Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#16 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 5:22 pm

A China vai ficar quieta até o fim da Olimpíada de Pequim, por motivos propagandísticos de seu amalucado regime de política de comunismo-selvagem e economia de capitalismo-selvagem. Depois disso, tomará as medidas necessárias para sobreviver, não poderá continuar para sempre a acumular papéis sem lastro e de valor declinante com o único fito de retardar a queda CERTA do cliente de um terço de suas exportações...

O Japão também vai ter que se mexer, não dá para sustentar um País do tamanho dos EUA e que nada está fazendo para enfrentar a crise que JÁ COMEÇOU, além de discursos e paliativos que erodem dia-a-dia a credibilidade do FED, como o apoio suicida à Fannie Mae e ao Freddy Mac, que juntos trazem em seu bojo um passivo de mais de CINCO TRILHÕES DE DÓLARES!!!

Minha aposta: alguém, cedo ou tarde, vai dar o primeiro passo para ao menos reduzir o prejuízo (eu chutaria na China), e isso será o sinal para uma corrida mundial aos bancos e fundos ianques, completamente despreparados para isso, e uma queda jamais vista no valor do dólar.

O que as autoridades de BSB têm de se dar conta é que em breve estaremos no mundo do 'cada um por si'...




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#17 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 5:46 pm

Mais um, este sim, é MORTAL!
Depressão económica nos EUA:
A evidência da economia a definhar está por toda a parte

por Mike Whitney [*]

Olhem à vossa volta. Por toda a parte vemos uma economia debilitada. Nos "bons tempos" os consumidores fugiam das prateleiras da carne enlatada, e pouco mais. Hoje em dia as vendas de conservas subiram em flecha; as mercearias têm dificuldade em manter as prateleiras cheias. Toda a gente procura a maneira mais barata de alimentar a família. O Departamento do Trabalho garante que a inflação é de apenas 4 por cento, mas todos sabemos que isso é uma treta. O preço dos alimentos está para além do imaginável. O pão branco subiu 13 por cento, o bacon subiu 7 por cento e a manteiga de amendoim mais de 9 por cento. A inflação entrou em derrapagem e não se sabe onde vai parar. O dólar está quase ao nível do peso e os trabalhadores lutam para sobreviver. O que acontece é que há cada vez mais pessoas "no mais rico país do mundo" a sobreviver à custa da carne de porco enlatada. Isto diz tudo.

Em Santa Bárbara os parques de estacionamento estão a ser transformados em dormitórios para que as famílias que perderam as suas casas no escândalo do subprime possam dormir nos seus carros sem serem incomodadas pela polícia. O mesmo acontece em Los Angeles onde nasceram cidades de tendas nos terrenos dos caminhos-de-ferro para acomodar o número crescente de pessoas que perderam os seus empregos ou não têm hipótese de alugar um quarto com os seus salários ganhos na indústria ou nos serviços. Por todo o lado as pessoas sentem o cinto a apertar; é por isso que 9 em cada 10 americanos acham agora que o país caminha na direcção errada e é por isso que a confiança dos consumidores se encontra no ponto mais baixo desde a Grande Depressão. É este o grande triunfo da economia vudu do "gotejamento" ("trickle down") [1] do mercado livre de Reagan; famílias completas a viverem dentro dos seus automóveis à espera que abra a loja de penhores.

A economia vive a balões de oxigénio. O resto do mundo far-nos-ia um grande favor se decidisse dar um pontapé no dólar e boicotasse os produtos financeiros americanos. Era uma forma de acabar com a vigarice de Wall Street de uma vez por todas. Os investidores estrangeiros deviam exigir a devolução confiscando o património americano como compensação para os milhões de milhões de dólares que perderam na fraude do subprime e da titularização. A única maneira de fazer com que os culpados paguem pelos seus crimes é processá-los, processá-los, processá-los. Ou então erguer uma forca em Wall Street e dar atenção aos negócios.

Os gurus do canal empresarial andam a dizer-nos que o "pior já passou"; que o furacão de Grau 5 nos mercados financeiros já esmoreceu e não passa agora de uma ventania. Não acreditem. O mercado de acções continua congelado, a habitação está em queda livre, e o sistema bancário está refém da sobrecarga dos maus investimentos. O FDIC [Federal Deposit Insurance Corporation] está mesmo a tentar atrair antigos empregados reformados para gerir o tsunami de falências bancárias que se prevêem até ao fim de 2008. Aumentam os incumprimentos empresariais e o imobiliário comercial está pelas ruas da amargura.

"Em Fevereiro os preços comerciais do imobiliário nos EUA sofreram a queda mais acentuada desde que começaram os registos há quase 15 anos, já que secaram as fontes de financiamento para os negócios, segundo dados da Standard & Poor's de ontem. As vendas de imobiliário comercial caíram 71 por cento no primeiro trimestre em comparação com o ano anterior" (Financial Times). Os bens imobiliários comerciais estão a seguir a mesma trajectória descendente da habitação residencial. Ambos se encontram em queda livre. Qualquer baixa do imobiliário comercial fará disparar o desemprego e contribuirá para os problemas de solvência que os bancos enfrentam.

