Guerra Comercial

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Re: Guerra Comercial

#16 Mensagem por Bourne » Sáb Jul 28, 2018 2:13 pm

Calma senhores. Indicações são que a Guerra morreu antes de começar. Os setores prejudicados começam a mexer os pauzinhos para que o governo trump mude a orientação, amenize o discurso e esqueça isso. Em especial, as industrias que usam componentes e bens intermediários importados, exportadores de bens finais e agrícolas que foram atropelados pelas tarifas de retaliação.
Bourne escreveu: Sex Jul 27, 2018 6:28 pm A "guerra comercial" não aconteceu e morreu antes de começar. Porque o governo Trump descobriu que elevar tarifas implicam em retaliações dos parceiros, produção norte-americana não consegue suprir o mercado interno, tem como efeito aumento de custo de produção e dos preços dos finais. O padrão de comércio exterior norte-americano que importa componentes e bens intermediários, exporta bens finais e serviços foi ignorado.

É o caso das tarifas e restrições sobre aço. Isso vai sumir porque as empresas norte-americanas não conseguem abastecer o mercado interno, os preços dispararam e todo mundo que usa aço está reclamando. Além de ter uma avalanche de retaliações contra produtos agrícolas e bens finais que os EUA exportam e tem grande impacto sobre o emprego e estrutura produtiva. Ainda que o aumento de custos e preços não chegou ao consumidor norte-americano, assim como desemprego em setores exportadores. O resultado é que primeiro amenizaram para Coreia, México e Brasil. Agora ampliam as bondades para UE e logo volta como era antes da guerra. Depois de todo o teatro o governo Trump vai declara vitória. :mrgreen:

Abaixo o efeito colateral sobre o setor agrícola que perdeu muitos contratos devido a reação dos prejudicados pelas tarifas sobre aço. A solução do governo é dar subsídio. É só o primeiro de uma série de outras medidas com maior custo fiscal. Os US$ 12 bi na verdade são bem maiores e só o começo. A motivação é que o setor agrícola gera emprego em áreas do interior e com muitos eleitores que não gostariam de descobrir que foram prejudicados.
Subsidies Won’t Fix the Permanent Damage Trump’s Tariffs Have Done to America’s Farmers

On Tuesday, the Trump administration announced a $12 billion relief package for American farmers to compensate them for the damage done by the tariffs President Trump has imposed. The administration is dodging several bullets with how it designed the program, but there is a fundamental irony here: using taxpayers’ money to compensate people for a problem the administration created.

With this program, no additional legislation or Congressional approval is required. It uses existing programs under the umbrella of the Commodity Credit Corporation (CCC), which helps farmers deal with the consequences of crop cycles and unexpected weather disasters. In addition, the program appears to fit within the limitations of U.S. agriculture subsidies maintained by the World Trade Organization, which should forestall litigation there, or at least allow the U.S. to prevail if challenged.

However, this is a distortion of the CCC’s purpose. It also appears that if all $12 billion is spent, it will more than double the CCC’s annual outlay. It would still be within the borrowing ceiling, but could limit funds needed for other purposes, like responding to weather disasters or non-trade-related price declines.

In addition, while the program may survive WTO litigation, it could still face retaliation from foreign countries arguing that the payments are subsidies, which would give our farmers an advantage in the marketplace. That’s a stretch, but the president has already moved the trading system into a world where neither reality nor rules matter, so we should not be surprised when other countries respond in kind.

And let’s not forget that this is a short-term measure to deal with what is likely to be a long-term problem. The program is intended to deal with the current crop year, and there is no intention at this point to extend it. This is probably based on the president’s view that if you hit people hard enough with tariffs, they’ll fold, give him what he wants, and he can remove the tariffs and restore farmers’ overseas markets. But any farmer who exports will tell you that is simply wrong. Foreign markets are painstakingly developed, relationship-based, and, once lost, cannot simply be restored by flicking a switch and turning off the tariffs. The damage done so far is going to last far beyond the current crop year and may well be permanent.

Even if those markets could be restored if the tariffs were removed, there is not much evidence to suggest they’re going away anytime soon. So far, there is not much in the president’s win column on trade. NAFTA talks are stalled; Chinese talks are currently non-existent; and the only negotiation he’s completed—with Korea—may unravel over the threat of additional auto tariffs. That means we are in this for the long haul with likely permanent consequences.

Farmers are making clear this is not what they want. They want free trade and open markets. A cynic would say they’ll probably complain and take the money anyway, but they won’t be happy about it, which means the president may not get the political bump he is hoping for.

