Cara, eu tenho uma grande duvida! Será que não seria possível reviver alguns daqueles projetados que deveriam ter entrado em serviço no inicio da década de 90?! O projeto do Sucuri II não poderia ser aperfeiçoado (sensores, aumento das dimensões do veículo, mudança da tração para 8x8, etc),?! O charrua também não poderia sofrer melhores em seu projeto (menos que o Sucuri)?
Olha, essa discussão pode assumir dois aspectos. Um deles técnico e o outro econômico.
Do primeiro só posso arranhar algumas questões.
Vejamos o caso do EE-3 "Jararaca". Partindo do pressuposto - talvez falso - de que o "Guará" da Avibrás é inferior a ele, por que então essa empresa, ao invés de começar um projeto, inteiramente novo, simplesmente não obteve o projeto do "Jararaca" e não o implementou?
Suponho que, um projeto de vinte - ou trinta - anos atrás, precisaria de uma porção de "upgrades", mas talvez ainda ficasse mais barato. Claro que, se o novo "Guará" for muito superior então nada a discutir.
Sobre o "Ogum", não há similar nacional moderno - nem na prancheta, eu acho. Então, talvez fosse plausível imaginar que alguma empresa tivesse interesse em produzi-lo. E como se faria isso? Imagino que, os planos do "Ogum", depois da falência da Engesa não tenham ido parar em algum templo perdido na Floresta Amazônica, guardado por um tribo de canibais.
Do mesmo modo, imagina-se que o projeto original, do final dos anos 70 precise de uma porção de reajustes. Mas, se alguém achasse compensador, em teoria não deveria haver dificuldades para construí-lo. Deve ser menos difícil do que extrair o código genético de dinossauros dentro de mosquitos mumificados.
No caso do "Sucuri-2", ele era ligeiramente menor do que o atual "Centauro" italiano - o similar mais próximo que me ocorre no momento. Era bem mais leve (18 ton contra 25 ton), mas, provavelmente, menos blindado. Já li que ele fracassou devido à concorrência com o "Kürassier" sobre lagartas. Mas, sendo anterior ao "Centauro", talvez pudesse ter obtido algum sucesso nesse campo dos caça-tanques sobre rodas, se tivesse sido possível sua aquisição pelo Exército brasileiro.
Agora, saindo das questões técnicas e indo para a econômica (e de organização interna do Exército): valeria a pena? Será que, nesse começo de século XXI é razoável imaginarmos que o "espírito Engesa" poderia reencarnar?
Dificilmente, alguma empresa brasileira que desejasse fabricar o "Sucuri-2" iria ter resultados lucrativos. Ainda que modernizado de acordo com os padrões de hoje em dia - sai o toca-discos de vinil embutido, com o LP da Eliana Pitmann de brinde, e entra um DVD-Player com um dvd da Avril Lavigne - é improvável que ele possa competir com o "Centauro" ou com o "Stryker" (ou com os similares franceses). E, dessa forma, sem exportações, ele teria de se basear, somente no mercado interno. Ou seja, o Exército brasileiro. Isso não lembra nada?
E o mesmo deve valer para os outros dois produtos: o "Jararaca" e o "Ogum". Dificilmente o Exército brasileiro poderia conseguir comprá-los em grandes quantidades, que permitissem lucro a um fabricante. E não são prováveis as possibilidades de exportação, em grande escala, como na década de 70 e 80.
Além do mais, para se adotar em larga escala uma viatura porta-armas como o "Ogum", talvez o Exército tivesse de alterar a organização de suas unidades de infantaria motorizada. Fazendo-as semelhantes aos batalhões britânicos da Segunda Guerra Mundial, que possuíam grande número de "Bren Carriers" (o ancestral direto do "Wiesel" e do "Ogum") em sua dotação. Em suma, eu queria ver uma porção de "Oguns" rolando por aí, com as cores do Exército, mas isso não depende de mim. Depende das necessidades do próprio Exército. Em algum momento, os chefões do Exército visualizaram o uso do "Ogum" como de importância? Algum comandante importante do Exército terá feito alguma sugestão de que se deva obter "Wiesel 1" alemães de segunda mão?
Sobre a fabricação de material bélico, um dos mais prestigiosos estrategistas brasileiros, o Almirante Mário César Flores, em um livro de 1992, duvidava da viabilidade de qualquer indústria brasileira, exclusivamente, bélica. Ele achava o episódio da década dos 70, uma utopia que não poderia se repetir. Em sua opinião, somente indústrias nas quais a linha de produtos de defesa fosse,
complementar poderiam sobreviver.
Por isso que, em teoria, esse "Guará" da Avibrás talvez tenha mais chances de sucesso do que o EE-3 jamais teve. Todos aqui observaram que essa nova viatura tem uma carinha danada de carro-forte. E foi sugerido que ele não só fosse utilizado como viatura essencialmente militar, mas como viatura de segurança à serviço das forças policiais.
Numa impressão de leigo, o "Jararaca" parece mais indicado como viatura de patrulha de combate do que o "Guará", devido a seu tamanho e peso menores. Porém, talvez por causa disso, o "Jararaca" não teria sido indicado para essa função de servir dentro das tropas especiais da polícia, subindo vielas de morros dominados por traficantes. Portanto, para o "Guará" isso poderia significar compradores de todas as polícias militares do Brasil; do Exército e, talvez, do exterior. Um campo de mercado mais amplo do que uma viatura, essencialmente militar.
Portanto, é mais provável que - estando correta a minha observação - a Avibrás tenha mais sucesso com a sua nova viatura, do que a Engesa teria tido com a dela.
Quanto ao "Charrua", parece-me que, ao contrário do "Sucuri 2", ele carecia de qualidades para ser um sucesso. Já li algumas opiniões que o consideravam grande demais - isto é, um alvo fácil - para ser um substituto do M-113. Ao passo que era muito leve e pouco blindado para servir como uma viatura de combate de fuzileiros.
lembro que o Brasil foi capaz de produzir duas famílias de blindados (Cascavel, Urutu, Jararaca e Tamoio; Sucuri, Charrua, Ogum e Osório).
Produzir o Brasil só produziu mesmo os "Cascavél", "Urutu" e alguns "Jararaca" para exportação. Todos os outros ficararm só em protótipos.