A VERDADE DO 25 ABRIL DE 1974

[mpina41]

Ao carsm 1 devo dizer que tem todo o direito de opinar sobre o assunto e ainda tendo sido os seus vítimas do regime.
São opiniões como a sua que ainda me fazem arrepiar - 31 anos depois- são esses arrepios que me levam a dizer PARA VIVER AQUELE DIA! VALEU A PENA TER NASCIDO.

Agradeço ao P44, sempre a cem à hora, fui apenas uma peça numa grande guarnição, num grande dia, comandados por um homem que todos temiamos - o Imediato era um MILITARISTA - que nesse dia nos mostrou a sua faceta de humano!
Hoje, é um amigo de todos os sobriventes com quem todos nos rimos uma vez por ano!
Foi uma lição que apreendi para toda a vida... pode-se ser militarista e ser-se humano... Basta ter coragem e assumir as suas acções!

[mpina41]

Caro Rui, obrigado por me ter corrigido a data do primeiro golpe, foi a 16 e não a 11 de Março, como eu disse, ainda me acusam de pertencer ao Bin Ladden (por causa do 11...).

Quanto à questão...

Deixem-me recuar e dizer que entrei na Marinha com 16 anos e por isso no dia 25 de Abril eu era um "jovem" com 20 anos!

Nunca cheguei a sentir-me um adolescente, mas sim um miltar muito precoce, daí ter pouco espírito militar, mas ser um grande profissional no meu serviço.

Isto ajuda a comprenderem que o meu conhecimento politico era ZERO...
Mas sempre fui um tipo atento e que se guia pelo instinto e sentimentos e a verdade é que muitas vezes dizia ao meu pai:
" não compreendo porque existe tanta rivalidade entre os ramos das forças armadas"
a verdade é que estavamos em guerra, o nosso futuro passava muito por uma morte antecipada e mesmo assim... passavamos o tempo em guerras internas.
Quem é melhor? Quem mais se afirma? Quem ganha mais e come melhor?
Enfim a nível militar o país estava podre...
A guerra estava perdida...
Isso já todos sabiamos...

Por tudo isto, quando os militares saltarm para a rua O POVO TOMOU CONTA DO PAÍS -honra aos Lisboetas (eu sou tripeiro) que foram as munições que não chegamos a disparar. Tudo estava preso por arames... E quando a Gago falhou (na prespectiva deles) os que se consideravam hérois, choraram renderam-se e fugiram1

Para nós ficou... apanhar os cacos daquele miserável regime que afinal era formado por cobardes!

Coube à guarnição da Gago Coutinho, tomar conta da sede da PIDE nos dias seguintes ao 25 de Abril...
Vá lá, confiaram em nós...

M.Pina

[pt]

ESTA ORDEM FOI FUNDAMENTAL PARA TUDO O QUE DEPOIS ACONTECEU A BORDO
Isto porque, viemos a ter conhecimento posterior, que era planeado pelo movimento revoltoso de se dirigirem a bordo e nos colocarem ao corrente de toda a situação. Mas como a partida foi antecipada isso não aconteceu e partimos sem nada saber - de concrecto...

Fiquei sem entender...
Estava planeado ir ao navio, no próprio dia da revolução?
Mas o navio não era suposto sair?
Alguém deveria ir ao navio, no próprio dia, informar sobre a revolução?
Ou sería, para informar sobre o desenvolvimento das operações?

Se era esperado que alguém fosse a bordo mais tarde, isso quer dizer que o navio não poderia saír da Base Naval de Lisboa.

Ora, nesse caso, uma vez que a fragata ía saír para manobras, era necessário evitar que ela saísse (para esperar as pessoas que íam informar sobre as operações da revolução).
Neste caso, sería necessário haver alguém dentro do navio, com instrucções expressas, para impedir o navio de saír da B.N.L.
Há aqui algumas questões que fico sem entender.

= = = =

Mudando de tema:
Noto que confirma que a fragata nunca parou. Continuou sempre a navegar. É uma decisão sábia, de quem a comandava. Com o alvo em movimento, as peças de artilharia colocadas no "morro" do Cristo Rei, dificilmente teriam atingido a fragata. Além disso, tratava-se de unidades da EPA (Escola Prática de Artilharia) de Vendas Novas. Ou seja, uma unidade de instrução.

Gostaría, para já, de saber, (caso seja possível) se efectivamente alguém tinha instruções para impedir a fragata de saír da Base Naval de Lisboa.

Outra coisa...
Alguém sabe se alguma das João Belo estaria em Lisboa na altura?

Cumprimentos

[P44]

Sabiam que este homem foi posteriormente condecorado! Mas... ninguém quis estar ligado à condecoração e assim ENVIARAM A CONDECORAÇÃO POR CORREIO!!! Quando no dia 10 de Junho até eunucos são condecorados.

VERGONHA

[Rui Elias Maltez]

M. Pina:

Nesse caso, confirma que os marinheiros que se viram nas imagens a tomar a sede da PIDE eram da guarnição da Gago Coutinho?

______________

Sei que o Caldeuira dos Santos é pessoa muito ocupada, na Parque Expo, mas ele não poderia inscrever-se aqui e colocar cá coisas novas para a gente saber e não esquecer?

Ele e você seriam uma espécie de dupla invencível, para além de que poderiam dar muitos e bons contributos para que gosta das coisas do mar.

