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Re: A destruição de um idioma

Enviado: Dom Dez 06, 2015 5:25 pm
por felipexion
Marechal-do-ar escreveu: A questão é, para muitas coisas, simplesmente não existe uma palavra em português, a produção científica e tecnológica dos países que falam português é praticamente zero, depois de alguns séculos nessa condição o resultado é que precisamos importar palavras para falar sobre as novas coisas que eles criaram.
Tenho que discordar do colega. O Brasil é responsável por 1,7 % de toda a produção científica do mundo (17° lugar em 1999-2008). Esse número provavelmente aumentou, acompanhando a expansão das universidades e dos programas de pós-graduação (Se preferir, posso comentar essa parte depois). Os EUA dominam com 31,8 % (1° lugar) e por sua vez o Japão, 2° lugar, produz 8,5%. Estamos próximos a países como Suécia, Holanda, Coréia do Sul, Taiwan.

A questão são que os artigos das revistas com Qualis e fatores de impacto alto são todas em inglês pelo motivo que o Bourne falou. Tanto o Qualis quanto os fatores de impacto são diretamente ligados a uma série de avaliações como plataforma lattes, plataforma sucupira, caderno de indicadores, classificação CNPq de pesquisadores, conceito CAPES, avaliação trienal, SNPG, etc. Ou seja, se for publicar e ter relevância, vai ter que ser em inglês.

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 2:32 am
por Mathias
É impressão minha ou a preocupação aqui é com a preservação do Inglês?

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 11:57 am
por JT8D
Mathias escreveu:É impressão minha ou a preocupação aqui é com a preservação do Inglês?
Leia novamente o post inicial :wink:
Abs,

JT

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 3:41 pm
por Mathias
O primeiro post eu entendi e apoio totalmente!
Acho no mínimo ridículo se usar expressões alienígenas quando temos um vocabulário vastíssimo no nosso idioma, obviamente com as exceções técnicas, digamos assim.
Nem vou falar do gerundismo!

Mas é que tive a impressão (errada, certamente) da conversa ter derivado para a proteção da Língua de Shakespeare.

Parabéns pela iniciativa!

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 6:01 pm
por JT8D
Mathias escreveu:O primeiro post eu entendi e apoio totalmente!
Acho no mínimo ridículo se usar expressões alienígenas quando temos um vocabulário vastíssimo no nosso idioma, obviamente com as exceções técnicas, digamos assim.
Nem vou falar do gerundismo!

Mas é que tive a impressão (errada, certamente) da conversa ter derivado para a proteção da Língua de Shakespeare.

Parabéns pela iniciativa!
Valeu CM. Sua participação é sempre bem-vinda :wink:
Abs.

JT

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 6:28 pm
por delmar
A linguagem é algo vivo que transforma-se continuamente, diria até diariamente. As próprias palavras adquirem um significado diferente no decorrer do tempo. Como exemplo a palavra "bizarro" identifica agora algo extranho, fora do padrão, meio maluco. Num livro que li recentemente o autor fala de uma missão dificil e diz : "entreguei a tarefa ao bizarro capitão Magalhães". Na época bizarro era o individuo corajoso e afoito, capaz de cometer façanhas temerárias,ou bizarrices.
Não tem como evitar as palavras novas, se bem que o Aldo Rebello tentou, inclusive substituir as já existente. Colheu apenas a dor da derrota e do ridículo.
Alguns substantivos já estão nos dicionários portugueses, como "jeans". Alguém diz "calça de jeans" e todos sabem a que está referindo-se. Este é o objetivo da linguagem, estabelecer a comunicação clara entre as pessoas. Igualmente "contêiner", uma palavra que identifica claramente o objeto a que nos referimos. Outras, é claro, são apenas modismo. Quem tira uma foto pelado, é uma foto dele pelado, sem roupas. Dizer que fez um "nude" é pura viadagem, só dificulta o entendimento.