The irony of this remains inescapable. The president created this problem. The solution to a bad policy is to remove the policy. Instead, he is compounding the error by adding another bad policy on top of the first, and sending the bill to the nation’s taxpayers—a bill that is likely to extend beyond the first year. It also raises, again, the irony of the Republican Party’s position. It has long stood for free trade, free markets, fiscal conservatism, and reduced government spending. Yet here it is supporting a president who has abandoned all those principles. Historians will debate whether the party has lost its mind or its soul—or both.

William Reinsch holds the Scholl Chair in International Business at the Center for Strategic and International Studies in Washington, D.C. He is also a trade expert on the podcast The Trade Guys.

http://fortune.com/2018/07/25/12-billio ... p-tariffs/
Querem saber como termina? Lembre do Brasil da Dilma. A política é bem similar. As coisas pareciam muito bem até idos de 2013/14. Falar o contrário era ser pessimista. Depois veio a maior recessão e desemprego das últimas décadas.




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Re: Guerra Comercial

#17 Mensagem por Suetham » Dom Jan 28, 2024 5:40 pm

https://www.washingtonpost.com/business ... trade-war/
Trump propôs a imposição de uma tarifa de 10% sobre quase todos os 3 trilhões de dólares em importações anuais de todos os países, principalmente a China.




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Re: Guerra Comercial

#18 Mensagem por Suetham » Qui Abr 04, 2024 5:23 pm





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Re: Guerra Comercial

#19 Mensagem por J.Ricardo » Sáb Nov 23, 2024 11:01 am

https://jovempan.com.br/noticias/econom ... cosul.html
Governador de Mato Grosso convoca boicote ao Carrefour após restrição à carne do Mercosul

Rede francesa decidiu parar de comprar do agro brasileiro por pressão de produtores locais; Mauro Mendes questiona: ‘Se o Brasil não serve para o Carrefour, será que os produtos deles deveriam servir para nós?
Essa perseguição que o Brasil sofre pela França já passou do limite faz tempo, e o pior é nosso presidente ficar afagando o Macron enquanto pelas costas ficam nos boicotando.

Eu a partir de hoje não consumo mais produtos franceses e no Carrefour nem piso.




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Re: Guerra Comercial

#20 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Nov 23, 2024 11:53 am

J.Ricardo escreveu: Sáb Nov 23, 2024 11:01 am https://jovempan.com.br/noticias/econom ... cosul.html
Governador de Mato Grosso convoca boicote ao Carrefour após restrição à carne do Mercosul

Rede francesa decidiu parar de comprar do agro brasileiro por pressão de produtores locais; Mauro Mendes questiona: ‘Se o Brasil não serve para o Carrefour, será que os produtos deles deveriam servir para nós?
Essa perseguição que o Brasil sofre pela França já passou do limite faz tempo, e o pior é nosso presidente ficar afagando o Macron enquanto pelas costas ficam nos boicotando.

Eu a partir de hoje não consumo mais produtos franceses e no Carrefour nem piso.
Posso garantir-te que aqui vende-se carne brasileira.




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Re: Guerra Comercial

#21 Mensagem por J.Ricardo » Seg Nov 25, 2024 9:00 am

Essa ação do Carrefour é exclusiva para as unidades da França, só que lá é onde o grupo mais vende, então o impacto é grande.




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Re: Guerra Comercial

#22 Mensagem por J.Ricardo » Seg Nov 25, 2024 9:03 am

Já começou a reação:

https://www.moneytimes.com.br/boicote-a ... rede-jals/
Boicote ao Carrefour (CRFB3): Frigoríficos interrompem fornecimento de carne à rede de supermercados no Brasil

A declaração do CEO Global do Carrefour (CRFB3), Alexandre Bompard, está gerando problemas para a empresa aqui no Brasil.

Segundo informações do Globo Rural e do Broadcast, alguns frigoríficos já estariam interrompendo o fornecimento de carne à rede varejista aqui no país, que engloba os hipermercados Carrefour, Atacadão e Sam’s Club.

Entre os frigoríficos que aderiram à interrupção estariam a JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Masterboi, sendo que pelo menos 50 caminhões com carne para o grupo francês teriam sido suspensos no início da tarde deste sábado (23).

A interrupção no fornecimento já teria atingido 150 lojas da rede no Brasil e a estimativa é de que em até três dias haja desabastecimento total dos supermercados do grupo.




