que em 2005 a produção não iria acompanhar a procura crescente, passando depois disso a retrair-se.
As companhias variam na sua previsão, provavelmente de acordo com os seus investimentos futuros, por exemplo a Chevron-Texaco fala já do "fim do petróleo fácil", outras como a BP apontam o pico só para depois de 2020. Um estudo típico foi o apresentado pela portuguesa Partex, na conferência da ASPO de 2005. As reservas globais de petróleo são colocadas em 2500 Gb, o que resultará num período de produção plana sensivelmente entre 2020 e 2025, período a partir do qual se dará um declínio rápido, mais acentuado que o período de crescimento. Este tipo de modelos não segue o de Hubbert.
Numa categoria à parte está um estudo de 2000 do United States Geological Survey (USGS), que põe as reservas globais em 3000 Gb, prevendo o Pico por volta de 2037, possibilitado por avanços na tecnologia de exploração. Mesmo no seio da industria petrolífera este estudo é visto como optimista.
No início de 2005 veio subtilmente a público um relatório do governo francês que aponta o Pico do Petróleo para 2012. No final do mesmo ano um estudo do governo alemão colocou o Pico em 2013, considerando reservas globais de 2800 Gb. Estes estudos passaram quase despercebidos na comunicação social mas é de notar que apontam para uma data mais próxima da calculada pela ASPO do que das mais optimistas. De facto se retirarmos das reservas globais que avançam os aumentos não explicados dos países da OPEC o resultado seria em tudo semelhante ao da ASPO.
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: A Guerra do presente e do futuro- recursos naturais
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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