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 6:34 pm
por Marechal-do-ar
Mathias escreveu:Mas é que tive a impressão (errada, certamente) da conversa ter derivado para a proteção da Língua de Shakespeare.
Acho que nunca ninguém tentou proteger a língua inglesa...

Pelo contrário, absorvem palavras estrangeiras e criam novas palavras com frequência, a facilidade que essa língua tem de mudar me parece uma das razões de ser a língua franca da atualidade.


Já no caso do português, as formas como a ABL tenta "protege-lo" e "evoluí-lo", não me parecem formas muito inteligentes.

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 6:36 pm
por EduClau
Eu já escutei cada termo que é de dar dó, startar, upar, um dia desses para irritar um colega meu eu chamei a linguagem C+ de C mais, ele na hora me corrigiu "é C plus" eu falei "p..rra, mas plus é mais em francês" ele nem sabia, pensava que era inglês.

sds.

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 6:51 pm
por JT8D
delmar escreveu:A linguagem é algo vivo que transforma-se continuamente, diria até diariamente. As próprias palavras adquirem um significado diferente no decorrer do tempo. Como exemplo a palavra "bizarro" identifica agora algo extranho, fora do padrão, meio maluco. Num livro que li recentemente o autor fala de uma missão dificil e diz : "entreguei a tarefa ao bizarro capitão Magalhães". Na época bizarro era o individuo corajoso e afoito, capaz de cometer façanhas temerárias,ou bizarrices.
Não tem como evitar as palavras novas, se bem que o Aldo Rebello tentou, inclusive substituir as já existente. Colheu apenas a dor da derrota e do ridículo.
Alguns substantivos já estão nos dicionários portugueses, como "jeans". Alguém diz "calça de jeans" e todos sabem a que está referindo-se. Este é o objetivo da linguagem, estabelecer a comunicação clara entre as pessoas. Igualmente "contêiner", uma palavra que identifica claramente o objeto a que nos referimos. Outras, é claro, são apenas modismo. Quem tira uma foto pelado, é uma foto dele pelado, sem roupas. Dizer que fez um "nude" é pura viadagem, só dificulta o entendimento.
Nada contra a incorporação de palavras para as quais não temos um termo equivalente ou mesmo expressões que já foram consagradas pelo uso. Por exemplo, todos falamos leiaute ao invés de "arranjo espacial", e não tem nenhum problema (na minha opinião). Agora falar "performar" ao invés de desempenhar ou "salvar" com o significado de economizar é preguiça mental ou pura macaquice.
Inclusive sou contra um excesso de regras quando a linguagem coloquial já é perfeitamente adequada. Tenho até uma certa antipatia pelo prof. Pasquale quando ele implica com algumas expressões de uso corrente. Acho uma tremenda viadagem falar "risco de morte" em vez de "risco de vida", por exemplo. Alegam os eruditos criadores de regras que "risco de morte" seria o correto por uma questão de lógica, já que alguém estaria arriscado a morrer e não a viver. Mas para mim essa explicação é estúpida, porque o que está em risco é a vida de alguém, portanto é perfeitamente lógico falar "risco de vida".
Abs,

JT

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 7:37 pm
por Wingate
EduClau escreveu:Eu já escutei cada termo que é de dar dó, startar, upar, um dia desses para irritar um colega meu eu chamei a linguagem C+ de C mais, ele na hora me corrigiu "é C plus" eu falei "p..rra, mas plus é mais em francês" ele nem sabia, pensava que era inglês.