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Re: Guerra Comercial

#23 Mensagem por Túlio » Seg Nov 25, 2024 9:20 am

J.Ricardo escreveu: Seg Nov 25, 2024 9:03 am Já começou a reação:

https://www.moneytimes.com.br/boicote-a ... rede-jals/
Boicote ao Carrefour (CRFB3): Frigoríficos interrompem fornecimento de carne à rede de supermercados no Brasil

A declaração do CEO Global do Carrefour (CRFB3), Alexandre Bompard, está gerando problemas para a empresa aqui no Brasil.

Segundo informações do Globo Rural e do Broadcast, alguns frigoríficos já estariam interrompendo o fornecimento de carne à rede varejista aqui no país, que engloba os hipermercados Carrefour, Atacadão e Sam’s Club.

Entre os frigoríficos que aderiram à interrupção estariam a JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Masterboi, sendo que pelo menos 50 caminhões com carne para o grupo francês teriam sido suspensos no início da tarde deste sábado (23).

A interrupção no fornecimento já teria atingido 150 lojas da rede no Brasil e a estimativa é de que em até três dias haja desabastecimento total dos supermercados do grupo.


Será que as pessoas não podem passar uns dias sem queijos Brie, alguns vinhos e champanhes? Não há outros fornecedores de maquinário industrial, produtos químicos e insumos para o mesmo Agro que eles estão boicotando?

Prejudicar as lojas deles aqui só irá causar problemas aos zucas que trabalham nelas; eu lembro de quando o Françuá ameaçou taxar a Meta: o Zé Topete falou na lata "vou enfiar 20% de taxa nos seus queijos e vinhos" e os caras tiveram que trocar de calcinha CUECA.

E foi só queijo e vinho mas... [081] [032] [025] [073]




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Re: Guerra Comercial

#24 Mensagem por J.Ricardo » Seg Nov 25, 2024 9:29 am

A Janja molha a calcinha quando encontra o Macron, jamais que ela deixaria o Nine fazer alguma retaliação contra a França.




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Re: Guerra Comercial

#25 Mensagem por Túlio » Seg Nov 25, 2024 10:04 am

J.Ricardo escreveu: Seg Nov 25, 2024 9:29 am A Janja molha a calcinha quando encontra o Macron, jamais que ela deixaria o Nine fazer alguma retaliação contra a França.
E aí temos um ponto, não necessariamente envolvendo Mainha: no caso que citei um governo apenas ameaçou atacar um setor empresarial de outro e este imediatamente saiu em defesa das empresas das quais extrai impostos; no que citaste o mesmo governo faz pior e as empresas têm que se virar sozinhas, que o delas só quer saber de imposto, sem contrapartidas.

E se a mesma "solução" de enfiar 92% de taxa em bruzinha pra pobraiada fosse aplicada a qualquer produto alimentício deles, majoritariamente consumido pela classe média/alta? Nem seria um boicote como eles estão fazendo, apenas uma sanção econômica comum...




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Re: Guerra Comercial

#26 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Dez 25, 2024 9:35 am

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Re: Guerra Comercial

#27 Mensagem por Túlio » Qua Dez 25, 2024 11:11 am

cabeça de martelo escreveu: Qua Dez 25, 2024 9:35 am Imagem

De onde que o PIB dos EUA vai crescer mais de 20% ano que vem? [003] [003] [003] [003]




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Re: Guerra Comercial

#28 Mensagem por akivrx78 » Dom Fev 09, 2025 7:17 pm

A economia chinesa está no auge... A verdade por trás da iniciativa Cinturão e Rota que se transformou em um cobrador de dívidas
1/30 (Qui) 17:01

A Iniciativa do Cinturão e Rota não foi, na verdade, uma ambição diplomática, mas uma política econômica lançada quase na mesma época da "reforma da oferta" interna da China. Então por que não durou mais?

A guerra de Putin na Ucrânia também influenciou mudanças na Iniciativa do Cinturão e Rota da China (outubro de 2024) AXIM SHIPENKOV/Pool via REUTERS

*Este artigo é um trecho, com conteúdo adicional e versões editadas, do novo livro, "China is Peaking Out: The Limits of a 'Flooded Economy' and a 'Rational Bubble'" (Bunshun Shinsho), de um importante economista e jornalista conhecido por seu livro "China: A Happy Surveillance State", que desvenda a "doença crônica" da China que está brincando com o mundo.