Estamos muito longe da saída do labirinto e assim continuaremos por muitos anos. Segundo o Bloomberg News, os aumentos do custo das matérias-primas provocaram uma forte subida dos custos nos produtores que não conseguirão fazê-los repercutir nos seus clientes que estão sem dinheiro. Isto significa que os lucros empresariais vão diminuir e os valores das acções vão cair a pique.

Na semana passada, Meredith Whitney, analista do Oppenheimer, anunciou que:

"Ainda estão para chegar os dias verdadeiramente angustiantes da crise do crédito e terão efeitos muito mais alargados do que jamais se viu. Tal como a falta de liquidez empurrou tantas pequenas e médias empresas exclusivamente financeiras para a beira do abismo, acreditamos que o mesmo vai acontecer com o consumidor americano. Acreditamos que os prejuízos vão ocorrer mais rapidamente e serão muito piores do que as previsões mais draconianas".

"Whitney tem sido um dos poucos analistas consistentemente precisos do actual afundamento do mercado.

"O destino dos maiores bancos de investimentos é tão incerto quanto o dos bancos "de depósitos" mais pequenos. Na semana passada David Rubenstein, presidente do Grupo Carlyle, resumiu assim a situação, "Os bancos e as instituições financeiras americanas e europeias têm prejuízos enormes por causa de empréstimos incobráveis que ainda não são totalmente conhecidos e podem vir a ter grande dificuldade em encontrar os necessários financiamentos salvadores. Segundo as informações de que disponho, vai ser preciso no mínimo um ano até que se contabilizem todos os prejuízos, e há instituições financeiras que podem falir. Muitas das instituições financeiras não vão conseguir sobreviver como instituições independentes".

Isso significa que vai haver uma maior concentração e monopólios bancários mais perigosos, o que no seu conjunto é mau para o consumidor.

Os bancos e as instituições financeiras nunca estiveram tão mal. Já contabilizaram 344 mil milhões de dólares de prejuízos desde que começou a crise do crédito em Agosto passado e vão contabilizar mais 200 mil milhões no próximo ano. Quando a crise acabar, terão acumulado cerca de um milhão de milhões de dólares de prejuízos. Isso representa uma contracção de 3 milhões de milhões de dólares nos empréstimos a consumidores e a negócios. Estas estimativas não tomam em consideração as perdas de receitas pelo abrandamento nas despesas de consumo, um PIB em contracção, e as imensas falências comerciais; tudo isto em conjunto reforçará ainda mais o caos no sector financeiro.

O nível de pressão sobre o sistema bancário não tem precedentes. O Fed está a emprestar dinheiro de mão beijada só para manter os cordelinhos presos. Reparem no que se está a passar com os chamados "leilões" do Fed em que este está a fornecer empréstimos e títulos do tesouro americanos para sucata "invendível" suportada por hipotecas e outras acções tóxicas. Os números são incríveis.

Segundo o Seattle Times:

"Os empréstimos de emergência da Reserva Federal aos bancos atingiram um nível nunca visto quando as companhias de investimento de Wall Street reformularam os seus pedidos de empréstimos… Os Bancos aumentaram os seus pedidos de empréstimos, segundo o relatório do Fed… A média de pedidos de empréstimo diários durante a semana que terminou em 28 de Maio foi de 15,95 mil milhões de dólares em comparação com 13,5 mil milhões de dólares na semana anterior, o que constituiu um recorde absoluto. O pico anterior de 14,4 mil milhões de dólares ocorreu na semana que terminou em 14 de Maio... Na maior operação de concessão de empréstimos do banco central desde os anos 30, o Fed esforçou-se em Março para evitar uma dissolução do mercado, dando às casas de investimentos um sítio onde se dirigirem para empréstimos de emergência de um dia para o outro… O Fed também anunciou na quinta-feira que porá à disposição dos bancos um lote fresco de empréstimos de dinheiro a curto-prazo numa tentativa de aliviar os mercados de crédito asfixiados… O Fed disse que irá realizar três leilões em Junho; cada um deles oferecerá 75 mil milhões de dólares em empréstimos de dinheiro a curto prazo. Será a última fase dum programa que o Fed lançou em Dezembro para ajudar os bancos a ultrapassar os problemas de crédito para que possam continuar a fazer empréstimos aos clientes". ("Banks step up Fed loans, investment firms scale back", Seattle Times )

Mais 225 mil milhões de dólares?!?!