sds.
"Plus" também faz parte da língua inglesa, com vários significados, inclusive com o sentido de somar, (ex: seven plus three equals ten), e o sinal é '+'. Ver em:

http://www.almaany.com/en/dict/en-en/plus/

SDS,

Wingate

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 9:16 pm
por delmar
JT8D escreveu:
delmar escreveu:A linguagem é algo vivo que transforma-se continuamente, diria até diariamente. As próprias palavras adquirem um significado diferente no decorrer do tempo. Como exemplo a palavra "bizarro" identifica agora algo extranho, fora do padrão, meio maluco. Num livro que li recentemente o autor fala de uma missão dificil e diz : "entreguei a tarefa ao bizarro capitão Magalhães". Na época bizarro era o individuo corajoso e afoito, capaz de cometer façanhas temerárias,ou bizarrices.
Não tem como evitar as palavras novas, se bem que o Aldo Rebello tentou, inclusive substituir as já existente. Colheu apenas a dor da derrota e do ridículo.
Alguns substantivos já estão nos dicionários portugueses, como "jeans". Alguém diz "calça de jeans" e todos sabem a que está referindo-se. Este é o objetivo da linguagem, estabelecer a comunicação clara entre as pessoas. Igualmente "contêiner", uma palavra que identifica claramente o objeto a que nos referimos. Outras, é claro, são apenas modismo. Quem tira uma foto pelado, é uma foto dele pelado, sem roupas. Dizer que fez um "nude" é pura viadagem, só dificulta o entendimento.
Nada contra a incorporação de palavras para as quais não temos um termo equivalente ou mesmo expressões que já foram consagradas pelo uso. Por exemplo, todos falamos leiaute ao invés de "arranjo espacial", e não tem nenhum problema (na minha opinião). Agora falar "performar" ao invés de desempenhar ou "salvar" com o significado de economizar é preguiça mental ou pura macaquice.
Inclusive sou contra um excesso de regras quando a linguagem coloquial já é perfeitamente adequada. Tenho até uma certa antipatia pelo prof. Pasquale quando ele implica com algumas expressões de uso corrente. Acho uma tremenda viadagem falar "risco de morte" em vez de "risco de vida", por exemplo. Alegam os eruditos criadores de regras que "risco de morte" seria o correto por uma questão de lógica, já que alguém estaria arriscado a morrer e não a viver. Mas para mim essa explicação é estúpida, porque o que está em risco é a vida de alguém, portanto é perfeitamente lógico falar "risco de vida".
Abs,

JT
Concordo integralmente. As palavras a serem incorporadas devem estar vinculadas ao novo, ao inédito, coisas para as quais não há, ainda, uma palavra que a defina com a clareza necessária ao perfeito entendimento.
Certa feita veio um elemento da área de propaganda falar sobre o lançamento de um novo produto, nada de importante. O cidadão falou um monte de termos ingleses e, completando, disse não haver verba para muita coisa. A campanha seria então feita com "papers" na modalidade "self" e mais outros termos que não recordo. O que fizeram, na realidade, foi imprimir uns panfletos e coloca-los nos balcões para que os próprios usuários, querendo, pegassem algum deles.
Assim, muitas vezes, os termos estrangeiros tem a finalidade de enganação, dar ao público alvo a ideia de que o sujeito sabe muito. O antigo latinório dos rábulas nos processos. De-lhe citações, para cobrir a falta de argumentos.

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Seg Dez 07, 2015 9:20 pm
por EduClau
Wingate escreveu:
EduClau escreveu:Eu já escutei cada termo que é de dar dó, startar, upar, um dia desses para irritar um colega meu eu chamei a linguagem C+ de C mais, ele na hora me corrigiu "é C plus" eu falei "p..rra, mas plus é mais em francês" ele nem sabia, pensava que era inglês.

sds.
"Plus" também faz parte da língua inglesa, com vários significados, inclusive com o sentido de somar, (ex: seven plus three equals ten), e o sinal é '+'. Ver em:

http://www.almaany.com/en/dict/en-en/plus/

SDS,

Wingate
Obrigado pela explicação mestre, como pode ver o inglês não é meu forte...