[P44]

(*espiando atrás dos arbustos, vai tomando nota dos nomes dos elementos subversivos infiltrados em todos os locais da Naçon, inclusivé na Parque Expo, em preparativos para a revoluçao socialistica...*)

[Rui Elias Maltez]

[mpina41]

Caro PT
A bordo do navio, somente duas pessoas sabiam da revolução (participavam em reuniões de preparação e só soubemos disso anos depois) que eram o Imediato e o Sarg. CM. Eles sabiam que ía haver um golpe de estado, mas desconheciam o dia em que tal aconteceria...

Por esse motivo, era intenção do MFA, ir a bordo do navio que deveria sair somente no fim da manhã e não à hora que saiu!

Recordo que a Marinha estava representada no MFA, pelo Alm. Vítor Crespo e pelo Comandante da Pereira Coutinho, Rosa Coutinho e que estava estabelecido que a Armada teria uma posição de expectativa e não interventiva.

O navio estava a receber ordens da NATO e se alguém a bordo - O Comandante ou o Imediato - tomassem a decisão de não sair, estavam automaticamente a precepitar os acontecimentos, já que recusar a saída (era impossível) era fazer uma revolução que poderia deitar tudo a preder.

O Imediato naturalmente pensou (julgo eu que nunca lhe coloquei esta questão) que a Revoluçaõ iria vencer e nós estando no mar (estrangeiro) passariamos um pouco ao lado da questão...

Como sabemos o destino assim não permitui.

Proibir a saída era tomar posição, era entrar na revolução! acredito que depois alguém deve ter lamentado a saída... Mas ninguém foge ao seu destino!

Penso que os navios estavam todos na base, por isso a classe João Belo estava lá

[mpina41]

Rui.
Já falei com o Comandante Caldeira Santos, a cerca desse assunto. ele está a investigar as questões que lhe coloquei e em breve, penso passaremos a ter a sua colaboração.

[mpina41]

No respeitante à PIDE a guarnição da Gago só tomou conta a partir da segunda semana (não eramos nós os da foto) isto porque quando chagamos à base ficamos detidos dentro do nosso navio até ao dia 01 de Maio.
Durante esse período decorreu um inqúérito para averiguar a situação. o Comandante deu uma versão contrária e só ao enfrentar o Sarg. CM Edgar é que perdeu o controle.
Deixaram-nos sair de licença pelo almoço desse memorável dia 01 de Maio. Nunca presenciei nada parecido...

O Sarg Edgar sabia do golpe e tinha um poder no navio (e parece que não só lá) que superava muitos oficiais.
É um grande homem esteve sempre no meio da luta e nunca vacilou!

[Rui Elias Maltez]

M. Pina:

1- Um dos oficiais implicados na revolução de 25 de abril foi o comandante Contreras, e que esteve no PC na Pontinha durante o dia 25 de Abril.

Sabe se ele estava afecto à guarnição de algum navio?

2- Outra coisa:

O Comandante Alpoim Calvão, apoiante do antigo regime, disse em entrevista recente à TV que após o golpe esteve na sede da PIDE (quando já estavam quase cercados) e disse que tentou convecer os pides que podia levar uma corveta até às imediações da Vila Franca e de lá atirar umas "morteiradas" sobre os emissores do Porto Alto, para silenciar as emissões de rádio dos revoltosos.

O Com. Alpoim Calvão estava na posse de algum navio, ou teria algum poder para tal e apoios dentro da Marinha, ou terá dito isso só por dizer?

[P44]

Ui o tio Alpoim, esse ganda democrata!!!!!!!!

[mpina41]

Conheci o Alm. Contreras - pessoalmente no 26º aniversário da Revolução - ele ajudou-me nas investigações que fiz e sei que continua uma filho da Revolução e também como muitos, algo decepecionado com o actual estado das coisas...

Onde estava não sei, mas vou colocar estas questões ao Com. Caldeira dos Santos.

sobre o Alpoim
Não sei se isso era verdade e não sei se era possível!
Se, se referia à Gago, estava enganado pois o nosso navio era de caça submarino e por isso tinha o sonar muito pronunciado após a quilha. Por este motivo a Gago nunca podeeria passar acima de S. Apolónia.

Quanto a outro navio, era preciso dar ordem e este sair da base... o que acho impossível, pois nesse caso os homens da Marinha não deixariam.

Se tal acontecesse. qual seria a nossa (Gago Coutinho) posição? Intrepertariamos como uma ameaça para nós, a saída de outro navio? teriamos que tomar posição?

Acho que o homem esteve a sonhar...

[Rui Elias Maltez]

M. Pina:

O Com. Alpoim referia-se a uma corveta, portanto mais pequena que uma Fragata.

Acho que o homem esteve a sonhar...

Também foi o que me pareceu, qunde ele referiu isso na entrevista.

No fundo era o desepero de ver ruir definitivamente um regime podre e impopular.

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O oficial Contreras já era almirante em 1974, ou foi promovido posteriormente?

Tinha a impressão que à data dos acontecimente, era comandante.

[mpina41]

Sim claro que ele não tinha esse posto, só posteriormente chegou a Almirante.

Quanto à corveta não sei se estava alguma na base já que por essa altura elas estavam em serviço em Angola. A que me parecia estar porque era a Honório Barreto.

vou colocar as questões ao Com- Caldeira dos Santos