O Fed está a dar cabo do seu balanço – em cerca de 225 mil milhões de dólares – quando esse dinheiro podia ser utilizado para pagar ensino gratuito e cuidados de saúde. Que desperdício! Mas, em vez disso, o dinheiro está a ser utilizado para lançar uma bóia de salvação aos especuladores trapaceiros que estão a tentar ludibriar investidores estrangeiros com títulos de crédito sem qualquer valor. Ao mesmo tempo, as medidas de emergência do Fed nada contribuíram para repor a confiança entre os bancos individuais que se mostram mais relutantes do que nunca em fazer empréstimos uns aos outros. O escândalo em curso em torno da Libor (a taxa de juro que os bancos cobram uns aos outros e que determina os juros sobre 3 milhões de milhões de dólares de produtos financeiros incluindo hipotecas) sugere fortemente que os bancos estão a mentir quanto à verdadeira taxa que estão a pagar para que o público não desconfie até que ponto eles se encontram de rastos.

Bloomberg News: "Os bancos adulteram sistematicamente os custos dos empréstimos na informação à Associação dos Banqueiros Britânicos para evitar a percepção de que têm dificuldade em arranjar fundos na medida em que os mercados de crédito estão parados".

Os gastos dos consumidores também estão em queda, já que as regras para empréstimos estão mais apertadas e o financiamento para habitação continua a desaparecer. Os problemas do subprime passaram de Wall Street para Main Street enquanto as tendências do crédito segundo parece estão a piorar. Os consumidores estão no limite dos seus cartões de crédito, dos empréstimos para estudos, das hipotecas e dos empréstimos para carros. A falta de poupanças pessoais não é o resultado dum estilo de vida gastador (como os meios de comunicação de direita gostam de opinar) mas de 30 anos de salários estagnados e de luta de classes travada através dos grandes negócios e do código de impostos federais. As pessoas da geração da explosão demográfica não estão a contar com a Segurança Social para pagamento das contas quando se reformarem mas, no entanto, isso não impede que lhes seja sacado dinheiro dos seus ordenados todas as semanas, dinheiro que é desviado para o fundo geral e utilizado para pavimentar estradas e comprar bombas múltiplas. A segurança social não passa de um imposto uniforme sobre os indigentes. (Os ricos andam à boleia depois dos primeiros 87 000 dólares de receitas). Estes são alguns dos factores que afectam a economia americana como um Daisy Cutter [2] . O ano de 2009 cada vez se parece mais com um capítulo do Livro da Revelação.

Um artigo em The Economist desta semana resume o mal-estar na habitação em termos particularmente apocalípticos:

"Os preços das casas na América estão a cair ainda mais depressa do que durante a Grande Depressão. Enquanto os preços das casas na América continuam a sua rápida descida, os observadores do mercado têm que procurar cada vez mais longe as comparações sombrias. O último índice de preços de habitação nacionais da S&P/Case-Shiller, publicado esta semana, mostrava uma queda de 14,1 % para o primeiro trimestre do ano, o pior desde que este índice se iniciou há 20 anos. Agora Robert Shiller, um economista da Universidade de Yale e co-inventor do índice, compilou uma versão que abrange um século. Esta mostra que a última queda nos preços nominais já é muito maior do que a queda de 10,5 % em 1932, o pior ponto da Depressão. E as coisas ainda estão piores do que parecem. Nos deflacionários anos 30 os preços das casas diminuíram menos em termos reais. Actualmente a inflação desenvolve-se a ritmo acelerado, por isso os preços das propriedades caíram uns terríveis 18% em termos reais em relação ao ano passado". ("The Economist")

O país está a atravessar um colapso do mercado imobiliário que ultrapassa a Grande Depressão e o livro de Alan Greenspan, antigo director do Fed, continua na lista dos Best Seller do New York Times. Que tal como ironia?

Lamentavelmente, ainda não há luz ao fundo do túnel quanto à habitação. Alguns mercados já caíram 30%, custando aos estados (como na Califórnia e na Florida) a perda de milhares de milhões de receitas de impostos e originando um forte aumento de penhoras. Na Califórnia, não só as vendas baixaram em cerca de 50 por cento, como 40 por cento das novas vendas são vendas de casas penhoradas. A bolsa de compradores potenciais esvaziou. Agora rondam os abutres que se apoderam das casas por apenas 50 cêntimos por dólar. Os prejuízos são enormes. Se a tendência para a descida continuar (como acha muita gente) e os preços da habitação caírem 30 por cento a nível nacional, o mercado perderá 6,5 milhões de milhões de dólares em valor agregado e as despesas com a habitação baixarão em 300 mil milhões de dólares. Assim o PIB diminuirá um ponto percentual no mínimo.

A crise nos mercados financeiros não se resolverá antes de os preços da habitação estabilizarem, e é por isso que o Fed e o Congresso se estão a esfarrapar para concertar um plano (Hope Now) que abrande o ritmo das penhoras. Milhões de milhões de dólares em acções complexas e títulos com base em hipotecas vão continuar a degradar-se até que os investidores achem que é seguro "molhar os pés" outra vez e reinvistam num mercado (actualmente) moribundo. Até aqui, o Congresso tem feito poucos avanços para evitar que os proprietários das casas faltem ao pagamento das suas hipotecas. O Credit Suisse prevê que os arrestos andarão acima dos 6,5 milhões de casas nos próximos anos. É o equivalente a um Furacão Katrina que varresse o país dum lado ao outro.