Imagem

[Figura] Tendências nos “fluxos líquidos de capital” da China para os países emergentes

A Iniciativa do Cinturão e Rota da China é bem conhecida. O plano é criar rotas conectando a Ásia e a Europa por meio de rotas terrestres e marítimas, aumentando assim o comércio e promovendo o crescimento econômico, mas também é frequentemente interpretado como um reflexo das ambições da China de melhorar seu status internacional e presença militar. Porém, na realidade, desde o início, foi mais uma medida econômica para a China, que tinha excesso de capacidade de produção.

A China tem enormes capacidades de construção de infraestrutura. Eles construíram aeroportos, portos, rodovias e imóveis por toda a China. Tudo bem, desde que seja necessário, mas se você já comeu o suficiente e fazer mais será desperdício, então é um problema.

Exportar para o exterior é uma solução, mas expandi-la muito rapidamente pode causar atrito comercial. Em resposta, a ajuda externa ativa, exemplificada pela iniciativa "Cinturão e Rota", foi concebida como uma forma de criar demanda no exterior sem gerar atrito comercial.

Utilizar os países em desenvolvimento para aliviar o excesso de produção

O governo chinês começou a afirmar que a economia entrou em um período de crescimento estável chamado de "novo normal". Em resposta, houve um forte apelo pela continuação de reformas que enfatizam mecanismos de mercado, uma mudança de um caminho de crescimento que era excessivamente dependente de investimentos e as chamadas "reformas do lado da oferta".

O excesso de produção que não pode ser consumido internamente na China precisa ser exportado para o exterior. No entanto, exportar para países desenvolvidos dará origem a atritos comerciais. Não seria um problema se fosse direcionado a países emergentes ou em desenvolvimento, mas eles não têm dinheiro. Então, foi elaborado um plano para que a China fornecesse empréstimos e usasse esses fundos para financiar projetos de construção de infraestrutura chineses. Esta é a iniciativa "Cinturão e Rota". Não é coincidência que a "reforma do lado da oferta" e a "Iniciativa do Cinturão e Rota" tenham sido lançadas quase ao mesmo tempo.

A China não só tinha excesso de capacidade de produção, como também tinha excesso de caixa. Os chineses são relutantes em consumir e têm uma alta taxa de poupança. Se essas economias forem direcionadas para investimentos na China, a produtividade aumentará ainda mais e o equilíbrio econômico distorcido não será resolvido. Para abandonar um caminho de crescimento dependente de investimentos, foi necessário redirecionar esse dinheiro para investimentos no exterior, em vez de no mercado interno.

Há algumas pesquisas empíricas interessantes. Um grupo de pesquisa liderado pelo professor Axel Dreher, da Universidade de Heidelberg, usou um banco de dados da ajuda da China aos países em desenvolvimento de 2000 a 2014 para analisar quais fatores influenciam o valor da ajuda. Eles descobriram que a superprodução de bens de capital, como aço, alumínio e cimento, e o aumento nas reservas cambiais estão correlacionados com o aumento da ajuda externa.

Em outras palavras, foi confirmado que o objetivo da assistência financeira externa, representada pela Iniciativa do Cinturão e Rota, não é ambição diplomática, mas "aliviar" o excesso de capital doméstico e reservas cambiais no exterior e aliviar o excesso de capacidade de produção.

No entanto, a Iniciativa do Cinturão e Rota, destinada a promover o crescimento em países emergentes por meio de uma ofensiva de ajuda financeira estrangeira, não durou muito.

De grandes gastos à cobrança de dívidas

O gráfico acima mostra a tendência dos "fluxos líquidos de capital" da China para países emergentes. A ajuda, que estava ativa, atingiu o pico em 2016 e desde então vem diminuindo, e tem apresentado uma tendência negativa desde 2019. Isso significa que o valor a ser pago excedeu o valor do novo empréstimo.

Passamos da fase de emprestar dinheiro para a fase de recebê-lo. A imagem da Iniciativa do Cinturão e Rota como uma forma de redirecionar os abundantes fundos domésticos da China para países emergentes e em desenvolvimento a qualquer custo se distanciou da realidade em um estágio bem inicial.

Por que a China se tornou tão introspectiva? Há três fatores que contribuem para isso.

(1) De um yuan forte para um yuan fraco

Isso ocorre porque a taxa de câmbio do yuan estava em forte tendência no início da década de 2010, quando a Iniciativa do Cinturão e Rota foi proposta, mas agora está se desvalorizando. Em determinado momento, o yuan subiu a ponto de quase cair abaixo de 6 yuans por dólar, mas agora (dezembro de 2024), a taxa retornou a pouco mais de 7 yuans.