:mrgreen:

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Ter Dez 08, 2015 3:10 am
por cassiosemasas
JT8D escreveu:
cassiosemasas escreveu: Concordo contigo, porém a coisa está mudando, não na velocidade que gostaríamos, mas esta rolando.
O que me deixa puto com isso é justamente a submissão, pois quanto a ignorância já melhoramos bastante.(Não o suficiente, mas tivemos avanços significativos.)
Mas a submissão é foda, basta ver o comportamento dos nossos jovens
nas redes sociais, não tem problema curtir, gostar, usufruir,se divertir, com os gringos, o que me deixa fulo é a total "desconciência" dessa grande massa sobre o que é produzido no país.
A língua é uma importante expressão da cultura de um povo e mesmo de sua identidade. É por isso, por exemplo, que catalães e bascos na Espanha mantém vivos seus idiomas. Eles sabem que o dia em que esses idiomas morrerem sua identidade cultural também desaparecerá.
Abs,

JT
Concordo!!!
Peço desculpas por não ter captado a intenção inicial do post posto.
Mas posso afirmar que realmente a preguiça nas traduções fazem muita merda, e por mera preguiça, no meu curso de Jornalismo por exemplo, tive de estudar a teoria critica da escola de frankfurt de horkheimer, e a tradução disponível era uma merda, ainda não perguntei para a professora doutora porque ela nos indicou essa tradução, mas talvez seja porque essa é a "melhorzinha" imagina a pior, já fui atrás da versão em inglês.
E falando da identidade cultural, ai sim fico preocupado, pois o que mais se vê hoje em dia é justamente a "inglesisação" do português, quando deveríamos na medida do possível fazer o contrário.

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Ter Dez 08, 2015 3:42 am
por Bourne
As traduções tendem a perder informação original.

Por isso que nas pós-graduações a preferência é sempre pela obra original, normalmente inglês e forçar o estudante entender as expressões e o palavreado da área. Aliás, dizem que no brasil começa a ser disseminado nos cursos de graduação de exatas e saúde. Justificado pelo fato do aluno precisar entender o que se faz na ponta do conhecimento e precisar entender como falar.

Sabiam que a Universidade de Shangai, a maior da china e melhor do mundo emergentes, prevê uma educação de elite toda em inglês. O motivo é facilitar trazer professores, pesquisadores e alunos estrangeiro que são importantes para fazer o centro funcionar. Além de facilitar a padronização da comunicação devido as diversos dialetos entre as regiões chinesas.

Na Alemanha e na Itália, quando tinha pesquisado uns cursos, boa parte deles era em inglês para facilitar a vida dos estrangeiros e fazer a produção ser de impacto mundial.

Re: A destruição de um idioma

Enviado: Ter Dez 08, 2015 8:53 am
por JT8D
Bourne escreveu:As traduções tendem a perder informação original.

Por isso que nas pós-graduações a preferência é sempre pela obra original, normalmente inglês e forçar o estudante entender as expressões e o palavreado da área. Aliás, dizem que no brasil começa a ser disseminado nos cursos de graduação de exatas e saúde. Justificado pelo fato do aluno precisar entender o que se faz na ponta do conhecimento e precisar entender como falar.

Sabiam que a Universidade de Shangai, a maior da china e melhor do mundo emergentes, prevê uma educação de elite toda em inglês. O motivo é facilitar trazer professores, pesquisadores e alunos estrangeiro que são importantes para fazer o centro funcionar. Além de facilitar a padronização da comunicação devido as diversos dialetos entre as regiões chinesas.

Na Alemanha e na Itália, quando tinha pesquisado uns cursos, boa parte deles era em inglês para facilitar a vida dos estrangeiros e fazer a produção ser de impacto mundial.
Concordo totalmente. Em países como Holanda, Suécia e Alemanha estudantes e profissionais dominam o inglês, já que seus idiomas nativos são pouco falados ao redor do mundo. Nem por isso eles são negligentes com sua própria cultura. Quanto mais línguas entendermos melhor, mas a principal será sempre a nossa língua nativa. É por isso que eu fico p*to quando vejo alguém falando "quarter" ao invés de trimestre ou "budget" ao invés de orçamento. Infelizmente parece que a capacidade intelectual de alguns é tão limitada que para aprender um idioma estrangeiro eles precisam esquecer o idioma nativo (se é que já o dominaram algum dia).
Abs,

JT