A próxima administração – seja a de McCain seja a de Obama – será forçada a repor a Resolution Trust Corp, que foi criada em 1989 para dar destino aos bens dos bancos insolventes de poupanças e empréstimos. O RTC terá que criar uma empresa gerida pelo governo para comprar aos bancos MBS [títulos suportados por hipotecas] em dificuldades e para os liquidar em hasta pública. O Estado pagará esses títulos abaixo do seu valor real (o Fed está a pagar actualmente 85 por cento do valor facial dos MBS) e depois sofrerá um prejuízo na sua liquidação. "De acordo com Joseph Stiglitz, no seu livro 'Towards a New Paradigm in Monetary Economics', a verdadeira razão por trás da necessidade desta empresa foi permitir ao governo americano subsidiar o sector bancário duma forma não muito transparente e evitar assim a possível contestação".

Portanto é assim; prenuncia-se no horizonte, possivelmente já em 2009, uma venda em hasta pública de proporções bíblicas, financiada pelos contribuintes. Feitas as contas, é a única forma segura de estabilizar o sistema bancário em desmoronamento e de pôr um travão à descida dos preços das casas. Mas os efeitos sobre o dólar serão catastróficos. Não esperem que o dólar sobreviva como a "divisa de reserva" mundial. Esses tempos estão a acabar.

Os problemas nos mercados financeiros manter-se-ão por algum tempo. A enorme expansão de crédito criou imensas bolhas de situação líquida que estão a aproximar-se do rebentamento a um ritmo imprevisível. O escritor James Howard Kunstler chama a este processo "a álgebra impiedosa duma espiral deflacionária mortal". Isto é uma descrição tão perfeita quanto se possa imaginar. É provável que haja um grande desacordo quanto às origens da bolha e quanto aos culpados. Foi a política de "juros baixos" do Fed que se seguiu ao insucesso das dot.com em 2000, ou a falta de regulamentação governamental no processo da titularização, ou foi apenas o corolário natural dum sistema político que permanentemente engraxa e dobra a espinha a Wall Street?

A verdadeira origem do problema é ideológica. Tem raízes na ortodoxia prevalecente do "gotejamento" [1] que se opõe a quaisquer aumentos de salários ou de benefícios para os trabalhadores. Henry Ford percebeu o que os capitães da indústria e da finança de hoje se recusam a aceitar; ou seja, que se os trabalhadores não forem pagos adequadamente pelo seu trabalho – e os salários não acompanharem o ritmo da produção – a economia não pode crescer porque os consumidores não terão dinheiro para comprarem as coisas que fabricam. É tão simples como isso. Greenspan e os seus iguais acharam que podiam alimentar a guerra de classes e fazer a diferença afrouxando as regras dos empréstimos, alterando as leis das falências, e criando um estendal quase infinito de produtos financeiros exóticos que expandissem o crédito. Mas transferir riqueza duma classe para outra tem o seu preço. Esmagando o trabalhador, os Friedmanitas mataram a galinha dos ovos de ouro. A sociedade consumista mais próspera do mundo está numa agonia terminal e não há nenhuma algaraviada de "mercado livre" que a impeça de explodir.


02/Junho/2008

Notas
[1] " trickle down " – expressão utilizada para dar a ideia de que o acréscimo de riqueza dos que já são ricos iria de alguma forma "gotejar" para os pobres. A teoria do gotejamento serve para justificar a pioria da repartição do rendimento nacional (N.T.)
[2] "Daisy Cutter" – bola batida de tal modo que se mantém rente ao solo (no críquete)

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php? ... a&aid=9162 .




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#18 Mensagem por cvn73 » Sáb Jul 26, 2008 7:27 pm

Wolfgang escreveu:Mestre, tua palvara já bastaria.. mas não é disso que se trata.. Mas se o MUNDO quer que os EUA caia. Uma dica: a China está com as calças na mão...

Essa é a questão;a queda abrupta dos EUA não interessa a ninguém, os ianques deram tantos nós que agora todos só tem a perder.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#19 Mensagem por soultrain » Sáb Jul 26, 2008 7:52 pm

A verdade é que há muito tempo não havia uma corrida para levantar dinheiro, a um banco de uma economia avançada. Já começou nos EUA, já vi filas de pessoas à espera.