As expectativas de que o yuan continuaria a se valorizar no longo prazo levaram ao fluxo de fundos para a China vindos de todo o mundo, criando um excesso de dinheiro para investimentos, mas essa situação agora chegou ao fim. De fato, as expectativas de uma alta do dólar americano estão aumentando. A ajuda econômica estrangeira geralmente é denominada em dólares. Um dólar mais forte aumentaria os custos para a China e os obstáculos de pagamento para os países beneficiários.

(2) Risco de incumprimento

O risco de os países em desenvolvimento não pagarem suas dívidas. De acordo com o economista do Banco Mundial Sebastian Horn e outros, a proporção de empréstimos externos da China para países de alto risco que enfrentam crises de dívida aumentou de cerca de 5% em 2010 para 60% em cerca de 10 anos.

Os empréstimos são fornecidos principalmente por instituições financeiras do governo chinês, como o Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Exportação e Importação da China, mas há um alto risco de atraso no pagamento porque investigações suficientes não foram realizadas. A China empresta dinheiro corajosamente a partes arriscadas, sem nenhuma perspectiva de pagar o empréstimo.

Costuma-se dizer que se trata de uma "armadilha da dívida", na qual os países recebem empréstimos que não podem pagar, forçando-os a uma posição subserviente, mas a realidade é que investigações deficientes levaram a empréstimos a países de risco.

(3) A Guerra na Ucrânia

O impacto da guerra na Ucrânia. Após a eclosão da guerra, os países ocidentais congelaram os ativos da Rússia no exterior, o que também foi um choque para a China.

Yu Yongding, ex-membro do comitê de políticas do Banco Popular da China e economista, ressalta que as grandes reservas cambiais da China se tornarão um novo fator de risco, tendo em mente as sanções financeiras contra a Rússia. Se os Estados Unidos congelassem os ativos denominados em dólares da China, o país poderia se encontrar na mesma situação que a Rússia.

Recomendo reformar o sistema financeiro para reduzir suas vulnerabilidades, permitindo que as taxas de câmbio sejam tão flexíveis quanto possível, reduzindo a escala dos fluxos de capital transfronteiriços e ajustando a estrutura de ativos e passivos no exterior, reduzindo as participações em títulos do Tesouro dos EUA e revisando a estrutura de custos da dívida, reduzindo assim o tamanho das reservas cambiais.

Horn e outros também apontam que a guerra na Ucrânia representará um grande obstáculo aos empréstimos estrangeiros da China. Instituições financeiras apoiadas pelo governo chinês forneceram grandes quantias de empréstimos para Rússia, Ucrânia e Bielorrússia.

Desde 2000, os bancos estatais chineses emprestaram mais de US$ 125 bilhões à Rússia, principalmente para empresas estatais relacionadas à energia. Também emprestou cerca de US$ 7 bilhões à Ucrânia, principalmente para projetos agrícolas e de infraestrutura, e cerca de US$ 8 bilhões à Bielorrússia.

Juntos, os empréstimos para esses três países representam quase 20% do total de empréstimos estrangeiros da China nas últimas duas décadas. A guerra na Ucrânia trouxe à tona a realidade de que, se um acidente como uma guerra ocorresse, haveria o risco de todos esses empréstimos se tornarem irrecuperáveis ​​de uma só vez.

Além disso, o envelhecimento da população da China também é um fator no declínio da taxa de poupança. O ciclo de poupar quando você é jovem e sacar dinheiro quando fica mais velho é comum em todos os países do mundo. O padrão tradicional é que todos economizam em vez de consumir, o que resulta em um excesso de dinheiro para investimento, mas isso está começando a desmoronar devido ao envelhecimento da população.

Assim, o modelo inicial da Iniciativa do Cinturão e Rota de emprestar dinheiro à China e aumentar as exportações chinesas entrou em colapso. Então, qual é o objetivo da Iniciativa Cinturão e Rota em seus estágios finais, ou seja, quando há falta de dinheiro?

*Continua aqui → Por que os países em desenvolvimento estão decepcionados com a iniciativa chinesa "Um Cinturão, Uma Rota 2.0"

https://news.yahoo.co.jp/articles/99f68 ... e93?page=1




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Re: Guerra Comercial

#29 Mensagem por Suetham » Ter Abr 08, 2025 8:49 am


A UE - leia-se Alemanha - está querendo se ajoelhar, demonstra o impacto real que as tarifas podem ter no setor exportador europeu de automóveis.




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Re: Guerra Comercial

#30 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 08, 2025 12:12 pm

Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.

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