[[]]'s





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#20 Mensagem por Wolfgang » Sáb Jul 26, 2008 7:54 pm

Foi o que quebrou a Argentina.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#21 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 8:04 pm

E isso, Soultrain véio, é apenas um tímido início de uma vasta catástrofe. O gigante está desabando a olhos vistos. O exemplo mais flagrante nos é dado pelo mercado imobiliário americano cujos preços não páram de descer, enquanto a recessão econômica em curso dissuade os potenciais compradores de aproveitar os preços baixos, e enquanto os bancos – que se desintegram debaixo dos estoques de bens imobiliários adquiridos – reduzem o valor dos empréstimos imobiliários a potenciais compradores. Isso contribui para que os preços baixem cada vez mais, que a desvalorização dos ativos dos bancos aumente, que a capacidade de endividamento dos agregados familiares reduza, que as despesas relacionadas com o imobiliário (um setor-chave da economia americana) abrandem, que as receitas fiscais reduzam e que os potenciais compradores esperem ainda mais. É assim que o buraco se torna cada vez mais fundo debaixo dos pés dos consumidores, dos bancos e das autoridades. É tudo um círculo vicioso que o governo ianque, espantosamente, parece fazer questão de ignorar, em aparência crêem que o livre mercado terminará resolvendo sozinho a catástrofe que gerou (como se tivesse vontade, competência ou RESPONSABILIDADE para isso).

Recém está começando, repito, e vai ser BEM FEIO!!!




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#22 Mensagem por soultrain » Sáb Jul 26, 2008 8:06 pm

Vai ser a nossa desgraça...





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#23 Mensagem por Wolfgang » Sáb Jul 26, 2008 8:08 pm

Eu temo isso. Não seria nada bonito.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#24 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 8:21 pm

Devo esclarecer algumas kôzaz aos colegas:

:arrow: Nunca li tanto sobre economia como nos últimos dias, agradeço penhoradamente aos colegas que puseram em dúvida meus pontos de vista, nunca aprendi tanto em tão pouco tempo. Sem as contestações que recebi - e mesmo algumas gozações - jamais o teria feito, sempre DETESTEI economia, agora está entre meus temas preferidos...

:arrow: Tenho sido reiteradamente acusado de estar 'torcendo' para que a crise se instaure. Não. Torço contra a capacidade americana de guerrear impunemente a quem melhor lhe aprouver, ocupar o País que quiser, tomar as riquezas de quem interessar. Torço para que seus canhões jamais se voltem contra nossa Pátria. Torço muito para isso. Mas para a crise não, pois vai engolfar o mundo todo, não apenas os EUA...

:arrow: Finalmente, estranho que os efeitos ainda pouco se façam sentir no Brasil, que a grande mídia se mantenha afastada do tema, que ninguém do nosso governo fale a respeito. Ou achamos um jeito de nos imunizarmos - para mim, impossível acreditar nisso - ou todo mundo está de acordo em ficar quieto no seu canto, observando e traçando sua própria estratégia para a terrível hora do 'cada um por si'...

Valews!!!




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#25 Mensagem por bruno mt » Sáb Jul 26, 2008 9:19 pm

Túlio, eu tambem nunca tinha lido tanto sobre essa economia com pitada de geopolitica, só que como não tinha nem base preferi não conmentar pra não falar besteira demais.e diferente de você, torço sim para a queda americana, não porque sou anti-americano mas sim porque a queda americana é a nossa alavanca(não para primeiro), isso ficou claro no nosso"boom" do consumo, e tambem porque uma queda americana leva junto nossos principais"concorentes".E mais uma coisa.Quando você diz que devemos achar um jeito de nos imunizarmosisso rebate nos politicos que é quem comanda o Brasil.Embora o Brasil e de certa forma eu tambem, os odeie. Devemos todos adimitir que: uma coisa que os nossos politicos(do começo da ditadura pra frente) tem feito foi se preocupar com essas questoes,EX.a nossa economia é feito com relaçoes com o mundo todo,e são de itens exenciais,outroEX. agora com a inflação(que com certeza deve ter te afetado) oque você não parou parou de comprar?os item de primeira necessidade que são os que formam as nossas esportaçoes. e embora seja na maioria um bando de ladrões vejo neles um grande patriotismo(nada a ver com FAs)e pessoas influentes.só terminando pra não ficar muito grande:o que eu quero dizer é que eu acredito fielmente que neste quesito estamos bem embora ultimamente o Itamaraty tenha nos decepicionados.


PS:Falem bem ou mal, mas falem de mim.Ultimamente tenho me visto meio ignorado no forum,e foi meu primeiro post grande(onde espero ter conteudo)gostaria da opinião dos senhores para quem sabe continuar pra um dia chegar aos pés dos do Orestes,Tulio... .




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#26 Mensagem por Bourne » Sáb Jul 26, 2008 9:49 pm

Tigrada, principalmente o, véio, Túlio.

Se vocês estão tão preocupados com a crise hegemônica norte-americana, recomendo um livro básico, ganhou o prêmio da American Sociological Association, em 1995, e é um livro fácil de achar.

ARRIGHI, G. (1996). O Longo Século XX. Rio de Janeiro: Contraponto e Editora UNESP.

Apesar do livro ter mais de 10 anos, descreve toda a evolução do sistema capitalista e das hegemonia mundiais, descreve a história da hegemonia holandesa, britânica no século XIX e norte-americana no século XX. É uma análise profunda, tem ênfase nos aspectos políticos e sociais. Não fica na esquizôfrenia dos artigos de jornais e até a maioria dos acadêmicos de economia, por isso meto o pau nos caras, sem pena ou dó.

E tem mais uma monte de pessoas legais, como o Prêmio Nobel e ex-conselheiro do governo Clinton, o Joseph Stiglitz.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#27 Mensagem por pafuncio » Sáb Jul 26, 2008 10:35 pm

born escreveu:
ARRIGHI, G. (1996). O Longo Século XX. Rio de Janeiro: Contraponto e Editora UNESP.

Legal a dica.

O Eric Hobsbawn tem opinião contrária. Ao escrever acerca do século XX (ele que nasceu antes de 1.918), qualificou-o como o "breve século XX". Ao contrário de mero escritor, ele frisou ser também testemunha, mesmo porque presenciou o Adolf discursando no interior da Baviera, quando ainda era um político menor.

Tenho interesse em ler também Ascensão e Queda das Grandes Potências, do Paul Kennedy.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#28 Mensagem por Penguin » Dom Jul 27, 2008 10:33 am

¿Quién hundió la economía mundial?
MOISÉS NAÍM 27/07/2008
http://www.elpais.com/articulo/internac ... iint_7/Tes


Las cosas venían muy bien. Entre el 2002 y el 2007 la economía mundial tuvo su mejor periodo en cuatro décadas. Las economías crecieron, la inflación fue la más baja en 40 años, la pobreza declinó y la clase media apareció donde nunca antes había existido. Hoy en día este reciente nirvana económico parece casi prehistórico. Los precios de los alimentos y de la gasolina por las nubes, crisis inmobiliarias, economías en picada, desempleo en ascenso y pesimismo generalizado son ahora los titulares de las noticias. ¿Qué pasó? ¿Cómo pasamos tan rápido del paraíso al infierno?

Las crisis globales nunca tienen una sola causa ni un solo padre. Aquí se citan algunos 'culpables'
Hay varios posibles culpables de esta crisis. Identificarlos es útil porque permite aclarar el diagnóstico de la enfermedad económica que hoy aqueja al mundo. Éstos son los principales indiciados:

Alan Greenspan. A finales de 2004 el entonces jefe del banco central estadounidense decía que "es improbable que exista una severa distorsión en los precios del sector inmobiliario". Hace poco y refiriéndose a la actual crisis inmobiliaria, Greenspan comentó: "No me di cuenta hasta que ya era tarde". A Greenspan se le acusa de haber respondido a las diferentes crisis financieras estimulando demasiado la liquidez monetaria, con lo cual creó problemas aún mayores después. La crisis asiática, el crash de las empresas de Internet, de grandes fondos de inversión, o los problemas del sector inmobiliario fueron todos tratados por Greenspan inyectando liquidez. También creía mucho en la innovación financiera: "Los consumidores americanos se beneficiarían si los bancos les ofrecen productos hipotecarios más variados y más alternativas que las hipotecas tradicionales a tasas fijas de interés", declaró en 2004. Los bancos le hicieron caso y entre los productos "no tradicionales" que ofrecieron en abundancia estuvieron hipotecas a familias que no las podían pagar. El resto es historia conocida.

Los reguladores del sector financiero. El sistema financiero mundial ha crecido en tamaño y complejidad a mucha mayor velocidad que la capacidad de los Gobiernos para entenderlo y regularlo adecuadamente. Y no son sólo los Gobiernos. Los banqueros mismos con frecuencia confiesan no entender plenamente algunos de los instrumentos financieros que negocian. Si bien los reguladores de diferentes países intentan coordinar sus actividades, la realidad es que la globalización financiera, cuyos beneficios son indudables, hace muy difícil que los funcionarios públicos que operan desde un solo país puedan tener una visión adecuada de los mercados que regulan. No hay dudas que las fallas en la supervisión financiera contribuyeron a crear la crisis que hoy vivimos.

Los especuladores. Éstos son los culpables preferidos de los políticos. En casi todos los países ha habido recientemente una rueda de prensa donde algún ministro o algún político han explicado por qué los especuladores son la causa de la crisis. Las multas o, mejor aún, la cárcel son el remedio favorito de quienes acusan a los especuladores. Y por supuesto que la especulación inmobiliaria, financiera o con los alimentos o el petróleo ha contribuido a la crisis. Ha contribuido. Pero no la ha creado. Y mandar gente a la cárcel nunca soluciona los problemas económicos.

George W. Bush. Dos guerras pagadas con rebajas a los impuestos de quienes más ganan. Acelerada expansión del gasto y la deuda pública. Descuido en la inversión pública no bélica. Políticas que indirectamente aumentan el precio internacional del petróleo. ¿Hace falta decir más?

Los chinos. Y los indios, los indonesios y todos los pobres del mundo. Su culpa es que millones de ellos ahora tienen cómo comer más y mejor que antes, lo cual genera presiones inflacionarias. Esto está pasando, y ciertamente conlleva costos para todos. Pero es una tendencia que hay que aplaudir en vez de denigrar; estimular en vez de frenar. Además, no es cierto que la actual ola de inflación mundial es causada principalmente por los nuevos consumidores. Las causas de la inflación tienen más que ver con las políticas de los países ricos que con los hábitos de los consumidores pobres. Las estadísticas muestran que los subsidios al etanol por ejemplo, encarecen más la comida que el aumento en el consumo de alimentos en los países pobres.

Las crisis globales nunca tienen una sola causa ni un solo padre. Los culpables que aquí menciono, algunos más importantes que otros, simbolizan algunas de las fuerzas que nos han moldeado la situación actual. Y estos culpables no serán los únicos causantes de nuestros problemas. Esta crisis es un drama en varios actos que recién está comenzando. Vendrán otros actos y con ellos otros culpables.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#29 Mensagem por Túlio » Dom Jul 27, 2008 10:59 am

bruno mt escreveu:Túlio, eu tambem nunca tinha lido tanto sobre essa economia com pitada de geopolitica, só que como não tinha nem base preferi não conmentar pra não falar besteira demais.e diferente de você, torço sim para a queda americana, não porque sou anti-americano mas sim porque a queda americana é a nossa alavanca(não para primeiro), isso ficou claro no nosso"boom" do consumo, e tambem porque uma queda americana leva junto nossos principais"concorentes".E mais uma coisa.Quando você diz que devemos achar um jeito de nos imunizarmosisso rebate nos politicos que é quem comanda o Brasil.Embora o Brasil e de certa forma eu tambem, os odeie. Devemos todos adimitir que: uma coisa que os nossos politicos(do começo da ditadura pra frente) tem feito foi se preocupar com essas questoes,EX.a nossa economia é feito com relaçoes com o mundo todo,e são de itens exenciais,outroEX. agora com a inflação(que com certeza deve ter te afetado) oque você não parou parou de comprar?os item de primeira necessidade que são os que formam as nossas esportaçoes. e embora seja na maioria um bando de ladrões vejo neles um grande patriotismo(nada a ver com FAs)e pessoas influentes.só terminando pra não ficar muito grande:o que eu quero dizer é que eu acredito fielmente que neste quesito estamos bem embora ultimamente o Itamaraty tenha nos decepicionados.


PS:Falem bem ou mal, mas falem de mim.Ultimamente tenho me visto meio ignorado no forum,e foi meu primeiro post grande(onde espero ter conteudo)gostaria da opinião dos senhores para quem sabe continuar pra um dia chegar aos pés dos do Orestes,Tulio... .

Não tens de chegar aos pés de ninguém, Bruno véio. Teu ponto de vista é tão respeitável quanto o dos demais, continues lendo e discutindo o que depreendes do que lês e ficarás cada vez mais 'afiado'.

Concordo contigo quanto à queda dos concorrentes, mas o fato é que sairemos BEM chamuscados também, com a economia Chinesa, Japonesa e americana em recessão, levando junto a européia, a demanda por bens essenciais e commodities também cai, lembres a crise de 1997, levou os preços do petróleo, por exemplo, lá para baixo, dado o desaquecimento do consumo. A crise de que falo vai desaquecer TUDO, muita gente que hoje anda de pança cheia não vai ter o que comer por falta de recursos para adquirir (serão milhões e milhões de desempregados no chamado 'primeiro mundo'), então não nos fiemos por demais na essencialidade dos bens que comercializamos pelo mundo afora, o que também traz sérios riscos à importância das descobertas de petróleo e gás que estamos fazendo e os agrocombustíveis. Para ficar mais claro, imagines o dólar cotado a centavos de real, o que ele comprará? Quem lhe dará valor? Qual será o novo referencial econômico? Sim, porque o tombo definitivo do dólar, sem muita demora arrastará as demais moedas como o euro e o ien para baixo, também. Vai ficar uma doideira o comércio internacional, bobear e se voltará aos tempos do simples escambo.

Como a vejo, a grande crise pode até ser protelada mais um pouco, com o governo ianque assumindo o passivo de Fannie e Freddie e com isso levando sua dívida nacional a um inédito patamar acima do PIB. Isso não resolverá de per si a crise no setor imobiliário americano mas poderá dar uma sobrevida a seu sistema bancário. Mas Wall Street está cada vez mais inquieta, políticos americanos consideram essas intervenções do tesouro na economia como SOCIALISMO - palavrão por lá - e isso erode cada vez mais a credibilidade do FED e do governo como um todo. A poupança nos EUA já está no negativo - as pessoas sacam mais do que depositam - e isso levará, cedo ou tarde, a uma corrida definitiva aos caixas dos bancos, que não terão como pagar 'cash' tudo o que foi depositado. Cai mais ainda a credibilidade no sistema como um todo. Daí para as filas da sopa é um passo bem curtinho...

E nós com isso? Bueno, venderemos o quê para quem não tem nem para comprar comida? Poderemos é comprar SUVs usados bem baratinho, vão estar sobrando por lá...




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#30 Mensagem por Túlio » Dom Jul 27, 2008 11:36 am

Mas um texto, desta vez sobre o possível impacto no Brasil. Discordo em alguns pontos menores, mas em linhas gerais dá uma buena idéia do que está por vir...
Crise americana terá impacto pesado sobre países emergentes, analisa professor

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil







Rio de Janeiro - A crise provocada pelas hipotecas imobiliárias de alto risco nos Estados Unidos (subprime) terá reflexos no Brasil em curto e médio prazo, tanto pelo lado financeiro como pelo comercial. A análise foi feita hoje (18) à Agência Brasil pelo professor Luiz Filgueiras, da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Filgueiras, que também é doutor em Economia pela Universidade de Campinas (Unicamp), participará nesta noite de debate sobre a crise norte-americana no Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon/RJ). Ele apostou que a repercussão dessa crise nos chamados países periféricos, ou em desenvolvimento, como o Brasil, “é uma questão só de tempo".


O maior ou menor impacto vai depender da reação da China, acrescentou: “Está ficando claro que haverá uma desaceleração dura nos Estados Unidos, provavelmente uma recessão profunda. E é óbvio que isso vai afetar o mundo inteiro, o Brasil também."


O professor descartou o argumento otimista do governo federal, ao analisar que o fato de o Brasil possuir reservas em torno de US$ 200 bilhões não é suficiente para ampliar a capacidade de responder à fuga de capitais. E contestou a tese de que o crescimento econômico brasileiro não depende da movimentação internacional, porque estaria sendo puxado pelo mercado interno.

“Acho fracos os dois argumentos, porque na realidade o nível de expansão do mercado interno está dado pela vulnerabilidade externa da economia brasileira. Ou seja, está dado pelo balanço de pagamento. Se o balanço de pagamento enfraquece, então há um rebatimento imediato na economia brasileira”, afirmou.

Ele citou dois caminhos para a crise entrar na economia brasileira – um deles, de curto prazo, via bolsa de valores. Ontem (17), a Bovespa registrou queda de 3,9%. “É um caminho que você percebe logo. A bolsa flutua, o Risco Brasil flutua, o dólar flutua. É coisa do curto prazo. Mas se a crise se aprofunda, tem-se a fuga de capitais. E isso vai rebater diretamente nas reservas brasileiras. Começa a reduzir as reservas em função da fuga de capitais, se a coisa se agravar”.

A fuga de capitais acabaria impactando a inflação e, nesse contexto, Filgueiras disse que a resposta do Banco Central seria a elevação da taxa de juros, a fim de trazer os capitais estrangeiros de volta e equilibrar o balanço de pagamento. "Quando o Banco Central eleva a taxa, desacelera a economia e, ao mesmo tempo, leva ao aumento rápido da dívida do setor público. Então, desarruma todo o quadro macro-econômico pelo caminho do curto prazo, se a crise se aprofundar mais”, analisou.

No médio e no longo prazo, o efeito será sentido se houver impacto no preço das commodities (produtos agrícolas e minerais), segundo Filgueiras. “Aí a entrada da crise não é pelo lado financeiro, mas é pelo lado do comércio internacional, com uma queda nas exportações brasileiras. Nos últimos dois meses, com a valorização da nossa moeda, o superávit já caiu muito em relação ao ano passado, porque as importações crescem em ritmo mais acelerado que as vendas", disse.

Na avaliação do professor, "os dois impactos implicam aumento da vulnerabilidade externa da economia brasileira e isso rebate no mercado doméstico, com desaceleração econômica e desemprego – vai depender da profundidade e do tempo de duração da crise".


Filgueiras disse não ver grande impacto nas medidas adotadas pelo governo na semana passada, a fim de tentar frear a desvalorização do dólar e aumentar as exportações. "O impacto é irrisório na balança comercial e no processo de valorização do real”, afirmou, e alertou: "Se a crise se aprofundar, o impacto vai ser pesado nos países emergentes e no Brasil, em particular. Porque a nossa pauta de exportação está centrada em commodities e em produtos de baixa intensidade tecnológica, cujos preços estão ligados ao desempenho da economia mundial, que está ameaçada pela crise.”

A crise, concluiu, estaria relacionada "à desregulamentação e à liberdade de ação do mercado financeiro nos últimos anos, quando atuou de maneira não muito previsível ou clara".

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticia ... 44297/view




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Napoleão Bonaparte
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